A solução

A cidade japonesa de Izumisano está falida e tem uma dívida de cem mil milhões de ienes.

Como não tem modo de pagar essa enormidade, a Câmara decidiu vender o nome da cidade. Assim, quem decidir avançar com a massa para pagar a dívida da cidade, pode dar o seu nome í  mesma cidade.

Ora aqui está uma excelente ideia!

Aproveitando a visita da Merkel, o Passos Coelho podia convencê-la a comprar o nome do nosso país, a troco da nossa dívida soberana.

Merkolândia era um bom nome.

E matávamos 2 coelhos com um cajadada: a dívida soberana e a refundação do Estado, com nome novo e tudo.

Aliás, matávamos 3 coelhos, porque o Passos não resistiria a isto…

Afinal é revisitar, não é refundar!

A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, não gosta do termo refundar.

Nisso estamos de acordo.

Diz a senhora que prefere a expressão “revisitar as funções sociais do Estado“.

E confirmou que os cortes na Justiça, Administração Interna e Defesa, serão de 500 milhões.

Parece, portanto, confirmar-se o que se diz por aí: o governo, com a prestimosa ajuda dos técnicos do FMI, prepara-se para cortar os tais 500 milhões e mais 3500 milhões na Saúde, na Segurança Social e na Educação.

Depois dessas reformas concluídas, a ministra Paula já não poderá “revisitar as funções sociais do Estado”, pela simples razão de que não restará nenhuma!

“Skyfall”, de Sam Mendes

Só em 1981 vi o meu primeiro 007. Foi o For Your Eyes Only, com o Roger Moore, no S. Jorge.

—Antes disso, achava que os filmes do 007 eram mais um produto da decadência da sociedade burguesa, que eram uma patetice pegada, inverosímeis e inúteis.

E não é que são mesmo?

E não é que, por serem isso mesmo, os filmes do 007 são bem divertidos?

Depois daquele meu primeiro 007, vi todos os que ficaram para trás, graças ao dvd, e fui ao cinema ver todos os que vieram depois.

Digamos que é assim uma espécie de tradição, como ir í  Feira do Livro – um tipo pode não comprar livro nenhum, mas acha piada ao passeio.

Gosto deste 007 interpretado pelo Daniel Craig. É duro í  brava, machão quanto baste, raramente sorri, fala pouco e é mais humano, no sentido de que até chora!

E também gostei deste Skyfall.

A clássica cena de abertura, que é sempre uma perseguição, é bem esgalhada, e a cena final é épica, uma espécie de Home Alone para adultos. O argumento é engenhoso, mas não muito complexo (ninguém quer pensar muito, quando vai ver um 007), e Javier Bardem faz um vilão excelente.

Vale a pena.

Refundidos e mal pagos

—Mas que raio de ideia te trespassou, Passos!

Queres refundar o quê?

Fundar, refundar, fundir, refundir, afundar, transfundir, tresandar, tresmalhar, transmitir, retransimitir, formar, reformar, reformular, reorganizar, enfaralhar, enfarinhar!

Se fosses mas era refundar a tua prima!

Que aconteceu?

Acordaste um dia de manhã e pensaste: tenho que refundar isto!

Foi um tique? Foi um traque? Foi um flic-flac?

Foi o Relvas, foi o Gaspar, qual deles te fez avançar com esta ideia espectacular de querer refundar?

Refundar o memorando? Quando?

Vai refundar o raio que te parta!

A ameaça dos comentadores

Aguiar-Branco discursou perante os militares e insurgiu-se contra “os comentadores de fato cinzento e gravata azul, que têm do Estado e da soberania uma visão contabilística”.

O ministro da Defesa classificou o “discurso da inutilidade das Forças Armadas” como o “maior adversário”.

Disse: “Este adversário é tão corrosivo, tão arriscado e tão perigoso para a segurança nacional como qualquer outra ameaça externa”.

No passado, tememos as investidas de Castela ou as invasões napoleónicas.

Hoje em dia, somos ameaçados por comentadores de fato cinzento e gravata azul.

Ainda bem que temos submarinos, caças e carros de combate para dizimar esses bandidos!

Afinal, este povo não presta

Há bem pouco tempo, depois de nos lixar com mais um enorme aumento de impostos, Vitor Gaspar disse que o povo português é o melhor povo do mundo.

Acontece que anteontem, nas Jornadas Parlamentares do PSD/CDS, disse isto:

“Aparentemente existe um enorme desvio entre aquilo que os portugueses acham que devem ser as funções sociais do Estado e os impostos que estão dispostos a pagar”

Ora, portanto, o melhor povo do mundo, pelos vistos, não está muito interessado em pagar os impostos que o Gaspar quer impor para manter o chamado Estado Social.

O próprio Gaspar está cansado de dizer que não há alternativa a esta política de austeridade.

Portanto, se a troika está certa, se este governo está certo, se Coelho não se engana, se Gaspar não falha – só há uma coisa a fazer: mudar de povo!

Relvas, o da consciência tranquila

Afinal, a façanha de Miguel Relvas foi ainda maior do que pensávamos.

—A criatura, não só fez um curso completo em 365 dias, obtendo equivalência em 32 cadeiras, sem sequer lá por os pés, como conseguiu, ainda, obter aproveitamento em cadeiras que nem sequer existiam!

Segundo uma auditoria agora realizada, Relvas obteve aproveitamento nas cadeiras de Teorias Políticas Contemporâneas II e Língua Portuguesa III e IV, cadeiras essas que nem sequer existiam no ano em que homem se licenciou.

Muita coisa fica explicada, depois desta revelação.

Não tendo frequentado Teorias Políticas Contemporâneas, Relvas não pesca nada da política actual e não tendo, de facto, assistido a aulas de Língua Portuguesa III e IV, não percebe o significado de algumas frases feitas do nosso idioma.

“Consciência tranquila” é uma das frases feitas que o tipo não entende.

É que Relvas afirmou: «não tenho receio de nada, quero que tudo seja apurado, porque, como disse, fiz de acordo com a lei, de consciência tranquila, de boa fé».

Ora, estar de “consciência tranquila”, significa estar em paz consigo próprio. Como pode Relvas estar em paz consigo próprio, ao saber que a Universidade lhe ofereceu cadeiras que nem sequer existiam?

Estás a ver, Relvas? fez-te falta frequentares as cadeiras de Língua Portuguesa, pá!|

 

O que dá prazer a Passos Coelho

Que Passos Coelho era um triste, já a gente tinha percebido.

Agora, que o homem tivesse prazer com coisas estranhas, era algo que desconhecíamos.

Confrontado com a notícia do Expresso, de que a PJ terá escutado telefonemas dele, Passos Coelho disse esta coisa espantosa: «tenho todo o prazer em que essas escutas sejam tornadas públicas».

Eu tenho prazer com um grande cozido í  portuguesa, com um agradável passeio de bicicleta, com uma boa cambalhota, com um copo de cerveja gelada, com a leitura de um bom livro…

O primeiro-ministro tem prazer (todo!) com a divulgação das escutas!

Triste…

—

Vamos morrer gordos!

Passos Coelho é uma inspiração.

De repente, toda a gente começou a fazer humor, graças a ele.

Manuela Ferreira Leite já tinha tentado fazer stand up comedy daquela vez em que propí´s que se suspendesse a democracia por seis meses.

Mas agora, que o seu rival, que ela, no fundo, despreza, chegou a primeiro-ministro, transformou-se numa comediante de alto gabarito, zurzindo no Governo como poucos.

A D. Manuela não acredita na receita da troika e diz que o Orçamento do Gaspar é impossível de cumprir.

Diz não crer que “haja a possibilidade de haver alguém que considere que, na situação presente em que está a economia portuguesa, a situação melhore com o aumento de impostos”.

Diz que “estamos a tentar passar um atestado de estupidez aos credores, eles estão a perceber que não vamos conseguir cumprir”.

Diz “o que é que interessa Portugal não entrar em falência, se no fim vamos estar todos mortos?”.

E diz “concordo que é preciso emagrecer; mas aquilo que recomendo é que as pessoas não aceitassem morrer antes de emagrecer. Morrer gordo é do pior que há, especialmente depois de se fazer uma dieta tremenda”.

Confesso que nunca pensei sorrir com uma frase pronunciada por esta senhora.

Morrer gordo é do pior que há, é uma punch line do camandro!

Mas lá está: ela, bem como Bagão Félix e outros perigosos esquerdistas, estão postados em derrubar este governo coeso. Tão coeso que até Portas emitiu um comunicado assegurando que vai votar a favor do Orçamento – coisa rara num tipo que até faz parte do Governo.

Portas acrescentou, mais tarde, que uma crise política deixaria “Portugal muito perto da Grécia”!

Portugal muito perto da Grécia? Que grande volta na geografia! Se Portugal ficasse muito perto da Grécia, a Espanha iria para cima da Turquia e a França para a zona do Irão ou do Iraque!

Mas Passos Coelho inspira outros cómicos, mesmo além fronteiras.

A revista inglesa Economist diz que Portugal vai ficar cada vez mais pobre e passará a chamar-se Poortugal.

Cada vez mais Passos Coelho faz lembrar Santana Lopes.

Ainda vamos ter saudades do homem…