Uma campanha alérgica

Começou a campanha eleitoral para a presidência da República e, pela primeira vez, não sei sinceramente em quem votar.

Não gosto do psicólogo que dá aulas de encorajamento ou lá o que é; tem uns óculos de massa muito feios e os incisivos muito afastados.

O senhor que abandonou os debates e se recusou a participar, merece a minha simpatia por isso; foi menos um chato que tivemos que aturar, mas acho que tem um abdómen demasiado proeminente para presidente. Ficava mal nas fotos oficiais.

Aquele rapazinho que trouxe as assinaturas num cabaz é apalhaçado e nunca gostei de palhaços.

O Neto tem idade para ser avô.

O Morais diz que é limpinho mas não gosto do penteado e algo me diz que ali há gato escondido.

O ex-padre é a contradição em pessoa: católico e comunista? Se a religião continua a ser o ópio do povo, o comunismo será a naloxona?

A Marisa tem boa voz para o fado, não para discursar no 10 de Junho.

A de Belém é muito pequena; mal chegaria ao microfone das Nações Unidas, quando o secretário-geral da ONU, António Guterres, a convidasse para discursar.

O Nóvoa tem um nome bom demais para trocadilhos e ninguém sabe onde estava no 25 de Abril, 28 de Setembro, 11 de Março e 25 de Novembro, da parte da tarde.

Finalmente, o candidato que é como a pescada, que antes de o ser já o era, é um fiasco. Afinal, depois de décadas de comentário político, não tem opinião sobre nada.

Pensando bem, deve ser por isso que vai ganhar as eleições.

Cavaco, qual eucalipto, que tudo seca à sua volta, até a Presidência da República secou!

Votem Marcelo e ide para o Purgatório!

Marcelo Rebello de Sousa é o novo presidente da República.

As eleições são desnecessárias.

A edição de hoje do DN, publica uma entrevista com o candidato-praticamente-eleito.

E o homem diz coisas lindas.

Primeira coisa linda:

«Um sítio onde é sensacional rezar o terço é a nadar no mar»

Que ternura católica!

Nunca me passaria pela cabeça rezar a nadar o terço.

Sobretudo porque não sei fazer uma coisa nem outra!

Será que o futuro presidente Marcelo, quando nada, reza o terço para que não se afogue?

Seria mais avisado não ir sequer nadar!

Pode acontecer deus estar distraído e, apesar do nadador rezar com muito fervor, ir ao fundo na mesma!

Segunda coisa linda:

«Acredito no Purgatório, há uma punição por aquilo que é o saldo negativo do haver-dever»

Um presidente que acredita no Purgatório – e, por extensão, no Céu e no Inferno!

Pensei que já não havia disto!

Acredito que o próprio Papa Francisco já nem acredita nessas tretas!…

Mas Marcelo acredita.

O homem acredita que há uma punição pelo saldo negativo do haver-dever?

Porra: então não é suficiente ter tido o Cavaco dez anos como Presidente e depois levar com o Marcelo?

Para que raio precisamos nós do Purgatório?!

Quem quer um presidente surdo?

Parece que não vai ser preciso realizar eleições presidenciais: Marcelo já ganhou!

O homem nem precisa de fazer cartazes, autocolantes, bonés ou t-shirts.

Basta sentar-se num sofá na Faculdade de Direito de Lisboa e esperar que os jornalistas lhe façam perguntas.

E ele responde, tranquilo, já em pose de presidente: estará atento, fará tudo para, procurará consensos, não hostilizará, representará o sentir dos portugueses, será o presidente de todos nós.

Para quê fazer eleições, gastar todo aquele dinheiro em boletins de voto, urnas e mais não sei o quê?

Durante anos, o professor andou a ganhar fortunas a dar palpites, saltando da TSF para as várias estações de televisão, preparando o terreno para, quando chegasse a altura, dar o passo em frente e ser aclamado.

Mas estamos perante um drama: Marcelo acabou de fazer 67 anos e confessou que ouve melhor do ouvido esquerdo que do direito (confirmar aqui).

Não tarda nada, está tão totó como o Cavaco!…

marcelo ouvido

Onomatopeias presidenciais

Tudo começou com o PAF – sigla de Portugal à Frente.

pafQuando os cérebros do PSD e do CDS se lembraram de cunhar a sua coligação com esta sigla, todos nos lembrámos do Astérix e do Obélix a dar estaladas nos romanos – e era impossível não pensar que Passos e Portas estavam, de certo modo, a dar-nos umas estaladinhas na cara, como quem dizia “ainda não estás farto de austeridade, meu tolo? Toma lá mais uma! PAF! PAF!”.

O PAF passou à história, já que vencendo, perdeu as eleições, mas chegou agora o SNAP.

snapSNAP é a sigla de Sampaio da Nóvoa à Presidência.

Assim, como um estalar dos dedos, entrámos na era das onomatopeias eleitorais.

O professor universitário e o seu director de campanha deviam estar os dois muito ralados, sem saberem como dar a volta às sondagens, cada vez mais desfavoráveis, até que tiveram esta ideia brilhante.

Ainda pensaram em CROINK ou ZUNK, mas acabaram por se decidir por SNAP!

Agora, são os outro candidatos que estão à nora.

Que onomatopeia escolher?

Maria de Belém à Presidência daria MBAP, que é difícil de pronunciar.

Também Marcelo Rebelo de Sousa a Belém, seria MRSB. Muito mau!

165932025Mas temos muitas à escolha.

Por exemplo, para a candidatura de Maria de Belém, poderíamos escolher BANG – Belém A Nossa Garina, e Marcelo poderia escolher BAM – Bora Anda Marcelo!

Aquele velhote simpático, que se chama Henrique Neto, podia escolher CRUNCH porque soa bem.

Assim, no boletim de voto, figurariam as candidaturas de BAM, BANG, SNAP e CRUNCH.

Seria bem divertido, sobretudo depois do triste Cavaco ter feito KABOOM!

Marcelo – O treinador de bancada

Marcelo Rebelo de Sousa é o típico treinador de bancada.

Desde 1980 que manda bitaites sem praticamente ir a jogo.

Começou no Expresso, continuou no defunto Semanário, passou para a TSF, continuou na RTP e assentou arraiais na TVI – como bom católico, fazia o seu sermão dominical.

E tinha acólitos certos e paróquia garantida.

Se o Professor Marcelo diz, é porque é verdade – mesmo quando ele endrominou o super-esperto Portas, com a história do jantar com vychissoise.

Como o verdadeiro treinador de bancada, Marcelo apregoa tácticas, garante estratégias mas, quando esteve no terreno, só teve derrotas.

Católico devoto, Marcelo vive em pecado com a namorada, depois de se divorciar da sua mulher. Claro que vai para o Inferno quando morrer!

Do seu currículo, para além dos sermões dominicais, destaca-se a presidência da Assembleia Municipal de Celorico de Basto.

E agora, quer ser presidente de todos os portugueses.

Não contes comigo, pá…

marcelo dívida

Rio de aço

Aqueles que pensavam que Rui Rio era de ferro, foram agora desenganados por um psiquiatra.

Se Rio fosse de ferro, enferrujava.

Rio é de aço.

Pelo menos é o que diz Carlos Mota Cardoso, psiquiatra e amigo do ex-presidente da Câmara do Porto.

E como deve ter achado que dizê-lo era pouco, o psiquiatra escreveu um livro, a que deu o título elucidativo de “Raízes d’Aço”, assim mesmo, com apóstrofo e tudo!

Segundo o Expresso, “ao longo de 300 páginas, Mota Cardoso traça um perfil psicológico do ex-autarca e potencial candidato presidencial, pessoa de quem é amigo há muitos anos e de quem se propôs traçar «um retrato intimista»”

A primeira coisa que nos espanta é logo esta: como é possível escrever 300 páginas sobre Rui Rio?

A segunda coisa espantosa é o psiquiatra querer traçar um «retrato intimista» do amigo. Porquê? Que força interior o impeliu a tamanho acto? Que tem RR de especial que mereça que alguém, mesmo um psiquiatra, perca tempo a traçar-lhe seja o que for?

Diz o psi: «recebi o convite de uma editora, falei com o dr. Rui Rio, ele confia em mim, sabe que eu o conheço, não no plano médico mas como amigo, e não se opôs».

Ó senhor doutor: o senhor quer que a gente acredite que há uma editora que, de repente, se lembrou de lhe pedir para escrever um livro sobre o Rui Rio?

O editor estava em casa, preocupado porque a sua editora há muito tempo que não tinha um êxito editorial. Em carteira, nenhum grande título, nenhum autor famoso: nada de J. K. Rowling, nenhuma obra nova de E. L. James – que raio havia ele de lançar, de modo a abanar o mercado? Claro: um livro sobre Rui Rio!

E quem o haveria de escrever senão o psiquiatra de Rui Rio, perdão, o amigo de Rui Rio que, por acaso, é psiquiatra – a profissão não tem nada a ver com a amizade, até porque RR não precisa de psiquiatra para nada!

A notícia do Expresso acrescenta ainda este naco delicioso: “ao rever episódios da vida do ex-autarca, o livro vai definindo características de carácter e personalidade do político e isso tem a vantagem de mostrar «a parte da árvore que não se vê»”.

Passando por cima do português da notícia (“características de carácter”…), percebemos a razão do título do livro, “Raízes de Aço”: Rui afinal não é um rio, é um árvore – um árvore com raízes bem fortes, de aço, mas o que a gente vê é o tronco; se quisermos ver a outra parte, as tais raízes de aço, teremos que ler o livro, ou, melhor ainda, votar em RR para a presidência da República.

Mal posso esperar por ler este livro! Estou desejoso de conhecer “episódios da vida” de Rui Rio, caramba!

 

Quem é Sampaio da Nóvoa?

Andam os socialistas muito preocupados com a candidatura à presidência da República de Sampaio da Nóvoa.

Quem é, afinal, este homem?

Será ele o D. Sebastião que regressa entre o nevoeiro?

Da Nóvoa ou da Névoa?

Um Presidente Sampaio não será suficiente para um país pequeno como o nosso – embora o outro fosse Jorge e este seja da Nóvoa?

Sampaio diz que “não quer nada mas está disposto a tudo”.

A tudo? Mesmo a tudo?

Isso não pode ser perigoso para um homem de 60 anos?

E no entanto, tem bons padrinhos.

Alegre e Soares, esses jovens e promissores quadros do PS, já disseram que apoiam da Nóvoa.

Marcelo Rebelo de Sousa, outro protocandidato, diz que Sampaio “cobre toda a esquerda”.

Toda a esquerda?

Cobre o PCP, os Verdes, o Agir, o Bloco, o MAS, o LIVRE, mesmo o MRPP?

E cobre como?

Em sentido figurado ou cobre mesmo?

Não será esforço de mais para um homem de 60 anos?

Mas ficamos na dúvida: alguém conseguirá ultrapassar o nosso grande e brilhante Cavaco?

Acho que nem paio, nem nóvoa!

Cavaco forever!

Finalmente, Cavaco Silva fez-nos o favor de traçar o perfil do seu sucessor (confirmar aqui).

Ficamos assim a saber que, quem quiser suceder a Cavaco como presidente dos portugueses:

a) Não deve ter e muito menos emitir opiniões pessoais sobre:

– Falcatruas, desfalques, roubos ou qualquer outro fenómeno relacionado com bancos como o BPN, BPP, BES ou qualquer outro, nacional ou estrangeiro, pequeno ou grande;

– Prisão de anteriores primeiros-ministros, secretários de Estado, subsecretários ou mesmo directores-gerais;

– Burlas com vistos gold, silver ou mesmo latão;

– Fugas ao fisco ou a Segurança Social perpetradas por actuais ou antigos primeiros-ministros;

– Luvas obtidas com negócios que envolvam submarinos, blindados, tanques de guerra ou mesmo tanques de lavar roupa;

b) Por outro lado, o futuro presidente deve ter larga experiência em política externa e, tal como Cavaco:

– Exercer intensa actividade diplomática na guerra da Ucrânia;

– Trabalhar para a reunificação das Coreias;

– Continuar o esforço para o combate ao terrorismo, nomeadamente no que respeita ao Estado Islâmico;

– Mediar os conflitos no Mali, Sara Ocidental, Eritreia e Iémen;

– Manter na ordem o eixo franco-germano.

Em resumo: quem melhor que o próprio Cavaco pode suceder-lhe?

Sendo assim, é urgente propor um referendo nacional que permita mudar a Constituição, permitindo que Cavaco tenha um terceiro mandato!

O pirilampo mágico

O pirilampo mágico é um boneco de peluche que há mais de 25 anos se vende para angariar fundos que são, depois, canalizados para as CERCI.

Objectivo meritório. Nada a dizer. Quase todos os anos contribuo.

Mas ao ver a Sra. D. Maria Cavaco Silva associada ao lançamento da campanha deste ano do pirilampo mágico, não resisto a associar o boneco de peluche ao nosso presidente da República.

Cavaco Silva é, com efeito, um verdadeiro pirilampo mágico!

Primeiro ministro durante 10 anos e presidente da República durante outra década, Silva conseguiu passar entre os pingos da chuva e ser eleito e reeleito como se não tivesse nada a ver com porra nenhuma.

Se isto não é digno de um pirilampo mágico!…

maria cavaco pirilampo

 

A importância de se chamar Rajaonarimampianina

Para se ser chefe de Estado, há que ter um nome sólido.

Ninguém guarda respeito a um presidente chamado Zé ou Xico.

Mesmo Cavaco é um nome fraco (Ó Cavaco, não caias no buraco!).

Mas há nomes piores: a República Centro-Africana, que já teve um imperador chamado Bokassa, tem agora uma presidente, de seu nome, Samba-Panza.

Quem, naquele país anárquico, pode respeitar uma mulher com nome de música popular brasileira?

É por essas e outras que Madagascar não vai em cantigas e escolheu para Presidente Hery Rajaonarimampianina, em vez do anterior chefe de Estado, Marc Ravalomanana.

Faz toda a diferença!

Enquanto, antes, os habitantes de Madagascar gozavam com o Presidente, gritando: ó Ravalomanana, queres uma banana?… Com o novo Presidente, vão dizer o quê?… Rajaonarimampianina, pareces uma menina?

Não se atrevem, até porque o Raja…não sei quantos, parece tudo menos uma menina.

Madagascar rules!