A Universidade Laranja é Canja!

Decorre em Castelo de Vide, mais uma edição da Universidade Laranja.

Já não vamos a tempo de nos inscrevermos e temo que, mesmo que conseguíssemos frequentá-la, o resultado seria um valente chumbo. Se o PSD tivesse uma linha política que se percebesse, ainda poderíamos tentar, mas assim é difícil. Sociais-democratas já sabemos que não são; serão então liberais, anarco-capitalistas, populistas, nacionalistas envergonhados?

Sim, nacionalistas. Então não ouvimos um seu destacado membro elogiar a política de habitação do Salazar? Ou aquilo não era um elogio a Salazar, mas sim um ataque ao Costa?

Adiante.

Depois de muito trabalho, conseguimos arranjar uma lista das cadeiras ministradas na Universidade Laranja. Aqui estão elas.

* Como se tornar candidato a presidente sem se pôr em bicos dos pés – pelo Dr. Marques Mendes

* Vejam como sou inteligente e alto – pelo Dr. Hugo Soares

* Como se tornar especialista em tudo, mas mesmo tudo, excepto submarinos – pelo Dr. Paulo Portas

* Estudo comparativo entre Antónios ou Como Salazar e Costa podiam formar uma coligação – pelo ilustre Doutor por Extenso Leitão Amaro

* Como escavar trincheiras – pelo Professor Rebelo de Sousa

* Aprender ucraniano em três quartos de hora – também pelo Professor Rebelo de Sousa

É pena já não irmos a tempo para nos inscrevermos…

Expresso e a conjunção adversativo mas

Hoje é dia de debate sobre o estado da nação e o Expresso decidiu fazer um inquérito sobre “o que melhorou e o que está por fazer”.

Faz lembrar aquela anedota do homem que, depois de levantar halteres de 100 quilos, é apupado porque não consegue levantar 105.

Vejamos os títulos:

Educação: “abandono escolar continua a cair, qualificações a aumentar, mas há uma crise de professores”.

Saúde: “SNS tem mais profissionais, mas não chegam para dar médico de família a todos”.

Economia: “é das que mais crescem, mas nível de vida não descola da cuada da Europa”.

Salários: “chegaram ao fim de 2022 acima de 2019, mas entraram no ano a cair.

Emprego: “perto dos máximos, mas há menos pessoas a trabalhar com ensino superior.”

Pobreza: taxa desce em 2021, mas Portugal mantém-se longe da meta para 2030”.

Pensões: “aumentos reais garantidos, mas reformas continuam baixas”.

Inflação: “está a descer, mas continua elevada nos bens alimentares”.

Dívida pública: “cai mais rápido do que previsto, mas Portugal mantém-se no grupo dos mais endividados”.

Ambiente: “uso de transporte está a aumentar em Lisboa e no Porto, mas o carro continua a liderar.”

Bancos: “estão mais rentáveis, mas procura de crédito arrefece”.

Como se vê, não há notícia boa que não mereça um mas.

Apetece-me dizer que o Expresso era um jornal como deve ser, mas agora é uma merda!

“Os Engenheiros dos Caos”, de Giuliano Da Empoli 2019)

Empoli foi conselheiro de Matteo Renzi e conhece, por dentro, a política italiana. A partir do fenómeno do Movimento 5 Estrelas, Empoli analisa os movimentos populistas que levaram ao poder personagens como Trump, Bolsonaro, Órban e outros.

Podemos extrapolar para o Ventrusca, sem muito esforço.

“Os defeitos dos líderes populistas transformam-se, aos olhos dos seus eleitores, em qualidades. A inexperiência deles é a prova de que não pertencem ao círculo corrupto das elites e a incompetência deles é a garantia da sua autenticidade.” –  escreve Empoli, na página 17.

O capítulo dedicado à ascensão de Trump e à influência de Steve Bannon, é simplesmente assustador. O modo como o tipo do cabelo amarelo diz uma coisa e, no dia seguinte, o seu contrário – e, sobretudo, como ele consegue que isso o favoreça, deixa-nos de queixo caído.

Por vezes, ficamos um pouco espantados quando percebemos que países do Leste, tantos anos, sob domínio comunista, viram agora à Direita.

Diz Empoli:

“Aos olhos dos conservadores húngaros, checos e polacos, a Europa Ocidental representava um ideal porque, contrariamente ao comunismo, garantia o respeito pelas tradições e pela religião. Não é de espantar, portanto, que eles se tenham sentido enganados quando compreenderam que a norma, no Ocidente, era o multiculturalismo e os casamentos homessexuais”.

Um livro que devia ser leitura obrigatória em algumas bancadas da Assembleia da República.

Caramba João Galamba!

A conferência de imprensa do ministro Galamba permitiu conhecer algumas novidades sobre os ministérios.

A mais importante diz respeito ao tamanho das casas de banho. Ficámos a saber que cerca de cinco pessoas se refugiaram na casa de banho do ministério das Infraestruturas, fugindo ao furibundo assessor. São, portanto, casas de banho de tamanho considerável, a menos que alguns dos refugiados se tenha escondido na banheira. Imagino dois na banheira, um sentado na sanita e mais dois junto ao lavatório; mesmo assim, é uma casa de banho jeitosa.

Ficámos também a saber que o assessor Pinheiro agrediu as senhoras do gabinete, usando a mochila como arma de arremesso. É um sinal dos tempos. Antigamente, só os hippies andavam de mochila, enquanto os assessores, se os havia, usavam aquelas malas à James Bond. Sempre pensei que uma mochila não seria tão agressiva como uma mala de agente secreto – só que a mochila do Pinheiro tinha um computador lá dentro.

Por que razão o assessor queria tanto aquele computador?

Será que, no disco rígido, tinha vídeos porno protagonizados por figuras públicas em actividades lúbricas com a bicicleta do assessor? De salientar que era uma bicicleta eléctrica. Nunca se sabe…

Os jornalistas correram à Ovibeja, para saber o que o presidente pensava disto, mas Marcelo estava entretido a comer presunto e a beber vinho alentejano por copinhos pequeninos. É perigosíssimo. Já experimentei. A gente vai bebendo copinhos, uns atrás dos outros e, as tantas, já não sabemos se estamos em Beja ou em Mértola! No fim da visita, também Marcelo já arrastava a voz e dizia que, em primeiro lugar, vai falar com o António Costa.

Entretanto, a economia está na maior, mas ninguém liga essas merdas…

Em que ficamos, sr. Vieira Pereira?

O editorial do Expresso de hoje deixou-me um pouco perplexo.

O director, Pereira de seu apelido, parece que ficou zangado com o facto de o Governo ir aumentar os reformados. Ou então, não percebi bem o que ele escreve.

Pensava que o sr. Pereira achava que o António Costa tinha utilizado um truque para enganar os reformados, quando lhes deu meia pensão em outubro do ano passado e a outra metade em janeiro deste ano.

Diz o sr. Pereira:

«Em setembro do ano passado, António Costa foi acusado de usar um simples truque para proceder a um corte no crescimento esperado das pensões. Anunciou a atribuição de um suplemento extraordinário de meia pensão, ao qual se juntaria um aumento em janeiro de 4,43%.»

Mas agora, que Costa resolve aumentar os pensionistas segundo a fórmula de cálculo institucionalizada, o sr. Pereira diz:

«Foi divertido ver António Costa, Fernando Medina e Ana Mendes Godinho a abrirem o aparente saco sem fundo do erário público e começarem a distribuir dinheiro ou a prometerem distribuí-lo nos próximos anos».

Portanto, em setembro do ano passado era um truque, agora é divertido. No ano passado, o Governo estava a tirar poder de compra aos pensionistas, agora está a enriquecê-los!

Mais à frente, o sr. Pereira faz a defesa de Mário Centeno.

Sim, leram bem: Centeno, que foi acusado de, com as cativações, aldrabar as contas públicas, agora é louvado.

Diz o sr. Pereira:

«Durante anos, pela mão e ofício de Mário Centeno, o Partido Socialista ganhou o estatuto de partido das contas certas, da redução do défice e da dívida pública. (…) Num ápice tudo mudou.»

Portanto, afinal, no tempo de Centeno é que era bom. No tempo de Medina, tudo é mau. Afinal, quando o sr. Pereira atacava o então ministro das Finanças por abusar das cativações, estava a fingir. No fundo, ele adorava a política de Centeno. Estava era a fingir…

Em resumo, o que o sr. Pereira queria era um de duas coisas:

– se os aumentos dos pensionistas ficassem como estavam, zurzir no governo porque diminuía o poder de compra dos velhotes

– se o governo aumentasse, como aumentou, os pensionistas, zurzir no governo porque está a adoptar medidas eleitoralistas

É por estas e por outras que o Expresso vai perdendo credibilidade.

O sr. Pereira vai ficar na história como um dos jornalistas que está a afundar o Expresso.

Reis de Boliqueime, Condes da Gasolineira, Marqueses da Azia Gástrica e da Obstipação Crónica

De vez em quando, alguém dá um pontapé num pedregulho e saem lá de baixo.

Se o rancor engordasse, estariam obesos – mas não. Mantêm-se estreitos como um eucalipto e secam tudo em redor.

Julgam ter um lugar na História de Portugal – e terão certamente, no capítulo dos Grandes Mistérios.

Como foi possível ele ter governado 20 anos?!

Trocou pescas e agricultura por autoestradas, mas surge sempre a cagar sentenças. Agora, de repente, é perito em habitação.

Ele usa camisas com o número cima. Ficou-lhe atravessado o facto de ter dado posse a um governo marxista.

Ela exibe o broche e o botox.

Aos 83 anos ainda não arranjaram um passatempo próprio da idade: regar as flores, fazer sudokus, juntar-se a um grupo excursionista, ir a pé a Fátima.

Recomendo Maalox, 2 a 3 vezes por dia e Agiolax, 1 colher de granulado ao deitar.

Volta Passos Coelho, estás perdoado!

Tantas saudades!

Saudades de quando os professores davam aulas todos os dias e aceitavam prescindir de 10% dos salários, do subsídio de natal e do subsídio de férias, tudo para agradar à troika, como tu pediste!

Saudades dos comboios sempre a rolar, com os maquinistas felizes por estarem a ajudar o país a sair da bancarrota!

Saudades das urgências hospitalares quase vazias e dos médicos do privado a regressarem ao SNS, trazendo consigo os enfermeiros!

Saudades das casas para alugar a preços acessíveis, sobretudo aquelas casas para jovens, praticamente de graça!

Saudades dos impostos cada vez mais baixos, que nos deixavam margem para gastarmos dinheiro em marisco e outras loucuras!

E saudades do irrevogável Paulo Portas!

Diz-me que voltas, Passos, mas traz o Portas contigo! Mas avisa antes para ter tempo para fazer as malas e raspar-me daqui para fora!

Coisas da democracia

Três notícias na edição de hoje de o Público, fazem-nos pensar um pouco sobre o valor das democracias.

Em Portugal, a nova secretária de estado do Tesouro foi demitida depois de ter recebido meio milhão de euros de indemnização por ter sido despedida da TAP.

Faltavam-lhe dois anos de contrato, tal como a Fernando Santos, o selecionador nacional de futebol que, no entanto, recebeu 3,5 milhões de indemnização.

Percebe-se a diferença: Santos ganhou um campeonato da Europa, enquanto Alexandra Reis, a secretária de Estado, não ganhou coisa nenhuma – a não ser a tal indemnização.

Nos Estados Unidos, o congressista republicano George Santos admitiu que mentiu sobre a sua formação académica e o seu histórico profissional durante a campanha para as eleições intercalares de novembro.

Santos é adepto de Trump e afirmou que não é criminoso; acrescentou: “o meu pecado foi ter enfeitado o meu currículo. Peço desculpa. Fazemos coisas estúpidas na vida”. Mesmo assim, pretende tomar posse como congressista.

Em Israel, o Parlamento aprovou duas leis que poderão permitir que os políticos passem a ter um poder quase absoluto e em que as mulheres, homossexuais, estrangeiros, ou até judeus não ortodoxos, possam perder direitos.

Um dessas alterações torna possível que políticos condenados por crimes graves como corrupção, possam ser ministros.

São coisas da democracia – o pior regime político, mas o único que é aceitável…