Por este Rio abaixo

Rui Rio já deu tantos tiros nos pés que deve ter as meias todas cheias de buracos e os pés em sangue.

Agora, escreveu no Twitter que a detenção do João Rendeiro, na África do Sul, só foi possível porque vai haver eleições e desse modo, o director da Polícia Judiciária favoreceu o PS.

Claro que Rio não disse exactamente isso.

O presidente do PSD esclareceu em bombástica entrevista na RTP que o que ele critica é o facto do director da PJ ter aparecido em todas as televisões a fazer um foguetório, uma vez que não tem o dom da ubiquidade, porque esteve, simultaneamente na RTP e na SIC, é evidente que uma das declarações teve que ser gravada, para além do facto de quem prendeu o Rendeiro foi a polícia sul africana e não a PJ portuguesa e como o director da PJ foi nomeado pelo PS, é evidente que tudo isto favoreceu indirectamente o PS e, portanto, se o PS ganhar as eleições em janeiro, já sabemos que foi por causa destes foguetes que o director da PJ andou a amandar para o ar, e, ao fim e ao cabo, ninguém percebeu a ironia do Rio.

Rui Rio diz que aquilo que escreveu no Twitter é uma ironia.

Ora, sabendo que os dicionários dizem que ironia significa forma de humor que consiste em dizer o contrário daquilo que se pretende dar a entender, parece que, afinal, o líder do PSD queria dizer exactamente o oposto do que disse – ou não?…

Confusos?

O problema é que Rui Rio é um incompreendido. O seu sentido de humor é tão fino, tão fino que a gente passa por ele sem dar por isso…

Que Zeus nos livre de o ter como primeiro-ministro!

As venturas de André

O pasquim Nascer do Sol dedica hoje seis páginas seis a uma entrevista ao líder do Chunga. São 71 perguntas que Vitor Raínho e Joana Mourão Carvalho fazem à criatura, enquanto Bruno Gonçalves é o autor das fotos. Numa delas, o Querido Líder surge de gravata azul e mãozinhas entrelaçadas, com um sorrisinho beatífico.

Longe de mim ler a entrevista – teria pesadelos esta noite, certamente. Li só as gordas. E já chunga!

O título da entrevista é “Se fosse líder do PSD tinha maioria absoluta”, que é como quem diz “Se cá nevasse fazia-se cá ski”.

Como o Querido Líder, recentemente, adoptou o lema “Deus, Pátria, Família e Trabalho”, a conversa descambou para Salazar. Diz ele que “nem Salazar foi tão mau como se diz, nem Soares foi tão bom como dizem”.

Pois claro… se repararmos bem, Salazar até foi bonzinho, embora agora não me lembre de nada em concreto.

Mas o André não quer confusões e diz que “ao contrário do Presidente da República, nunca escrevi nenhuma carta a Salazar quando era pequeno”.

Ora aqui está uma revelação extraordinária. Sabendo que Salazar morreu em 1970 e que o Andrézinho só nasceu 13 anos depois, seria difícil que o tipo conseguisse escrever uma carta ao ditador. O homem até acrescenta que “ele (Salazar) nunca esteve na minha casa.” Ingrato!

Mas a criatura tem algum sentido de humor. Nota-se isso quando diz, por exemplo, “acho que Sá Carneiro hoje seria do Chunga”.

Sobre ele próprio diz: “sou um animal de palco”.

Temos que avisar a Protectora…

Expressamente à direita

Claro que não estou espantado, mas o semanário Expresso, antigamente, disfarçava melhor.

Agora, perdeu a vergonha toda e está totalmente ao serviço da direita.

Começa logo no editorial do seu director João Vieira Pereira que diz, por exemplo, que “esta extrema-esquerda”… “venderam a ideia de que vinham como heróis salvar-nos da troika que nos tinha tornado mais pobres, quando na realidade trabalharam para voltar ao pré-2011, aos anos que nos levaram à estagnação económica e à bancarrota”.

Portanto o primeiro super-avit da democracia e o crescimento acima da média da União Europeia nunca existiram.

Todo o editorial de JVP é um manifesto anti-esquerda. É a opinião do homem, pronto.

Mas o resto do jornal é o que se vê.

Toda a página 5 é ocupada com o habitual despacho do presidente: “Marcelo quer compromisso sólido para pelo menos dois anos”.

Não chega o Marcelo fazer conferências de imprensa praticamente diárias, ainda tem o seu órgão oficial todos os sábados.

As páginas 6 e 7 são ocupadas com a zanga das comadres do PSD.

O título é “Rio e Rangel não baixam armas”. No topo das páginas, uma foto dos dois candidatos a líderes e, para além do texto com o título já citado, há dois outros intitulados “Candidatos sem tempo para detalhar programa” e “Só Cavaco teve sucesso rápido em eleições, mas com mais tempo”.

Parece que estamos a ler um exemplar do Povo Livre, órgão oficial do PSD.

Nas páginas 8 e 9, duas páginas dedicadas à Direita – como se as outras também o não fossem.

Para além de uma ilustração representando os 4 partidos de Direita (PSD, IL, CDS e CH), podemos ler (salvo seja), os seguintes artigos: “A minha legitimidade só se coloca na cabeça de quem nunca a aceitou”, diz Mota Soares, do CDS; “Na prateleira da Direita, quem compra CDS?”; “Chicão: O PP dos que querem subir a pulso”; “Nuno Melo: regenerar para voltar a ser últil”; e “Chega está capturado pelo sistema”, diz um fulano que se vai candidatar contra o Ventura.

Acham que já chega de Direita?

Ainda não.

Mas quem é que falta?

A Iniciativa Liberal, claro.

Vem logo na página seguinte. Toda a página 10 está preenchida com uma entrevista ao Cotrim Figueiredo.

Quanto ao PS, merece apenas um terço da página 12, com o título “PS: ordem para acalmar contra a esquerda”.

Assim vai o jornalismo “independente” do Expresso.

O Coiso há 22 anos na net

Foi no dia 1 de novembro de 1999 que O Coiso penetrou na net.

Nessa altura, era uma página praticamente feita à mão, que pode ser consultada no Velho Coiso.

Com mais de 2400 posts, O Coiso vai resistindo, embora com menos vigor.

Noutra altura, aproveitaria a actual crise política para escrever textos a propósito, mas, sinceramente, falta-me a paciência.

Que dizer, por exemplo, da agonia do CDS?

Quando era jornalista, fui destacado para a conferência de imprensa em que foi feito o anúncio da fundação desse partido centrista, com a presença de Freitas do Amaral. Foi em julho de 1974 e, nessa altura, ninguém era de direita.

Depois, a pouco e pouco, o Centro Democrático Social, foi resvalando para a direita, se é que alguma vez foi do centro.

Já lhe chamaram o partido do táxi, porque todos os seus deputados cabiam num. Qualquer dia, passará a ser o partido da trotinete, com o Chiquinho ao volante.

E que dizer do professor Marcelo que, de tanto querer que o Orçamento fosse aprovado, começou logo a empurrar todos para eleições antecipadas?

Com estupefacção, vimos o presidente sair do Palácio de Belém e dirigir-se a uma caixa multibanco para pagar uma conta, com os jornalistas a correrem atrás dele.

Será que o homem desconhece a página online do seu Banco?

E que dizer do PSD, o habitual saco de gatos que nunca consegue uma liderança estável?

Procurem na net: são 18 presidentes em 47 anos, o que dá uma média de 2,6 anos para cada presidente. Ora, sabendo que Rui Rio é presidente desde fevereiro de 2018, podemos declarar que o homem já ultrapassou a barreira do som, com 3 anos e 9 meses à frente do PSD.

Mas o PSD range por todos os lados, a começar pelo lado do Rangel, que poderá vir a ser o 19º presidente e teremos que levar com a sua voz metálica e absolutamente irritante durante, pelos menos, mais 2 anos e 6 meses, até que apareça outro presidente.

E que dizer dos partidos de esquerda?

Desses ainda me apetece falar menos.

O PS ora é considerado um partido de esquerda, ora é o principal alvo do PCP e do Bloco.

O PCP decidiu voltar às origens.

O Bloco talvez esperasse que o PC se abstivesse.

De qualquer maneira, não se entenderam e, agora, culpam-se uns aos outros, mas, o que é certo, é que a porta ficou escancarada para a direita.

Esperemos que a direita não dê com a porta…

Nota – O Coiso foi um jornal completamente desmiolado que se publicou durante 12 semanas, em 1975; era impresso no velho jornal República e tinha, entre os seus criadores e colaboradores, eu próprio, o Álvaro Belo Marques, o Ruy Lemus, o José António Pinheiro, o Carlos Barradas e o velho Mário-Henrique Leiria.

Fernandovich Medina, o agente infiltrado

Bastava olhar com atenção para a testa alta do Medina para perceber que ele só podia estar sob o domínio de Putin, com os bolsos tilintando de rublos.

Tudo se passou em janeiro, mas só agora foi revelado: os três organizadores de uma manifestação anti-Putin, realizada em frente à embaixada da Rússia, em Lisboa, deram os seus nomes à Câmara Municipal e o Medina foi logo telefonar ao Putin.

O presidente da Câmara surgiu ontem, em frente aos jornalistas, com ar compungido, pedindo desculpa e dizendo que foi um erro administrativo, mas estava-se mesmo a ver que foi deliberado. As ligações de Fernandovich Medina à extinta KGB são antigas e só não vê quem não quer.

Rui Rio e Xiquinho Santos já tinham desconfiado, e Moedas, então, já sabia há muito tempo, mas tinha vergonha de o dizer publicamente. Aliás, Carlos Moedas é mesmo um candidato envergonhado.

Depois deste escândalo ter sido revelado, veio-se a saber que também os nomes dos organizadores de uma manifestação pró-palestina, em 2019, foram revelados à embaixada de Israel, o que faz de Medina um completo sionista. E o mesmo se terá passado com manifestações anti-Nicolas Maduro, contra a ditadura da Coreia do Norte e contra a anexação da Crimeia.

Conclui-se, portanto, que Medina não passa de um agente infiltrado de Putin, Maduro e Kim Jong-un. No entanto, acho mal que só agora se tenham decidido a revelar estes factos. As eleições autárquicas são só em outubro e, até lá, as pessoas esquecem-se disto. Uma vez que querem fritar o Medina, deviam ter esperado por setembro.

A melancolia do Mel

MEL é a sigla de Movimento Europa e Liberdade.

Trata-se de um grupo de senhores que se afirmam de Direita e que se juntam para pensar Portugal.

É sempre bonito pensar Portugal…

A coisa é organizada por um tipo chamado Marrão, e no palco desfilaram os líderes do PSD, do CDS, da Iniciativa Liberal e até do Chega.

No entanto, para a comunicação social, a estrela do MEL foi Passos Coelho, agora com novo look: cabeça rapada, deixando ver um crânio de pepino, e barba de cinco dias.

Rui Rio foi o último a discursar, como que em apoteose, mas é como se estivesse a fazer o seu elogio fúnebre.

Coelho vai ser o salvador da Direita. Ele, que inventou o Ventura, espera calmamente pela hecatombe eleitoral do PSD para regressar, cheio de glória, e liderar uma imensa coligação, onde caberão todos (caberão, cabrão…) – incluindo aquele senhor que, no MEL, disse que o Estado Novo resolveu o problema do analfabetismo e baixou a taxa de mortalidade infantil.

Cuidem-se, que tempos tenebrosos se aproximam…


Barreto – ou como voar da Esquerda para a Direita em 60 anos

António “Pingo Doce” Barreto é um personagem curioso. Apesar de já ter defendido o que agora ataca e atacado o que agora defende, continua a ser ouvido e entrevistado e a publicar uma crónica todas as semanas.

Nascido em 1942, Barreto foi militante do Partido Comunista entre 1963 e 1970, isto é, entre os 21 e os 28 anos – coisas da malta nova.

Em dezembro de 1974, aderiu ao Partido Socialista e, no ano seguinte, foi eleito deputado pelo PS. No primeiro governo constitucional, liderado por Mário Soares, foi ministro do Comércio e Turismo e, depois, ministro da Agricultura e Pescas, tendo sido o responsável pela famosa Lei Barreto, que redefinia a Reforma Agrária.

Tinha, então, 32-33 anos.

Em 1978, com 36 anos, afastou-se do PS e aproximou-se da Aliança Democrática de Sá Carneiro.

Mas regressou ao PS entre 1987 e 1991, tendo sido, novamente, eleito deputado por aquele partido.

Por volta dos 50 anos, abandonou definitivamente o Partido Socialista e foi-se endireitando cada vez mais.

Hoje, com quase 80 anos, Barreto deu uma entrevista ao jornal Nascer do Sol.

São 3 ou 4 páginas de perguntas e respostas e Barreto diz coisas como estas:

– “A justiça do antigo regime era mais séria do que a de agora”, como se comprova pelos Tribunais Plenários.

– “A requisição civil em Odemira é um acto de terrorismo político” – Osama Bin Laden não diria melhor…

– “Vamos ter um problema de cor de pele por muitos anos” – gostava de saber onde é que o Tó Barreto se bronzeia…

– “A violência dos EUA sobre brancos é aceitável, a violência sobre negros passou a ser de bradar aos céus” – quer dizer que, antes, era aceitável também?… Aos 20 comunista, aos 30, socialista, aos 40, social-democrata, aos 60, conservador-liberal. Agora, que se aproxima dos 80, será que Barreto vai aderir ao Ch#ga?

A Feira do Novo Banco, a Festa do Livro e a Auditoria do Avante

Está tudo muito zangado porque a Direcção Geral da Saúde não divulga a auditoria à Festa do Avante.

Os comunistas, que a organizam, fecham-se em copas e dizem que os Trabalhadores e o Povo (tudo Com Letra Grande) estão a ser impedidos no seu direito de darem pulos no concerto dos Xutos e de gritarem vivas nos discursos do avô Jerónimo.

Se tivéssemos um Governo Patriótico e de Esquerda (também Sempre com Letra Grande), outro Amanhã cantaria!

Há quem faça a comparação entre  a Festa do Livro e a Auditoria do Avante e diga: por que raio o Presidente Marcelo Robalo de Sousa pode ir comprar livros, dos quais apenas lê as badanas (segundo José António Ressabiado Saraiva, director do Pasquim O Sol) à Festa do Livro e não pode ir beber umas minis à Auditoria do Avante?

Toda a gente já viu o Presidente Sousa a beber minis em diversos cafés e pastelarias, portanto, por que não no Avante?

Acaso as minis comunistas são menos frescas e saborosas? Têm, por acaso, menos espuma?

As televisões têm passado reportagens, muito bem elaboradas por sinal, de comerciantes da Amora que decidiram fechar as portas durante os três dias que dura a Auditoria do Avante. São papelarias, salões de beleza e imobiliárias. Dizem que até uma funerária vai fechar naqueles três dias, como forma de protesto. Os comerciantes dizem que, com tantos comunas, pode dar-se o caso de a infeção comunista alastrar na Amora…

Assim, com as portas fechadas, será impossível aos comunas que vão ao Avante, irem comprar cigarros às tabacarias, apartamentos às imobiliárias ou mesmo caixões à funerária.

Bem feita!

Quanto à Feira do Novo Banco, sabe-se que a DGS limitou a 16 mil milhões o valor dos prejuízos, mas ninguém sabe quem vai fiscalizar o cumprimento desta regra.

Ouvi ontem um proeminente pneumologista dizer que deviam ser técnicos de Saúde Pública a fazê-lo, mas não estou a ver a Dra. Graça Freitas a fiscalizar o António Ramalho, do Novo Banco, a ver se ele está a vender os imóveis a um preço que não foda a pandemia!

Rui Rio chega-se ao Chega

Rui Rio gostava muito de ser primeiro ministro antes de morrer. Depois, já não lhe daria tanto gozo…

O problema é que, à esquerda, o Costa, está de costas voltadas, e, olhando à direita, Rio vê o CDS lá muito longe, escondido atrás de 3% das intenções de voto.

Um pouco mais perto, está o Chega, com cerca de 7%.

Mas o que é o Chega?

Rio é sexagenário e pertence à velha guarda, ao tempo em que os partidos tinham, no seu nome, algo de esclarecedor, tipo, socialista, comunista, liberal, esquerda, direita, democrata-cristão, centro – enfim, qualquer coisa que indicasse a ideologia do partido.

Mas Chega?!…

Chega de quê?

Chega de democracia?

É verdade que o Chega é liderado por um homem que já foi militante do PSD. Nesse caso, é de supor que Chega signifique “chega de social democracia”!

Mesmo assim, Rui Rio afirmou que, caso o Chega se tornasse mais macio, que seria possível uma coligação.

Em resposta, Ventura, o líder do Chega, disse que, por ele, até podia considerar uma coligação com o PSD, desde que este deixasse de ser a dama de honor do PS.

Foi assim que, esta noite, tive um pesadelo que me fez suar e me obrigou a tomar um alprazolam!

Nesse pesadelo, Rui Rio era primeiro-ministro e André Ventura era presidente da República e eu não conseguia emigrar!