Morte ao Governo! Mai-nada!

Há dois ou três dias, liguei o televisor na RTP-1 (a tal que está a lixar a execução orçamental ao Passos) e pensei que tinha feito uma viagem ao passado.

Ali estava o Garcia Pereira, em pose de Estado, com um cartaz em tons de amarelo e vermelho por trás, a invectivar o governo, a troika, a Merkel, a banca, os capitalistas em geral, os alemães em particular, e tudo!

A linguagem era a mesma que o MRPP sempre utilizou e aquela declaração inflamada podia ter sido feita contra um governo do Pinheiro de Azevedo, do Balsemão, do Mários Soares, do Cavaco ou de outro primeiro-ministro qualquer.

—O tal cartaz, que está por aí, espalhado pelas paredes das cidades, grita: “Morte í  tróica! Morte ao governo de traição nacional PSD/CDS!”

Não é um simples “abaixo o governo!”, ou um mero “todos contra o governo!”, ou um singelo “se há governo, sou contra!”

É mesmo morte ao governo e mai-nada!

É levar os gajos para o campo do Estrela da Amadora, pí´-los todos em fileira, o Passos, o Portas, a Cristas, o ílvaro, o Gaspar, o Ervas e os outros todos, vendar-lhes os olhos e pimba: chumbo neles!

Fuzilá-los sem dó nem piedade!

E depois, ir í  procura dos filhos da mãe da troica e aplicar-lhes o mesmo tratamento!

A ver se não acabava logo a austeridade!

A ver se a Merkel não começava logo a piar mais baixinho!

Mas há um coisa que me faz espécie, no cartaz do MRPP…

Qual será o Governo Democrático Patriótico a quem o MRPP dá vivas?

Note-se que é Governo com letra grande, em oposição ao reles “governo de traição nacional do PSD/CDS”, que só tem direito a letra pequena.

Quem fará parte desse Governo que, pelos vistos, irá governar depois do fuzilamento dos traidores todos?

í“ Garcia, explica lá isto í  malta!

 

Desempregados, mas cultos!

O nosso governo quer que os portugueses sejam cultos e não quer desculpas!

Acaba-se essa treta de dizeres que não vais ao teatro porque estás desempregado!

A partir de agora, os desempregados podem frequentar í  borla monumentos, palácios e museus e ainda terão descontos na Cinemateca, nos teatros nacionais ena Companhia Nacional de Bailado.

O secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas está esfusiante com a ideia e revela que estes descontos não são só para os desempregados portugueses, mas sim para todos os da União Europeia.

Portanto, não te espantes se deres de caras com um torneiro-mecânico esloveno desempregado, no S. Carlos, a assistir í  opera de Puccini, La Rondine.

Obrigado, Passos Coelho!

Salazar branco ou tinto?

O Público de hoje dedica duas páginas í  história do possível lançamento de um vinho de marca Salazar.

Claro que a ideia é um completo disparate.

É como se os alemães lançassem uma salsicha de marca Hitler, os chilenos escolhessem Pinochet para marca de um cabernet sauvignon, os espanhóis fabricassem um queijo de marca Franco ou os italianos produzissem pizzas Mussolini.

Mas o presidente da câmara de Santa Comba Dão não percebe a razão da polémica.

Do alto da sua elevada cultura, diz que nunca sentiu “pinga de curiosidade” pelo ditador e que só recentemente leu alguma coisa sobre ele, por dever de ofício!

E acrescenta, douto: «mas passa pela cabeça de alguém que eu queira vender a ideologia? Eu quero é vender o vinho!»

Nisto, estamos de acordo porque Lourenço, apesar de ter sido eleito pelo PSD (ou por isso mesmo…), não deve ter um grama de ideologia naquela cabeça!

Mirem-se no exemplo de Falciano del Massico

Falciano del Massico é uma pequena localidade, a 50 km de Nápoles, com apenas 3700 habitantes, mas sem cemitério.

Como forma de protestar contra esta falha, o presidente da câmara local, Giulio Fava, publicou um decreto municipal que proíbe os munícipes de morrerem.

Leram bem: em Falciano del Massico é proibido morrer.

Só que, esta semana, dois cidadãos resolveram infringir a lei e morreram mesmo.

Fava não sabe o que há-de fazer.

Que castigo se aplica a dois cidadãos que não cumprem a lei, mas que estão falecidos?

Esta singela história mostra bem como há sempre ovelhas negras na melhor das democracias.

Que melhor forma de se protestar contra o facto de não termos um cemitério, se não recusarmos morrer?

E, mesmo assim, tinha que haver dois palermas a furarem o protesto!

Claro que em Portugal, isto seria impossível, já que o ministro Miguel Ervas nunca permitiria que uma comunidade com apenas 3700 habitantes tivesse direito a ter um presidente da Câmara – quanto mais um cemitério!

Os suíços estão a gozar connosco!

Há países que, sinceramente, não se entendem.

A Suíça é um deles.

Alguém sabe, de facto, o que é um suíço?

Será um italiano, um francês, um alemão?

Ou será um dos milhares de emigrantes de diferentes nacionalidades?

E depois, a Suíça está-se borrifando para os outros: mantém-se neutral, acolhe dinheiros espúrios em contas secretas, inventou os relógios a sério, tem vacas e chocolates e uma bandeira bonita.

E tem os referendos.

No passado fim de semana, 66,5% dos participantes num referendo, votaram contra a introdução de seis semanas de férias pagas para todos os trabalhadores!

Meditem nisto: enquanto por cá, o governo nos corta feriados e dias de férias, os suíços rejeitam seis semaninhas de férias!

Mas o referendo deste fim de semana tomou outras decisões, nomeadamente, a de limitar a 20% o número de residências de férias em estâncias de inverno!

E mais: em Zurique, os suíços decidiram aprovar a criação de um drive-in para prostitutas. Com o objectivo de retirar a prostituição do centro da cidade, os votantes decidiram aprovar a construção de um complexo, nos arredores da cidade, onde os cidadãos poderão procurar os prazeres da luxúria, sem incomodarem o resto da malta.

Por cá, os referendos têm pouco impacto, e é pena.

Assim, de repente, ocorrem-me meia dúzia de referendos urgentes, que deveríamos realizar já!

O primeiro dos quais, rezaria assim: «Está de acordo que o Presidente Cavaco se mantenha calado até ao fim do seu mandato?»

SIM!

Relva não é erva?

Vitor Gaspar foi peremptório, no que respeita aos cortes salariais na função e nas empresas públicas: não há excepções!

A TAP, onde não haverá cortes, é a excepção que confirma a regra.

A Caixa Geral de Depósitos, onde também não haverá cortes, será a a excepção que confirma a excepção da regra.

Muito provavelmente, a ANA também não terá cortes, passando a ser a excepção da excepção da excepção que confirma a regra.

E o mesmo se vai passar com os CTT, com a NAV (controladores aéreos) e, quem sabe?, com a RTP.

O excelente ministro Relvas já explicou – com aquele ar de xico-esperto a quem apetece dar umas estaladas – que o caso da TAP e da CGD não é uma excepção, mas sim uma adaptação…

Que inteligência! Que perspicácia!

Relvas deve ser o orgulho da família!

A maneira como ele nos mostra uma maçã e nos tenta convencer que é uma laranja!

Afinal, uma adaptação não é uma excepção, não é Miguel Ervas?…

A ubiquidade de Sócrates

Um tipo que tivesse estado afastado da actualidade durante mais de um ano, visitando, por exemplo, uma tribo perdida da Amazónia e que, de repente, regressasse a Portugal agora, pensaria que Sócrates continuava a ser primeiro-ministro.

Nas televisões não se fala de outra coisa senão das acusações de Cavaco a Sócrates; nos jornais, o nome de Sócrates aparece inúmeras vezes: é o julgamento do caso Freeport, é o caso Face Oculta, é a empresa que está a renovar as escolas, criada pelo governo de Sócrates, que está sob suspeita…

Pegando, por exemplo, no Diário de Notícias de hoje, encontramos o nome de Sócrates 7 vezes: duas vezes na primeira página e ainda nas páginas 3, 8, 9, 10 e 12.

O raça do homem!

TAP, EDP, Lusoponte e Companhia

Os funcionários da TAP não vão ter cortes nos seus salários.

A EDP teve 342 milhões de euros de lucros no primeiro trimestre deste ano e os chineses da 3 Gorges já começaram a encaixar uns milhões.

A Lusoponte cobrou as portagens em Agosto do ano passado e o Governo ainda lhe pagou mais 4 milhões de euros de indemnização.

Por que carga de água é que eu hei-de continuar a ser honesto, porra?

Beirut – The Rip Tide (2011)

—Descobri-os há pouco tempo e cada vez gosto mais.

Beirut é um banda que serve os propósitos de um tipo chamado Zach Condon. Nascido em Santa Fé, no Novo México, em 1986, Zacharias foi profundamente influenciado pelos grupos de mariachi, daí a importância que os metais têm nas suas composições.

As canções de Condon estão carregadas de lirismo e a sua voz peculiar confere-lhes dramatismo; os diversos metais usados (trompete, saxofones, trombone, tubas), ainda adensam mais esse dramatismo.

Além dos metais, os arranjos incluem a percussão, violino, bandolim, violoncelo e quase nada de electricidade.

The Rip Tide é já o terceiro álbum, EP í  parte. É difícil destacar algum tema, porque todos são bons. No entanto, chamo a atenção para “Vagabond” e “Port lof Call”, esta última, sublime!

Aconselho vivamente.

ílvaro sem pasta

Andou o homem a estudar para isto!

Vem ela lá de tão longe para fazer esta figura de corpo presente!

Deram-lhe a pasta da Economia, mas tiraram-lhe o emprego jovem, as privatizações, as PPP e, agora, até os fundos estruturais!

O emprego jovem foi para o Miguel Ervas, que já tem a RTP, as autarquias, o Parlamento e Angola – e o resto, foi para o Gaspar que, cada vez mais rima com Salazar (Numa casa portuguesa fica bem/pão e vinho sobre a mesa/A alegria da pobreza está nesta grande riqueza de dar, e ficar contente)

—
O Passos bem podia prescindir do ílvaro.
Sempre poupava um ordenado…