Um simpático adepto do Benfica entrou em campo, em Guimarães, para recepcionar uma camisola que um jogador lhe queria fazer o obséquio.
Um intrépido agente da autoridade achou que aquele gesto era um acto criminoso, uma vez que não é legal enveredar pelo terreno do jogo, ultrapassando as quatro linhas, a menos que se seja intérprete do jogo.
Vai daí, o intrépido agente atirou-se ao adepto, interceptando-o, no que foi auxiliado por outros agentes, igualmente intrépidos.
Jorge Jesus não gostou dessa atitude e tentou interditar a acção dos agentes de autoridade, interpusendo-se entre eles e o adepto, colocando até a sua integridade corporal em jogo – diz-se que até perdeu o relógio na refrega.
Ora, toda a gente sabe que as autoridades não gostam de ser postas em contrariedade e ficaram um pouco aturdidas com a atitude do treinador do Benfica, pelo que o acusaram de agressão e resistência.
Felizmente, Jorge Jesus tem um excelso advogado, de seu nome, Miguel Henrique, que já veio amansar os adeptos, dizendo que os incidentes “estão a ser extrapolados” – do verbo “extrapolar” («tirar uma conclusão com base em dados reduzidos ou limitados», segundo os dicionários).
E para quem acha que o advogado não foi suficientemente explicitado, ele acrescentou: que os incidentes tiveram origem “num conjunto de situações de algo que se queria como uma coisa boa – uma festa no final do jogo – e que se transformou noutra coisa menos positiva”.
É assim como quando a gente vai para uma grande jantarada e acaba a vomitar o resto da noite!
Quando tem que os enfrentar, retrai-se, encolhe-se e leva na cabeça.
Em três anos de Jesus, nunca enfrentámos os nossos demónios como deve ser; foi sempre a medo. E mesmo quando ganhámos, foi à rasca, a coçar para dentro.
O nosso Jesus tem medo de morrer e não ressuscitar ao terceiro dia. Não confia no pai. Nunca se deixa cair em tentação.
É um Jesus fraco.
E às vezes, inventa, mesmo quando já tudo está inventado.
É certo que nos proporcionou alguns momentos de alegria mas está na altura de ir treinar para o Dubai ou para a Arábia Saudita, onde o seu penteado será muito apreciado.
Quanto a nós, agradecíamos alguns reforços a sério.
Confesso que estava à espera que o Benfica fosse esmagado ontem.
Temi que os Red Devils viessem por ali abaixo, ludibriassem o Emerson, atrapalhassem o Máxi, baralhassem o Luisão e desfeiteassem o Artur várias vezes.
Pensei mesmo que o Benfica perderia, pelo menos, por cinco.
E afinal, nada disso!
Podemos até dizer que o empate até foi lisonjeiro para o Manchester.
Mas só depois do jogo terminado é que percebi o que, de facto, se passara.
Jesus explicou tudo.
E disse que o Benfica jogara taco a taco com o Naite.
AH! Aquela equipa, afinal, não era o Manchester – era o Naite!
No ano passado, Jorge Jesus tinha a maioria absoluta. Todos se renderam ao futebol do Benfica, foram apanhados desprevenidos, baixaram a crista e deixaram a coisa andar. O futebol praticado era bonito – todos o diziam -, a equipa marcou mais de 100 golos, viva o Benfica, deixa lá os gajos serem campeões, disseram os tipo que mandam nisto…
Mas este ano…
Este ano, Jesus não tem maioria absoluta e tem que enfrentar diversas forças de bloqueio.
Ontem, foi o Olegarinho, o famoso árbitro que não viu Baía tirar uma bola de dentro da baliza, chutada por Petit. Desta vez também não viu dois penaltis contra o Guimarães e viu dois fora-de-jogo que não existiram.