Publicidade idiota

Estou farto dos spots idiotas, armados ao pingarelho. Quem disse que a publicidade tinha que ter graça? E quem disse aos criadores destas aberrações, que eles têm graça?

A TSF está cheia desses spots idiotas. E eu, feito burro, oiço-os várias vezes ao dia, porque tenho a mania de ouvir notícias. Acordo í s 7 da manhã com um idiota a gritar “adelante, Costa Santos!”, num estúpido spot í  Optimus. Cheira-me que é o mesmo idiota que grita, logo a seguir, “olhó o livro fresquinho”, num spot ao DN. E o mesmo tipo, ou alguém com uma voz parecida, ainda anuncia a “tenda do Adelino”, onde se vendem impressoras pintadas í  pistola, num spot í  Staples.

Como já repararam, sei os spots de cor. Pudera! Oiço-os í s 7 horas, ao acordar, í s 8 horas, já a caminho do Centro de Saúde, í s 13 horas, quando vou almoçar, í s 14 horas, quando regresso ao Centro, í s 17 ou í s 18 horas, quando regresso a casa e í  meia-noite, quando estou a ler o meu livro, antes de dormir.

Estou farto!

Claro que posso desligar o cabrão do rádio ou mudar a puta da sintonia, mas o que está em causa, aqui, é a suprema idiotice destes spots. Será que o Belmiro de Azevedo ouviu o spot, antes de o aprovar para a Optimus? E o director do DN achará que o spot do “olhó livro fresquinho” dignifica a imagem de um dos diários mais antigos de Portugal? Quanto aos donos da Staples, já não digo nada, porque os spots desta firma sempre foram idiotas.

Na televisão, é a mesma mediocridade.

Há um gordo que, num anúncio a uma seguradora que oferece um GPS, diz que sempre se guiou pelas “árvores, pelas casas, até pela vaca”. Pela vaca? Será pela vaca da prima dele?

E depois há um crooner que canta “Moviflor”, enquanto dois gordos sebosos, que parecem gémeos, fazem coro, lá atrás, em “chuás-chuás”, que exalam lípidos por todos os poros.

“Na tua casa, ou na minha?”, pergunta uma loura deslavada a um António Feio, que já tem idade para ter juízo. E lá vai ele a correr e, em 5 segundos, consegue o empréstimo para a casa, para ir dar uma queca na loura. Acho que o anúncio é ao Montepio, mas tanto faz, porque a publicidade dos bancos é, em geral, de uma mediocridade que faz doer os dentes do siso.

Fazer humor, não é fácil, todos o sabemos. Se os publicitários tivessem graça, seriam todos humoristas, em vez de andarem a fazer fretes nas agências de publicidade.

A tristeza do humor na rádio e televisão (tirando alguns momentos, cada vez mais raros, dos Gato Fedorento) é de uma pobreza franciscana.

Mas percebe-se: com tantos anúncios engraçados, as estações de rádio e televisão acham que não vale a pena fazer programas de humor.

Caso contrário, nós, ouvintes e espectadores, ainda arranjávamos alguma hérnia inguinal, de tanto rir.

“The Departed”, de Martin Scorcese

departed.jpgCom Scorcese temos sempre duas garantias, pelo menos: uma história bem contada e boas interpretações.

“The Departed” (nem vale a pena mencionar o título em português) passa-se em Boston e trata da máfia irlandesa, retratada na personagem de Frank Costello (Jack Nicholson), que se pavoneia a seu bel-prazer, porque sabe que tem a protecção de alguns elementos da polícia local e do FBI.

Duas outras personagens surgem, em paralelo: Matt Damon, interpretando um protegido de Costello desde a infância e que vai para a academia de polícia, com a missão de se transformar num infiltrado da máfia; e DiCaprio, também aluno da academia e que, devido í s suas excelentes capacidades, se vai transformar em infiltrado da polícia na organização de Costello.

A partir daqui é só porrada e mau viver, jogos duplos, vinganças, delações, falsas fidelidades e um jogo do gato e do rato constante, até porque “rat” significa traidor.

No fim, morrem quase todos mas, o que mais me impressionou, foi ver o Di Caprio igualzinho ao Pedro, caramba!

Um gato especial

No Steere House Nursing and Rehabilitation Centre, em Providence, nos EUA, há um gato chamado í“scar que sabe qual é o doente que vai morrer a seguir.

Segundo um estudo publicado no New England Journal of Medicine, citado pelo Público, o gato dá uma volta pelas enfermarias, vai cheirando os doentes acamados, quase todos com Alzheimer ou Parkinson e, de vez em quando, sobe para a cama de um deles e enrosca-se no doente e ali fica, até que o doente morra.

Os autores do estudo garantem que o í“scar já fez isto, pelo menos, 25 vezes, o que foi óptimo para os doentes que estavam em lista de espera para entrar na Instituição. Enfim, óptimo é uma palavra demasiado forte, porque se os doentes do Steere House tiverem acesso a este estudo, das duas, uma: ou pedem transferência para outra casa de saúde, ou matam o sacana do gato. Pelo menos, os doentes com Parkinson – já que os que sofrem de Alzheimer, mesmo que tenham lido o artigo, já se esqueceram dele.

David Sosa, geriatra autor do estudo, afirma que o gato responderá a cheiros – será o famoso cheiro da morte?

Nicholas Dodman, especialista em comportamento animal, diz que o gato, provavelmente, salta para a cama do moribundo em busca do cobertor aquecido com que as enfermeiras costumam tapar os doentes em fase terminal.

De qualquer dos modos, embora eu goste de gatos, dispenso os desta espécie.

“Perfume”, de Tom Tykwer

perfume.jpgLi o livro de Patrick Suskind em 1987 e gostei. Gostei sobretudo da ideia de um tipo que não tem odor próprio, ser capaz de detectar todos os cheiros do mundo e acabar obcecado pelo facto de fabricar o perfume mais sublime, a partir da essência de 13 jovens mulheres.

Recordei a história, ao ver este filme de produção europeia, a tentar imitar os blockbusters americanos.

E como a história é mesmo muito boa, o filme acaba por se ver com agrado, embora tenha algumas cenas só para encher o olho, como a cena da orgia final, com milhares de corpos num frenesim sexual e que não precisava de ser tão explícita (até se vê uma senhora com o chamado bikini wax e os respectivos limites do bronzeado, o que não deixa de ser estranho, já que estamos no século 18…)

Ben Whishaw é o actor que interpreta o psicopata Jean-Baptiste Grenouille e dá-se bem com isso. Até fisicamente o tipo é estranho, com uns braços enormes, que lhe dão um ar desengonçado e assustador.

Sinais do apocalipse

Cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestiniano, condenados í  morte, na Líbia, foram expatriados para a Bulgária, a bordo de um avião do governo francês.

Vinte e três sul-coreanos foram raptados por guerrilheiros, no Afeganistão.

Uma emigrante portuguesa foi violada repetidamente por um escocês, que se fazia passar por agente secreto.

Um chileno, um francês e um neozelandês, morreram ao fazer alpinismo no Monte Branco, em França.

Ao pedirem, ao futuro primeiro-ministro belga, para cantar “La Brabançonne”, o hino nacional belga, Leterne trauteou “A Marselhesa”.

O bandido mais procurado pelas autoridades espanholas foi preso na Figueira da Foz.

Em Inglaterra, quase meio milhão de pessoas estão sem água potável.

O Benfica vendeu o Simão Sabrosa.

Vantagens de Luis Filipe Menezes versus Marques Mendes

É mais alto.

Como médico pediatra, fez um grande favor í s crianças de Gaia, ao dedicar-se só í  política.

Troca os “vês” pelos “bês”, o que é bom, em caso de bitória.

Tem três nomes, como Luís Filipe Vieira e Nuno Pinto da Costa, o que é mais selecto.

Embora não tenha tanta graça quanto Santana Lopes, é muito mais engraçado que Marques Mendes.

Quando se veste í  Mourinho, o sobretudo não arrasta pelo chão.

Já é presidente de uma Câmara.

Se ganhar, é muito provável que os verdadeiros sociais-democratas adiram, finalmente, ao PS e os liberais, ao CDS-PP.

É mesmo muito mais alto.

As três falsas pragas

Andam a enganar-nos.

Metem-nos medo com ameaças cataclísmicas, nós trememos, encolhemo-nos, amedrontamo-nos.

Depois, o tempo vai passando e nada acontece.

Três exemplos:

1. Incêndios – não há. Compraram-se aviões especiais e helicópteros formidáveis, distribuíram-se kits anti-incêndio pelas juntas de freguesia e, afinal, tudo o que arde são pneus e fábricas de têxteis. As florestas – nada.

2. Onda de calor – desde Maio que a Direcção Geral da Saúde anda a fazer levantamentos dos idosos em risco de morrerem de calor.

E onde está o calor? Emigrou para a Roménia.

3. E ainda alguém se lembra da gripe das aves? Era suposto que matasse cerca de 2,5 milhões de portugueses. Mais uma vez, a DGS antecipou-se í  catástrofe e comprou toneladas de Tamiflu, o medicamento da Roche capaz de matar o vírus da gripe das aves.

E afinal – nada.

Uma pequena curiosidade: sabem quem detém os direitos do Tamiflu?

Consultem http://www.globalresearch.ca/index.php?
context=viewArticle&code=%20ME20051026&articleId=1148

E descobrirão que o Sr. Rumesfeld – sim, o mesmo que inventou as armas de destruição maciça, no Iraque – é chairman da Gilead Sciences, que detém os direitos do Tamiflu.

Dá que pensar, não?

Sócrates só

Portugal está em crise.

Segundo o INE, em 2050, seremos apenas 7,5 milhões – isto, se se mantiver a actual taxa de natalidade.

Todos ficaram muito preocupados.

Eu, não.

E, pelos vistos, o Nobel Saramago, também não – ele, que prevê que Portugal passe a ser mais uma província espanhola.

Que temos nós, de bom, para oferecer?

O clima?

Já houve tempo.

O vinho?

Foi chão que deu uvas.

As praias?

Só para quem nunca foi ao Tahiti.

Os navegadores?

Morreram todos há 500 anos.

E o que faz a classe dirigente?

Finge que vive noutro país. Aliás, finge que vive num país a sério. Até temos um governo com maioria absoluta, um presidente, uma oposição.

Mas alguém quer saber?

O novo presidente da Câmara da capital, ganhou as eleições com menos de 60 mil votos. O candidato que ficou em segundo lugar, é arguido num processo de corrupção e teve menos de metade dos votos do vencedor. O candidato do maior partido da oposição teve 30 mil votos (menos do que a população residente na freguesia do Monte de Caparica, onde trabalho).

A malta está-se borrifando para estes personagens.

Manuel Monteiro, candidato pela Nova Democracia, teve 1187 votos.

Se a nova democracia é isto, e a velha é aquilo – começamos a preferir a ditadura?

Mas Monteiro disse algo de notável: «as pessoas consideram-me um político do passado. Temos de ter a coragem de perceber que estamos gastos. (…) O país está cansado de Marcelos Rebelos de Sousa, de Paulos Portas, de Monteiros, de Marques Mendes».

Tens razão, ó Monteiro.

O arcebispo Marcelo, então, já o conheço desde, pelo menos, 1973! Há 34 anos que anda a cagar sentenças!

Portanto, o Sócrates pode dormir descansado – até pode dar uma de Hugo Chávez, pondo na rua professores ou directores de centros de saúde que lhe mandem umas bocas.

Será que alguém liga?

Zapatero, por favor, invade-nos já!

socartes_oposicao.jpg

 

O aborto da Madeira

Imaginem um tribunal no Tenessee, em que os juízes que julgam arguidos negros, pertençam ao Ku Klux Kan.

Imaginem israelitas a julgar palestinianos e vice-versa.

Imaginem um grupo de ateus a seleccionar candidatos ao seminário.

Imaginem olheiros do Benfica a escolher reforços para o Sporting.

Pois tudo isso poderia acontecer, por exemplo, na República Albertiana da Madeira.

No Hospital Central do Funchal existe uma comissão de ética. Cabe a esta comissão de ética decidir a favor, ou contra, a realização, nesse hospital, de interrupções da gravidez.

Dessa comissão de ética fazem parte, para além de médicos e enfermeiros, um juiz (Sílvio Sousa) e – espantem-se! – um padre católico, o padre José Manuel, capelão do hospital.

Sempre que um pedido para a interrupção de uma gravidez chega í  comissão de ética do Hospital do Funchal, qual será o voto do padre Zé Manel?

Quando é que dão a independência í quela coisa, afinal?

CSI – Tarantino mode

csi_tarantino.jpgQuentin Tarantino é fã da série CSI, na sua versão Las Vegas. Aceitou, portanto, o convite para escrever e realizar um episódio da 5ª época da série. E saiu este “Grave Danger”.

Trata-se de um episódio duplo e vê-se logo que foi feito por Tarantino, até pela banda sonora, com música dos anos 60 que nunca chegou aos tops. E por muitos outros pormenores: todos os polícias-cientistas do CSI se juntam para salvar um dos seus, que é raptado e enterrado vivo por um engenheiro aero-espacial psicopata; podemos ver planos de toda a equipa CSI, como se se tratasse de uma equipa de super-heróis. Há sangue q.b., diálogos í  Tarantino, aparentemente sem qualquer relevância para o desenrolar da história e algumas reviravoltas inesperadas.

Um episódio de CSI que se vê quase como se fosse um filme do Tarantino – só que não há palavrões. A CBS televisiva não admite “mother-fuckerismo”.