Afinal, não somos um país de merda?

Todos os dias há uma surpresa.

Ontem, descobri que era rico.

Hoje descobri que, afinal, Portugal não é um país de merda!

Soube-se hoje que Sílvio Berlusconi, falando ao telefone com um amigo, disse:

«Daqui a uns meses vou-me embora… Vou-me embora deste país de merda que me dá náuseas!»

Portanto, afinal, Itália é que é um país de merda!

Portugal… nem isso…

Serviço Nacional de Escutas

O DN trás, hoje, na primeira página, as fotos tipo-passe de 16 “personalidades” que afirmam recear que os seus telefones estejam sob escuta.

“Personalidades” tão diversas como António Capucho, Honório Novo, Mário Cláudio, Marinho e Pinto e António José Seguro.

Todos dizem evitar falar de assuntos sérios ao telemóvel.

Só contam anedotas, pelos vistos…

Vem isto tudo a propósito de os Serviços Secretos portugueses terem andado a escutar o telemóvel de um jornalista do Público.

O simples facto de existirem uns Serviço Secretos portugueses já dá vontade de rir… mas enfim… adiante.

Parece-me normal que, existindo um serviço secreto, os seus membros devam respeitar esse secretismo. Não me parece correcto que venham cá para fora, para os amigos e as namoradas, contar segredos do Cavaco ou do Sócrates, ou do Passos Coelho, por exemplo.

Ora se, de repente, começam a aparecer, escarrapachadas no Público, coisas que supostamente deviam ser secretas, é porque alguém lá de dentro está a bufar cá para fora.

Digam lá se não é obrigação dos Serviços Secretos descobrir o bufo?

Imaginem que estávamos em guerra e que o bufo dos Serviços Secretos passava ao jornalista informações cruciais sobre a Defesa do Estado?

Nesse caso, já seria aceitável montar uma escuta para descobrir o bufo?

Ou será que isto só é aceitável nos filmes do James Bond?

Agora, há por aí um coro de virgens envergonhadas porque os Serviços Secretos violaram a liberdade de imprensa!

Pois claro que violaram!

É para isso que eles servem!

Ou não?

 

Disfunção sexual

Carlos Abreu Amorim (quem?!) é o liberal mais incompreendido de Portugal.

Várias crónicas liberais depois, aceitou ser deputado pelo PSD e até vice-presidente da bancada parlamentar do partido que tem “social-democrata” no nome. Onde está o liberalismo, ó Abreu?

O ódio de Abreu por Sócrates é de tal magnitude que faz suspeitar que há mais qualquer coisa por trás desse ódio, para além do antagonismo ideológico.

Por outro lado, o súbito (?) amor pelo PSD também não deixa de ser esquisito. Como é possível que um liberal aceite fazer o frete a um dos partidos que mais mamou, e mama, na teta do Estado?…

Ora bem… a criatura dá uma entrevista ao Sol, edição de hoje.

E diz coisas.

Por exemplo, esta: «Alberto João Jardim (…) é responsável por uma obra extraordinária, é muito injustiçado. Jardim é a personagem política contra quem se fizeram as campanhas mais ferozes em Portugal».

Tão querido é este Abreu…

Mas a afirmação mais formidável é a que segue.

Questionado sobre o facto de ser contraditório um liberal apoiar um governo que aumenta impostos, Abreu diz:

—Â«É cedo para balanços. Neste campo, como em geral, tento evitar a ejaculação precoce.»

Notem: ele tenta evitar – o que quer dizer que nem sempre consegue.

Pois olha, Abreu: se tens o pavio curto, já existe um medicamento, chamado Dapoxetina, que te pode prolongar a coisa.

A Dapoxetina (nome comercial, Priligy), apresenta-se em embalagens de 3 e 6 comprimidos.

Tomas um comprimido uma a três horas antes e vais-te aguentar mais tempo.

Acaba-se a ejaculação precoce!

O problema é o preço, pá!

Seis comprimidos de Priligy custam cerca de 60 euros!

Vê lá se metes uma cunha ao teu amigo Paulo Macedo, o da Saúde. Pode ser que o gajo faça descontos para liberais…

O muro

Ontem, a RTP e a SIC proporcionaram-nos reportagens formidáveis, directamente da Líbia (se calhar, a TVI também, mas eu não vejo a TVI por uma questão de princípio)

—Bem, eu não tenho a certeza se aquilo era mesmo na Líbia, mas parece que sim. Os jornalistas estavam mesmo na Líbia, mais precisamente, em Tripoli.

Mais precisamente, num hotel da capital líbia, cheio de jornalistas.

Mais precisamente, atrás de um muro.

E o muro foi a estrela das reportagens.

Na RTP, Paulo Dentinho, deitado no chão, atrás do tal muro, falava para o microfone e tinha um telemóvel na outra mão. Ao fundo, ouviam-se estampidos.

Na SIC, Cândida Pinto, deitada no chão, atrás do mesmo muro, fazia a mesma figura.

Os tais estampidos eram, supostamente, tiros.

Os repórteres, com ar de quem está com cólicas abdominais, iam descrevendo o óbvio: estamos aqui, o hotel é ali, ouvem-se tiros… tudo afirmações definitivas.

Do lado de cá, um José Rodrigues dos Santos, aos gritos, e um Rodrigo Guedes de Carvalho, aos berros, tentavam sacar mais informações dos seus colegas. Mas eles limitavam-se a debitar vulgaridades.

Os repórteres como sujeitos da notícia.

A notícia deixou de ser a guerra civil líbia e passou a ser o repórter, deitado no chão, atrás de um muro…

No mínimo, ridículo.

4 anos sem fumar

Sempre tiver queda para colecionador, ou dito de modo mais correcto, queda para ajuntador.

Juntei garrafas de gin (vazias, claro), selos, caixas e carteiras de fósforos (cheguei a ser filuminista associado), postais ilustrados, mortalhas para cigarros, envelopes timbrados, rótulos de bebidas, relógios de propaganda, canetas publicitárias, moedas e notas, tinteiros… e latas de bebidas, a única colecção que ainda persiste, com mais de duas mil latas acumuladas, ali, numa salinha dos fundos e que está para ser extinta há anos.

E também coleccionei embalagens de cigarros. Ainda tenho algumas dessas embalagens espalmadas e coladas num álbum de recordações: SG filtro, gigante e ventil, Kart (quilómetros de prazer, dizia o slogan publicitário…), Sintra, Porto, CT, Definitivos, Provisórios, Três Vintes, Português Suave.

—Experimentei de tudo.

Comecei aos 15 anos, quando frequentava o liceu Camões, secção do Areeiro. Comprava cigarros avulso, SG filtro (embalagem amarela em cima, e com listas azuis em baixo), numa drogaria por trás do Liceu, a mesma onde comprávamos as bolas de plástico com que jogávamos desafios épicos, nas traseiras do cinema Roma.

Nessa altura, devia fumar 5 ou 6 cigarros por dia. A dose foi aumentando até aos 15-16 diários e assim se manteve, com poucas flutuações. Só a marca foi mudando, fixando-se no Marlboro light, nos últimos anos.

Calculo que deva ter fumado mais de 140 mil cigarros, mas no dia 20 de Agosto de 2007 fumei o último (e a Mila também, claro…)

E nunca mais!

De quando em vez, ainda sonho que estou a fumar e fico perplexo, porque tenho a noção, mesmo a dormir, de que já deixei de fumar. Nesse caso, como é possível que esteja a fumar? Claro que tudo se desculpa porque é um sonho…

Mas já há muito tempo que não sinto, conscientemente, necessidade de um cigarro.

Aliás, ao pensar na possibilidade de fumar um cigarro, sinto uma espécie de náusea.

Parabéns para nós!