O papel do papel higiénico na revolução bolivariana

As revoluções, por vezes, têm destas coisas.

O ministro do Comércio da Venezuela, Alejandro Fleming (que nada tem a ver com o fulano que descobriu a penicilina..) afirmou: «A revolução trará para este país o equivalente a 50 milhões de rolos de papel higiénico para que o nosso povo se tranquilize e compreenda que não deve deixar-se manipular pela campanha mediática de que há escassez».

Segundo o ministro, o povo venezuelano consome cerca de 125 milhões de rolos de papel higiénico por mês (cagões!) e a produção nacional chega, mas acontece que a oposição a Nicolas Maduro está a açambarcar este e outros produtos, a fim de provocar uma escassez artificial de bens essenciais.

Mas não é por causa de 50 milhões de rolos de papel higiénico que a revolução bolivariana vai parar!

Os revolucionários venezuelanos vão poder continuar a limpar o rabo a papel higiénico de qualidade, em vez de o arranharem com papel de jornal, graças í  determinação do seu governo.

Ora, li hoje no Expresso, que Portas parte para a semana para Caracas, com uma comitiva de 40 empresários.

Aqui fica a sugestão: por que não aproveitar esta oportunidade de negócio e levar, no avião, uns rolitos de papel higiénico da Renova, que até uma marca nacional?

E, já agora, embalagens de óleo de amêndoas doces, que é um bom amaciador para quem caga muito…

Almirante Américo Cavaco Tomaz

O Palácio de Belém deve ter amianto ou qualquer outra substância tóxica que afecta os seus habitantes, sobretudo os que estão predispostos.

Com efeito, nem todos os presidentes ficaram totós, depois de terem vivido no Palácio de Belém.

Estou-me a lembrar de Mário Soares, Jorge Sampaio, Ramalho Eanes…

Outros, porém, ao fim de alguns anos, ficam irremediavelmente tontos.

Exemplos:

Américo Tomaz, presidente da República de 1958 a 1974:

«Comemora-se em todo o país a promulgação do despacho número cem da Marinha Mercante Portuguesa, a que foi dado esse número não por mero acaso mas porque ele vem na sequência de outros 99 anteriores promulgados…» (Revista Opção, nº 30)

Cavaco Silva, presidente da República desde 2006:

«Faço votos muito fortes para que São Jorge, que nos acompanhou ao longo da nossa história nas grandes batalhas, seja o vencedor. Porque São Jorge vencedor significa abundância e felicidade. E nós bem precisamos de boas notícias. Bem precisamos que um São Jorge qualquer nos diga que os tempos futuros serão melhores.» (discurso em Monção, ontem)

Américo Tomaz:

«Eu prolongo no tempo esse anseio de V.Ex.ª e permito-me dizer que o meu anseio é maior ainda. Ele consiste em que, mesmo para além da morte, nós possamos viver eternamente na terra portuguesa, porque se nós, para além da morte vivermos sempre sobre a terra portuguesa, isso significa que portugal será eterno, como eterno é o sono da morte»(Diário da Manhã, 1970)

Cavaco Silva:

«Quando, no dia 13 de maio, surgiu a notícia de que finalmente a 7ª avaliação tinha sido mandada para trás das costas e que estava aberto o caminho para a extensão das maturidades, a minha mulher disse-me: “í“ meu caro – ela trata-me de outra forma – isto é com certeza influência de Nossa Senhora de Fátima, porque hoje é dia 13″»

Só pode ser do amianto, caraças!

Só te mato se for estritamente necessário!

1. O pai vira-se para o filho e diz:

– Se chumbares este ano, deixo de pagar o telemóvel, tiro-te a playstation e vais trabalhar para as obras.

A mãe indigna-se:

– Desculpa mas há uma linha que não deixo que seja ultrapassada: não permitirei que o meu filho vá trabalhar para as obras!

O pai reconsidera:

– Está bem, só vais trabalhar para as obras se for estritamente necessário e se eu encontrar outro castigo com o mesmo impacto.

2. O bandido vira-se para o refém e grita:

– Se não me derem o que exijo, encho-te de porrada, parto-te as pernas e dou-te um tiro nos cornos!

Lá de fora, pelo megafone, o negociador afirma:

– Tem calma, rapaz! Há uma linha que não deixo que seja ultrapassada: não permitirei que mates o refém!

O bandido reconsidera:

– Ok, só lhe dou um tiro nos cornos se for estritamente necessário e se eu descobrir outra maneira de obter o que quero!

passos_rajoy3. Passa-se algo de semelhante com o Governo de Portugal.

Passos Coelho diz que vai cortar as pensões.

Paulo Portas diz que há uma linha que não permite que seja ultrapassada: ninguém toca nas pensões.

Passos Coelho, através do seu alter ego Vitor Gaspar, diz que as pensões só serão cortadas se for estritamente necessário e se o Governo descobrir outra medida que tenha o mesmo impacto.

A pergunta lógica é: se o parceiro da coligação não aceita que se corte nas pensões e se o ministro das Finanças admite que essa medida pode ser substituída por outra, de igual impacto, por que carga de água não riscaram essa medida da 7ª avaliação e arranjaram já outra para o seu lugar?

í“ Gaspar, estás a gozar!

A “intransigência” de Portas

Passos Coelho anuncia corte nas pensões.

Paulo Portas diz que isso não pode ser, é uma linha que não autoriza que seja ultrapassada.

Afinal, o Governo decidiu que o corte das pensões vai para a frente.

Portas aceitou, mas só com condições.

O corte nas pensões só avançará se for mesmo necessário.

Não fodem nem saem de cima?

Não – fodem-nos e não saem de cima, porra!

Do grilo da Alzira í  chupadela da Teresa

Miguel Costa, cantor popular, foi processado por uma vizinha.

Razão: Miguel compí´s uma cantiga intitulada “O grilo da Zirinha” e a vizinha chama-se Alzira, sendo conhecida, em Padim da Graça, Braga, exactamente como Zirinha.

Logo, a Alzira, casada e mãe de três filhos, achou que Miguel Costa se referia a si, quando cantava «cacei o grilo na toquinha, cacei o grilo í  Zirinha».

Por isso, acusou-o de difamação e injúrias, pedindo 6 mil euros de indemnização.

O Tribunal de Braga, no entanto, ilibou o cantor.

O juiz explicou que a chamada “música pimba” «encerra a possibilidade de as suas letras serem interpretadas de formas diferentes por quem as ouve, pelo que só assim alguém pode considerar que “caçar” é sinónimo de “copular” e “grilinho” de “vagina”».

Peço desculpa ao douto juiz, mas penso que, com o termo “grilinho”, o cantor se referia ao grelinho, e não í  vagina.

Mas isso é um pormenor anatómico.

Demonstrando grandes conhecimentos no mundo da música pimba, o juiz deu, como exemplo, esse grande êxito do enorme Quim Barreiros, “Chupa Teresa”, dizendo que, «obviamente, o cantor não se referia a um qualquer gelado, mas ressalvando que a destinatária (da chupadela, supõe-se…) não seria uma mulher em concreto, com aquele nome».

Em resumo: é tudo uma parábola – nem a Teresa chupa, nem ninguém come o grilo í  Alzira.

Estamos todos muito mais descansados!

Nota: as frases entre parêntesis são retiradas de uma notícia de hoje do DN.

 

Obras de Dalton Trevisan

Dalton Trevisan nasceu em 1925, em Curitiba e, no ano passado, foi o vencedor do Prémio Camões.

Mais um daqueles escritores obscuros que ganham prémios e ninguém lê, pensei eu.

E tinha razão.

Só que, ao ler um livro de Trevisan, temos mesmo que ler todos os outros.

Entrei em contacto com a obra de Trevisan através de O Vampiro de Curitiba (1965), um pequeno livrinho de histórias curtas (103 páginas).

Gosto muito de histórias curtas, desde que o Mário-Henrique Leiria me iniciou com os Contos do Gin Tonic.

Trevisan tem uma escrita única, sincopada, sintética, com um ritmo muito próprio.

o vampiro de curitibaNelsinho é o vampiro de Curitiba, sempre pronto a ferrar o dente em qualquer moça, sem olhar í  idade ou í  aparência.

Os diálogos são especiais.

Exemplo:

«- Você é loira natural?

– O doutor não vê?

– A fama de loira é de fria. Só que não acredito.

– A loira não é feito a morena.

– A morena é mais carinhosa. Você não é católica, é?

– Sou calvinista.

Calvinista, ai, de rostinho abrasado na mesma hora.

– A religião moderna não faz, da virgindade, um cavalo de batalha. A moça, sendo direita, pode ter experiência. Autorizada pelo pastor a conhecer os prazeres da vida.

– …

– Sabia que os turistas acham uma graça em nosso conceito de virgindade?

– Nunca soube.

– Você é temperamento calmo ou nervoso?

– Sou calmo.

– Tem os atributos da nervosa; ainda não sabe que é. Suas medidas são perfeitas. Não é você que joga ví´lei?

– É, sim.

– Gostaria de a ter visto de calção. Joga bem?»

Cemitério de ElefantesE assim por diante.

Sendo assim, passei para Cemitério de Elefantes, publicado em 1984.

É um livrinho ainda mais pequeno (94 páginas), incluindo um prefácio de Fernando Assis Pacheco.

Os heróis deste livro são os bêbados – homens que bebem para afogar desgostos ou porque sim.

Lê-se numa tarde.

E vicia.

a polaquinhaPassei, então, ao único romance que Trevisan publicou: A Polaquinha (1985).

Também não é extenso.

São 150 páginas que contam a história de uma moça que, de namorado em namorado, acaba na prostituição (“polaca”, vulgarmente, significa prostituta).

A vida banal da prostituta, que recebe clientes, com quem finge prazer, é bem ilustrado com os últimos cinco ou seis capítulos do livro – todos praticamente iguais!

E como vicia, já tenho mais três livros de Trevisan para ler…

 

Vai mas é rachar lenha, ó Merkel

A revista alemã Brigitte que, pelo nome, deve ser uma espécie de Maria ou Crónica Feminina, organizou uma entrevista com Angela Merkel.

merkel_lenhadoraDecorreu no teatro Maximo Gorki, em Berlim, que se encheu de senhoras ávidas de fazerem perguntas í  chanceler.

Primeira singularidade: o teatro encheu-se de pessoas para fazerem perguntas a Merkel, em vez de lhe atirarem com tomates, por exemplo.

Merkel esteve descontraída e respondeu a todas as perguntas.

Começou por dizer, no que respeita í  sua capacidade para o trabalho o seguinte: «tenho certas capacidades de camelo»!

Isto porque diz ser capaz de armazenar energia e que só precisa de 6 horas de sono para recarregar baterias.

Como diria o António Silva, a Merkel é um grandessíssimo e alternadíssimo camelo!

No que respeita a homens, a chanceler disse que o que mais gosta neles é dos “olhos bonitos”. E acrescentou: «já fui longe demais».

Mistério.

Mas a revelação mais fantástica veio a seguir.

Perguntaram-lhe se tinha inveja dos homens. Disse que não mas que gostaria de saber fazer duas coisas que eles fazem: «falar com voz grave e cortar lenha».

Olha que boa ideia, Angela!

Por que não nos deixas em paz e vais mas é rachar lenha?

Ou é preciso ordenar-te com voz grave?…

Problemas da cunicultura

A cunicultura está em crise.

Basta olhar para o Passos Coelho!…

Já viram coelho mais triste?

Alguém acredita que aquele coelho tem o vigor que costumamos atribuir aos coelhos?

Alguém é capaz de o imaginar a copular desenfreadamente?

E está a perder pêlo…

Hoje, ao vê-lo ler aquele longo discurso, tive pena dele.

Será da ração?

Aquele coelho tem falta de vitaminas e insiste em morder sempre da mesma maneira.

Tem cara de ter desinteria.

Não vai durar muito…