Ronaldo em Madrid, Scolari em Tashkent

Estamos naquela época do futebol que se designa por “defeso”.

É a época em que o Benfica descobre os jogadores que lhe iriam devolver a glória, se o FCP não os contratasse primeiro.

É a época em que todas as equipas preparam a próxima temporada, enquanto o Benfica discute quem há-de ser o próximo presidente.

É a época em que as restantes equipas renovam os contratos com os seus treinadores ou apresentam os novos, enquanto o Benfica continua à espera de Jesus.

É a época das transferências milionárias, que fazem sonhar qualquer ex-depositante do BPP, sobretudo os de “retorno absoluto”.

Pagar 93 milhões de euros por um jogador de futebol, parece exagerado, por muito bom que esse jogador possa ser.

Os responsáveis do Real Madrid dizem que Cristiano Ronaldo vale mais que isso e que os 93 milhões de euros são um bom investimento.

Os 3,5 milhões de desempregados espanhóis devem pensar isso mesmo.

Outra contratação interessante foi a de Scolari, para treinador do Bunyodkor, um clube de futebol do Uzbequistão. Vai ganhar 10 milhões de euros pelos próximos 18 meses.

Em primeiro lugar, nem sabia que o Uzbequistão tinha uma equipa de futebol.

Será que Scolari aceitou o lugar devido ao nome da capital do Uzbequistão?

É que a capital é Tashkent, e não é só de nome. Hoje, por exemplo, a temperatura média esperada para a cidade é de 35 graus. Só que a praia mais próxima ficava a centenas de quilómetros, no mar Aral.

E digo ficava, porque o mar Aral está a desaparecer e já nem praias tem. Agora, se Scolari quiser ir dar uma cacholada, tem que ir ao mar Cáspio, que fica a alguns milhares de quilómetros de Tashkent.

De qualquer modo, espero bem que Scolari não renove o contrato de 18 meses. É que o ex-seleccionador nacional tem 61 anos e a esperança média de vida no Uzbequistão é de 65 anos…

Não voltes, Scolari!

E não voltes mesmo! Não estás perdoado!

Prefiro a selecção a perder 2-3 mas a jogar ao ataque, do que o futebol defensivo, depressivo e calculista do 1-0.

Claro que falhar tantos golos e dar tantas facilidades na defesa, como ontem aconteceu contra a Dinamarca, precisa de correcção rápida. O ataque parecia o do Manchester, com a pontaria do do Benfica; a defesa parecia mesmo a do Benfica, incluindo o Quim, que se armou em Ricardo e saiu a um cruzamento de olhos fechados.

Confesso que também não gostava muito do Queirós, mas o homem melhorou com os anos que passou ao lado de Ferguson e, sobretudo, desde que rapou o bigode.

Bom… respira-se fundo e espera-se que as coisas melhorem.

Não quero voltar ao tempo das vitórias morais, mas também odeio o futebol de Scolari.

Something in between, ok?