Deus é o senhor

A Marta fez-me chegar este anúncio:

 

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A última frase do anúncio é deveras misteriosa. Depois de ficarmos a saber que o Sr. Antunes realiza transportes e mudanças para todo o país, e após uma descrição sumária dos serviços prestados e do respectivo preço, levamos com a frase:

“Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”

Qual a relação entre esta frase mística e os serviços prestados pelo Sr. Antunes?

Que nação será essa, em que Deus é o Senhor? O Irão? A Arábia Saudita? O Vaticano?

Aguardamos explicações do Sr. Antunes.

A menos que Antunes seja o senhor…

The Raconteurs – “Broken Boy Soldier”

raconteurs.jpgFoi o Pedro que chamou a atenção para esta nova banda norte-americana e, como ele escreveu, no Macacos, que algumas das suas canções soavam aos Beatles, comprei o disco. Um pouco de nostalgia sabe sempre bem.

E foi uma excelente surpresa.

A banda é formada por Jack White (voz, guitarra e sintetizadores), dos White Stripes, Jack Lawrence (baixo), Patrick Keeler (percussão) e Brendan Benson (guitarra e voz).

É verdade que alguns temas soam a coisas que os Beatles fizeram, mas não só. Todo o disco é um revivalismo do rock dos anos 60 e da primeira metade dos anos 70.

O primeiro tema, “Steady, as she goes”, podia muito bem ter sido composto por Lennon e McCartney; “Intimate secretary” soa a algumas das coisas que George Harrison fez, no período em que andou metido na meditação transcendental e no LSD; “Call it a day” tem harmonias vocais que fazem lembrar “Rubber Soul”.

Mas há outras “influências”: “Hands”, soa a Marc Bolan e T. Rex; “Broken Boy Soldier”, podia ser dos Stones; os Bee Gees dos primeiros tempos, não desdenhariam “Together”; qualquer banda de segundo plano dos anos 60 (tipo Small Faces, Lovin’ Spoonfull ou Hollies) poderia ter composto “Yellow Sun”; “Store bought bones” tem um início de teclas que faz lembrar os Nice e os Emerson, Lake and Palmer. Finalmente, “Blue Veins” é um blues que parece ser tirado de “Then Play On”, dos Fleetwood Mac, no tempo em que o Peter Green ainda pontificava.

Dito desta maneira, até parece que The Raconteurs se limitaram a fazer um disco a imitar todas estas bandas dos anos 60 e 70.

Não é verdade. Quase toda a música popular soa a qualquer coisa que já foi feita antes. E se estes quatro putos, muito provavelmente, cresceram a ouvir rock dos anos 60, por que não fazer um disco assim?

Fizeram muito bem e eu gosto!

Veleiros no tejo

A 50ª Grande Regata Tall Ships passou por Lisboa. Dezenas de grandes veleiros exibiram-se no Tejo e misturaram-se com muitos outros veleiros, mais pequenos. Hoje, a partir das 11 horas, as águas do rio estavam a abarrotar de velas.

É um privilégio poder passear pelo Ginjal e ver o Tejo assim tão cheio de vida!

Ao contrário do que é costume, hoje o cais do Ginjal, tinha muita gente. Vieram todos para ver os grandes veleiros, como o italiano Américo Vespuccio ou a portuguesa Sagres.

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O cais do Ginjal está abandonado há décadas. Com um panorama privilegiado sobre Lisboa e o seu imenso rio, o Ginjal é um conjunto de edifícios abandonados das antigas fábricas de conserva de peixe. Esses edifícios, em ruínas, albergam agora bandos de imigrantes romenos e não só, que, aos poucos, foram ocupando os espaços ao abandono. O lixo acumula-se: garrafas de cerveja, latas, plástico. Ao fundo do cais, cerca de dois quilómetros para lá de Cacilhas, em direcção í  ponte sobre o Tejo, grandes barracões abandonados são, agora, depósitos de lixo. Ao longo do cais, os pescadores de fim-de-semana atiram para o chão as caixas dos iscos, os papéis onde embrulham as sandes do lanche e as eternas garrafas de mínis.

Os poucos visitantes, muitos deles estrangeiros, que se aventuram pelo cais, habitualmente não vão além do elevador panorâmico que, ironicamente, está avariado, logo agora que, em época alta, o local tem mais visitantes. Mas, para além do elevador e do jardim que o rodeia, há outro cais para descobrir, e mais ruínas e mais lixo.

Suspeito que a maior parte da gente que vive em Almada e arredores nem sonha que tem aqui, no Ginjal, um passeio tão agradável.

E a Câmara de Almada, neste caso, ou está desinteressada ou valores mais altos se levantam.

(Mais fotos dos veleiros cruzando o Tejo, em direcção ao mar, podem ser vistas no Flickr).

“Made in America”, de Bill Bryson

madeinamerica.jpgNeste calhamaço de quase 600 páginas, publicado em 1994, Bryson apresenta-nos a História informal da América. A sua leitura ajuda quem, como eu, por lá andou há pouco tempo, a compreender algumas das idiossincrasias desse imenso país que, apesar de ser uma manta de retalhos, não deixa de ter uma verdadeira unidade nacional.

São vinte um capítulos que abrangem a História não oficial dos EUA, desde o Mayflower í  era espacial, com um enfoque muito especial na língua inglesa, tal como ela é falada pelos americanos.

No capítulo “Nomes”, Bryson conta que, quando a linha férrea estava a ser instalada no estado de Washington, em 1870, um dos vice-presidentes da companhia teve como tarefa dar nome a 32 novas comunidades que iam nascer, ao longo da linha. E então “deu nomes í s comunidades de tudo e mais uma alguma coisa, desde poetas (Whitier) e peças de teatro (Othello), a tipos de comida caseira (Ralston e Purina).”

Verifiquei isso mesmo, ao atravessar o South Dakota, o Iowa ou o Wyoming e ao deparar em localidades com nomes como Gillette, Atomic City, Montpelier, Alcova, Dinossaur, Eureka, Medicine Bow, Ten Sleep.

Fiquei também a saber (embora já suspeitasse), que a maior parte dos mitos sobre os tempos dos cowboys foram inventados por Hollywood. Por exemplo, aquela história das caravanas dos colonos se disporem em círculos, para melhor se defenderem dos ataques dos índios, é uma aldrabice. Diz Bryson: “durante a maior parte da viagem as carroças avançavam em filas paralelas com distâncias entre si que podiam ir até 15 quilómetros, a fim de evitar a poeira umas das outras e também os sulcos das rodas daqueles que tivessem por ali passado antes deles – o que criava mais um obstáculo í  formação do tal círculo defensivo”.

No que respeita í  comida americana, é verdade que ele não presta, mas também é verdade que os próprios americanos parecem ter vergonha dela, ao inventar nomes estrangeiros para coisas que eles inventaram.

Diz Bryson: “O Russian dressing é desconhecido pelos russos, assim como a variedade americana de French dressing é desconhecida para os franceses. A vichyssoise não foi criada em França mas em Nova Iorque, em 1910, e o queijo Liederkranz não veio da Alemanha, nem sequer da íustria ou da Suíça, mas de Monroe, em Nova Iorque, onde foi criado em 1892. Em Espanha, o chilli com carne era desconhecido até ao momento em que foi lá introduzido pelo Novo Mundo. Salisbury steak não tem nada a ver com a cidade inglesa famosa pela sua catedral (foi chamado assim por um americano – o Dr. J. H. Salisbury), nem o Swiss steak tem o mais pequeno pedigree alpino. Chop suey (baseado no cantonês para ‘miscelânea’) surgiu pela primeira vez em San Francisco nos finais da década de 1800 (e não na China). O bolinho da sorte foi criado em Los Angeles na segunda década do século XX. Ainda mais recente é o chow mein, que apareceu em 1927.”

Uma das características mais marcadas dos americanos parece ser transformar a mais pequena novidade numa verdadeira mania, e fazê-lo de tal maneira, que suplantam sempre todos os restantes povos. Os exemplos são inúmeros, ao longo do livro, desde os patins aos centros comerciais. Bryson diz-nos que, assim que a bicicleta atravessou o oceano e se instalou na América, por volta de 1882, os americanos aderiram de tal forma í  novidade que, em 1895, existiam cerca de dez milhões de bykes nos EUA.

Byke” é um dos milhares de termos novos, introduzidos na língua inglesa, graças aos americanos, que têm uma predilecção especial por abreviar palavras. Os exemplos são, também, aos milhares, desde “vic“, em vez de victim, até “fab“, em vez de “fabulous“. Outra coisa de que eles gostam muito é de usar neologismos, a partir de siglas, mesmo com os palavrões. Bryson dá alguns exemplos: tuifu (the ultimate in fuck-ups), tarfu (things are really fucked up), fubar (fucked-up beyond recognition), e fubid (fuck you, buddy, I’m detached).

O dinheiro, a imigração, as viagens, a comida, as compras, a educação, a publicidade, o cinema, os desportos, a política e a guerra, o sexo – são outros tantos assuntos escalpelizados exaustivamente por Bill Bryson, neste livro essencial para quem quiser conhecer melhor os EUA, os seus tiques e as suas manias.

Os reis dos patins

Celina, uma leitora do Coiso, está espantada por não haver écrans gigantes onde o povo possa ver a selecção nacional de hóquei em patins, que, em Itália, disputa o campeonato da Europa.

Para que fique registado, a selecção derrotou Andorra por 3-0, a Suíça por 7-0 e a íustria por 24-0!

Hoje, joga a meia-final com a Espanha.

Pois eu vou explicar í  Celina por que razão 95% dos portugueses nem sabe que se está a disputar o campeonato europeu desta modalidade, e isto, apesar de Portugal se arriscar, sempre, a ser campeão ou, no mínimo, ficar entre os quatro primeiros lugares.

Acontece que nem a Nike, nem a Adidas, fabricam patins.

Acontece que não há nenhum jogador da selecção de hóquei que esteja casado com uma modelo sueca ou que namore com uma apresentadora de televisão.

Acontece que o hóquei é uma modalidade um pouco inestética: os praticantes da modalidade jogam todos curvados para a frente, raramente se lhes consegue ver o rosto, andam sempre com um pau na mão e a bola é tão pequena que nem nas repetições em câmara lenta se vê, quando ela entra na baliza.

Acontece que o Roberto Leal nunca se interessou pelo hóquei e não está interessado em cantar o hino na abertura dos jogos.

Acontece que a Sportv se está borrifando para o hóquei e o único canal que se mostrou disponível para transmitir os jogos foi a RTP-2, porque alguém lá da direcção, acha que aquilo é algum tipo de arte suburbana e underground.

Acontece que não existem comentadores capazes de explicar as tácticas – aliás, nem faria sentido jogar um jogo daqueles, por exemplo, em 4-3-3, porque os jogadores são só cinco de cada lado.

Acrescente-se que o actual campeonato se está a disputar num pavilhão sem ar condicionado, sem condições para a prática desportiva e – já agora – sem espectadores.

Ah!… e mais uma coisa: segundo o jogador italiano Alessandro Bertolucci, a Itália ganhou apenas por 4-0 í  íustria porque “nos disseram para não marcarmos mais de quatro golos”. Deste modo, devido í  diferença entre golos marcados e sofridos, a Itália safou-se de jogar contra Portugal ou Espanha, nas meias-finais, indo jogar contra a frágil Suíça.

Sem comentários.

O império do fait-divers

A escalada de violência no Médio Oriente voltou í s primeiras páginas dos jornais e í  abertura dos telejornais.

Nos primeiros dias deste novo (?) conflito, a comunicação social portuguesa parece ter estado a leste (ou a oeste, neste caso…). Enfim, eram mais umas bombazitas que, ao fim e ao cabo, até matavam menos pessoas que qualquer atentado no Iraque.

Mas, de repente, surgiu um motivo bom para abrir telejornais: havia portugueses no Líbano e queriam ser repatriados. Ora aí está algo que permite uma entrevista no aeroporto, daquelas que tocam o coração de quem está a ver – “é horrível! não conseguimos dormir por causa das explosões!”

Pessoas reais que nos contam as suas angústias, e não palestinianos ou libaneses ou israelitas, que vivem lá, que têm familiares mortos, que viram as suas casas destruídas pelas bombas e pelos rockets.

A tragédia é mais real no singular. Eu consigo sentir compaixão perante uma morte – não sou capaz de sentir o mesmo perante 20, 30, 300 mortes.

Aliás, é sintomática a diferença de tratamento jornalístico, por exemplo, entre tsunamis. Alguém notou que aconteceu mais um tsunami na Indonésia? Morreram mais de três centenas de pessoas e outras tantas estão desaparecidas. Só que, desta vez, pelos vistos, havia menos turistas na região, não há gravações de vídeo amadores e a notícia perde-se no meio do telejornal.

Voltando ao conflito israelo-libanês, os telejornais gastam mais tempo com as entrevistas aos ocidentais que estão a ser repatriados do que, propriamente, com o conflito em si, as suas causas e as suas consequências.

Tudo se resume a colagem de fait-divers. Ontem, no telejornal da RTP-1, vi uma reportagem inacreditável: um suposto membro do Hezbollah, guiava um jornalista da BBC pelo meio dos escombros resultantes das explosões israelitas e ia debitando propaganda a favor do seu movimento. A espaços, fazia notar quão perigoso era estar ali porque, a qualquer momento, poderiam ser vítimas de uma bomba sionista. O que interessava na reportagem era que nós, confortavelmente sentados nas nossas casas, percebêssemos o que o repórter estava a sofrer, naquele momento, o perigo que ele corria, o que ele arriscava, só para nos dar aquela sensacional reportagem.

A substância da coisa era nenhuma: nem o autóctone representava coisa nenhuma (podia ser um simples guia turístico, em busca de uma boa gorjeta), nem a reportagem provava nada, embora nos quisessem fazer crer, com aquelas imagens, que Israel se limita, afinal, a bombardear alvos civis, e não alvos do Hezbollah.

Noutro momento, a RTP-1 ofereceu-nos o general Loureiro dos Santos, que nos foi explicar a estratégia de Israel, referindo que os judeus bombardearam o aeroporto de Beirute e a auto-estrada Beirute-Damasco, para evitar a fuga dos terroristas ou o seu rearmamento.

Afinal, é tudo tão simples: há os bons e os maus, ou os menos bons e os menos maus e tudo se justifica com meia dúzia de frases feitas e lugares comuns.

Suspeito que a maioria dos portugueses olhe para tudo isto como quem está a ver mais um reality show.

Os israelitas baseiam toda a parafernália de bombas com o facto do Hezbollah ter raptado dois soldados judeus.

Eu, se fosse ao Hezbollah, devolvia imediatamente os soldados raptados: “tomem lá, que a gente não quer estes gajos para nada!”

Sempre queria ver se, depois disso, Israel parava imediatamente com as bombas…

Sopranos – 3ª série

sopranos3.jpgQuando estava na eminência de ser obrigada a testemunhar contra o próprio filho, Lívia Soprano morre subitamente. Tony Soprano fica duplamente aliviado: por um lado, livra-se de complicações com a Justiça, por outro, livra-se da mãe, a grande culpada dos seus ataques de pânico.

A terceira série dos Sopranos (2001) começa com a morte da matriarca da família e termina com a morte de Jackie Júnior, filho de Aprile, o boss de New Jersey, que antecedeu a Tony. Só que esta morte já não foi coisa do destino, tendo tido uma ajudinha dos Sopranos, por interposta pessoa. Jackie andava a arrastar a asa a Meadow, mas meteu-se por maus caminhos: em vez de continuar a estudar, como Tony sempre o aconselhou, por vezes com a veemência dos punhos, decidiu armar-se em aprendiz de mafioso e saiu-se mal. Tony tem esperança que a morte do rapaz sirva de exemplo a A.J., que foi expulso do colégio, por copianço; talvez ele assim compreenda que a máfia já não serve para putos que passam a vida a jogar playstation e a comer pipocas.

Como castigo pelo mau comportamento de A.J., Tony decide interná-lo num colégio militar, mas os planos saem-lhe furados: o seu próprio filho também sofre de ataques de pânico!

Ao longo de mais estes 13 episódios, vamos acompanhando o percurso desta família peculiar, que tenta separar os assuntos domésticos de qualquer família nuclear das actividades mais escabrosas desenvolvidas por Tony. Ele, que se esforça tanto para dar o melhor aos seus (uma boa casa, televisão, dvd’s, carros!), í  custa do suor do seu rosto (e do sangue dos outros…), e os filhos, que só lhe arranjam coisas que o ralem!

Destaque para o episódio em que Christopher Moltissanti e Paulie, depois de tentarem, em vão, despachar um russo, se perdem numa floresta gelada e quase morrem de frio e de fome.

Planeta feliz

Estamos em plena “silly season“. A época em que os jornalistas, í  falta de notícias, descobrem motivos patetas para encher os jornais.

Claro que o facto de Israel estar a destruir o pouco que resta do sul do Líbano, já nem é notícia.

Aliás, até esta nova escalada da guerra israelo-árabe parece saída de uma revista cor-de-rosa, e só não o é porque os mortos são bem reais.

Um comando muçulmano qualquer raptou um soldado israelita e o Estado judeu respondeu como se esse soldado fosse o Messias, bombardeando a faixa de Gaza e, depois, o sul do Líbano. Daí, a guerrilha do Hezbollah, apoiada pelo Irão, ou talvez não, atacou Haifa, em Israel. A sequência dos acontecimentos tem pouca importância. As declarações dos vários líderes, de Washington a Paris, soam a repetições. Quantas vezes já ouvimos as mesmas coisas?

Toda esta desgraça é tão banal, que já nem faz as primeiras páginas dos jornais.

O Público de hoje, por exemplo, enche a primeira página com uma foto de uma ilha paradisíaca e titula: “Vanuatu lidera índice planeta feliz”.

O que será isto do “índice planeta feliz”?

Fui ler a notícia, que enche as páginas 28 e 29 do jornal.

Parece que é uma coisa inventada pelo New Economic Foundation, uma organização independente, sediada no Reino Unido, “que diz procurar, nomeadamente através da realização de estudos, promover soluções inovadoras que desafiam a forma como habitualmente se pensa o social, a economia e o ambiente”.

Cheira a tanga, claro.

Portanto, esta New Economic Foundation inventou o “índice planeta feliz“, a partir de três indicadores: esperança de vida, percepção, por parte dos cidadãos, de “satisfação com a vida” e “pegada ecológica”. Este último indicador merece uma explicação mais aprofundada: trata-se de “um conceito que exprime a área produtiva equivalente de terra e mar necessária para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados por uma dada unidade de população”.

Tanga definitiva.

Ora, a partir destes três indicadores, a tal Fundação elaborou um ranking, que é liderado por Vanuatu, o minúsculo país do Pacífico Sul, com 203 mil habitantes, que atingiu a pontuação de 68,2. Em Vanuatu, a esperança de vida é de 69 anos, a satisfação com a vida é de 7,4 e a pegada ecológica é de 1,1 hectares por habitante.

Neste ranking, o Reino Unido ficou no lugar 108 e os EUA, no lugar 150.

Em segundo lugar, ficou a Colí´mbia, seguida da Costa Rica, República Dominicana e Panamá.

Portugal (esperança de vida, 77 anos) ficou em 136º, um lugar abaixo da Guiné-Bissau (esperança de vida, 44 anos) e um lugar acima da Eritreia (esperança de vida, 40 anos).

Que Vanuatu esteja em primeiro lugar, neste índice de planeta feliz, até nem me espanta. Mas a Colí´mbia, em segundo lugar? Será por causa da coca? Não há dúvida que a coca dá uma felicidade do caraças, so they say

Enfim, que um grupo de tipos, lá no Reino Unido, decidam inventar um ranking destes, estão no seu direito. Não compreendo é como um jornal de referência, como o Público, dê tal destaque a esta grande tanga.

Claro que os senhores da New Economic Foundation, mal acabaram o seu estudo, venderam os luxuosos apartamentos onde viviam, desfizeram-se dos seus plasmas, dvd’s e carros desportivos, roupas de marca, computadores portáteis, telemóveis de terceira geração e ipod’s e foram todos viver para Vanuatu, comendo peixe cru, que pescam í  linha.

Robinson Crusoe continua a perseguir uma certa esquerda europeia…

Coisas que me ralam

* No dia 19 e Junho comprei o selo do carro através da internet. Hoje, dia 16 de Julho, ainda não o recebi. É o choque tecnológico. E eu é que apanhei o esticão.

* Alberto João Jardim propí´s que Cavaco Silva demitisse o governo e nomeasse um governo de Unidade Nacional. O facto deste governo ter sido eleito por maioria absoluta é um pormenor, para Jardim. Espero que Cavaco siga o conselho do madeirense e, depois de demitir Sócrates, o demita também a ele. No final, o próprio Cavaco se devia auto-demitir. Afinal, as eleições servem para quê? Só a trabalheira que dão!…

* Gilberto Madail queria que o governo isentasse os jogadores da selecção do pagamento de IRS, referente ao prémio que ganharam por participarem no Mundial de futebol. Afinal, cada um deles apenas ganhou 50 mil euros, isto é, ganharam num mês, mais do que eu ganho num ano. O governo disse que não. Acho mal. O governo deveria isentá-los, sim, mas de receberem o prémio. O Mundial, para eles, foi uma maneira de arranjarem novos contratos para a próxima época, uma espécie de investimento. Não deviam receber nada. Pelo contrário, deviam pagar alguma coisa.

* Quase metade dos alunos do 12º ano chumbou a Português. E a culpa não é dos profeçores, nem da menistra, nem dos morangos com assucar, nem do hambiente fameliar. A culpa é do calor! Quem concegue responder serto com um calor destes?…

Divine Comedy – “Victory for the Comic Muse”

divinecomedy.jpgTenho tido uma posição ambivalente em relação a esta banda britânica, liderada por Neil Hannon: por um lado, acho graça ao seu estilo grandiloquente e ao estilo de composição, a tentar imitar Scott Walker, por vezes (poucas) Brel; por outro lado, acho o resultado um pouco pretensioso e pouco excitante.

O estilo grandiloquente está bem patente no título deste (e de outros) álbuns da banda.

Este último disco, agora saído, é um bom exemplo: tem algumas canções bem esgalhadas, as orquestrações são grandiosas, a voz de Hannon encaixa bem, mas o disco passa todo sem causar qualquer tipo de excitação. Quer dizer: um tipo pode, por exemplo, estar a ler um livro, enquanto ouve este disco, e não se distrai do que está a ler…