Uma noite í  “antiga benfiquista”

Hoje sinto-me de barriga cheia: não só entrei de férias (curtas, mas férias), como ontem vi o meu Benfica marcar 8 golos ao Vitória de Setúbal.

E sublinho “meu” porque há muito tempo que não sentia a equipa do Benfica como minha.

Tiro o chapéu ao Jorjus (é assim que os adeptos e alguns jornalistas chamam ao Jorge Jesus, com a dificuldade que têm em articular português correctamente, aliás, como o próprio treinador do Benfica, mas tudo bem – o futebol é assim mesmo, ou não é?…).

Ontem í  noite senti-me recuar uns anos largos, para os tempos em que o Benfica proporcionava abadas í  maior parte dos seus adversários.

E até os comentadores televisivos pareciam ter recuado, também eles, algumas décadas, já que ouvi um deles dizer que o Setúbal marcava o seu “ponto de honra”, enquanto o outro chamava ao Cardoso, “avançado de centro”!

Há que tempos que não ouvia ninguém chamar avançado de centro ao ponta de lança!…

Avançados de centro eram o Rui íguas e o Torres. Alguém se lembra de os ver jogar?…

Enfim, estou a ficar velho!…

Mas vale a pena envelhecer a ver este Benfica a jogar!

Para que fique registado: a goleada começou com uma cabeçada do espanhol Javi Garcia, depois de um canto. A seguir, Aimar marcou um livre e o brasileiro Luisão marcou o segundo, também de cabeça. O terceiro foi para o Cardoso, de penalti. O quarto foi uma obra de arte do argentino Aimar. O quinto foi do brasileiro Ramires, a melhor aquisição do Benfica nos últimos anos.

Depois do intervalo, o paraguaio Cardoso marcou o sexto e o sétimo e, finalmente, veio o golo português: passe do César Peixoto, cruzamento de Fábio Coentrão e cabeçada de Nuno Gomes – í  avançado de centro!

Não sou católico, mas tenho que agradecer ao Jesus!…

luz

(A foto foi tirada no dia do Benfica-Marítimo)

Os Benficas

Este ano, o Benfica tem, pelo menos, três equipas.

Ontem, na primeira parte do jogo contra o Sunderland, o único português do Benfica era o treinador, Jesus.

São 8 brasileiros (Moreto, Luisão, David Luis, Sidnei, Patric, Ramires, Weldon e Maciel), 2 uruguaios (Maxi e Urreta), 1 francês (Yebda), 4 argentinos (Aimar, Shaffer, Saviola e Di Maria), 1 paraguaio (Cardozo), 1 angolano (Mantorras), 1 espanhol (Javi) e apenas  7 portugueses (Quim, Moreira, Ruben Amorim, Nuno Gomes, Miguel Vitor, Carlos Martins e Fábio Coentrão).

Não sei se consigo identificar-me com algum destes Benficas.

Houve o Benfica do Coluna, do íguas, do Eusébio, do Nené, do Humberto Coelho, do Jaime Graça, do Shéu, do Simão, do Rui Costa…

E este? É o Benfica do Nuno Gomes?…

Ná…

O que vale é que vamos ser campeões…

jesus_aguia

Antes o Luis que o Moniz

Não gosto do Luis Filipe Vieira e penso que o Benfica merecia melhor.

Mas, por favor: antes o Luis que o Moniz!

Já imaginaram o Moniz a gerir o Benfica como se fosse um reality show: jogador que jogasse mal, era expulso da equipa. Chegávamos a Dezembro e tínhamos que comprar mais 20 jogadores.

E depois, pensem na Manuela Moura Guedes a meter o bedelho: “ó Jesus, tira o Cardozo! í“ Jesus, mete o Mantorras! Esta equipa não joga nada e a culpa é toda do Sócrates!”

Não!

Para pior, já basta assim…

Ronaldo em Madrid, Scolari em Tashkent

Estamos naquela época do futebol que se designa por “defeso”.

É a época em que o Benfica descobre os jogadores que lhe iriam devolver a glória, se o FCP não os contratasse primeiro.

É a época em que todas as equipas preparam a próxima temporada, enquanto o Benfica discute quem há-de ser o próximo presidente.

É a época em que as restantes equipas renovam os contratos com os seus treinadores ou apresentam os novos, enquanto o Benfica continua í  espera de Jesus.

É a época das transferências milionárias, que fazem sonhar qualquer ex-depositante do BPP, sobretudo os de “retorno absoluto”.

Pagar 93 milhões de euros por um jogador de futebol, parece exagerado, por muito bom que esse jogador possa ser.

Os responsáveis do Real Madrid dizem que Cristiano Ronaldo vale mais que isso e que os 93 milhões de euros são um bom investimento.

Os 3,5 milhões de desempregados espanhóis devem pensar isso mesmo.

Outra contratação interessante foi a de Scolari, para treinador do Bunyodkor, um clube de futebol do Uzbequistão. Vai ganhar 10 milhões de euros pelos próximos 18 meses.

Em primeiro lugar, nem sabia que o Uzbequistão tinha uma equipa de futebol.

Será que Scolari aceitou o lugar devido ao nome da capital do Uzbequistão?

É que a capital é Tashkent, e não é só de nome. Hoje, por exemplo, a temperatura média esperada para a cidade é de 35 graus. Só que a praia mais próxima ficava a centenas de quilómetros, no mar Aral.

E digo ficava, porque o mar Aral está a desaparecer e já nem praias tem. Agora, se Scolari quiser ir dar uma cacholada, tem que ir ao mar Cáspio, que fica a alguns milhares de quilómetros de Tashkent.

De qualquer modo, espero bem que Scolari não renove o contrato de 18 meses. É que o ex-seleccionador nacional tem 61 anos e a esperança média de vida no Uzbequistão é de 65 anos…

A oftalmologia e o futebol

Como é que um árbitro mede a distância a que se deve posicionar a barreira, para a marcação de um livre?

A olhómetro.

Como se chamam os funcionários dos grandes clubes que andam por aí, pelas distritais,Â í  procura de novos talentos?

São os olheiros.

Como se chama um dos clubes que desce í  2ª divisão, este ano?

Boavista.

Como se chama um dos clubes que sobe í  1ª Liga?

Olhanense.

O que se diz a um árbitro que não marca uma grande penalidade clara?

Entre outras coisas: “vai levar no olho!”

O que se grita ao fiscal de linha que não vê um fora de jogo evidente?

“Estás ceguinho ou quê?!”

Há aqui qualquer relação mística entre o futebol e a oftalmologia que ainda não foi bem estudada…

Jesus é vermelho!

Jesus vai ser o próximo treinador do Benfica?

De facto, só o próprio filho de Deus poderá fazer algo por aquela equipa!

No entanto, levantam-se alguns problemas: se, por um lado, pode ter alguma vantagem ter o filho do Senhor a treinar o nosso clube, dando uma mãozinha nas bolas í  trave, fazendo com que elas entrem, por outro é tramado se a equipa continua a ter maus resultados.

Como é que nós, benfiquistas, vamos protestar?

“Vai-te embora, ó Jesus! Não percebes nada disto, pá! Mete o Mantorras, Jesus! í“ meu Deus, mas que grande cabrão me saiu este Jesus! Vai mas é í  merda, Jesus!”

Blasfémia, claro.

Quer dizer, um gajo a ver a equipa a jogar mal e a não poder mandar o treinador levar num certo sítio, porque é pecado.

Brejeirice í  parte, este Jesus fez um bom trabalho no Estrela, em Belém e em Braga – mas servirá para o Benfica?

Mas, por favor – O SCOLARI É QUE NíƒO!

POR AMOR DE JESUS!

O tique de Quique

Quique Flores está mais magro.

Um ano a treinar o Benfica deixou-o macilento, olhos encovados, mal-encarado, cheio de olheiras, maçãs do rosto salientes. Claro que o facto de ter patilhas compridas, ser moreno e incompetente, também não ajuda…

E ganhou aquele tique de abanar a cabeça e pregar os olhos no chão, passando a mão pelo rosto, como quem diz: “onde é que eu me vim meter! Um clube como este que, em 15 anos, teve 17 treinadores e eu caí na esparrela de vir aqui perder um ano da minha vida!”

É este o tique de Quique.

Por mim, pode ir í  sua vida, sem rancores.

Mas só te peço um favor, Quique: leva o Luis Filipe Vieira contigo, pá!

Soares Franco, francamente…

O chefe do Sporting, Soares Franco, disse ontem, na televisão, que o árbitro Lucílio Batista terminou a sua carreira, ao assinalar aquele penalti na final da Taça da Liga.

Francamente, Soares Franco!… Não estarás a exagerar?

O homem não amputou a perna errada, não se esqueceu de descer o trem de aterragem, não atropelou ninguém na passadeira, não disparou acidentalmente uma caçadeira de canos serrados sobre a multidão, não fez uma queimada no Parque Nacional do Gerês, não despejou merda de uma suinicultura no rio Liz, não desviou 40 milhões de euros para uma off-shore, não inventou a bomba atómica, não deitou estricnina no aqueduto das águas livres.

O homem nem sequer contratou jogadores inaptos, nem é ele que lhes paga ordenados principescos, e lhes desculpa birras infantis, e lhes perdoa ordinarices incríveis.

O homem apenas pensou que o teu inteligente e bem-educado defesa Pedro Silva tinha desviado a bola com o braço e, consequentemente, marcou penalti.

Depois disso, ainda houve mais 20 minutos de jogo e 5 penaltis para cada lado.

Não ganhaste a Taça porque não marcaste um segundo golo nesses 20 minutos e porque falhaste três penaltis, pá!

Não queiras ferir a nossa inteligência!

E vamos mas é falar de coisas importantes!…

Que se lixe a Taça, que é de barro!

Com uma brilhante exibição, o Benfica esmagou o Sporting e arrecadou a Taça da Liga.

Em nenhum momento do jogo o Sporting se conseguiu impor e o golito que marcou foi por mero acaso.

De facto, foi patético ver alguns jogadores do Sporting.

Derlei caiu 35 vezes e queixou-se sempre da região lombar. Das duas, uma: ou tem falta de imaginação (ele há tantas partes do corpo que podem ser aleijadas…), ou anda muito tempo de gatas e deu cabo dos rinzes.

Liedson mostrou, uma vez mais, por que razão pode muito bem vir a ser ponta de lança da selecção de Madagáscar: dá encontrões a toda a gente, faz aquela cara de quem não sabe o que se está a passar (e não deve saber…) e está sempre a fazer queixinhas ao árbitro.

Polga, depois de ter dado uma grande ajuda ao Bayern, também tentou ajudar o Benfica. Deve estar quase a ser contratado pelo Louletano.

Rochenback parece um hipopótamo a correr: depois de começar, é difícil fazê-lo parar; o que vale é que corre sempre em frente; se lhe abrissem uma porta, o tipo acabava por sair do estádio.

Quem também se portou muito bem, foi o árbitro. Lucílio Batista deu uma verdadeira lição de anatomia, ao explicar ao Pedro Silva que aquela parte do peito faz parte do braço.

Com efeito, toda a gente sabe que, para empurrar a região peitoral para a frente, é preciso dar um impulso com o braço.

Ora, usar o braço, dentro da grande área, é penalti.

Obrigado í  Sic, pela excelente transmissão, permitindo-me ver o Paulo Bento a gritar “CARALHO FODA-SE!”, com aqueles lábios tão sensuais que ele tem!

Uma palavra para o Quim, que defendeu três penaltis: aconselho Quique Flores a continuar a usar o Moreira, na baliza e, sempre que houver um penalti, substitui-o pelo Quim.

Força, Benfica!

A dúzia

Sempre me insurgi com a tradução para português dos títulos de muitos filmes.

Por exemplo: porquê chamar “Os Amigos de Alex”, a um filme que se chama, de facto, “O Grande Calafrio” (“The Big Chill”).

Mas há boas adaptações.

Por exemplo: “Dirty Dozen”, em vez de ter sido traduzido para “A Dúzia Porcalhona”, ficou “Os Doze Indomáveis Patifes”, e ficou muito bem.

Ora, 12 indomáveis patifes foi o que aconteceu ao Sporting, na Liga dos Campeões. Foram 12 golitos que levaram do Bayern, coitados…

Diz-se que í  dúzia é mais barato mas, neste caso, o Sporting nem vendeu cara a derrota. Entregou-se.

Os lagartos pareciam lagartixas letárgicas.

E 12 golos é muito golo, em apenas dois jogos.

Claro que o Bayern teve ajudas: o Polga marcou na própria baliza, o guarda-redes leonino agarrou a cabeça de um defesa, em vez de agarrar a bola, vários jogadores com a camisola í s riscas, chutaram na atmosfera, com a bola a saltitar sobre a linha de golo.

Enfim, o Bayern não teve outro remédio senão marcar mesmo 12 golos!

Não faço ideia por que razão existe um substantivo próprio para designar a quantidade “doze”.

Que eu me lembre, só existe um outro substantivo semelhante e que é “grosa”. Ora, uma grosa corresponde a 144, isto é doze dúzias. Lá está a dúzia a funcionar.

Convenhamos que, para o Sporting, estas considerações têm pouco importância. Levou aquilo a que se chama uma abada e, para o caso, tanto faz que se diga que foram 12 golos ou uma dúzia de golos.

Doze!

É dose!

PS – dormi tão bem esta noite (provocação)…