O touro Marreta, o seu dono Farinhoto e os amigos do Facebook

As redes sociais são tão boazinhas!

E cómodas.

A gente senta-se no sofá, com o portátil no colo ou o smartphone na mão, e ajudamos crianças desaparecidas, pessoas com cancro, cães abandonados e até touros fugitivos!

Sem termos que pegar nas crianças ao colo, ou mexer no cancro ou fazer festas aos cães.

No princípio de maio, o Sr. Manuel Farinhoto ia levar os seus dois touros para o matadouro, lá para os lados de Viana do Castelo, quando os bichos conseguiram fugir para parte incerta.

Farinhoto começou a ver a vida a andar para trás, ao ver os futuros bifes do lombo a desaparecerem no horizonte.

Além disso, os bichos estavam zangados, e não era para menos, e podiam começar a dar cornadas a quem aparecesse pela frente.

Chamou-se a GNR que começou a palmilhar o terreno, em vão.

Chamaram-se vacas que, apesar de charmosas e boazonas, não conseguiram atrair os touros.

Talvez não se interessassem por vacas…

Entretanto, no omnipresente Facebook, foi criada uma página, intitulada Touro em Fuga, destinada a conseguir demover o Sr. Farinhoto da sua estranha vontade de mandar ou touros para o matadouro.

Cerca de 2800 pessoas contribuíram com 1300 euros e Farinhoto aceitou ceder os direito do Marreta, que assim vai para uma herdade em Aveiro, onde poderá correr em liberdade até ao fim dos seus dias.

Gesto bonito, o destes cidadãos anónimos.

Que tal criarmos uma página semelhante, intitulada Governo em Fuga, e colaborarmos, todos, com um donativo, até conseguirmos uma verba aliciante que levasse estes gajos da manada do Passos Coelho para bem longe, para uma herdade qualquer, onde pudessem marrar í  vontade, em tudo que quisessem, menos em nós, carago!

O subsídio de férias, perdão, de Natal, isto é, de férias, quer dizer, de Natal

Afinal, em que ficamos?

Recapitulemos porque isto é complexo.

O subsídio que nos estavam a pagar, em duodécimos, era o de Natal e o de Férias foi í  vida.

Depois, o Tribunal Constitucional fez aquela maldade e mandou repor o subsídio de Férias.

Vai daí, o Governo disse que, afinal, o subsídio que estava a pagar em duodécimos não era o de Natal, mas sim o de Férias e que o de Natal seria pago em Novembro.

Depois, disseram que, afinal, iam pagar o subsídio de férias em Junho a quem ganhasse menos de 600 euros; quem ganhasse entre 600 e 1100 euros, receberia parte do subsídio de férias em junho e outra parte em Novembro; e quem ganhasse mais de 1100, receberia só em Novembro.

Isto queria dizer que o subsídio que estamos a receber em duodécimos não é afinal o de Férias, mas sim o de Natal, como inicialmente o Governo disse.

Entretanto, algumas Câmaras decidiram pagar o subsídio de Férias em junho, continuando a pagar o de Natal em duodécimos, apesar de o primeiro-ministro Passos Coelho ter explicado que o de Férias não podia ser pago em junho, não porque não houvesse dinheiro, mas sim porque o Orçamento rectificativo ainda não tinha sido promulgado.

A Lei do Rectificativo já está nas mãos do Presidente mas, mesmo que ele a promulgue rapidamente, como Cavaco prometeu, já não deve haver tempo para processar o subsídio de Férias, de modo a que ele seja pago ainda em junho.

Mas ontem o ministro Maduro, que obviamente ainda está  muito verde, reafirmou que o subsídio de Férias já está a ser pago desde o princípio do ano!

Se assim é, por que razão é que Cavaco prometeu ser lesto na promulgação do Rectificativo? Até Novembro, tem muito tempo!

A única chatice desta embrulhada é mesmo o facto de Maduro não ter dinheiro para o barbeiro!… mySuperLamePic_f0c0c79b73c60fdec2ec94b652127f9f

“A Trombeta do Anjo Vingador”, de Dalton Trevisan (1977)

E com mais este livrinho de contos, acho que esgotei a criação de Dalton Trevisan, pelo menos a publicada em Portugal.

A Trombeta do Anjo Vingador é mais uma colecção de contos curtos que versam sempre sobre a mesma temática: ciúme, engano, separação, ódio, amor, grandes bebedeiras, surras na mulher, vidas mais ou menos desgracidas, como o autor lhes chama.

Diz-se que os escritores estão sempre a escrever o mesmo livro e com Tevisam isso é evidente. Os livrinhos têm diferentes títulos, mas as historinhas são todas idênticas e podíamos perfeitamente trocar os títulos, que ninguém daria por isso, a não ser o autor. Talvez… (O Vampiro de Curitiba, Cemitério de Elefantes, A Polaquinha, Novelas Nada Exemplares, Guerra Conjugal).

trombetaObsessões do escritor: elefantes de faiança como decoração pirosa, vidro moído que se ingere para partir deste mundo cruel, cheiro a cadela molhada, o João, a Maria, os inhos e as inhas, a perfídia.

«Abandonada pelo sedutor, ingeriu quinze comprimidos de aspirina. Não morreu, agora com tossinha nervosa que disfarça a dispepsia crónica. Sem amigas, repudiada pelas mães dos alunos, proibido o salão de baile. Guarda-pó dobrado no braço, transferida para a escola isolada no fundão. Sempre cativa do Josias, saudoso no saxofone da bandinha. Ela quem paga as prestações da fogosa mota vermelha. Só para vê-lo em nuvem de pó com outra na garupa».

Dalton evita os rodriguinhos. Escreve o essencial.

«Não tem café. Nem um bolacha mofada. Uma única salsicha. Na despensa a lata esquecida de milho verde.

Todos os copos – até os de brinde – usados na pia. Enche na torneira o menos sujo, merda de água, podre de cloro.

No banheiro, mãos no azulejo plantadas, urina longamente. Arrepiado ao pensar no banho frio, ninguém para ligar o aquecedor, quando havia aquecedor.

Na toalha, o bafio da cadela molhada.»

Gostei.

Não sejam mauzinhos para o nosso Presidente!

Nas comemorações do 10 de Junho houve um senhor muito mau que se virou para o nosso querido presidente Cavaco Silva e mandou-o ir trabalhar!

Foi preso e condenado a pagar uma multa.

cavavo_pensaBem feito!

Porque é feio insultar o nosso querido e adorado presidente.

Ele é lindo e maravilhoso.

É um homem alto e espadaúdo, elegante e formidável, inteligente e alto.

Ninguém é tão esperto como ele, tem carisma, é simpático, ágil, jeitoso e cheira bem.

Cavaco Silva é alegre, culto, especialista em muitas coisas e tem umas pernas muito bonitas.

Ele é forte, generoso, cuidadoso, rápido, corajoso, saudável e fofinho.

Nunca conheci ninguém tão meigo, que saiba dizer tão bem poesia e que bem que ele toca guitarra!

Fala várias línguas, escreve sem erros ortográficos e cozinha como ninguém!

Gosto muito do nosso Presidente.

Se pudesse, passava o dia a dar-lhe beijinhos!

“…Like Clockwork”, Queens of Stone Age

Tive o prazer que conhecer os QOSA através do disco Songs For The Deaf (2002). Quando o ouvi pela primeira vez, lembrei-me da cena de um filme do Woody Allen, em que ele, num clube onde está a actuar uma banda de hard rock e, perante o barulho ensurdecedor e o ar assustador dos membros da banda, pergunta: «E no final ele vão fazer reféns»?.

queens-of-the-stone-age_like-clockwork-608x6082Foi o que imaginei depois de ouvir aquele disco desta banda californiana. O ambiente soturno das composições, a voz mais ou menos cavernosa do vocalista, a energia das guitarras e o ritmo frenético mas, ao mesmo tempo, algo fúnebre, fazia temer o pior.

E, no entanto, gostei.

Muito.

O disco seguinte, Lullabies to Paralyse (2005), já não me entusiasmou tanto e Era Vulgaris (2009), passou-me ao lado.

Saiu agora este …Like a Clockwork e estou rendido.

Da formação inicial dos QOSA já só resta o líder Joshua Homme, que nasceu há 40 anos, na Califórnia. O homem é o principal vocalista e também toca guitarra e baixo e cheira-me que os Queen of Stone Age é uma coisa muito dele, razão pela qual os outros músicos nunca aquecem o lugar.

Neste disco, Dave Grohl volta a estar na percussão e Nick Oliveri no baixo (depois de terem sido despedidos, foram readmitidos), mas temos algumas participações notáveis, como Tent Reznor (dos NIN) e Elton John (quem diria?).

E o disco é bom do princípio ao fim, com faixas muito fortes, como If I Had a Tail e Smooth Sailing, a mais comercial My God Is The Sun, mas todas muito recomendáveis.

Aconselho vivamente.

O inverno do nosso descontentamento…

Sócrates já não está só.

Finalmente, Vitor Gaspar reconheceu que não é só o ex-primeiro-ministro o culpado pela crise que atravessamos.

Gaspar apontou mais dois culpados: o Tribunal Constitucional e a chuva.

Não, não estou a brincar…

O Tribunal Constitucional, já se sabia.

«A alteração ao Orçamento de Estado foi necessária devido ao aumento de despesa exigido no seguimento da decisão do Tribunal Constitucional» – disse Gaspar.

gaspar_choveE não vale a pena repetir-lhe que é o Governo que tem tomar decisões de acordo com a Constituição e não a Constituição que tem que se moldar í s decisões do Governo.

O Gaspar não entende…

Agora, a chuva!

Sim senhor, a chuva!

Disse Gaspar: «é muito preocupante (a queda do investimento porque este foi) adversamente afectado pelas condições meteorológicas que no primeiro trimestre afectaram a actividade da construção» – disse o Iluminado.

Nós bem vimos os trabalhadores e empresários da construção civil, debaixo dos telheiros, de gabardina e chapéu de chuva, acoitando-se das bátegas de água que se abatiam sobre os terrenos baldios!

Eles cheios de vontade de construir prédios e bairros e vivendas e a chuva a não deixar!

Sacana da chuva!

Apetece gritar: ó Gaspar, vai ver se chove, pá!

“Guerra Conjugal”, de Dalton Trevisan (2006)

guerra conjugalMais um livrinho de contos de Dalton Trevisan, de quem já falei recentemente aqui e aqui.

As personagens destas curtas narrativas chamam-se sempre João e Maria e repetem-se as traições, os ciúmes, o engano, a loucura, o vidro moído que se toma para morrer e fugir desta vida desgraçada.

Acabados de casar, os Joões, por vezes, não conseguem consumar o acto e acusam as Marias de não serem virgens, outras vezes, os Joões espancam as Marias e, algumas vezes, elas parecem gostar, ou acomodar-se.

A linguagem é, como sempre, depurada. O essencial:

«Triste achava-se Maria no ponto do í´nibus, apresentou-se um cavalheiro de nome Ovídio. Entre os dois nasceu uma paixão. Com ele, embora senhor idoso e de óculo, sentia o verdadeiro amor. Ovídio procedia com agrado e meiguice; ora, jamais era acariciada por João que, saciado, lhe dava as costas e punha-se a roncar.»

Tudo explicado em meia-dúzia de frases.

«Miseravelmente traído pela memória: o resto de açúcar na xícara de café, o sangue da pulga no pijama, um toque de caspa no paletó – era ela. Esquecer nos braços de outra era fazê-la mais lembrada».

Algumas destas histórias sugerem-se canções de Chico Buarque…

“Ferrugem Americana”, de Phillipp Meyer (2009)

ferrugem americanaNuma das badanas do livro, pode ler-se: «Ferrugem Americana tem o carimbo de Grande Romance Americano em toda a parte. Pode dizer-se que foi beber a Ratos e Homens, Huckleberry Finn, Cormac McCarthy, Salinger e Kerouac.» (The Daily Telegraph).

E isto resume a atmosfera deste romance. Meyer conta-nos as histórias de meia-dúzia de personagens trágicas, perdidas na imensidão do continente americano, numa região, a Pensilvânia, devastada pela crise económica e pelo fecho de várias fábricas, pelo desemprego, pela desilusão. O contrário do american dream.

As personagens principais são Isaac e Poe, dois jovens adultos sem nada que fazer e sem perspectivas de futuro. A mãe de Isaac suicidou-se há pouco tempo, o pai, desloca-se numa cadeira de rodas, devido a um acidente de trabalho e a irmã, mais velha, saiu de casa, foi estudar para Yale e casou-se com um tipo rico. Poe foi jogador de futebol americano, mas agora não faz nada e vive numa roulote com a mãe, Grace.

Isaac decide partir para a Califórnia e Poe acompanha-o mas, logo na primeira noite, ao pernoitarem num armazém abandonado, são surpreendidos por três calmeirões, que os querem roubar. Da confusão que se gera, resulta a morte de um dos bandidos. É Isaac que o mata, mas é Poe que assume as culpas e vai para a prisão.

Na história entra, também, Harris, um xerife desiludido e solteirão, que dorme ocasionalmente com Grace.

A narrativa de American Rust vai avançando em capítulos curtos, cada um deles dedicado a cada uma das personagens.

E não há dúvida que é uma história tipicamente americana, que poderá dar um bom argumento cinematográfico.

PhilippmeyerPhillipp Meyer nasceu em Baltimore, em 1974, desistiu da escola aos 16 anos, trabalhou como mecânico de bicicletas e aos 20 anos, decidiu que queria ser escritor, candidatando-se í  Universidade de Cornell, onde se graduou em inglês.

Depois, trabalhou na bolsa, em Wall Street e como técnico de emergência médica. Em 2005, conseguiu um lugar na Universidade de Austin, onde escreveu Ferrugem Americana, o seu primeiro romance, que ganhou o prémio literário dos Los Angeles Times, em 2009.

Lançou agora o seu segundo livro, The Son, e vive entre Austin, Texas e Nova Iorque.

Maldito cunilingus! (texto só para adultos)

O actor norte-americano Michael Douglas afirmou que sofre de cancro da garganta devido a ter praticado cunilingus.

O seu porta-voz apressou-se a desmentir esta notícia, dizendo que Douglas se referia a cancros provocados pelo papiloma virus em geral e não ao seu cancro em particular.

No entanto, o The Guardian divulgou a gravação da conversa em que Douglas diz, preto no branco, que o seu cancro foi provocado pelo cuninlingus.

Ora oiçam aqui:

http://www.guardian.co.uk/film/audio/2013/jun/03/michael-douglas-cancer-cunnilingus-transcript

A coisa é séria! Ele diz mesmo que o seu cancro “actually comes from cunnilingus“.

Um gajo que é casado com a Catherine Zeta-Jones e já contracenou, entre outras, com a Glenn Close (bem close, por sinal), a Kathleen Turner (muito antes dela ter engordado), a Sharon Stone (no célebre filme em que ela cruza as pernas e mostra o pipi sem querer) e com a Demi Moore (num filme em que ela queria sempre more) – um gajo desse calibre, deve perceber de cunilingus e deve tê-lo praticado í  fartazana!

O Diário de Notícias, em serviço público, dedica hoje uma página a este transcendente assunto e foi perguntar ao Dr. Daniel Silva, responsável pelo serviço de Cirurgia da Cabeça e Pescoço do IPO de Lisboa, se era mesmo verdade que o minete pode provocar o cancro (o repórter não terá usado estes termos, mas o sentido geral era esse).

Claro que o médico disse que o álcool e o tabaco, esses sim, são em grande parte responsáveis pelos cancros da garganta e que, quanto ao sexo oral, nada estava provado, embora o vírus do papiloma humano (HPV), tipo 16, possa estar associado a diversos tipos de cancro, nomeadamente, os cancros do colo do útero.

Colo do útero?!

O sexo oral não vai tão longe, caramba!

Parece que a OMS está a estudar o assunto. Gostaria de saber como…

Portugal é o terceiro país do mundo no que respeita í  incidência de cancro na garganta.

Portanto, se houver alguma relação entre este cancro e o cuninlingus, ficámos a saber que, para além de outras qualidades, somos também uma cambada de mineteiros.

Não acredito.

Se ouvirem com atenção a gravação acima, o Michael acaba a frase com uma gargalhada, o que quer dizer que estava gozar…

í“ Michael, pá – não brinques com coisas sérias!