“Homeland” – 1ª temporada

—Howard Gordon e Alex Gansa, argumentistas do trepidante 24, são os autores deste Homeland, que alguém já classificou com um 24 para adultos.

Baseado numa série israelita, os 12 episódios de Homeland contam-nos a história de um marine resgatado após 8 anos de cativeiro no Iraque e da agente da CIA que está convencida de que ele regressou convertido í  Al Qaeda e com um plano terrorista em mente.

Episódio a episódio, a tensão vai aumentando e a trama vai-se adensando; í s tantas, desconfiamos de quase todos os personagens – cada um deles pode perfeitamente ser o terrorista.

Damian Lewis é o sargento Brody. Depois de 8 anos detido no Iraque, regressa aos EUA como herói, mas descobre que a mulher andou enrolada com o seu melhor amigo.

Além disso, a agente da CIA, Carrie Mathison (uma excelente interpretação de Claire Danes), parece obcecada por ele, estando convencida que ele, no fundo, é um terrorista infiltrado.

Carrie é bipolar e Claire Danes consegue ser muito convincente nesse particular, sobretudo nos últimos episódios, quando descompensa.

Como é habitual nestas séries de topo, existem uma série de personagens secundárias, todas bem estruturadas, destacando-se Saul Berenson (Mandy Patinkin), o chefe directo de Carrie, que está a braços com uma crise conjugal.

Claro que a 1ª temporada terminou em suspenso e, agora, não há outro remédio senão esperar pela 2ª temporada.

Recomendo.

“The Hour” – 1ª temporada

—As séries da BBC são conhecidas pela sua elevada qualidade e esta “The Hour” não foge í  regra.

São 6 episódios, escritos por Abi Morgan e que contam a história do nascimento e do fim de um  programa noticioso da BBC, que se destacou no panorama da comunicação social nos finais dos anos 50 do século passado.

O apresentador do programa, Hector Madden, é casado com a filha de um dos directores da BBC e parece ter pouco talento como jornalista e só ter conseguido aquele lugar por ser casado com quem é. Dominic West faz bem o papel deste canastrão que, í s tantas, parece mais preocupado em comer a produtora do programa. Já tinha visto este actor em The Wire, outra série excelente.

A produtora, Bel Rowley, é interpretada por Romola Garai, uma beldade que se adapta mesmo bem í  beleza típica dos anos 50. Bel balança entre o amor físico com o canastrão e o amor platónico com o principal jornalista.

O tal jornalista, Freddie Lyon, é interpretado por Ben Whishaw, um lingrinhas com muita coragem física e muita lábia, um verdadeiro jornalista de investigação.

A acção é um misto de crónica de época, espionagem em tempos de guerra fria e mistério. Como pano de fundo, a invasão do canal do Suez pelo Egipto, presidido por Nasser, e a resposta tíbia do governo inglês, chefiado por Eden.

Vale a pena ver, quando a Fox Life decidir repeti-la.

Queres subsídios? Toma!

Ficou tudo muito indignado com a revelação do Steps Rabbit, de que os subsídios de natal e de férias só voltarão em 2015, e aos bochechos.

Não percebo tanta gritaria.

Está na cara que a política deste governo é mesmo esta: acabar com tudo que cheire a subsídios: de natal, de férias, de desemprego, de natalidade, de morte, de invalidez, de acidente de trabalho, de doença, you name it.

Coelho, Portas, Gaspar e Companhia querem acabar com o Estado Social e substituí-lo pela Caridadezinha.

Vamos voltar aos tempos em que cada família, da pequena burguesia para cima, tinha, pelo menos, um pobre de estimação.

Dava-se esmola í quele pobre e ficávamos com o problema da solidariedade social resolvida.

Quanto aos subsídios, ou í  falta deles, claro que a culpa é dos sindicatos.

Quando discutiram os sucessivos acordos colectivos, os sindicatos deviam ter lutado pela extinção dos subsídios e pela sua incorporação nos ordenados mensais.

Acabavam-se com as tretas dos subsídios, cuja designação cheira logo a favorzinho que nos fazem.

Subsídio é uma ajuda, um auxílio, um contributo. Se nos dão esse subsídio, também o podem tirar…

Foi o que aconteceu agora.

E depois, em 2015 (segundo a última versão do Coelho), vão ser bonzinhos e voltam a conceder-nos o privilégio de recebermos os subsídios, mas í s pinguinhas.

Resta saber o valor dessas pinguinhas…

Acabaremos por voltar a receber os subsídios por inteiro lá para 2025, se não houver outra crise e levarmos com outra troica em cima…

 

Grandes verdades das reportagens de rua

Após visionar centenas de reportagens de rua, transmitidas pelos jornais televisivos, cheguei í s seguintes conclusões:

– Os entrevistados apresentados como testemunhas, regra geral, não testemunharam nada. Geralmente, ouviram o estrondo e, quando chegaram í  janela, já não viram nada

– Três em cada quatro entrevistados usam polares da Quechua.

– Geralmente, o terceiro entrevistado de uma reportagem, é brasileiro

– Cerca de 95% dos entrevistados tem dentes podres e não se importa de os mostrar

– Em caso de incêndios, cheias, acidentes de automóvel, derrocadas e tragédias em geral, todos os entrevistados afirmam nunca terem visto nada assim, mesmo que seja algo que aconteça todos os anos

– Todos os entrevistados apanhados em bombas de gasolina não sabem onde isto vai parar e conhecem pessoas que fazem cem quilómetros até Espanha para encher o depósito

– Os populares entrevistados junto aos Tribunais gostavam de apanhar o réu cá fora e espancá-lo até í  morte, excepto se forem familiares do dito; nesse caso, acham que só há justiça para os ricos

Continuarei vigilante

A crise chega a todos

O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) mostra que a crise também se faz sentir nas forças da ordem.

De facto, a PSP, a GNR, a PJ e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, em conjunto, realizaram, em 2011, apenas 71 898 detenções – menos 16 280 do que em 2010.

No que respeita í  emancipação feminina, também neste capítulo pouco se evoluiu. Segundo o RASI, apenas 11,5% dos detidos em 2011 eram do sexo feminino, enquanto 88,5% eram homens.

Não há dúvida que as autoridades têm que fazer um esforço para prender mais mulheres.

Cumprindo o conselho do primeiro-ministro, 2 481 portugueses decidiram ser presos no estrangeiro, poupando, assim, muitos milhares de euros ao erário público nacional.

Também as buscas diminuíram em 2011, em relação ao ano anterior – 9 172 e 10 156, respectivamente. O RASI não revela as razões desta diminuição, mas pode estar relacionada com o corte de horas extraordinárias aos agentes da lei, que assim tiveram menos tempo para andar í  procurar dos bandidos.

Mas o mais preocupante, sem dúvida, é a diminuição do número de detenções.

Notem que em 2011, a média diária de detenções foi apenas de 196.

Já viram quantos anos vão ser precisos para prender todos os ladrões portugueses?

Millor, o Maior

“O pior não é morrer. É não poder enxotar as moscas” – Millor Fernandes

Nos finais dos anos 60, lembro-me de surripiar o Diário Popular ao meu pai, para ler o Pif-Paf, uma página semanal da autoria de Millor Fernandes.

Já naquela altura eu achava que Millor era genial. Os aforismos, os pequenos poemas (hai-kai), as minúsculas peças de teatro num único acto curto e grosso, tudo eu devorava com avidez. Mal eu sabia que, muitos anos depois, iria colaborar num programa radiofónico, o Pão Comanteiga, que muito bebeu no estilo do Millor Fernandes, sobretudo, ao nível dos aforismos.

Millor nasceu no Rio de Janeiro, em 1923 e morreu ontem. Colaborou em inúmeras publicações, sendo classificado como humorista, cartonista, dramaturgo, tradutor, argumentista e poeta.

Estranhamente, cá em Portugal, Millor é quase desconhecido, sobretudo entre os mais novos.

Quando lemos entrevistas com os chamados humoristas portugueses, todos gostam de dizer que são influenciados pelos Monty Python ou por Seinfeld, o que, embora sejam excelentes referências, apenas demonstram a geral falta de cultura geral, a falta de mundo (como diria o Coimbra de Matos) de muitos indígenas armados em bobos da corte.

Mas Millor seria uma referência muito mais “nossa”, já que se exprime em língua portuguesa e usa, muitas vezes, os trocadilhos, os duplos sentidos e outros truques de linguagem.

Há alguns anos, Millor criou o seu próprio site: Millor Fernandes – enfim, um escritor sem estilo. Aconselho a visitarem-no, embora, devido í  morte de Millor, o site esteja de luto por estes dias.

Em 2004, o semanário Independente, teve a excelente ideia de reunir em livro, alguns textos de Millor Fernandes. Procurem o livro, que se chama Pif-Paf e acreditem que vão ter boas surpresas.

E fiquem-se com estas:

– ” O país que precisa de um salvador não merece ser salvo”

– “Nos momentos de perigo é fundamental manter a presença de espírito, embora o ideal fosse conseguir a ausência do corpo”

– “Depois de bem ajustado o preço, a gente deve sempre trabalhar por amor í  arte”

– “Até mesmo o suor do trabalho e o suor do prazer têm cheiros diferentes”

– “O quartzo é um mineral que está entre o tertzo e o quintzo”

– “Um homem começa a ficar velho quando prefere andar só do que mal acompanhado”

– ” De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência”

 

600 insultos

Em janeiro de 2010 cheguei aos 500 insultos.

Foi preciso mais um ano para chegar aos 600!

Mas isto continua a crescer…

abafa-a-palhinha, abécula, abelhudo, abichanado, agarrado, agiota, alarve, alcouceira, alcoviteira, aldrabão, aleivoso, amarelo, analfabruto, anjinho, anormal, apanhado do clima, arrelampado, arrogante, artolas, arruaceiro, aselha, asno, asqueroso, assassino, atrasado mental, atraso de vida, avarento, avaro, ave rara, aventesma, azeiteiro

Bacoco, bácoro, badalhoca, badameco, baixote, baldas,  baleia, balhelhas, balofo, banana, bandalho, bandido, barata tonta, bárbaro, bardajona, bardamerdas, bargante, barrigudo, basbaque, bastardo, batoque, batoteiro, beata, bebedanas, bêbedo, bebedolas,  beberrão,  besta quadrada,  betinho, bexigoso, bichona, bicho do mato,  biltre, bimbo, bisbilhoteira, boateiro, bobo, boca de xarroco, boçal, bode, bófia, boi, boneca de trapos,  borracho, borra-botas,  bota de elástico, brochista, bronco, brutamones

cabeça de abóbora, cabeça-de-alho-chí´cho, cabeça-de-vento, cabeça no ar, cabeça oca, cabeçudo, cabotino, cabra, cabrão, cábula, caceteiro, cacique, caco, caga-tacos, cagão, caguinchas, caixa de óculos, calaceiro, calão, calhandreira, calinas, caloteiro, camafeu, camelo, canalha, canastrão, candongueiro, cão, caquética, cara-de-cu-í -paisana, caramelo, carapau de corrida, careca, carniceiro, carraça, carrancudo, carroceiro, casmurro, cavalgadura, cavalona, cegueta, celerado, cepo, chalado, chanfrado, charlatão, chato, chibo, chico-esperto, choné, choninhas, choramingas, chulo, chunga, chupado das carochas, cigano, cínico, cobarde, cobardolas, coirão, comuna, cona-de-sabão, convencido, copinho de leite, corno, cornudo, corrupto, coscuvilheira, coxo, crápula, cretino, criminoso,cunanas, cusca

debochado, delambida, demente, depravado, desastrada,  desaustinado, desavergonhada, desbocado, desbragado, descabelada, desdentado, desgraçado, deslavado, desleal,  desmancha prazeres, desmazelada, desengonçado,  desenxabida, deshumano, desonesto, despistado, déspota, destrambelhado, destravada, destroço, devasso, ditador, doidivanas, doido varrido, drogado

egoísta, embirrento, embusteiro, empata-fodas, empecilho, emplastro, enconado, energúmeno, enfadonho, enfezado, engraxador, enjoado da trampa, enrabador, escanifobética, escanzelada, escarumba, escroque, escumalha, esgalgado, esganiçada, esgroviada, espalha-brasas, espalhafatoso, espantalho, esqueleto vaidoso, estafermo, estapafúrdio, estouvada, estroina, estúpido, estupor

faccioso, facínora, fala-barato,  falhado, falsário, falso, fanático, fanchono, fanfarrão, fantoche, fariseu,  farropilha, farsante, farsolas, fatela, fedelho, feia-comó-demo, fersureira, figurão, filho da mãe, filho da puta, fingido, fiteiro, flausina, foção, fodido, fodilhona, foleiro, forreta, fraco-de-espírito,  fraca figura, franganote, frangueiro, frasco, frígida, frouxo, fufa, fuinha, fura-greves, fútil

gabarola, gabiru, galdéria, galinha choca, ganancioso, gandim, gandulo, garganeira, gato pingado, gatuno, gazeteiro, glutão, gordalhufo, gordo, gosma, grosseiro, grunho

herege, hipócrita, histérica,

Idiota, imaturo, imbecil, impertinente, impostor, incapaz, incompetente, indigente, indolente, infame, infeliz, infiel, imprudente, insípido, insolente, intriguista, inútil

Javardo, judeu

labrego, labroste, lacaio, ladrão, lambão, lambe-botas, lambéconas, lambisgóia, lamechas, lapa, larápio, larilas, lavajão, lerdo, libertino, língua-de-trapos, língua viperina, linguareira, lingrinhas, lontra, lorpa, louco, lunático,

má rês, madraço, mafioso, maganão, magricela, mal criado, mal enjorcado, mal fodida, malacueco, malandreco, malandrim, malandro,  malfeitor, maltrapilho,  maluco, mamalhuda, mandrião, maneta, mangas-de-alpaca, manhoso, maníaco, manipulador, maniqueista, maquiavélico, marado-dos-cornos, marafado, marafona, maria-vai-com-as-outras, maricas, mariconço, mariquinhas-pé-de-salsa, marmanjo, marrão, marreco, masoquista,  mastronço, matarroano, matrafona, matrona, medricas, medroso, megera, meia-leca, melga, meliante, menino da mamã, mentecapto, mentiroso, merdas, merdoso, mesquinho, mijão, mimado, mineteiro, miserável, mixordeiro, moina, molengão, mongas, monhé, monstro, monte-de-merda, morcão, mosca morta, mostrengo, mouco, mula, múmia

nababo, nabo, não-fode-nem-sai-de-cima, não-tens-onde-cair-morto, narcisista, narigudo, nariz-arrebitado, necrófilo, néscio,  nhonhinhas, nhurro, ninfomaníaca, nódoa, nojento, nulidade,

obcecado, obstinado, obtuso, olhos-de-carneiro-mal-morto, onanista, oportunista, ordinário, orelhas-de-abano, otário,

pacóvio, palerma, palhaço, palhaçote, palonça, panasca, paneleiro, panhonhas, panilas, pantomineiro, papa-açorda, papalvo, paranóico, parasita, pária, parolo, parvalhão, parvo, paspalhão, paspalho, passado, passarão, pata-choca, patarata, patego, pateta, patife, patinho feio, pato, pató, pau-de-virar-tripas, pedante, pederasta, pedinchas, pega-de-empurrão,  peida-gadoxa,  pelintra, pendura, peneirenta, pérfido, perliquiteques, pernas-de-alicate, pés de chumbo, pesporrente, petulante, picuinhas, piegas, pilha-galinhas, pílulas, pindérica, pinga-amor, pintas, pinto calçudo,  pintor, piolho, piolhoso, pirata, piroso, pitosga, pobre de espírito, pobretanas, poltrão, porcalhão, porco, pote de banhas, preguiçoso, presunçoso, preto, provocador, proxeneta, pulha, punheteiro, puta, putéfia

Quadrilheira, quatro-olhos, quebra-bilhas, queixinhas, quezilento

rabeta, rabugento, rafeiro, ralé, rameira, rameloso, ranhoso, raquítico, rasca, rascoeira, rasteiro, rata de sacristia,  reaccionário, reaças, reles, ressabiado, retorcido, roto, rufia, rústico

sabujo, sacana, sacripanta, sacrista, sádico, safado, safardana, salafrário, saloio, salta-pocinhas, sandeu, sapatona, sarnento, sarrafeiro, sebento, seboso, serigaita, sevandija, snob, soba, sodomita, somítico, sonsa, sórdido, sorna, sovina, sujo

tacanho, tagarela, tarado, taralhouca, tavolageiro, teimoso, tinhoso, tísico, títere, toleirão, tolo, tonto, torpe, tosco,  totó, trabeculoso, trafulha, traiçoeiro, traidor, trambolho, trapaceiro, trapalhão, traste, tratante, trauliteiro, tresloucado, trinca-espinhas, trique-lariques,  triste, troca-tintas, troglodita, trombalazanas, trombeiro, trombudo, trouxa,

Unhas de fome, untuoso, urso

Vaca gorda, vadio, vagabundo, vaidoso, valdevinos, vândalo, velhaco, velhadas, vendido, verme, vesgo, víbora, viciado, vigarista, vígaro, vira-casacas,

Xé-xé, xico esperto

zarolho, zé-ninguém, zelota, zero í  esquerda,

“Atirei o pau ao Pinto da Costa”…

O trabalho dos jornalistas tem que ser devidamente enaltecido.

Que dizer dos jornalistas que foram desencantar esta história?

A educadora de uma creche de Ericeira, decidiu fazer uma ligeira adaptação de uma canção popular “Atirei um pau ao gato”. Na segunda estrofe, cantou, juntamente com os meninos a seu cargo: “vai-te embora pulga maldita/ batata frita/viva o Benfica”.

Quando soube da nova versão deste verdadeiro hino do Cancioneiro Popular português, o pai da Vera ficou chocado.

Ele, que é adepto do Futebol Clube do Porto, foi tirar satisfações com a educadora – mas o que é isto, viva o Benfica? E o Porto?

Numa interessante reportagem transmitida pela TVI ontem, vemos o pai da Vera, incomodado, dizendo que a educadora ignorou a sua indignação, respondendo-lhe que a maioria das crianças era do Benfica e que, portanto, não iria mudar a nova letra da cantiga.

O pai da Vera estava visivelmente preocupado, assim como a mãe da Vera, mostrada em segundo plano, sentada no sofá da sala, a fumar, enquanto a criancinha, lá ao fundo, andava num baloiço suspenso das escadas da habitação.

Dizia o pai da Vera: isto pode não ter importância nenhuma mas, hoje é isto e amanhã, o que poderá ser?

Tens razão, pai da Vera: a ditadura da maioria é o que dá – hoje és obrigado a dar vivas ao Benfica e amanhã, quem sabe, serás obrigado a fazeres-te explodir í  porta da Assembleia da República!

Estas educadoras adeptas do Benfica, no fundo, são o verdadeiro Perigo Vermelho!

Comunistas do caraças!

A reportagem mostra, depois, a fachada da creche onde tudo se passa. A mãe de uma outra criança diz que aquela educadora só tem 13 crianças a seu cargo e que os pais das outras 12 já assinaram um documento de apoio í  educadora.

Mas o pai da Vera não desiste e já fez queixa da educadora no ministério da Educação (verídico!).

Boa, pai da Vera! Mostra-lhes como é!

Na minha opinião, o senhor enganou-se no motivo da queixa: a educadora devia ser admoestada por ensinar í s crianças uma cantiga que instiga í  violência contra os animais, isso sim!

Atirei um pau ao gato?!

Porquê?! Que mal é que o gato fez?!

Ainda se fosse atirei um pau ao pinto-da-costa…

“Palácio da Lua”, de Paul Auster (1989)

—Se este tivesse sido o meu primeiro romance de Auster, de certeza que teria ficado agradavelmente surpreendido. Acontece que Moon Palace é o meu 16º romance de Paul Auster e só agora o li porque esteve fora da circulação alguns anos.

Como é habitual nos romances de Auster, o acaso impera.

Marco Stanley Fogg, que chega a Nova Iorque em 1965, com 18 anos, procura trabalho para custear os seus estudos universitários. Respondendo a um anúncio, torna-se acompanhante de um intelectual idoso, que se desloca em cadeira de rodas e que tem um temperamento irascível. Fogg vai descobri mais tarde que esse homem é, afinal, o seu aví´ e, no decurso dessa descoberta, acaba por descobrir também o seu pai.

Pelo meio, Auster conta-nos inúmeras histórias e ficamos com a sensação que a mente do escritor fervilha de episódios, acontecimentos, casos, vidas e que ele próprio tem dificuldade em filtrar o que é importante e é acessório e a trama central fica de tal modo enredada nas histórias laterais que, no final, não és capaz de fazer um resumo coerente do livro.

Esse “defeito” das histórias de Auster parece-me exacerbado neste livro e, embora eu goste, em geral, das obras dele, esta história não me entusiasmou muito.