Vacinas, Messi e Proust – a silly season em pleno!

Estamos em plena época de incêndios… sem incêndios.

Dizem que vem aí a primeira vaga de calor deste verão e, portanto, talvez comecem, finalmente, os incêndios. Os telejornais terão assunto para todas as suas edições. Poderemos voltar a discutir meios aéreos, limpeza das florestas, canadéres e cámoves.

Enquanto isso não acontece, temos que nos satisfazer com as notícias do covid.

A DGS recomendou a vacinação universal das crianças dos 12 aos 15 anos, depois de, dez dias antes, ter recomendado apenas a vacinação das crianças desse grupo etário que sofressem de comorbilidades.

A DGS esqueceu-se que temos, como presidente da República, um dos mais reputados especialistas em vacinação e pandemias, para além de ser, também, especialista em Quase Tudo. Chama-se ele Marcelo Rebelo de Sousa e calha ser Presidente da República.

Os jornalistas rejubilam com estas coisas: espetam um microfone à frente do Presidente e ele não resiste e opina sobre tudo. Depois, pedem esclarecimentos a pediatras, virologistas, médicos de saúde pública, chefes de sindicatos, membros das Ordens e cada um dá a sua opinião. Muito provavelmente, todos estão correctos, embora sejam contraditórios.

Valerá a pensa vacinar TODAS as crianças dos 12 aos 15? Se estiverem todas vacinadas não acontecerão surtos nas escolas? O ano lectivo vai ser mais tranquilo?

Já se sabe que, mesmo vacinadas, as criancinhas vão apanhar o vírus na mesma, e vão transmiti-lo e vão ter que ficar em isolamento e algumas escolas vão mesmo fechar.

Entretanto, a FENPROF exige que os professores sejam todos testados antes de iniciar o novo ano lectivo. Se tiverem baixos níveis de anticorpos, deverão apanhar a 3ª dose da vacina.

Então e os linfócitos T, e a memória imunitária?

Bom, isso a FENPROF não sabe o que é, nem lhe interessa – o que quer é que os professores apanhem a 3ª dose, mesmo aqueles que se recusaram sequer a apanhar a primeira!

Tanta confusão!

Felizmente, temos algumas certezas.

Por exemplo, o Messi vai mesmo jogar no Paris Saint Germain e ganhar 25 milhões de euros por ano. A notícia é dada com esta tranquilidade, ao mesmo tempo que se diz que Ricardo Salgado quer chegar a acordo com a Justiça, pagando cerca de 11 milhões de euros que dizem que desviou do BES.

Aconselharia Salgado a entrar em contacto com o pai de Messi e pedir-lhe emprestado metade do ordenado do filho, para saldar a dívida à Justiça.

Curioso como a comunicação social passa por cima desta obscenidade, glorificando um jogador de futebol, ao mesmo tempo que não perdoa o facto de meia dúzia de torres de vigilância das florestas não estarem ainda em funcionamento.

Mas estamos em plena silly season e os chamados questionários de Proust só o confirmam.

O Público e o Diário de Notícias aplicam esses questionários a diversas figuras públicas, todas as semanas.

O questionário de Proust trata-se de uma série de perguntas idiotas, a pedir respostas a condizer.

O do Público de hoje, é feito ao líder do governo dos Açores, José Manuel Bolieiro. Ficamos a saber, por exemplo, que o seu herói de ficção é o Super-Homem.

Com um líder destes, só a kryptonite pode destruir os Açores.

Acredita! A culpa é do Cabrita!

Todas as instituições têm um bombo da festa.

O bombo deste Governo é o ministro Cabrita.

O combate aos incêndios corre mal?

A culpa é do Cabrita.

O SEF tem inspectores que matam (sem querer) estrangeiros?

A culpa é do Cabrita.

A PSP e a GNR andam à deriva?

A culpa é do Cabrita.

Os imigrantes vivem amontoados em Odemira?

A culpa é do Cabrita.

O Sporting é campeão?

A culpa é do Cabrita.

Neste caso, é exagero. A culpa deve ser do Rúben Amorim e companhia, mas aquele ajuntamento de milhares de pessoas com camisolas às riscas, só pode ser culpa do Cabrita, que devia ter proibido o Sporting de ser campeão e arranjar as coisas de maneira a que, este ano, o campeão fosse, por exemplo, o Moreirense.

É que Moreira de Cónegos não chega aos 5 mil habitantes e os festejos seriam, de certeza, mais parcimoniosos, mais de acordo com os tempos pandémicos que vivemos.

Mas Cabrita permitiu que o Sporting fosse campeão e foi o que se viu: milhares de pessoas na rua, sem máscara, sem distanciamento social, gritando, expelindo gotículas de saliva em todas as direcções.

De certeza que, entre aquela multidão, estavam muitos tipos que protestaram contra a Festa do Avante e similares.

Daqui a uns dias, se quisermos saber a que clube pertence determinada pessoa, basta fazer-lhe um teste covid. Se for positivo, é porque é lagarto.

Se António Costa ainda duvidava, depois do que aconteceu ontem já pode avançar com a demissão do Cabrita, sem ficar com problemas de consciência.

E quanto ao facto do Sporting se ter sagrado campeão, 19 anos depois, a 2 dias de se comemorar a aparição da Senhora de Fátima, só pode ter sido milagre…

Félix – a nova unidade monetária

Agora que o Mark Zuckerberg está pronto para lançar uma nova criptomoeda, a Libra (livra!), o Benfica vai lançar também uma nova unidade monetária – o Félix.

O Félix vale 126 milhões e, sempre que falarmos de milhões, passarem,os a usar esta unidade monetária.

Por exemplo, hoje os jornais noticiavam que, para modernizar o Siresp, o Estado terá que gastar 25 milhões de euros.

Parece muito.

No entanto, é apenas cerca de um quinto de Félix!

Já no que respeita ao proposto fim das taxas moderadoras, isso custaria ao Estado à volta de um Félix, coisa pouca, portanto…

Finalmente, quanto ao descongelamento da carreira dos professores, que tanta polémica levantou, poderia chegar a custar mais de cinco Félix, e o Centeno não esteve para isso.

Portanto, basta que comparemos qualquer despesa do Estado com o valor de um Félix e logo saberemos se estamos a falar de muito ou de pouco dinheiro…

Os nossos agradecimentos ao Benfica e ao Atlético de Madrid, por supuesto…

O Ronaldo dos padres

O PSD e o CDS estão muito preocupados com duas coisas: as relações familiares dos vários membros do Governo e os novos passes sociais, medida eleitoralista escandalosa, que retira dezenas de euros por mês a milhares de famílias!

Onde é que já se viu isto?

Nomearmos pessoas da nossa família, em vez de escolhermos os amigos que nos têm feito favores – ou, ainda pior, baixar o preço dos passes sociais, em vez do preço da gasolina!

Mas o PSD e o CDS têm outras coisas mais importantes para discutir na Assembleia da República.

Hoje mesmo vai ser votada uma moção, proposta por estes dois partidos, para louvar a actuação da selecção de Portugal, que foi a vencedora do Campeonato Europeu de Futsal do Clero!

Isso mesmo, a selecção de futsal dos padres portugueses ganhou, na final, a selecção dos padres da Bósnia, por 3-0, com um hat-trick do padre André.

Um tipo lê e não acredita.

Mas é verdade!

O Diário de Notícias mostra-nos fotos, para comprovar.

Primeiro, vejamos a foto dos padres, devidamente equipados, prontos para conquistar o troféu.

Reparem no caparro dos priores!

O terceiro, a contar das esquerda, na fila de trás, deve ser o guarda-redes. Basta-lhe abrir os braços e nenhum padre adversário consegue meter a bola na baliza, já que o eclesiástico ocupa todo o espaço!

Gosto, sobretudo, da pose dos padres ajoelhados, apenas com um joelho no chão. Têm um ar confiante. Deviam ir assim a Fátima, em procissão, para espiar os seus pecados.

Sim, porque, a jogar futsal, todos os padres, por mais católicos que sejam, devem deixar escapar um foda-se de vez em quando.

No final dos jogos, e depois de um duche em que os padres partilham vergonhas, apresentam-se devidamente paramentados, como se vê nesta outra foto.

Na minha modesta opinião, os padres deviam jogar assim vestidos. Era muito mais católico.

Reparem que, lá atrás, está a Nossa Senhora de Fátima.

Isto não será batota, assim uma espécie de doping celestial, que ajudou os nossos priores a ganharem o campeonato?

Mas voltemos ao texto da moção que o PSD e o CDS apresentaram hoje na Assembleia.

O referido texto começa por classificar de “surpreendente” o hat-trick do padre André Meireles. Pelos vistos, o eclesiástico costuma ser um pé de chumbo, mas, desta vez, excedeu-se e, por obra e graça do Divino Espírito Santo, marcou três golos, Deus o abençoe!

A moção continua, elogiando o treinador da equipa, o padre Marco Gil, “conhecido entre os pares como o Cristiano Ronaldo da Igreja”. Já tínhamos o Cristiano das Finanças, agora também temos o da Igreja. Pergunto: quem será a Georgina deste Cristiano?…

Esta vitória, segundo a moção, “constitui motivo de orgulho para todos os portugueses”. Quer dizer, os deputados do PSD e do CDS, pensam que, o facto de um grupo de padres ter ganho um campeonato de futsal, é motivo de orgulho de todos nós, muçulmanos, cristãos evangélicos e ortodoxos, budistas, e ateus incluídos!

A última frase da moção, então, é de morrer a rir.

Diz a moção que os senhores de batina escreveram “mais uma brilhante página da meritória história do desporto nacional e da Igreja”.

Agora, que a selecção nacional de futebol empatou com a Ucrânia e com a Sérvia, no apuramento para o Europeu, não sei o que o engenheiro Fernando Santos está à espera para chamar alguns destes padres para a nossa selecção nacional de futebol.

Com a ajuda da Senhora de Fátima, com hóstias abençoadas e muita água benta, talvez nos apurássemos.

Quanto a Rui Rio e Assunção Cristas, uma palavra de agradecimento, por continuarem a fazer-nos rir desta maneira tão… religiosa…

Bater não resolve nada…

Sou do tempo em que a porrada era uma medida pedagógica.

“Vê lá se queres levar uma chapada nessa cara”, ou “Estás aqui estás a levar”, ou ainda “Levas uma palmada no rabo”, eram expressões que os pais dos miúdos da minha geração usavam com frequência.

A panóplia de castigos físicos era imensa: chapadas, palmadas, estalos, chineladas, tabefes, tareias, sopapos, puxões de orelhas, lamparinas, carolos, chapadões, para já não falar nas reguadas e ponteiradas que apanhávamos na escola, sempre que falhávamos uma pergunta ou quando nos portávamos mal.

Temos que desculpar os pais dos anos 50 e 60 do século passado.

Por um lado, eles também tinham sido criados com porrada, por vezes com cintos e até chicotes.

Por outro lado, que castigos haviam eles de nos infligir? Não nos podiam proibir de mexer no iPad ou no iPhone – o próprio Steve Jobs nasceu em 1955 e também deve ter levado uns sopapos do pai, sempre que era apanhado a tirar macacos do nariz e a enfiá-los na boca.

Por outro lado, se os pais nos proibissem de ver televisão, a malta até agradecia – quem queria ver aqueles dois canais anémicos, a preto e branco?…

Portanto, não lhes restava outra alternativa senão chegarem-nos a roupa ao pêlo, sempre que nos portávamos mal…

Claro que, na maior parte das vezes, verificava-se que as tareias não resolviam coisa nenhuma e os putos ainda faziam pior

Ora, hoje em dia, as agressões físicas deixaram de ser aceites como método pedagógico.

Assim se vê o atraso da claque sportinguista.

De que é que lhes valeu irem bater nos jogadores?

Eles perderam a Taça na mesma!

Portugal dos Pequenitos #1

Resumo do episódio desta semana:

Rui Rio anda à procura de casa em Lisboa, desde que foi eleito líder do PSD; enquanto não encontra, está hospedado numa hotel de 3 estrelas.

Hugo Soares, líder do grupo parlamentar do PSD, decide ir ter com Rio e coloca o seu lugar à disposição.

Rio declina e diz que quer continuar a dormir no hotel.

Entretanto, Pinto da Costa exige ir ver os estragos na casa de banho do Estádio do Estoril.

Olhando para a racha na parede, exclama: “Já vi rachas maiores!”

Todos se riem.

A cena muda para um jovem universitário que diz que respondeu a um inquérito sobre a Sida.

Faz parte dos 27% que responderam que achavam que a Sida pode ser transmitida por um talher.

Jura que nunca mais enfia a colher na vagina das namoradas.

Logo a seguir, vemos José Sócrates combatendo os vírus informáticos que atacaram as gravações das escutas telefónicas da Operação Marquês.

Alguém fala ao telefone com alguém mas só se percebe parte do que é dito: “Está… pois…. dinheiro… emprestas… aldrabão…. foge… inconstitucional… porra!”

Sócrates sorri. O seu rosto diz tudo: águas de bacalhau.

A última cena passa-se numa igreja de Nelas, onde um padre ucraniano, casado e com filhos, diz missa.

Será que sobrevive?

Esperemos pelas cenas dos próximos capítulos.

 

Benfica tira Portugal do Processo por Défice Excessivo

António Costa e Mário Centeno estiveram ontem no Estádio da Luz a assistir à vitória do Benfica por 5-0 ao Guimarães e, assim, conquistar o Tetra-campeonato.

Aproveitaram a oportunidade para agradecer ao Benfica a saída de Portugal do Processo por Défice Excessivo, feito só conseguido graças à conquista do 4º campeonato consecutivo e do 36º, no cômputo geral.

A importância desta conquista foi confirmada por diversas entidades internacionais: o próprio Papa foi-se embora mais cedo para poder assistir, via Benfica TV, ao jogo decisivo; também Emanuel Macron adiou para hoje a tomada de posse como Presidente dos franceses para poder assistir ao jogo.

Escusado será dizer que a vitória de Salvador Sobral aconteceu graças, não só à simplicidade da canção, mas sobretudo ao facto de toda a gente, dos sérvios aos gregos, estarem com os olhos postos em Portugal, quanto mais não fosse, por solidariedade para com Feija, Mitroglou e Samaris.

Com a ida ao Estádio da Luz, António Costa deve ter perdido os votos de muitos sportinguistas e portistas, mas como foi a Fátima e aguentou a missa papal toda, em pé, e ficou com os filhos do pateta do Tavares na sexta-feira, deve safar-se nas próximas eleições.

Agora vos digo: quem for ateu, do Sporting e só gostar de música erudita, hoje deve sentir-se muito infeliz ao ver os telejornais.

Pensando melhor, se é do Sporting, deve ser religioso e acreditar em milagres e, muito provavelmente, nem sabe o que é música erudita.

Compensações…

Bruno Trump Donald de Carvalho

Foi o jornal The Independent que postulou que Bruno de Carvalho é o Donald Trump do futebol português (confirmar aqui).

Não é exagero.

Bruno e Donald têm tudo em comum.

São ambos empresários da construção civil: Trump construiu hotéis e casinos, Carvalho foi sócio gerente da “Bruno de Carvalho, Revestimentos, Soluções de Interior e Representações Comerciais” (confirmar aqui).

Ambos ganharam prémios importantes: Trump recebeu o Jewish National Fund’s Tree of Life Award for outstanding contributions to Israel-United States relations, em 1983, e Carvalho foi agraciado com o Prémio Personalidade do Ano Desporto, na XII Gala dos Prémios Mais Alentejo (2013).

Ambos têm companheiras loiras.

Ambos são isolacionistas: Trump quer tornar America great again, fechando as fronteiras aos refugiados, Carvalho quer que o Sporting volte a ser grande, fechando Alvalade aos adversários.

América contra o mundo; Sporting contra todos.

Ambos ganharam eleições com poucos votos: Trump teve menos 2 milhões de votos que Clinton; Carvalho teve 96% dos 18 mil votantes, o que corresponde a menos de 1% dos portugueses.

Mas há uma coisa que separa Trump de Carvalho, uma coisa que distingue Bruno de Donald e que faz com que ele seja único.

É que, como diz a sua biografia na wikipedia, Bruno de Carvalho é neto materno do irmão do almirante Pinheiro de Azevedo, o almirante sem medo.

E assim como Pinheiro de Azevedo, então primeiro ministro provisório, sequestrado por operários que exigiam a demissão do governo, gritou “Bardamerda para a democracia”, também Bruno de Carvalho, rodeado por adeptos e simpatizantes, teve a coragem de afirmar “Bardamerda para quem não é do Sporting”.

Disto Donald Trump não se pode gabar!