Miguel Arruda, deputado do Chega pelos Açorews, foi apanhado a roubar malas nos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada. Alegadamente.
Difícil perceber tal atitude.
Mas basta ver o seu currículo para perceber: Arruda tem um Mestrado em Ciências Biomédicas, outro em Ambiente, Saúde e Segurança, uma pós-graduação em Segurança Alimentar e Saúde Pública, outra em Engenharia de Qualidade, para além de uma licenciatura em Ciências Biológicas e da Saúde – mas afinal, o que o Miguelito queria era ser um simples trabalhador de handling.
Os americanos escolheram, novamente, Donald Trump como presidente.
Poderíamos dizer que o problema é deles, mas não é só deles.
Após tomar posse, Trump assinou cerca de uma centena de decisões, entre as quais, o abandono dos Estados Unidos do Acordo de Paris e da OMS.
Ver aquele basbaque a assinar estas decisões com uma caneta para cada decisão, e tecendo comentários idiotas a propósito é de ir às lágrimas. Por exemplo, a propósito de Espanha, pergunta a alguém se esse país faz parte do BRICS! Mais à frente, fala de Gaza como se fosse um futuro destino turístico, dizendo que tem sempre bom tempo e sugerindo que, sob o ponto de vista imobiliário, aquilo poderá ser, sei lá, uma nova Ibiza!
Garantindo que não vai ser vingativo, foi ameaçando os que se opuseram a ele e indultou os 1500 idiotas que invadiram o Capitólio, quando Biden ganhou as eleições ou, como Trump disse no discurso de tomada de posse, quando lhe roubaram a eleição. No futuro, quando um democrata vencer as eleições, os radicais republicanos poderão invadir o Capitólio novamente porque há já o precedente de um indulto presidencial.
Mais estranho ainda: pela primeira vez, um presidente americano fez o que Biden acabou de fazer – indultar uma série de cidadãos que, presumivelmente, poderiam ser acusados por Trump. Entre eles, está o médico que, durante a pandemia, aconselhou o uso de máscaras, medida sempre atacada pelo Trump que, na altura era presidente. Biden pensou que este médico poderia vir a ser acusado por Trump e, então, indultou-o preventivamente – coisa que é inédita.
Outra novidade – para além do chapéu ridículo que a Melania usou durante toda a cerimónia, mesmo ao almoço – foi o facto dos grandes multimilionários das redes sociais terem estado presentes. Para além do já esperado Musk, o Zuckerberg e o Bezzos.
Claro que o Musk deu nas vistas. Tão excitado estava que fez a saudação nazi por duas vezes. Por mais que ele negue, não há dúvida que foi isso que ele fez, o que está de acordo com os seus apoios à extrema-direita inglesa e, sobretudo, alemã.
A menos que, afinal, aquele gesto não passe de um efeito secundário da ketamina que ele, decerto, tomará…
De qualquer modo, penso que iremos viver tempos difíceis.
Donald Trump deu ontem uma conferência de imprensa, no dia em que a sua eleição foi confirmada, sem que o Capitólio tenha sido invadido por apoiantes da Kamala Harris.
Ele disse tantas enormidades que não sei se serei capaz de as referir todas.
Disse, por exemplo, que quer anexar a Gronelândia e o Canal do Panamá. A Gronelândia é uma região autónoma da Dinamarca, mas, segundo ele, os EUA querem anexá-la porque lhes dá jeito, por causa dos navios. O Trump disse que vai usar pressão económica, mas não pôs de parte a ameaça militar. O mesmo em relação ao Canal do Panamá. Os EUA devolveram o Canal aos panamianos em 1999, no tempo de Carter, pelo preço simbólico de um dólar. O Trump diz que, neste momento, é a China que domina o Canal e que, portanto, ele quer reconquistá-lo!
Quanto ao Canadá, melhor seria que se juntasse aos EUA. Os canadianos só tinham a ganhar.
Disse ainda que há água a mais, que há certas regiões onde há tanta água que nem sabem o que fazer com ela; além disso, que a água cai do “heaven” (não disse sky), portanto, não há necessidade de a racionar.
Falou contra as eólicas. Disse que no País de Gales há tantas eólicas que as pessoas estão a ficar crazy.
Falou também a favor dos aquecedores a óleo, em vez dos aquecedores eléctricos.
E quanto aos reféns israelitas, avisou o Hamas que, se até 20 de janeiro, data da sua tomada de posse, os reféns não estiverem livres, que o Médio Oriente vai transformar-se num inferno!
Ora, sabendo que o Trump é apoiado pelo homem mais rico do mundo, e sabendo que ele, Elon Musk, anda a fazer campanha a favor da extrema direita alemã e a tentar minar o Partido Trabalhista britânico, só me apetece dizer que estamos fodidos!
São tantos que nem sei como é possível que o primeiro-ministro continue a andar sem coxear.
Destaco apenas três:
Primeira.
O Expresso de hoje revela que “Centros de Saúde privados vão poder recusar utentes do SNS”. Trabalhei durante 33 anos no Centro de Saúde que serve o célebre Bairro do Picapau Amarelo. Suspeito que muitos dos meus utentes não seriam bem recebidos nestas novas Unidades de Saúde Modelo C.
És pobre, mal encarado, pertences à etnia errada, tens muitos problemas de saúde? Ó filho, o melhor é ficares no SNS, mesmo sem médico de família do que vires para uma destas Unidades privadas atrapalhar a malta, ainda por cima, só trabalhamos em tempo parcial.
Segunda.
O primeiro-ministro veio dizer solenemente que o número de alunos sem professores tinha sido reduzido em 90%. Acompanhado pelo ministro da Educação, Alexandre o Grande, anunciou que já não eram 20 mil, mas apenas 2 mil e picos.
Afinal, o ministro disse hoje ao Expresso que aqueles dados não eram fiáveis. Provavelmente, o número de alunos sem professores é capaz de ser mais ou menos igual ao que era no ano passado. E o ministro atirou as culpas para cima do Director Geral, claro.
Terceira.
Finalmente, no dia em que o Benfica jogava contra o Mónaco, o primeiro-ministro convocou a imprensa para uma comunicação ao país às 8 da noite, na abertura dos telejornais. O anúncio de um golpe de Estado falhado? A abertura de um concurso público para a substituição de TODOS os ministros?
Não!
Montenegro veio anunciar um programa para a aquisição de cerca de 600 viaturas para a PSP e a GNR porque o país é um dos mais seguros do mundo, mas não parece.
O PS logo veio avisar que já tinha aberto um concurso internacional para adquirir 600 viaturas para a bófia em fevereiro passado. Mas no dia seguinte, Leitão Amaro garantiu que era um concurso novo, para comprar mais 700 viaturas além daquelas 600!
Onde é que a Polícia e a GNR vão enfiar tantos carros, porra?!
Com a vitória de Trump nas eleições presidenciais norte-americanos, inventou-se um novo adjectivo, trumpado e um novo verbo, trumpar.
Assim ficarão os yankees a partir de 4 de janeiro de 2025: trumpados.
E mais trumpados vão ficando, à medida que são conhecidos os nomes para os membros do governo de Trump.
Começou com Elon Musk, que foi nomeado para dirigir uma espécie de secretaria para despedir funcionários públicos, e continuou com aquele apresentador da Fox News para secretário das coisas relacionadas com a Defesa, e mais aquela miúda que também trabalha na televisão e será a porta-voz e por aí fora.
Mas, para mim, a escolha mais surpreendente será a de Robert Kennedy Júnior para secretário da Saúde.
É que este Kennedy vai trumpar completamente a saúde dos norte-americanos. É que a criatura é contra as vacinas e a favor do leite cru. Vi um excerto de uma entrevista em que ele falava contra o facto de haver 79 vacinas obrigatórias. Dizia que as vacinas obrigatórias eram 77, mas, com as da gripe e as do covid, passaram a ser 79. Onde raio é que este tipo foi buscar este número de vacinas obrigatórias?!
Quanto ao leite cru, a coisa ainda é mais estranha.
Será que Kennedy quer que os americanos passem a beber leite directamente das tetas das vacas e das cabras?
A propósito da greve do INEM e das mortes que alegadamente ela terá provocado, o primeiro-ministro Montenegro disse, sempre com aquele sorriso sacana:
(Transcrição ipsis verbis)
“Os senhores jornalistas, com todo o respeito, ficam muito chateados (salvo seja), porque eu não respondo exactamente à questão que eles me querem colocar, eu sei que eles hoje só querem falar do INEM, mas eu quero dizer que há um país que pulula todos os dias…”
Pulula não é uma palavra que se oiça todos os dias. Por isso, fui ver o seu significado.
Pulular é um verbo intransitivo que significa brotar, lançar renovos, nascer, romper. E ainda: ferver, arder, ter abundância.
Não sei qual destes significados Montenegro tinha em mente quando utilizou o verbo pulular.
Será que queria dizer que todos os dias Portugal brota, nasce, rompe? Ou antes, que todos os dias o nosso país ferve ou arde?
Provavelmente, o Luís Montenegro não queria dizer nada disto. Saiu-lhe pulula como lhe podia ter saído outra coisa qualquer. é o problema de falar de improviso.
Por isso mesmo, o nosso primeiro-ministro não passa de um pululista!
Pedro Pinto foi à RTP defender a actuação do agente da PSP que matou um cidadão que, aparentemente, tinha uma faca fechada numa bolsa.
Disse Pedro Pinto que “se os polícias atirassem mais a matar, o país estaria mais em ordem”.
É uma verdade insofismável!
Se eu matasse todos os cabrões que mudam de direcção sem fazer pisca, todos os filhos da puta que cospem para o chão e não apanham a merda dos cãezinhos, se eu matasse à pancada todos os filisteus que me ultrapassam pela direita, todos os sevandijas que fogem aos impostos, todos os políticos que faltam à verdade, talvez ficássemos com um país semi-deserto, mas haveria mais paz e tranquilidade. Para já não falar nos merdósicos que me passam à frente na fila para o autocarro, nos energúmenos que deixam as trotinetes a atravancar os passeios e nos atrasados mentais que estacionam em cima dos passeios.
Pedro Pinto apenas deu voz a milhares de portugueses e querem, agora, silenciá-lo só porque ele é obeso – e isso é discriminação!
Pedro Pinto não tem culpa de ser obeso e de parecer um taberneiro (sem ofensa para os verdadeiros taberneiros). Foi certamente um erro na sua educação; comeu muitos chocolates quando era criança e engordou porque teve falta de carinho e atenção. Devia ser ajudado e não acusado de incentivar à violência.
Se o Pedro Pinto fosse um tipo todo janota, magro e elegante, nada disto aconteceria!
Deve ser preciso estudar muito para se chegar a Ministro – e para se chegar a ministro da Agricultura, ainda mais!
O ministro da Agricultura tem de saber tudo sobre maçãs, azeitonas, castanhas, laranjas, mirtilos, cenouras e bróculos, couves variadas, vinhos e bebidas correlativas e muito mais. No fundo, é um Ministros dos Comes e Bebes.
O que ele deve estudar!
O Ministro dos Comes e Bebes do governo do Montenegro chama-se José Manuel Fernandes, nasceu em 1967 e é formado em Engenharia de Sistemas e Informática, portanto, deve perceber do que fala.
Foi ele que disse que, em Portugal, a “longevidade é maior onde bebem tinto verde”.
Claro que os produtores de vinho branco já se preparam para organizar uma manifestação a favor do vinho branco. Há casos de portugueses que bebem vinho branco até aos 96 anos de vida!
Mas o licenciado em engenharia de sistema foi mais longe e afirmou que “água em excesso faz mal”. Por um lado, foi muito aplaudido pela malta que não gosta de tomar banho, mas os produtores de água-pé ficaram incrédulos. Será que o ministro também inclui a água-pé neste lote das bebidas que fazem mal?
Sr. Ministro Fernandes, por que não se limita aos sistemas informáticos e deixa a Agricultura para os agricultores?
Na reunião sobre comunicação social, o primeiro-ministro Luís Montenegro disse:
“Fazer a pergunta que o outro sopra ao ouvido não é jornalismo”
Apesar desta afirmação sensacional, Montenegro recusou-se a explicar o que substituiria o soprismo.
Alguém aventou a hipótese de os jornalistas passarem a usar cábulas onde registariam todas as perguntas possíveis e imaginárias que gostariam de fazer.
As senhoras jornalistas poderiam passar a escrever essas cábulas nas coxas e, durante as conferências de imprensa (raras, como se sabe), puxariam as saias para cima, discretamente, para relembrar as perguntas que teriam de fazer ao Montenegro.
Os homens poderiam, por exemplo, escrever as perguntas possíveis nas palmas das mãos.
Tudo menos usar auriculares!
Outra possibilidade poderia ser o Governo de Montenegro usar alguns jornalistas para soprar perguntas divertidas aos ouvidos dos colegas.
Por exemplo: “pergunta ao gajo se, por acaso, esta bêbado!”
Outra: “pergunta-lhe há quanto tempo não manda uma queca!”
Com perguntas destas, os jornalistas ficariam muito mal-vistos e acabavam por desistir de fazer perguntas e Montenegro ficaria, finalmente, livre dessa espécie incomodativa.