“Lisboa amarga e doce”, fotos de Gageiro

São apenas duas dúzias de fotos de Eduardo Gajeiro, feitas entre 1975 e 2010, mas valem a pena.

Estão em exposição na galeria dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa.

Como legenda, excertos de poemas de Pessoa e de Ary dos Santos.

Das fotos, destaco esta, de três idosas em amena cavaqueira. Foi tirada em 1985 e diríamos que a cena se passa numa qualquer aldeia das beiras.

Errado.

A foto foi feita no jardim do Príncipe Real. Passaram pouco mais de 20 anos e será difícil, hoje em dia, “apanharmos” velhotas como estas, nas ruas e jardins de Lisboa.

Minha alegre casinha


A meio caminho entre o Cais do Sodré e o Cais da Colunas, lá está mais um mamarracho urbano: uma grande argola de aço (?) e, por trás dela, uma espécie de cubo formado por seis filas de barras sobrepostas.

Agora, a falta de graciosidade do mamarracho está ainda mais à vista, graças às obras de saneamento que decorrem na avenida Ribeira das Naus e que transformaram aquele local num misto de parque de estacionamento selvagem, lixeira e praia inesperada.

Pois foi em frente ao tal cubo horrível que alguns sem abrigo decidiram procurar abrigo. Uns oleados, umas estacas de madeira, uns caixotes de banana Bonita e aí temos um excelente apartamento, com vista para o Tejo.

E a foto mostra um dos residentes, sentadinho, deixando-se acariciar por este glorioso sol de uma nova primavera.

Finalmente, novos valores na política!

Fartos dos velhos políticos portugueses?

Not anymore!

O PSD anunciou ontem o seu candidato à Câmara de Lisboa: trata-se de Pedro Santana Lopes, um jovem e talentoso político que começa, agora, a dar os primeiros passos na cena portuguesa, e logo como candidato a um cargo tão importante como este.

A escolha de Pedro Santana Lopes foi uma decisão unânime de todos os membros da comissão política nacional, portanto não se pode falar em insanidade temporária de Manuela Ferreira Leite, quanto muito, poderá dizer-se que toda a comissão política está passada dos cornos por escolher um rapaz tão novo e tão verde (sim, é do Sporting… não se pode ser perfeito…)

Claro que este Santana Lopes não tem nada a ver com o outro Santana Lopes, o do túnel, aquele que abandonou a presidência da Câmara de Lisboa para ir fazer figuras tristes como primeiro-ministro e, depois, voltou para a Câmara, com o rabinho entre as pernas, desalojando o outro senhor de óculos, cujo nome já nem me lembro (Carmona? Craveiro Lopes?).

Não – este Santana Lopes é novo e não tem nada a ver com o outro Santana Lopes, que pagou 2,5 milhões de euros ao Frank Gehry para o gajo fazer um orçamento para o Parque Mayer e vir comer uns almoços ao Bairro Alto.

Este Santana Lopes é muito diferente, como se pode comprovar pelas imagens em baixo. À direita, o jovem Pedro Santana Lopes, agora candidato à Câmara de Lisboa; à esquerda, o outro Pedro Santana Lopes, o que deixou um buraco formidável nos cofres da Câmara. As diferenças são notórias…

Parabéns PSD!

O PSD não tem emenda

Segundo o Expresso, Manuela Ferreira Leite estará inclinada a deixar que Santana Lopes possa ser o candidato do PSD à Câmara de Lisboa.

Este seria o presente envenenado de Manuela ao Sr. Lopes: ao dar-lhe uma nova oportunidade, calaria a oposição dentro do partido. Se Santana ganhasse (ah! ah!), Manuela também ganharia; se Santana perdesse, Manuela não poderia ser acusada de não ter tentado.

Esta baixa política só mostra como se mexem os partidos, o PSD, em particular. No artigo do Expresso, assinado por Ângela Silva, não se fala, em lado nenhum, do que poderia ganhar a cidade se Santana Lopes voltasse a ser presidente da Câmara. Não se conhece, da parte de Santana, nenhuma ideia nova sobre Lisboa (ele tinha 3 e já as esgotou: o túnel do Marquês, o Casino de Lisboa e o Parque Mayer). Nada disto interessa. O que interessa são os jogos dentro do partido.

Aliás, no PS, a treta é a mesma. Agora, por exemplo, António Costa e Helena Roseta chegaram a um entendimento, que foi muito saudado pelos comentadores. Então, mas afinal eles não pertencem ao mesmo partido? Não podiam ter chegado a esse acordo antes de concorrerem separadamente à Câmara, evitando meses e meses de decisões adiadas porque não havia maioria nas votações?

Voltando ao Sr. Lopes: será que ele quer a candidatura à Câmara de Lisboa?

Não acredito.

O Sr. Lopes quer a Presidência da República, quando o ciclo de Cavaco acabar.

Lá terei que votar no Mário Soares, outra vez, daqui a 10 anos…