“O Mundo Livre”, de Louis Menand (2022)

Que grande empreitada foi a leitura deste calhamaço! São 1106 páginas, das quais, 967 são de texto propriamente dito e as restantes, de notas.

Menand, nascido em Nova Iorque em 1952, é um crítico, ensaísta e pensador, colaborador da New Yorker, professor de Harvard e vencedor de um Pullitzer, em 2002.

Este livro – editado agora pela Elsinore e traduzido por Paulo Tavares e Sara Felício – livro que foi finalista do National Book Award, fala-nos da arte e do pensamento durante a Guerra Fria, com especial incidência na Música, Literatura, Pintura, Crítica, Cinema, Filosofia, entre outros temas. Claro que os Estados Unidos e os seus intelectuais são os mais citados, mas o autor também nos fala da Europa.

Todos os grandes nomes da arte e do pensamento do mundo ocidental figuram no livro.

Aprendi muito com ele e poderia citar muitos exemplos. Escolhi apenas estes (e já são bastantes):

Sobre George Kennan, página 26:

“Kennan (historiador norte-americano, cujos escritos inspiraram a Doutrina Truman) acreditava que a forma de governo pouco tinha que ver com a qualidade de vida de uma nação, admirando as autocracias conservadoras, como a Áustria antes da guerra e Portugal sob o regime de Salazar. «A democracia, como os americanos a entendem, não é necessariamente o futuro de toda a humanidade», escreveu ele em 1985”.

Sobre George Orwell, página 64:

“Orwell… Era um socialista cujas críticas aos socialistas – «toda aquela triste tribo de mulheres de sentimentos elevados, pessoas que usavam sandálias e bebedores de sumo de fruta com barba que vinham a correr aos magotes em direcção ao cheiro do ‘progresso’ como moscas varejeiras atraídas por um gato morto», como descreveu alguns deles – podiam ser tão mordazes como as de qualquer membro do Partido Conservador”.

Sobre a diferença entre os Estados Unidos e a Europa, no que respeita à educação, página 395:

“Em 1955, enquanto 84% dos americanos em idade de frequência do ensino secundário estavam na escola, o número para a Europa Ocidental situava-se nos 16%. Em Itália, em 1951, apenas 10% de toda a população possuía mais do que a instrução primária; em 1961, o número era de 15%. No Reino Unido, uma nação com um perfil económico genericamente comparável com os Estados Unidos, cerca de 17% dos jovens entre os 15 e os 18 anos eram estudantes a tempo inteiro em 1955. Em 1957, apenas 9% dos britânicos com 17 anos ainda andavam na escola.”

Sobre os Beatles, página 417:

“Quando os Beatles apareceram para a primeira sessão (Georges) Martin, com o intuito de os envolver no processo, levou-os à sala de controlo para que ouvissem uma gravação. «Se houver algo de que não gostem, digam-me», transmitiu-lhes ele. «Bom, para começar», disse George, «não gosto da tua gravata».”

Página 424:

“A longevidade da banda poderá ser atribuída ao puro talento na escrita de canções, que parece ter evoluído à medida que a base dos seus fãs foi envelhecendo. Na prática, os Beatles compuseram num leque de estilos invulgarmente amplo. O Álbum Branco (oficialmente, The Beatles), lançado em novembro de 1968 e o trabalho que a banda considerou o seu último esforço de grupo completo, é uma mistura de quase doze géneros musicais, desde o folk rock até ao blues, passando pela surf music, pelo heavy metal e pelo ska. No entanto, a banda conseguia fazer todas as canções que tocava soarem como uma canção dos Beatles.”

Página 440:

“Pela primeira vez, todas as faixas (de A Hard Day’s Night) eram composições dos Beatles, e o surpreendente acorde de abertura da música que dá título ao álbum anunciava uma nova atenção à musicalidade. Esse acorde, tocado nas três guitarras (a de Harrison era uma guitarra de doze cordas), mais a bateria, com Martin ao piano, e normalmente identificado como um sol de sétima com uma nona acrescentada e uma quarta suspensa, mas não há consenso sobre que notas são exctamente tocadas e em que instrumento”.

Sobre Henry Miller, página 505:

“Tal significava que o livro estava sujeito a um número incerto de acusações locais e, no final, houve quase 60 casos em torno de Trópico de Câncer por todo o país. Como passara a ser do conhecimento geral, tudo o que a polícia tinha de fazer era entrar numa livraria, pegar num exemplar do livro e abri-lo na página cinco, onde apareciam as palavras «mandrilarei todos os refegos da tua cona», e podia apreender todos os exemplares”.

Sobre a segregação racial nos Estados Unidos, página 512:

“Em julho, o embaixador das Nações Unidas da antiga colónia francesa do Chade, Adam Malick Sow, encontrava-se em viagem entre Nova Iorque e Washington quando parou para beber café num restaurante em Maryland, o Bonnie Brae, e recusaram servi-lo. O mesmo acontecera a três outros diplomatas africanos na mesma estrada, a Route 40, mas o embaixador Sow queixou-se pessoalmente a Kennedy e o governador de Maryland, J. Millard Tawes, teve de apresentar um pedido de desculpas público. Kennedy quisera fazer desaparecer o problema – «Não podes simplesmente dizer aos africanos para não andarem na Route 40?», perguntou ele a Wofford. «Diz aos embaixadores que não aconselho que vão de carro de Nova Iorque até Washington». Kennedy, evidentemente, ia de avião.”

Sobre o poema O Uivo, de Alan Ginsberg, julgado por obscenidade, página 645:

“Os elementos da acusação tentaram relembrar ao juiz os casos de palavras obscenas no poema, pedindo a Schorer (o editor) que os justificasse. Questionaram-no, por exemplo, acerca deste verso: «O mundo é santo! A alma é sagrada! A pele é sagarda! O nariz é sagrado! A língua e o caralho e a mão e o olho do cu sagrados!» Qual era o valor literário de tais palavras?”

Sobre a discriminação das mulheres nos Estados Unidos, página 726:

“Não obstante, de acordo com vários indicadores, as mulheres americanas estavam numa situação pior em 1963 do que em 1945 ou até em 1920. Em 1920, 20% dos diplomas de doutoramento tinham sido atribuídos a mulheres; em 1963, apenas 38%. A idade média do primeiro casamento foi baixando: quase metade de todas as mulheres que casaram em 1963 eram adolescentes. Entre 1940 e 1960, a taxa de natalidade de um quarto filho triplicou”.

Uma curiosidade do cinema francês, durante a guerra, na página 871:

“A estrela de Os Rapazes da Geral (Les Enfants du paradis), Arletty, foi condenada a uma pena de prisão por «colaboracionismo horizontal» com um oficial da Luftwaffe. (Arletty teve uma forma de expressar a sua falta de arrependimento: «o meu coração pertence a França, mas o meu rabo pertence ao mundo inteiro»)”

Sobre a guerra do Vietname, na página 913:

“Quando o envolvimento activo americano terminou, já os Estados Unidos tinham lançado o triplo de toneladas de bombas sobre o Vietname do Norte, um país do tamanho do Illinois, do que as lançadas pelos Aliados em toda a Segunda Guerra Mundial.”

E na página 915:

“A missão militar americana foi catastrófica a vários níveis. A idade média dos militares americanos no Vietname era de 19 anos. (Na Segunda Guerra Mundial, situara-se nos 26 anos). em 1970, cerca de 60 mil drogavam-se, com ópio ou heroína, e foram registados mais de 800 incidentes de fragging – oficiais feridos ou mortos pelos próprios soldados. Meio milhão de veteranos sofriam de perturbação de stress post-traumático, uma proporção superior à de qualquer uma das duas guerras mundiais.”

Lemos este livro todo de enfiada, mas ele também pode ser útil como consulta. Uma empreitada que nos ajudou a esclarecer muitas dúvidas e nos deu a conhecer muitos pormenores relacionados com a História contemporânea.

“Misericórdia”, de Lídia Jorge (2022)

Livro curioso, este.

Lídia Jorge consegue manter-nos presos na leitura de um livro que, no fundo, é um diário de uma idosa internada num Lar – coisa que, à primeira vista, pode parecer um pouco desinteressante.

No entanto, a narradora, que é a própria velhota, consegue manter-nos interessados, contando-nos o dia-a-dia de um lar, com a entrada e saída dos diversos cuidadores, com o ataque das formigas, que invadem as camas dos idosos, com o sr. Tavares, que é truculento e malcriado, o sr. Peralta, que toca piano, a menina Joaninha, que se atira a todos os velhos, a funcionária brasileira, que acaba grávida de um húngaro e por aí fora. Às tantas, o Lar é uma metáfora do país.

Curiosamente, a filha da narradora é escritora e quer fazer amor com o Universo e o genro assobia como um pássaro. Depois de muitas aventuras, a história termina com a chegada da pandemia do covid.

Aconselho.

Passos com três ésses

Passos Coelho veio à superfície e participou num comício da AD no Algarve.

Escusava de se ter incomodado.

E porquê Passos com três esses?

S de sonso (sujeito que esconde as suas verdadeiras intenções), porque Passos não quer que a AD vença com maioria absoluta, quer que a AD vença, mas seja obrigada a aliar-se ao Chega para governar. E aí, o Montecoiso tem de dar o dito por não dito. Portanto, o sonso Passos não foi ao comício ajudar Montecoiso – foi apertá-lo.

S de sujo (ignóbil, indecente, sórdido, torpe, em que há fraude), porque Passos esteve envolvido naquela cena da Tecnoforma, que nunca foi esclarecida e, depois de ter prometido, na campanha eleitoral, que não iria tocar nas pensões nem subtrair subsídios de Natal, foi isso mesmo que fez depois, quando chefiou o governo.

S de sacana (finório, espertalhão…), porque Passos teve a lata de se referir à imigração e de a ligar à falta de segurança, durante o discurso que proferiu no comício no Algarve. Passos sabe que Portugal é um dos países mais seguros do mundo e sabe que os imigrantes, neste momento, são essenciais para manter em funcionamento muitos sectores da nossa economia, nomeadamente, o turismo. No entanto, apesar de saber isso, deu a entender que são os imigrantes que provocam a insegurança que algumas pessoas não sentem, mas acham que existe.

Mas três esses são poucos para Passos!

Safardana, sacrista, sevandija, sabujo, sórdido, sebento – tudo isto sem ofensa, claro!

Para quando a sua adesão ao Chega?

O Ventura já tem o boletim de inscrição pronto. Basta assinar.

O Chega não chega!

O debate com os dez partidos sem assento no Parlamento, mostrou que, afinal, o partido do Ventura é apenas um de entre muitos, e que devíamos prestar mais atenção aos Chegas que para aí andam. Afinal, os reaccionários portugueses não têm razões de queixa. Têm muito por onde escolher, caramba! Percebemos que, afinal, a comunicação social tem sobrevalorizado o Chega do Ventura, esquecendo todos estes pequenos Chegazinhos que adoptaram outros nomes.

Pergunto, por exemplo, por que razão um fascista insiste em votar no Ventura quando tem um partido como o Ergue-te? Ainda ontem, o líder desse partido, o extraordinário Pinto Coelho defendeu o fim do direito à greve e propôs que a Ponte 25 de Abril se volte a chamar Ponte Salazar, algo que poderá mudar a vida de toda a malta que atravessa aquela ponte todos os dias.

Estás a pensar votar no Ventura? Não sejas burro – vota no Pinto Coelho, porra!

Mas há mais!

És contra o aborto e achas que essa história do aquecimento do planeta é uma grande treta? Então, por que carga de água hás de votar no Ventura, quando tens um partido, o ADN, liderado pelo extraordinário Bruno Fialho, que defende que a IVG deixe de ser paga pelo SNS e critica aquilo que chama fraude climática. Isso é que é ser de Direita! O Ventura é um aprendiz, caneco!

E isto é para não falar na Nova Direita, o partido daquela senhora chamada Ossanda Líber. Até o nome dela é parecido com Líder. Deve ser dela a liderança da Direita. Ela diz que quer limpar a Direita e afirma que Portugal não pode depender da emigração e avisa que há partidos de esquerda infiltrados na escola. Alguma vez o Chega teve a coragem de dizer tal coisa?!

Quanto ao RIR, o tal partido que diz que deve levar-se a sério, a sua nova líder, Márcia Henriques, diz que, nas escolas, os miúdos comem pior do que os cães, coisa de que o PAN nunca se lembrou, muito menos o Chega!

Outro partido que quer limpar a direita é a Alternativa 21, que junta, em coligação, o Movimento Partido da Terra, que diz derivar do partido fundado pelo arquitecto Ribeiro Telles, cujo corpo se afundou na tumba ao ouvir isso, e o Aliança, o partido fundado pelo Santana Lopes, o ex-e-actual- membro do PSD.

Já o líder do Nós, Cidadãos, Rocha Afonso, disse ser preguiçoso, como qualquer português, e isso é lá com ele. Por sua vontade, não se candidatava a estas eleições, mas, enfim, não teve outro remédio…

O líder o Partido Trabalhista é aquele senhor que se despiu no Parlamento da Madeira. Não teve grande êxito e tenta, agora, ser eleito, para mostrar os pêlos do peito no Parlamento da República.

Todos estes líderes de todos estes partidos mostraram ser muito mais disruptivos que o panhonhas do Ventura.

Ao pé deles, o Andrézinho não passa de um principiante.

Se são verdadeiramente de direita, votem em qualquer um deles e caguem no Ventura!

O Grande Debate

O debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro decorreu.

Todos foram unânimes.

Curioso, o nome do teatro. Capitólio, como o outro. Por isso, um dos debatentes capitulou.

Os moderadores eram três, um por cada estação de televisão. Os directores também.

Foi, também, o debate com mais protecção policial.

Em redor do teatro, algumas centenas de polícias fizeram um cordão para proteger os dois políticos e os três moderadores.

Eis alguns dos momentos mais altos do debate:

“Estilhaços”, de Bret Easton Ellis (2023)

Nunca tinha lido nada deste beste-seller norte-americano, sobretudo conhecido pelo seu romance “Psicopata Americano” e confesso que fiquei cansado, depois destas 621 páginas de letra pequenina.

Numa introdução, Ellis faz-nos crer que vai contar acontecimentos que viveu aos 17 anos, quando era finalista de Buckley, um liceu na área de Los Angeles. Esses acontecimentos são marcados pela existência de um serial killer que, em 1980-81, foi responsável por alguns crimes horrendos. Claro que a memória de Ellis é prodigiosa, uma vez que se recorda das músicas que estavam a tocar em determinados locais, da roupa que ele e os colegas do liceu usavam em determinados dias, da decoração das diversas casas onde decorriam as festas. A certa altura, parecia estar a ler um dos livros de Knausgard, aquilo a que chamam autoficção.

o jovem Ellis e os seus colegas movimentam-se num ambiente de gente rica; todos conduzem grandes máquinas, saltitam de festas em festa, têm pais que lhes dão toda a liberdade, a maior parte deles divorciados, vivem em grandes mansões com piscina e todos se drogam, sobretudo com coca, erva, Valium e Qualuudes.

Ellis é homossexual e tem relações com um colega e não só, mas esconde esse facto e, oficialmente, tem uma namorada.

As descrições dos grandes carros e dos seus percursos, chega a ser enfadonha:

“A seguir endireitei-me e liguei o carro e segui o Porsche para Valley Vista. Nessa tarde se gunda-feira o Robert virou à esquerda para Beverly Glen, em lugar de continuar por Valley Vista até à 405, o que significava que ia passar pela casa em Benedict Canyon. (…)

Esperei que passasse outro carro e segui o Robert até ele parar no semáforo em Sunset Boulevard e virar em direcção a Beverly Hills, onde Benedict Canyon entrava em North Canon Drive, e percebi que ele ia passar pela casa da Susan Reynolds…”

Quanto às roupas e acessórios, o autor faz questão de nos descrever tudo ao pormenor, incluindo as marcas.

“Ele tomara banho e tinha o cabelo penteado para trás e vestia calças de ganga e uma Lacoste azul a combinar com os olhos e um casaco Members Only, e sorriu-me de novo enquanto entrávamos no átrio…”

Mas Ellis também descreve, em pormenor, alguns encontros amorosos, de um modo muito gráfico:

“… o filme era bom, mas não achei nenhum dos rapazes britânicos atraentes, apesar de serem jovens atletas universitários, porque, suponho, estar ali sentado tão perto do Ryan me distraía, e estava muito consciente de todos os meus movimentos. Queria tocar-lhe, passar os dedos pelo fecho das calças dele, puxar-lhe o caralho para fora e masturbá-lo, só para poder ver a cara dele durante o orgasmo e cheirar-lhe o sémen, e fiquei instantaneamente teso ao pensar nisso.”

Em resumo, a história que Bret Easton Ellis conta podia ser resumida em metade das páginas, mas penso que o autor quis mesmo que o livro fosse assim, cheio de descrições de roupas, e de festas, e de drogas e de orgias, para dar a chamada cor local dos anos 80 na Los Angeles dos muito ricos.

Não me impressionou…

Esta é a verdadeira razão que leva Montenegro a não querer debater com o Rui Tavares e o Paulo Raimundo

Ficámos a saber – aparentemente, com alguma estupefação – que o líder do PSD, Luís Montenegro, se recusa a participar nos debates pré-eleitorais com o líder da CDU, Paulo Raimundo e com o líder do Livre, Rui Tavares. No seu lugar, indicou o nome do desconhecido Nuno Melo, que parece que é o líder de uma agremiação chamada CDS, uma sigla que talvez signifique Centro Democrático Social, mas não há a certeza.

As televisões, em uníssono, disseram que não era possível essa alteração, que o acordo tinha sido que os debates decorreriam entre os líderes dos partidos e/ou coligações com assento parlamentar.

Ripostou o PSD que, em 2015, também Jerónimo de Sousa, então líder da CDU, tinha sido substituído por Heloísa Apolónia, líder de Os Verdes, para debater com Paulo Portas, da coligação Prá Frente Portugal, no lugar de Passos Coelho.

O problema é que qualquer destes quatro políticos faziam parte de partidos com assento no Parlamente, ao passo que o tal Melo, ninguém sabe quem é, muito menos o dito CDS.

Enfim, perante a recusa do Montenegro, há quem diga que ele tem medo de debater com o Tavares e o Raimundo – e, no fundo, têm razão.

O que, de facto, acontece é que Montenegro é um perigoso esquerdista encapotado, uma espécie de agente secreto da esquerda radical que milita num partido de direita para o minar por dentro. Se Montenegro for eleito e se se tornar primeiro-ministro de Portugal, a primeira coisa que ele vai fazer é uma aliança política-económica com Cuba.

É por isso que ele teme confrontar-se com Tavares e Raimundo: teme ser descoberto, receia que, durante o debate, se descubra que, afinal, ele é um trotskista dos sete costados.

E isto não é especulação; foi uma fonte de Belém que me assegurou ser verdade.

Agora, aguentem-se…

Promessas eleitorais

Depois de ouvir as propostas dos partidos políticos para as próximas eleições, decidi fazer um resumo, tentando juntar uma proposta daqui com outra dali.

Assim temos:

– Um médico de família para cada português; para os portugueses doentes, dois médicos de família para cada um;

– Acabar com os tempos de espera nos hospitais; passam a ser os hospitais que ficam à espera dos doentes;

– Uma casa para viver e outra para passar férias; toda a gente tem o direito a passar férias numa casa;

– Rendas de bilros acessíveis para todos;

– Retirar o suplemento à Judiciária, de modo a que fique nivelada com as outras polícias;

– Descongelar os anos aos professores; desse modo ficarão mais velhos e poderão reformar-se já;

– Aumentar todas as pensões e baixar todos os hotéis;

– Diminuir IRS, IVA e IMI; passam todos a ser escritos com letra minúscula (irs, iva e imi);

Assim de repente, é o que me lembro. Se tiver mais ideias, depois digo.

Não cultives canabis num campo agrícola e outros conselhos

O Correio da Manhã é um manancial de curiosidades.

Ficamos a saber, por exemplo, que uma mulher pode ser identificada pela polícia na Brandoa pelo simples facto de morder no marido. O pobre do homem foi “transportado ao Hospital Amadora-Sintra com vários ferimentos no corpo” e tudo porque aconteceu um “desentendimento doméstico”.

Pelo contrário, “um homem de 55 anos foi detido pela GNR por agredir a ex-companheira e ter em sua posse uma faca em Tomar”. Se fosse na Brandoa, talvez se safasse…

Já em Oliveira de Azeméis, “um homem de 34 anos foi preso pela PJ por obrigar a companheira a vender o corpo em casa”. Se o tivesse vendido na rua ou num jardim, talvez se safasse… Ou, se não tivesse sido tão garganeiro e, em vez de vender o corpo da mulher, tivesse vendido só partes, um braço ou uma perna, talvez a pena fosse mais leve.

Finalmente, no que à droga diz respeita, dois conselhos do Correio da Manhã:

Segundo a notícia, “um jovem de 19 anos foi detido pela GNR de Barcelos na posse de 25 doses de haxixe. Foi parado numa operação de trânsito e mostrou-se «nervoso»”.

Primeiro conselho: nada de nervos quando se transporta droga. Se se mantiver a calma, nada acontece, a bófia não chateia.

Segundo outra notícia: “um homem de 57 anos foi detido no concelho da Guarda por cultivar canábis num campo agrícola”

Segundo conselho: se quiser cultivar canábis, escolha a varanda, por exemplo.

O Correio da Manhã sempre a ajudar o próximo!

Albuquerque, o vice-rei da Madeira

Há arguidos e arguidos.

Prevaricações e prevaricações.

Suspeitas de corrupção e suspeitas disso mesmo.

Participações em negócio e negócios em participações.

Um parágrafo de um comunicado da PGR lixou o Costa, mas o Vice-Rei da Madeira está acima disso tudo. Com aquele ar de Frankenstein de risco ao meio, franze as sobrancelhas e diz que até calha bem ser arguido; desse modo, poderá explicar tudo quando for ouvido… daqui a uns meses.

Quanto a Montenegro, mantém aquele sorriso espúrio, conseguindo dizer uma coisa e o seu contrário, praticamente na mesma comunicação.

E o Ventura esfrega as mãos. Corrupção por todos os lados, menos por um, chamado Chega que, no entanto, alberga tipos que, vivendo em Coimbra, receberam subsídios de deslocação por terem casa em Luanda.

Ainda há dúvidas em quem votar?…