Assim vai o Mundo em 2030

(Este texto é colocado on line 26 anos depois do Coiso estar on line!)

Estamos no outono de 2030 e o Mundo mudou.

Muito.

Já pouca gente se lembra como é que Trump conseguiu alterar as regras, mas o que é certo é que foi eleito para um terceiro mandato. Agora com 84 anos, é patente a sua demência, mas ninguém tem mão nele.

Os Estados Unidos estão transformados num campo de batalha, com grupos armados digladiando-se em vários Estados e sem um verdadeiro Poder central que consiga controlar o caos.

Tudo começou quando Trump, argumentando que queria acabar com o tráfego de droga, ordenou a invasão da Venezuela. Pensava ele que rapidamente acabaria com o negócio do Fentanil, mas não contava com a heróica resistência dos venezuelanos. Na verdadeira selva que se transformou Caracas, os soldados norte-americanos foram presa fácil para os atiradores escondidos nas favelas.

Simultaneamente, Trump tentou anexar o Canadá, como já ameaçara no segundo mandato. Também não lhe está a correr bem. Os canadianos resistem com firmeza e o exército invasor ainda não avançou um milímetro. Os combates fronteiriços fazem lembrar a primeira guerra mundial, com trincheiras de ambos os lados.

Em mais uma prova da sua demência, Trump ordenou também a anexação da Gronelândia. Neste caso, o fracasso foi ainda maior. O mau estado do oceano Ártico e as temperaturas extremas, dizimaram os poucos marines que aceitaram fazer parte de mais essa louca expedição.

Acrescente-se que Trump ordenou, também, uma expedição ao Brasil, para libertar Bolsonaro. Os fuzileiros americanos foram todos capturados e rapidamente aderiram a uma escola de samba.

Em resultado de todos estes fracassos, o poder de Trump dissipou-se e começaram a surgir grupos armados um pouco por todo o lado. Além disso, J. D. Vance, que era um grande aliado de Trump e que muitos pensavam que poderia vir a ser o próximo presidente, está a viver um momento menos conservador da sua vida: abandonou a mulher e tem sido visto em grandes bacanais com a viúva de Kirk, aquele influenciador que foi morto com um tiro no pescoço, ou com a explosão do microfone que tinha na lapela, dúvida que ainda não foi esclarecida. Vance e a viúva entregam-se a jogos eróticos à vista de todos, indiferentes às críticas dos sectores mais conservadores dos republicanos.

Em resumo, podemos dizer que os Estados Unidos estão em guerra civil, embora não haja dois campos bem definidos, mas sim diversos focos de instabilidade, com confrontos por vezes muito violentos.

Com tudo isto, Trump deixou de pensar na Ucrânia. Aliás, quando soube, ano após ano, que não ia receber o Novel da Paz, desistiu definitivamente de se interessar pelo conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Apesar disso, a guerra acabou porque Putin, misteriosamente, caiu de uma janela. Caiu ou alguém o empurrou – este o grande mistério. Provavelmente, provou do seu próprio veneno. O velho Lavrov, apesar de já ter quase 80 anos, tomou o seu lugar e acabou com a guerra. A Rússia retirou-se da Ucrânia e assinou um Tratado de Paz com Zelensky. Em troca, o presidente da Ucrânia aceitou realizar eleições, que perdeu e voltou para a sua antiga actividade de humorista. Tem um programa de televisão que é visto em todo o país e muito apreciado na Rússia.

Em França, Marine Le Pen, a nova presidente francesa, foi apanhada por um fotógrafo, no banco traseiro de um Renault, a apalpar uma argelina e está a ser acusada, pelos seus próprios acólitos, de conivência com raças inferiores.

Em Itália, a primeira-ministra Meloni aderiu à social-democracia e deixou de pintar o cabelo.

Em Espanha, Sanchez vai no quarto ou quinto mandato e acabou por dar a independência à Catalunha que, ao fim de dois anos, pediu a adesão à União Europeia, exactamente no ano em que esta organização se desintegrou, depois do primeiro-ministro húngaro Victor Órban ter colocado uma bomba no Parlamento, em Estrasburgo e ter sido agredido por António Costa, mesmo minutos antes da bomba explodir.

Quanto ao novo primeiro-ministro português, André Ventura, foi visto a chorar, sentado no chão do escritório do Palácio de São Bento porque não é capaz de formar governo. Todos os principais elementos do seu Partido estão presos e Ventura começou a ter medo de falar em público devido aos constantes ataques de acidez gastro-esofágica.

Um doente esofágico para Presidente!

André Ventura quer ser Presidente da República!

André Ventura quer ser Primeiro-Ministro!

É esta ambivalência que lhe provoca aqueles espasmos esofágicos que tanto o fazem sofrer!

Lembram-se como ele sofreu durante a campanha eleitoral?

Lembram-se como foi sujeito a um cateterismo sem necessidade nenhuma?

É assim que ele sofre, o mártire!

Não o deixem ser Primeiro-Ministro: a ansiedade do cargo dará cabo dele!

Aqueles espasmos esofágicos aumentarão de intensidade e não haverá Omeprazol que o acalme.

Assim como assim, chato como ele é, talvez seja mais fácil de aturar como Presidente.

Votem em Ventura para Belém!

E que se foda!

Mama aqui, a ver se eu deixo!

A ministra do Trabalho, R. Ramalho, propõe que se acabe com essa mama de as mães trabalhadoras darem de mamar aos filhos, indefinidamente.

Estão a prejudicar as empresas, as gajas!

Está-se mesmo a ver que, a partir dos 2 anos, os putos já comem bifes e, se as mães continuam a dizer que lhes dão mama, é uma grande aldrabice – vai-se a ver e estão a dar mama é aos pais dos putos, as desavergonhadas!

Enfim, se não há limites para a amamentação, se calhar até legal que as mães continuem a dar de mamar aos pais, indefinidamente.

É com isto que a AD não pode!

Acabar com o sexo no currículo das escolas e com a mamada no seio da família! Sinceramente, nem sei para que raio precisamos nós de um partido como o Chega – o PSD é mais do que suficiente!

O Chega aluga quartos

O Chega – nome de um conhecido partido de extrema-direita português – está a enveredar pelo alojamento local ou algo parecido.

Quando se discutia, na Assembleia, o novo currículo da disciplina de Cidadania, nomeadamente, no que respeita à educação sexual, o excelso deputado Nuno Gabriel, do tal partido Chega, achou que a deputada do Livre Filipa Pinto estava a precisar de um sítio para praticar actos sexuais eventualmente indecorosos e, sendo assim, sugeriu-lhe que arranjasse um quarto e “faça aquilo que quiser”.

Esta afirmação encerra duas novidades:

O Chega está a sugerir que arranja quartos para as deputadas depravadas que querem fazer sexo que nem umas malucas;

E o Partido do Ventura não se importa que essas malucas façam o que tiverem na ideia, o que só demonstra que é um Partido liberal no que respeita ao sexo.

Benza-os Deus!

“Só Neste País”, de Filipe Santos Costa e Liliana Valente (2024)

Terminámos o ano lendo mais um livro em conjunto. O título deste livro escrito por dois jornalistas é um das frases que mais me irritam. Sempre que oiço alguém dizer “isto só neste país”, tenho vontade de vociferar meia dúzia de impropérios. Cenas ridículas, corrupção, falhanço dos serviços públicos só acontecem neste país? Por que raio a malta que está sempre com esta frase na boca não emigra definitivamente para qualquer outro país onde nada destas coisas acontecem? Por que razão continuam por cá, no país em que só neste país estas coisas sucedem?

No entanto, para o livro em questão, o título assenta que nem uma luva.

Ao longo de mais de trezentas páginas, estes jornalistas contam-nos as cenas mais ou menos tristes, mais ou menos ridículas, que foram acontecendo nestes 50 anos de Democracia. E escrevo Democracia com letra grande porque antes do 25 de abril ninguém conseguiria publicar um livro destes, como é óbvio. E, a nível europeu, essa impossibilidade é que era só mesmo neste país (talvez também na Grécia…).

Das inúmeras historietas que o livro narra, muitas já as conhecia, como o poema que Natália Correia escreveu ao deputado centrista Morgado, as tiradas de Pinheiro de Azevedo ou de Alberto João Jardim e muitas outras.

Mas algumas foram verdadeiras surpresas, como os coices que o tenente-coronel Azeredo deu em direcção a Jardim ou o caso do bombeiro que foi multado em 15 contos por ter ultrapassado, em marcha de emergência, transportando uma bebé doente, a fila de carros de Estado, pondo em perigo a vida de Cavaco Silva, coitadinho…

O livro está escrito com  muito humor, mas a melhor frase – na minha opinião – está na página 291. Refere-se a André Ventura e a sua religiosidade:

“«Nunca vou conseguir dissociar o meu discurso público da parte religiosa», explicou Ventura. Nota-se. Em campanha eleitoral, entre em igrejas como Marcelo entra em farmácias”.

Gostámos, aconselhamos e oferecemos aos nossos familiares.

Quem é Marques Mendes?

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Ninguém sabe.

Será que é porta-voz do Presidente, uma vez que foi escolhido por Marcelo para o Concelho de Estado?

Ou será, antes, porta-voz escolhido por Montenegro para ajudar o PSD a ter esta vitória esmagadora nas eleições, conseguindo mais 54 mil votos que o PS, quase um estádio da Luz cheio?

Há quem diga até que ele nem sequer existe e que é uma espécie de robot criado pelo canal de Balsemão.

O que é certo é que há vários anos que Marques Mendes surge, todos os domingos, a garantir banalidades na estação televisiva adequadamente chamada Sic ““ outra coisa não seria de esperar, aliás.

Antes das eleições, açoitou o PS por não satisfazer as reivindicações dos polícias, professores, médicos, enfermeiros, engenheiros agrónomos, desentupidores de canos e ofícios relativos. Agora, que o PSD vai formar governo, garante que não se pode dar tudo a todos!

Gente de má fama, goza com Mendes, dizendo que ele não está í  altura da posição que ocupa. E que não é tão bem informado como diz ser.

Será que é, afinal, um espião?

Assim uma espécie de agente secreto ““ qual 007 ao contrário, isto é, faz de conta que é pequenino, mas, no fundo, é um homenzarrão mascarado?

A verdade é que ninguém sabe, ao certo, por que carga de água ele continua a cagar sentenças todos os domingos na Sic.

Pouca gente viu Marques Mendes fora da televisão. Eu, por exemplo, nunca o vi na rua, com a mulher, a fazer compras ou a passear o cão. É por isso que há quem diga que ele só existe na televisão, isto é, mesmo dentro daquele pequeno rectângulo, o que está de acordo com o seu tamanho.

Se calhar, Mendes não tem existência real ““ é apenas uma espécie de fantoche.

É isso mesmo…

Um fantoche…

Passos com três ésses

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Passos Coelho veio í  superfície e participou num comício da AD no Algarve.

Escusava de se ter incomodado.

E porquê Passos com três esses?

S de sonso (sujeito que esconde as suas verdadeiras intenções), porque Passos não quer que a AD vença com maioria absoluta, quer que a AD vença, mas seja obrigada a aliar-se ao Chega para governar. E aí, o Montecoiso tem de dar o dito por não dito. Portanto, o sonso Passos não foi ao comício ajudar Montecoiso ““ foi apertá-lo.

S de sujo (ignóbil, indecente, sórdido, torpe, em que há fraude), porque Passos esteve envolvido naquela cena da Tecnoforma, que nunca foi esclarecida e, depois de ter prometido, na campanha eleitoral, que não iria tocar nas pensões nem subtrair subsídios de Natal, foi isso mesmo que fez depois, quando chefiou o governo.

S de sacana (finório, espertalhão…), porque Passos teve a lata de se referir í  imigração e de a ligar í  falta de segurança, durante o discurso que proferiu no comício no Algarve. Passos sabe que Portugal é um dos países mais seguros do mundo e sabe que os imigrantes, neste momento, são essenciais para manter em funcionamento muitos sectores da nossa economia, nomeadamente, o turismo. No entanto, apesar de saber isso, deu a entender que são os imigrantes que provocam a insegurança que algumas pessoas não sentem, mas acham que existe.

Mas três esses são poucos para Passos!

Safardana, sacrista, sevandija, sabujo, sórdido, sebento ““ tudo isto sem ofensa, claro!

Para quando a sua adesão ao Chega?

O Ventura já tem o boletim de inscrição pronto. Basta assinar.

O Chega não chega!

O debate com os dez partidos sem assento no Parlamento, mostrou que, afinal, o partido do Ventura é apenas um de entre muitos, e que devíamos prestar mais atenção aos Chegas que para aí andam. Afinal, os reaccionários portugueses não têm razões de queixa. Têm muito por onde escolher, caramba! Percebemos que, afinal, a comunicação social tem sobrevalorizado o Chega do Ventura, esquecendo todos estes pequenos Chegazinhos que adoptaram outros nomes.

Pergunto, por exemplo, por que razão um fascista insiste em votar no Ventura quando tem um partido como o Ergue-te? Ainda ontem, o líder desse partido, o extraordinário Pinto Coelho defendeu o fim do direito í  greve e propí´s que a Ponte 25 de Abril se volte a chamar Ponte Salazar, algo que poderá mudar a vida de toda a malta que atravessa aquela ponte todos os dias.

Estás a pensar votar no Ventura? Não sejas burro ““ vota no Pinto Coelho, porra!

Mas há mais!

És contra o aborto e achas que essa história do aquecimento do planeta é uma grande treta? Então, por que carga de água hás de votar no Ventura, quando tens um partido, o ADN, liderado pelo extraordinário Bruno Fialho, que defende que a IVG deixe de ser paga pelo SNS e critica aquilo que chama fraude climática. Isso é que é ser de Direita! O Ventura é um aprendiz, caneco!

E isto é para não falar na Nova Direita, o partido daquela senhora chamada Ossanda Líber. Até o nome dela é parecido com Líder. Deve ser dela a liderança da Direita. Ela diz que quer limpar a Direita e afirma que Portugal não pode depender da emigração e avisa que há partidos de esquerda infiltrados na escola. Alguma vez o Chega teve a coragem de dizer tal coisa?!

Quanto ao RIR, o tal partido que diz que deve levar-se a sério, a sua nova líder, Márcia Henriques, diz que, nas escolas, os miúdos comem pior do que os cães, coisa de que o PAN nunca se lembrou, muito menos o Chega!

Outro partido que quer limpar a direita é a Alternativa 21, que junta, em coligação, o Movimento Partido da Terra, que diz derivar do partido fundado pelo arquitecto Ribeiro Telles, cujo corpo se afundou na tumba ao ouvir isso, e o Aliança, o partido fundado pelo Santana Lopes, o ex-e-actual- membro do PSD.

Já o líder do Nós, Cidadãos, Rocha Afonso, disse ser preguiçoso, como qualquer português, e isso é lá com ele. Por sua vontade, não se candidatava a estas eleições, mas, enfim, não teve outro remédio…

O líder o Partido Trabalhista é aquele senhor que se despiu no Parlamento da Madeira. Não teve grande êxito e tenta, agora, ser eleito, para mostrar os pêlos do peito no Parlamento da República.

Todos estes líderes de todos estes partidos mostraram ser muito mais disruptivos que o panhonhas do Ventura.

Ao pé deles, o Andrézinho não passa de um principiante.

Se são verdadeiramente de direita, votem em qualquer um deles e caguem no Ventura!

O Grande Debate

O debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro decorreu.

Todos foram unânimes.

Curioso, o nome do teatro. Capitólio, como o outro. Por isso, um dos debatentes capitulou.

Os moderadores eram três, um por cada estação de televisão. Os directores também.

Foi, também, o debate com mais protecção policial.

Em redor do teatro, algumas centenas de polícias fizeram um cordão para proteger os dois políticos e os três moderadores.

Eis alguns dos momentos mais altos do debate:

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