Apelidos – 3

Juntei mais sete apelidos impagáveis, sendo que um deles não é um verdadeiro apelido, mas um nome completo – daqueles que marcam qualquer um.

Aqui vão eles:

– Grelixa Carapeta

– Mataloto Siquenique

– Borrego dos Castelos Pinho

– Fidel Leitão Marquês Dalva

– Agapito Costa Belga

– Cartaxo Pio Panela

– Fonseca Pombinho de Deus

Mais do que a estranheza dos apelidos, é a sua conjugação que nos faz sorrir: um Borrego dos Castelos ou um Pombinho de Deus são, de facto, extraordinários, mas que dizer de um Fidel Leitão que, ainda por cima, é Marquês Dalva?

21 de Agosto – Camacho no seu posto

Gostei muito do Benfica treinado pelo Camacho. Não se ganhou grande coisa (uma taça de Portugal, acho eu), mas a equipa jogava com alegria e ia toda lá para a frente. í€s vezes, ia de mais lá para a frente e deixava o guarda-redes sozinho. Mas era divertido.

Do Fernando Santos nunca gostei.

No dia 4 de Agosto do ano passado, escrevi um “post” onde dizia: 

“Esta semana, um jornal desportivo perguntava: qual a melhor táctica para o Benfica?

É o descalabro!

A táctica do glorioso já é discutida na praça pública!

Acentue-se que não me espanta: nunca gostei do engenheiro. Não se pode confiar num homem que usa a camisola por dentro das calças de fato de treino. Sobretudo quando esse homem é treinador de futebol…” 

Apesar disto, ainda tivemos que o aguentar mais um ano!

O Luís Filipe Vieira também podia ir dar uma volta ao bilhar grande. Se já tinha o Camacho engatilhado, por que raio esperou até que o Benfica perdesse dois pontos, para o ir buscar? Se já contava despedir o engenheiro, por que não o fez antes da pré-época? Os reforços deste Benfica foram escolhidos pelo engenheiro? Estamos fritos na mesma. O L.F.Vieira pensava que o engenheiro era capaz de construir uma equipa í  Benfica? É burro! Ele próprio nunca acreditou no engenheiro? É duplamente burro – já o devia ter despedido! Aliás, nunca o devia ter contratado. Ou então, contratou-o só porque Fernando Santos é um grande benfiquista e já tinha treinado o Sporten e o FCP, e nunca o Benfica.

Mas agora, com o Camacho, a coisa vai para a frente!

Do Camacho, só não gosto de uma coisa. Aliás, só não gosto de duas coisas: é espanhol e…diz que é benfiquista.

Desconfio logo quando os oiço dizer que são benfiquistas desde pequeninos. Lembro-me logo do Jorge Cadete, que disse que tinha o Benfica no coração (depois de ter tido o Sporting, o Glasgow Rangers, o Estrela da Amadora). A primeira coisa que o Simão Sabrosa disse na primeira conferência de imprensa como jogador do Atlético de Madrid, era que continuava a ser benfiquista. E agora, foi o Camacho, a dizer que também é do Benfica.

A malta não precisa que o treinador do Benfica seja do Benfica – o que a gente precisa é que o gajo ponha aqueles calões a jogar í  bola como deve ser – isto é, í  Benfica!

Verde Eufémia ou Cunhal Azul-Celeste?

Sou sincero: não tenho opinião sobre o milho transgénico. E não tenho opinião porque não estou suficientemente informado.

Por princípio, não me parece correcto transformar geneticamente o pobre do milho, assim como não acho graça nenhuma í quelas experiências de criar galinhas sem penas ou gatos sem pêlos.

Por isso, fiquei um pouco chocado quando vi, na televisão, um homem de 56 anos, quase a chorar, porque uma centena de ambientalistas lhe tinham arrasado a sua plantação de milho transgénico, na herdade da Lameira, em Silves.

“Destruíram o único meio de subsistência que eu tinha… se ceifarem este milho, eu morro í  fome” – disse o agricultor.

O objectivo desta acção foi, segundo Guálter Baptista, líder dos ambientalistas: «restabelecer a ordem ecológica, moral e democrática que tem sido constantemente deteriorada pelas políticas da União Europeia e pelo Governo português».

Portanto, para um leigo na matéria, como eu, de um lado temos um agricultor, que viu o produto do seu trabalho destruído e, do outro, um grupo de activistas que acham que estão a salvar o planeta.

Repito: não estou suficientemente informado para tomar uma posição.

No entanto, quando soube que o movimento activista se autodenomina “Verde Eufémia”, dei uma gargalhada amarga.

“Verde Eufémia”?

Por que não “Cunhal Azul-Celeste”?

Vejam lá se crescem!

Alta tesão no Público

Já que as ondas de calor e a gripe das aves não estão a dar os resultados que a comunicação social esperava, arranjou-se outro tipo de alerta: as antenas de telemóvel, os radares e as linhas de alta tensão.

Pelos vistos, a Direcção Geral da Saúde tinha na gaveta, há 4 anos, um estudo – aliás, inconclusivo – sobre o potencial cancerígeno das linhas de alta tensão e o uso de telemóveis. Em poucas palavras, parece que o estudo apenas conclui que talvez seja aconselhável não deixar as criancinhas usar muito o telemóvel porque, como têm os ossos do crânio mais fininhos, talvez as micro-ondas os atravessem com mais facilidade.

Talvez.

Quanto í s linhas de alta tensão, a coisa é mais complexa. O estudo também não chega a conclusão nenhuma, mas a comunicação social até já descobriu uma localidade, lá para os lados de Guimarães, sobrevoada por cabos de alta tensão e onde o número de casos de cancro parece ser elevado.

Para o Público, no entanto, o grande problema é a alta tesão.

altatesao.jpg

Espero bem que o jornal esteja enganado.

Ter alta tesão nunca fez mal nenhum a ninguém.

Ou também já nos querem privar disso?

Cristo em doses industriais

Segundo o Público de hoje, acabou a produção manual de hóstias no Mosteiro da Senhora das Mercês, na ilha Terceira. A partir de agora, as irmãs clarissas passam a usar máquinas industriais para fabricar o Senhor.

A irmã Verónica explicou que, com as novas máquinas, o Mosteiro é capaz de produzir 60 mil hóstias por semana.

O corpo de Deus em quantidades industriais!

Claro que a ilha Terceira não consome assim tantas hóstias, portanto, as irmãs exportam o corpo de Cristo para as restantes ilhas dos Açores e ainda ganham algum.

Para quem estiver interessado, aqui ficam os preços (sempre segundo o Público de hoje – não estou a inventar nada):

– sacos de 50 hóstias – 3 euros

– sacos de 500 hóstias – 5 euros

– sacos de 1000 hóstias – 7 euros

Como se percebe, sai muito mais barato comprar logo um saco com mil hóstias. Dá para uma família comungar todos os dias durante quase um ano!

Resta acrescentar que as irmãs clarissas vivem em reclusão e, portanto, as encomendas têm que ser feitas pelo telefone.

Infelizmente, o Público não revela o número de telefone, mas penso que se telefonarem para o jornal, talvez consigam o contacto da irmã Verónica. Aqui fica o telefone do Público: 21 011 10 00.

Fernando Santos e o Benfica triste

Sou do Benfica desde o tempo em que brincava com barquinhos de papel nas poças de água que os funcionários da Junta de Freguesia faziam, em redor dos grandes troncos das árvores da avenida Gomes Pereira. Ainda alguém se lembra do tempo em que funcionários públicos regavam as árvores das ruas da cidade? Claro que quase ninguém se lembra disso. Nesse caso, já estão a ver há quanto tempo sou do Benfica.

Vi jogar o í‚ngelo, o Cávem, o Costa Pereira, o Germano, o Coluna, o José íguas, o José Augusto, o Simões, o Eusébio, o Torres.

E muitos outros, depois deles.

E nunca vi o Benfica tão triste como agora, treinado pelo Fernando Santos.

Triste, deprimido, sem garra, sem chama.

Ontem, o Rui Costa ganhou 2-1 ao Copenhaga e Fernando Santos disse: «entrámos bem, com personalidade e a trocar bem a bola. Controlámos o jogo e depois a incapacidade de Luisão marcou a partida, porque sentimos que a equipa se desorientou. Ao intervalo, reorganizei a equipa e na segunda parte controlámos mais.»

De que jogo falava F. Santos?

Não, certamente do de ontem.

O homem é triste e está a transformar o Benfica numa equipa triste.

Prefiro um Benfica a perder, mas com alegria, do que este Benfica cinzento.

Não há por aí alguém com paciência para iniciar uma petição para despedir mais este engenheiro?

Estou farto de engenheiros, caramba!

“Bones” – 1ª série

ossos1.jpgUma variante dos “CSI”, que também se vê com agrado, apesar da infalibilidade da equipa de cientistas parecer ser excessiva.

A parelha principal faz lembrar, com as devidas diferenças, o par do velho “Modelo e Detective”. Ele sente-se atraído por ela, mas faz de conta que não; ela, aparentemente, não lhe liga pevide.

Todos os cadáveres estão devidamente irreconhecíveis, o que permite í  equipa de cientistas, um trabalho de reconstrução notável. Todos são verdadeiros “geeks”, desde Zack, o mas novo que, aparentemente, ainda é virgem, até í‚ngela, que inventou um software capaz de transformar um pedaço do parietal no Sr. Smith, casado, pai de dois filhos e desaparecido num incêndio que consumiu todo o seu corpo. E ainda há o outro, de barba í  intelectual de esquerda, que é adepto da teoria da conspiração, para além do director do Instituto Jeffersonian, um negro com ar afectado e sotaque britânico.

Ao contrário dos “CSI”, que se centram mais nos crimes propriamente ditos, os episódios de “Bones” perderiam metade do interesse se não existissem as interacções entre as diversas personagens: a Dra. Temperance Brennan ignora a psicologia, não tem televisão em casa e apenas acredita na ciência pura; o agente Booth é um pouco tosco, mas tenta disfarçar isso com muito boa vontade. Ambos têm histórias pessoais complexas e que dão matéria para inúmeros episódios e várias séries.

Bom entretenimento, sem demasiado esforço.

“O Bode Expiatório”, de DBC Pierre

bodeexpiatorio.jpgO título original é “Vernon God Little”. Tem um subtítulo, em português: “Uma farsa do século XXI, em presença da morte”

Ganhou o Booker Prize e o Whitbread Award, em 2003.

E foi apenas por isso que me sacrifiquei a ler o livro até ao fim, sempre í  espera, em vão, de uma qualquer revelação.

O livro está dividido em três actos. O primeiro acto chama-se “Houve merda”, e esta palavra surge inúmeras vezes, ao longo de todo o texto.

Vernon Little é um jovem de 17 anos, que vive numa pequena cidade do Texas, chamada Martírio. Parece que aconteceu uma daquelas tragédias semelhantes a Columbine. Um, ou mais, alunos da escola local, assassinou um número indeterminado de colegas e, em seguida, talvez se tenha suicidado.

Little é um dos suspeitos. O outro, chama-se Jesus e suicidou-se mesmo.

O presidente do júri do Booker Prize, John Carey, terá dito que esta é “uma fulgurante comédia negra que reflecte o nosso temor, mas também o nosso fascínio pela América moderna”.

Talvez.

Eu acho que é um texto desgarrado, uma caricatura demasiado grosseira da América dos reallity shows, tão grosseira que transforma um fenómeno sério (a atracção pelas armas e as chacinas nas escolas) numa anedota de gosto duvidoso.

As bolas de Berlim não passarão!

Portugal está ameaçado.

Estranhas organizações estrangeiras querem corromper o nosso povo. Ínvias coligações brasileiro-marroquino-búlgaras querem envenenar-nos.

Felizmente, temos a ASAE!

Com o apoio da Marinha, GNR e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, os garbosos ASAE apreenderam, em Albufeira, quatro mil bolas de Berlim, impróprias para consumo. Um grupo tenebroso de emigrantes ilegais, provenientes de Marrocos, Bulgária e Brasil, preparavam-se para as introduzir no mercado nacional, provocando caganeiras monumentais aos veraneantes algarvios.

Mas podemos dormir descansados.

A ASAE e seus aliados velam por nós.

As bolas de Berlim não passarão!

Aquele sacana

A família é a base da sociedade organizada.

É bom ver uma família novamente reunida.

Em 2005, Jardim vociferou contra os emigrantes chineses que, na Madeira, estariam a fazer má vizinhança ao pequeno comércio local. Marques Mendes não gostou dessas afirmações e disse-o publicamente. Jardim ripostou, dizendo que Mendes não seria bem-vindo, na festa do Chão da Lagoa. Mendes não foi.

No ano seguinte, Mendes também não foi e Jardim disse que o líder do PSD lhe era indiferente.

Mas eis que, este ano, Jardim e Mendes se reconciliaram e o actual presidente do maior partido da oposição lá apareceu na festa madeirense, pouco depois de Jardim se recusar a aceitar uma lei da República, sufragada em referendo, aprovada pela Assembleia da República e confirmada pelo Presidente Cavaco.

Claro que isto não tem nada a ver com o facto de, em Setembro, se realizarem eleições para presidente do PSD e de cerca de um terço dos votos serem de militantes da Madeira.

É uma mera coincidência.

Mendes adorou ir í  festa de Chão da Lagoa. Chamou a Jardim o “vosso, nosso grande líder”. E Jardim ripostou, perguntando: “onde se meteu aquele sacana?”

Aquele sacana continuará a ser, pelos vistos, o presidente do PSD e candidato a primeiro-ministro, para suceder ao arrogante Sócrates.

Quanto a nós, resta-nos escolher entre um arrogante e um sacana…

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