Obama – a desilusão

Assisti, em directo, pela televisão, í  tomada de posse do nosso novo presidente.

E fiquei triste e desiludido e revoltado e verdadeiramente zangado com ele.

Então, depois de tudo o que fizemos por ele, de todo o apoio que lhe demos, o Obama nem por uma vez se referiu a Portugal no seu discurso de tomada de posse!

Ingrato!

House – 4ª série

—Mais uma série em declínio, com muita pena minha.

Má opção, a dos responsáveis da série, ao acabarem com a equipa de três médicos que apoiava House. A tensão entre os seus elementos era um dos atractivos da série.

Metade dos episódios desta 4ª série é passada numa espécie de concurso, graças ao qual House vai escolher os seus novos colaboradores – e a coisa roça o absurdo, uma vez que House e os candidatos ao lugar, fazem experiências com os doentes, como se fossem cobaias. E isto poderia ser interessante, se House fosse cáustico, amargo, misógino, como nas três séries anteriores. Em vez disso, House quase parece patético e adopta um tom de comédia, que não fica nada bem neste tipo de série.

A segunda parte da série quase se safa, mas depois, os dois últimos episódios são novamente tão inverosímeis, que até irrita.

Nas três séries anteriores, os casos clínicos tinham pouca importância. O que importava era o mau feitio de House e o modo como ele (não) se relacionava com a sua equipa, com o oncologista Wilson e com a directora do hospital. Nesta série, os casos clínicos não interessam mesmo nada – ou é sarcoidose, ou lupus, ou amiloidose ou outra coisa qualquer, e isso tem pouca importância, desde que se possa fazer uma ressonância ou espetar uma agulha no cérebro para fazer uma biópsia.

Espero que a 5ª série retome a dinâmica das três primeiras, caso contrário, acabou-se o House.

De Évora a Mértola e voltar

Évora nunca cansa.

Sabe sempre bem passear pelas ruas estreitas, de paralelepípedos, entrar no frio das igrejas, contornar as muralhas.

A Pousada dos Lóios, apesar do preço, pode ser uma boa base para explorar a cidade e ir mais ao sul.

Mas antes, passar por Mora para ver o excelente Fluviário, único da Península Ibérica e que é uma grande ideia da Câmara Municipal.

O Fluviário recria um rio, desde a nascente até í  foz, com as várias espécies de peixes, batráquios e outros animais que não sabem viver sem a água de um rio.

Numa sala í  parte, alguns aquários com espécies exóticas, do Amazonas e de ífrica.

Na imagem, o esturjão – um peixe famoso pelas suas ovas e que nunca tinha visto ao vivo. E não é que o esturjão é branco?!

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Já em Évora, rever o templo de Diana, que muda de cor conforme o sol, a Catedral, cuja visita é paga, a Praça do Giraldo, onde comemos castanhas assadas,  a Messe dos Oficiais, onde agonizei durante um ano, as Portas de Moura, as janelas com cortinas de rendinhas, os velhotes de boné a galarem as jovens estudantes e lojas do chinês por todo o lado.

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Depois, rumar a Mértola.

Graças ao trabalho de Cláudio Torres e da sua equipa, as diversas camadas de Mértola estão bem preservadas, desde os tempos romanos de Myrtilis e islâmicos de Martulah.

A igreja, que foi mesquita. O castelo. A Torre do rio. O Guadiana, muito castanho, correndo lá em baixo.

Pena alguns edifícios mais modernaços, pintados de amarelo, a estragar o cenário branco das casas caiadas.

Comer migas numa tasca chamada assim mesmo: Migas.

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Passar por Serpa, na margem esquerda do Guadiana.

Mais uma vila antiga, com uma cerca mandada construir por D. Dinis. A igreja matriz também tem dedo islâmico. A Torre do Relógio e mais um castelo.

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E Moura que, como o nome indica, não esconde a influência árabe, nomeadamente, na igreja matriz.

O castelo está em mau estado, safando-se a Torre, por pouco.

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De regresso a Évora, dar um pulo ao Cromeleque dos Almendres, apesar da chuva.

São 4 km de estrada de terra batida, mas vale a pena ver este conjunto de 95 menires, dispostos em círculo.

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Cuidado com as católicas!

O cardeal Patriarca avisou as raparigas católicas: cuidado com os muçulmanos; casamento com muçulmano é fonte de muitos aborrecimentos.

Em resposta, o Imã Ali Kadhnefi afirmou: “cuidado com as católicas! Gostam muito de pecar e depois dizem que a culpa é dos homens!”

E acrescentou: “elas gostam de fazer porcarias com o sexo e não se ralam porque, depois, vão í  confissão e o padre absolve-as, se elas lhe fizerem sexo oral!”

Está a ver, sr. Cardeal Patriarca?… O senhor é que diz as asneiras e depois as nossas mulheres é que são enxovalhadas.

“O Eco da Memória”, de Richard Powers

—Segundo o New York Times, citado na capa deste livro, Richard Powers «é um génio da literatura moderna. Brilhante e admiravelmente original».

Não sei se será um génio mas, quanto í  originalidade tenho mesmo muitas dúvidas.

A personagem central do livro é um neurologista que, nos últimos anos se tem dedicado a escrever livros em que conta as histórias de doentes neurológicos, daqueles que se esquecem que têm o lado direito do corpo, ou que alucinam vendo crianças, quando olham para a esquerda de um certo modo, ou que esquecem o nome só de certos objectos.

Ora é exactamente isto que Oliver Sacks, por exemplo, faz há muito tempo, nomeadamente no seu livro “O Homem que Confundiu a Mulher com o Chapéu” (1985), ou até mesmo António Damásio, com o seu “O Erro de Descartes”, embora, neste caso, sem a parte ficcional.

Em “O Eco da Memória”, um rapaz do Nebrasca, sofre um grave acidente de viação e entra em coma. Quando recupera, embora não saiba muito bem o que lhe aconteceu, recorda-se de quase tudo, mas é incapaz de reconhecer a irmã e a cadela. É o sindroma de Capgras.

O neurologista é chamado para dar a sua opinião técnica, mas sente-se irresistivelmente atraído por uma ajudante de enfermagem do hospital onde o rapaz está internado. Apesar de ter um casamento longo e bem sucedido, começa a duvidar de si próprio, como homem, como marido e até como médico. Afinal, ele serve-se das desgraças dos outros para fazer fortuna, contando as suas histórias.

Em pano de fundo, o livro vai-nos descrevendo as danças de acasalamento dos grous que, todos os anos, se instalam naquela zona dos Estados Unidos.

Assim, o livro pareceu-me interessante mas não «sem qualquer paralelo entre os nossos romancistas de primeira linha na forma como consegue ligar as novas ambiguidades científicas com as antigas relatividades do coração», como também diz o New York Times.

Até já as ávores matam homens!

Quando surgiu o Correio da Manhã, a malta dizia que se amarrotava o jornal e saía sangue, tal era a quantidade de notícias sobre crimes e derivados.

Depois, surgiu o jornal O Crime e outros semelhantes, como, mais recentemente, o 24 Horas.

Mas o Diário de Notícias é um clássico. Sempre.

Desde os tempos de El Rei D. Luis.

Pois é, o DN existe desde 1864!

Então, tomem lá com alguns títulos do DN de ontem.

«Gaia: Roubaram tabaco armados com caçadeiras e uma metralhadora»; «Assaltos a caixas multibanco aumentaram»; «Ovar: Detido gangue da pistola prateada»; «Valongo: Duo armado rouba mulher que seguia a pé na rua»; «Amarante: Ladrões de casa detidos»; «Tomar: Trabalhador ferido em queda»; «Marinha Grande: Carro roubado na praia»; «Caldas da Rainha: írvore mata homem» (tudo na página 21).

«Coimbra: Detido homem que estará ligado ao tiroteio no Bairro do Ingote»; «Vila Flor: Pai e filho tentaram matar vizinho a tiro»; «Oliveira do Bairro: Detido terceiro suspeito de roubo a donos de restaurante»; «Lourinhã: Amarraram condutor e fugiram com o tabaco»; «Albergaria: Rapaz incendiava autocarros para se exibir aos amigos» (tudo na página 22).

«Covilhã: Homem de 77 anos mata companheira de 82»; «Setúbal: Agente da PSP apanhou ladrão a assaltar o seu carro»; «Vouzela: Bombas roubadas com faca» (página 23).

«Porto: Metade da cidade tem medo de sair í  rua í  noite»; «Coimbra: Carro ardeu e obrigou a evacuar prédio»; «Abrantes: Homem morreu em despiste de tractor»; «Lourosa: Marroquinos baleados» (página 25).

Este país está a saque!

Até já as ávores matam homens!

Pelo menos, nas Caldas da Rainha…

Frio como a água do rio

Está um frio do caraças!

Basta ver o Telejornal…

Eu sou do tempo em que um gajo ia í  janela ver como estava o tempo.

Agora, não. Agora, vê-se o Telejornal e se eles disserem que está frio, a gente tem que tiritar. Ouvimos atentamente conselhos altamente especializados como: quando está mais frio deve vestir-se mais roupa.

E eu que pensei que o frio enrijava os ossos, embora sempre tenha ouvido dizer que, se tiver frio, me devo enrolar na capa do meu tio.

Mas agora há os alertas coloridos.

Se estiver amarelo, visto uma camisola. Se estiver laranja, visto duas. Se estiver vermelho, mais vale não sair de casa.

Que seria de nós sem o Telejornal para nos dizer o que fazer!

Senhoras e senhores, está um barbeiros dos antigos, um briol do carago. Toca a tremer de frio!

Aqui estou, então, fechado em casa, estores em baixo, televisão acesa, í  espera que me digam o que devo vestir, o que devo comer, o que devo beber.

E penso que só vou sair daqui quando anunciarem uma vaga de calor…

“Beat”, dos King Crimson

—Em 1982, os King Crimson eram, para além do eterno Robert Fripp (guitarra, órgão e frippertronics), Adrian Belew (guitarra e voz), Tony Levin (baixo e voz) e Bill Bruford (percussão).

São apenas 8 temas e o último é uma seca de guitarra, chamado “Requiem” e que é daqueles temas que algumas bandas, do rock dito “progressivo”, gostavam de gravar, para encher o vinil (deve haver por ai algum fã que ainda me bate!…)

De resto, este álbum vem na esteira do anterior “Discipline” (1981) e é muito semelhante mas, na minha opinião, perde.