Hoje, o Tejo estava assim
Vitor Gaspar é do Benfica? Está tudo explicado!
Ora bem: a OCDE já disse que a recessão vai ser pior do que o Governo previu; o défice, que devia ser de 2,5%, passou para 4% e há-de vir a ser de 4,5%, pelo menos; a taxa de desemprego é muito maior do estava previsto; a economia não cresce.
Em resumo: todas as previsões de Vitor Gaspar falharam e o país continua o seu caminho para o abismo.
O país está deprimido, muito mais depois do fracasso total do Benfica, no Campeonato, na Liga Europa e na Taça.
Sempre são 6 milhões de adeptos tristes e cabisbaixos.
Hoje, na Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, Vitor Gaspar explicou tudo, ao dizer:
«Antes de mais, peço a vossa simpatia pelas últimas semanas difíceis que tenho vivido como adepto do Benfica. Esta questão de perder sucessivamente por 2-1, em alguns casos depois do tempo regulamentar, é uma provação que merece toda a simpatia».
Afinal, o ministro das Finanças, aquele que falha todas as previsões, é adepto do Benfica, aquele que falha todas as finais.
Com adeptos destes, quem precisa de adversários?…
Obrigado Jesus!
Hoje Jorge Jesus juntou-se í nossa luta anti-austeridade e recusou-se a receber a Taça das mãos de Cavaco Silva!
Há falta de exorcistas em Portugal
Fiquei preocupado hoje ao ler, no DN, que só temos três exorcistas oficiais, reconhecidos pela igreja católica, em todo o país.
A notícia começa por dizer: «Os casos estão a aumentar em todo o mundo e já são considerados um problema pastoral, porque em muitas dioceses, cá e lá fora, não há uma resposta concreta e organizada. (…) Actualmente, em Portugal, há apenas três dioceses que assumem ter exorcista – Lamego, Santarém e Viseu.»
Quer dizer: Satanás continua a atacar, cada vez há mais pessoas com o Demo no corpo e a igreja não tem meios para resolver este problema do Diabo!
D. José Policarpo, o quase ex-cardeal patriarca, emitiu um decreto especial sobre este assunto, no ano passado, dizendo que «os padres devem certificar-se de que os males apresentados pelas pessoas “não são sugestão, auto-sugestão ou doenças do foro psicossomático”».
Por outras palavras: os padres devem certificar-se de que as pessoas estão mesmo possuídas pelo Demónio.
Como será que os padres fazem isso?
Mais um mistério da religião…
Voltemos í notícia: «O exorcista mais conhecido é o de Lamego, Duarte Lara, que atende centenas de casos de todo o país e que acompanhou durante sete anos o trabalho do exorcista de Roma, o padre Gabriel Amorth, considerado o maior especialista na matéria. Tem falado abertamente sobre este assunto, nomeadamente no seu site, www.santidade.net»
Fui visitar o site e, depois de ouvir parte do depoimento do padre Lara (são 52 minutos de conversa…), fiquei convencido.
Já marquei uma sessão.
Esta comichão que tenho tido só pode ser o Diabo a querer entrar em mim, porra!
Cortes
Ora deixa lá conferir:
– corte no subsídio de desemprego – feito
– corte no subsídio de doença – feito
– corte no rendimento de reinserção – feito
– corte nos subsídios de férias e de natal – feito
– corte nas pensões e reformas – feito
– corte nos ordenados – feito
– corte nas isenções do Serviço Nacional de Saúde – feito
O que falta cortar?…
Por que razão Cavaco Silva não é um palhaço e Sousa Tavares está enganado e o que tudo isto tem a ver com a nova DSM, a classificação americana das doenças mentais
Numa entrevista, perguntaram a Miguel Sousa Tavares se Portugal precisava de um palhaço, como o italiano Beppe Grilo, que teve uma excelente votação nas últimas eleições.
Sousa Tavares respondeu: «Beppe Grilo? Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva».
O visado, resolveu mexer-se e a Procuradoria Geral de República vai investigar.
Chamar palhaço a Cavaco será insulto?
Acho que não.
Se Cavaco fosse palhaço, seria um palhaço pobre ou um palhaço rico?
Se tivermos em linha de conta os seus lamentos quanto í magreza da sua pensão, que mal dava para as despesas, Cavaco seria um palhaço pobre.
No entanto, ao tomar conhecimento das acções que ele e a esposa detêm e do negócio que fizeram com as do BPN, teríamos que dizer que Cavaco seria um palhaço rico.
Acontece que – por muito que eu não goste de palhaços! – Cavaco Silva não tem a mínima capacidade para fazer rir ninguém, o que o impede de ser, ou vir a ser, um palhaço sofrível.
Parte-se do princípio que um palhaço faz palhaçadas, as quais nos fazem rir ou, pelo menos, sorrir.
Ora, Cavaco só nos faz chorar, choramingar ou, mais frequentemente, gritar, cerrar os punhos, ranger os dentes, puxar os cabelos e dizer obscenidades!
Sousa Tavares tem coisas a seu favor: é um comentador independente, desassombrado, desalinhado. Tem, também, coisas contra: é adepto da caça e do FCPorto.
Tem, agora, outro ponto contra: chamou palhaço a Cavaco e enganou-se.
Claro que a publicidade em redor deste incidente, dá-lhe muito jeito porque, como lançou, agora, um novo romance, toda a gente vai falar disto nos próximos dias e dizer vamos lá comprar o livro deste gajo, que chamou palhaço ao Cavaco!
Miguel tem antecedentes.
O pai Sousa Tavares também gostava de chamar coisas aos outros.
Ficou famosa a sua declaração na Assembleia da República, em 5 de Janeiro de 1982, quando, virando-se para Jerónimo de Sousa (esse grande operário que, já nessa altura, há mais de 30 anos, sujava as mãos na Assembleia!)  disse: « Olhe, vá í merda! Idiota! Mandrião! Vá trabalhar, que foi aquilo que nunca fez na vida! Calaceiro!»
Ora, se o pai insultou e o filho insulta, não estaremos perante uma doença?
Os psiquiatras norte-americanos acabaram de aprovar a DSM-5, a tabela que classifica as doenças mentais e conseguiram arranjar mais 18 doenças mentais, entre as quais a “compulsão alimentar periódica” (binge eating disorder) e a “desregulação disruptiva do humor”.
A primeira engloba pessoas que comem em excesso pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses.
A segunda, inclui crianças ou adolescentes até aos 18 ano que apresentem irritabilidade persistente e birras frequentes, com descontrolo comportamental, pelo menos três vezes por semana no último ano».
Seguindo este raciocínio, insultar mais do que um político, três vezes no último mês, poderá muito bem vir a tornar-se uma doença mental, tipo “binge insulting disorder”.
Em resumo: Cavaco não é nenhum palhaço – Sousa Tavares é que é maluquinho!
Ray Manzarek – mais uma porta que se fecha
A primeira canção dos Doors de que me lembro: Hello, I Love You.
Curta e eficaz. Destaque para o vozeirão de Jim Morrison e para as teclas de Ray Manzarek, que morreu ontem, vítima de cancro biliar, aos 74 anos.
Morrison e Manzarek formaram os Doors, em Chicago, em 1965, juntamente com Jonh Densmore (bateria) e Robby Krieger (guitarra).
Nos anos 60, em Portugal, ouvia-se António Calvário, Artur Garcia, Simone de Oliveira, Gianni Morandi, Sylvie Vartan, Adamo.
Ouvir, na rádio, uma canção dos Beatles, era quase uma cena clandestina.
A pouco e pouco, a pop britânica foi ganhando espaço e, í s tantas, já era banal ouvirem-se as coisas mais soft: Herman’s Hermits, Bee Gees, Hollies; ou os americanos mais inofensivos: Beach Boys, Turtles.
Mais raro era escutar os Rolling Stones (Let’s Spend the Night Together foi considerado obsceno!) e os Doors.
Destes, o Light My Fire era o tema mais conhecido, embora fosse mais fácil ouvi-la na versão do José Feliciano, do que na dos Doors – e nunca foi a minha preferida.
Sempre gostei mais do já citado Hello, I Love You, e de Strange Days, Riders of The Storm, Love Me Two Times, para não falar no fundamental The End, sobretudo acompanhado das imagens de Apocalipse Now!, de Coppola.
Nos anos 60, as bandas (dizia-se, os conjuntos…) raramente tinham teclas nas suas formações. Lembro-me dos Animals, Spencer Davis Group, Procol Harum, Moody Blues – mas as teclas de Manzarek eram diferentes e, na música dos Doors, tinham muito mais importância que as guitarras.
Com a morte de Jim Morrison, os Doors morreram também, embora Manzarek tenha continuado a sua vida como músico.
Mas, como se sabe, o que já foi, não volta a ser.
“Silver Linings Playbook”, de David O. Russell (2012)
Pat Solatano (Bradley Cooper) é um professor de História substituto. Certo dia chega a casa e apanha a mulher a trocar carícias com outro professor de História sénior, no duche.
Pat é bipolar e a visão daquela cena provoca-lhe uma crise de fúria. Espanca o amante da mulher e é internado numa instituição psiquiátrica.
Quando regressa a casa, ainda obcecado pela mulher, conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma recente viúva de um polícia, que anda em fase ninfomaníaca.
Depois de avanços e recuos, Tiffany consegue convencer Pat a participarem num concurso de dança.
Lá em casa, Pat tem o apoio incondicional da mãe, figura apagada, e a contestação do pai (Robert De Niro), que sofre de doença obsessiva-compulsiva.
Em português, o filme chama-se “Guia para um Final Feliz”, portanto, sabemos que o filme vai ter um “happy ending”, ou um “silver lining”. E assim é.
O filme é um pouco “cromaço”, com cenas para puxar a lágrima e grande beijo final, com a câmara a rodar em volta dos protagonistas, mas é divertido e Jennifer Lawrence merece o óscar. E De Niro, claro, é um obsessivo compulsivo muito divertido e convincente.
Parece que os críticos, por cá, acharam o filme um pouco convencional e cheio de lugares-comuns.
Pior para eles – eu diverti-me!
“Novelas Nada Exemplares”, de Dalton Trevisan (1979)
Namoro í janela, í s escondidas do pai, o padrasto que apaga os cigarros nos braços da enteada, homens e mulheres solitários, com vidas interrompidas, mulheres que seduzem com um copo de vinho, quartos de hotel onde não se dorme por causa dos pardais, homens que fazem barulho a comer a sopa e enojam as mulheres, escritores que se fazem valer da fama para seduzir jovens.
Eis alguns dos temas destas novelas que nada têm de exemplares.
Trevisan não é fácil de ler.
A sua escrita é tão depurada, cingindo-se ao essencial, que tem que ser lida com muita atenção e, de preferência, em voz alta.
«Cabelos ruivos na pia, o vestido com duas rodelas de suor e, no espelho, o rosto intruso. Dele fazia parte, o sangue da pulga na cueca, a caspa no paletó ao fim do dia.»
«Sílvia não queria envelhecer: roía a unha, depois a pintava, roía e pintava de novo. Em vão passeava nua no quarto. E buscava, cada dia, um fio branco na franjinha.»
«Cristina serviu-lhe vidro moído no feijão, sem que desconfiasse; cólicas tão fortes que rolava no chão, língua de fora. João dormia só na cama de casal. Certa noite procurou o anel de cabelos de Negrinha, não achou. Cristina o queimara e, além dele, o próprio retrato».
São exemplos ao acaso.
Mestre do conto, Trevisan conta-nos histórias que, a maior parte das vezes, não têm final, como na vida.