Tiros no pé de Montenegro

São tantos que nem sei como é possível que o primeiro-ministro continue a andar sem coxear.

Destaco apenas três:

Primeira.

O Expresso de hoje revela que “Centros de Saúde privados vão poder recusar utentes do SNS”. Trabalhei durante 33 anos no Centro de Saúde que serve o célebre Bairro do Picapau Amarelo. Suspeito que muitos dos meus utentes não seriam bem recebidos nestas novas Unidades de Saúde Modelo C.

És pobre, mal encarado, pertences à etnia errada, tens muitos problemas de saúde? Ó filho, o melhor é ficares no SNS, mesmo sem médico de família do que vires para uma destas Unidades privadas atrapalhar a malta, ainda por cima, só trabalhamos em tempo parcial.

Segunda.

O primeiro-ministro veio dizer solenemente que o número de alunos sem professores tinha sido reduzido em 90%. Acompanhado pelo ministro da Educação, Alexandre o Grande, anunciou que já não eram 20 mil, mas apenas 2 mil e picos.

Afinal, o ministro disse hoje ao Expresso que aqueles dados não eram fiáveis. Provavelmente, o número de alunos sem professores é capaz de ser mais ou menos igual ao que era no ano passado. E o ministro atirou as culpas para cima do Director Geral, claro.

Terceira.

Finalmente, no dia em que o Benfica jogava contra o Mónaco, o primeiro-ministro convocou a imprensa para uma comunicação ao país às 8 da noite, na abertura dos telejornais. O anúncio de um golpe de Estado falhado? A abertura de um concurso público para a substituição de TODOS os ministros?

Não!

Montenegro veio anunciar um programa para a aquisição de cerca de 600 viaturas para a PSP e a GNR porque o país é um dos mais seguros do mundo, mas não parece.

O PS logo veio avisar que já tinha aberto um concurso internacional para adquirir 600 viaturas para a bófia em fevereiro passado. Mas no dia seguinte, Leitão Amaro garantiu que era um concurso novo, para comprar mais 700 viaturas além daquelas 600!

Onde é que a Polícia e a GNR vão enfiar tantos carros, porra?!

Montenegro é um pululista!

A propósito da greve do INEM e das mortes que alegadamente ela terá provocado, o primeiro-ministro Montenegro disse, sempre com aquele sorriso sacana:

(Transcrição ipsis verbis)

“Os senhores jornalistas, com todo o respeito, ficam muito chateados (salvo seja), porque eu não respondo exactamente à questão que eles me querem colocar, eu sei que eles hoje só querem falar do INEM, mas eu quero dizer que há um país que pulula todos os dias…”

Pulula não é uma palavra que se oiça todos os dias. Por isso, fui ver o seu significado.

Pulular é um verbo intransitivo que significa brotar, lançar renovos, nascer, romper. E ainda: ferver, arder, ter abundância.

Não sei qual destes significados Montenegro tinha em mente quando utilizou o verbo pulular.

Será que queria dizer que todos os dias Portugal brota, nasce, rompe? Ou antes, que todos os dias o nosso país ferve ou arde?

Provavelmente, o Luís Montenegro não queria dizer nada disto. Saiu-lhe pulula como lhe podia ter saído outra coisa qualquer. é o problema de falar de improviso.

Por isso mesmo, o nosso primeiro-ministro não passa de um pululista!

Montura e Ventenegro

Ventura diz que se encontrou com Montenegro cinco vezes para discutir o Orçamento e que o primeiro-ministro lhe pediu que saísse pelas traseiras, para não ser notado.

Verdade ou mentira?

Ventura também diz que Montenegro lhe ofereceu um compromisso: o Chega poderia vir a fazer parte do Governo se aprovasse o Orçamento.

Verdade ou mentira?

Ventura ainda disse que o “não é não” de Montenegro já não fazia sentido.

Verdade ou mentira?

Pouco interessa se é verdade ou mentira.

Quem se mete com o fogo sai sempre chamuscado.

Montenegro contra o soprismo

Na reunião sobre comunicação social, o primeiro-ministro Luís Montenegro disse:

“Fazer a pergunta que o outro sopra ao ouvido não é jornalismo”

Apesar desta afirmação sensacional, Montenegro recusou-se a explicar o que substituiria o soprismo.

Alguém aventou a hipótese de os jornalistas passarem a usar cábulas onde registariam todas as perguntas possíveis e imaginárias que gostariam de fazer.

As senhoras jornalistas poderiam passar a escrever essas cábulas nas coxas e, durante as conferências de imprensa (raras, como se sabe), puxariam as saias para cima, discretamente, para relembrar as perguntas que teriam de fazer ao Montenegro.

Os homens poderiam, por exemplo, escrever as perguntas possíveis nas palmas das mãos.

Tudo menos usar auriculares!

Outra possibilidade poderia ser o Governo de Montenegro usar alguns jornalistas para soprar perguntas divertidas aos ouvidos dos colegas.

Por exemplo: “pergunta ao gajo se, por acaso, esta bêbado!”

Outra: “pergunta-lhe há quanto tempo não manda uma queca!”

Com perguntas destas, os jornalistas ficariam muito mal-vistos e acabavam por desistir de fazer perguntas e Montenegro ficaria, finalmente, livre dessa espécie incomodativa.

Ainda estamos longe, mas cada vez mais perto…

Montenegro lava mais branco!

Depois de ter dito, há cerca de um ano, que nunca faria a Rui Rio o que António Costa fez a António José Seguro, eis que Luís Montenegro desafia Rui Rio para eleições directas, dentro do PSD.

Montenegro acha que Rio vai proporcionar, ao PSD, a mais baixa votação de sempre e pensa que, com ele í  frente do Partido, os eleitores vão a correr votar…

É um convencido, este Montenegro, um pavão…

Diz o homem que quer “galvanizar os portugueses”.

Será que ele sabe o que significa galvanizar?

Vê-se mesmo que nunca foi operário!…

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