“Bad Company”, de Joel Schumacher (2002)

—Mais um filme estilo-my-fair-lady, mas com espiões.

Um negro que vende bilhetes para espectáculos no mercado negro e joga muito bem xadrez (Chris Rock), tem um irmão gémeo que nunca viu na vida, que é um espião de alto gabarito, trabalhando para a CIA. Esse irmão é assassinado pelos mauzões e a Companhia vai buscar o aldrabão e vai transformá-lo num grande espião.

O homem encarregado desse trabalho é um agente interpretado por Anthony Hopkins.

Seguem-se as cenas de tiroteio, em que o novo espião começa a dar barraca para, depois, se transformar num herói.

A receita é conhecida, o argumento não tem surpresas e o filme não ultrapassa a mediania, mas dá para hora e meia de entretenimento.

Californication – 3ª temporada

—A série continua com bom ritmo. Politicamente incorrecta, machista q.b., ordinarota e cheia de ritmo.

David Duchovny continua a fazer um bom escritor falhado, bebedolas, mulherengo, preguiçoso, porcalhão e tudo o que se quiser, mas com muita saída junto das mulheres, sobretudo das mulheres dos outros, que não as sabem acarinhar como só ele sabe.

No antepenúltimo episódio, assistimos a uma verdadeira comédia de costumes, com as três mulheres que Moody anda a papar a encontrarem-se, todas, em casa dele, juntando-se, depois, a legítima mulher e a filha.

Hank Moody e o seu agente e amigo Runkle formam um par irresistível, muito bem secundados por Kathleen Turner, que personifica a agente Collini, “who always gets the weeny”.

E caso não gostes deste tipo de séries, “you can leak me where god slipt me”…

Nip/Tuck – 6ª temporada

—Foi a última temporada de uma das séries mais bizarras da nova onda de séries norte-americanas.

Pequeno exemplo: Kimber, a ex-estrela porno, recauchutada pela sociedade McNamara & Troy, foi casada com Matt, filho de Sean que, afinal, era filho de Christian, de quem teve uma filha, e, depois, casou-se com o pai do anterior marido, o que fez com que este se tornasse padrasto da neta, mas, nos intervalos, foi também para a cama com Sean.

Matt, o tal filho de um que, afinal, é filho do outro, depois de uma relação com uma linda mulher que, mesmo depois de ter ido para a cama com ela várias vezes, nunca descobriu que, afinal, era um transexual, e depois de se ter casado com a Kimber, decidiu ser mimo, tipo Marcel Marceau mas, como a coisa não dava dinheiro, começou a assaltar lojas, mascarado de anúncio da TMN; foi preso e devidamente sodomizado.

Julia, a mulher de Sean, que foi para a cama com Christian, de que resultou o tal Matt, descobriu, depois de 20 anos de casamento que, afinal, era lésbica, tal como a anestesista que, no entanto, quando soube que Christian tinha um cancro da mama em fase terminal, aceitou casar com ele, para dele cuidar até í  morte e, depois de experimentar a extraordinária pila do cirurgião, até deixou de ser lésbica. Só que, assim que Christian soube que, afinal, não estava a morrer, desatou a comer tudo o que era gaja, o que fez com que a anestesista voltasse a ser lésbica.

Confusos?

Só se não visionarem as 6 temporadas da série mais kinky da televisão norte-americana!…

“An Education”, de Lone Scherfig (2009)

—Mais um daquele filmezinhos ingleses, simples e sem grande orçamento, que são agradáveis de ver e que, sem serem obras de arte inesquecíveis, são escorreitos e proporcionam um bom entretenimento.

Escrito por Lynn Barber e adaptado ao cinema por Nick Hornby (o mesmo de “High Fidelity” e “About a Boy”), o filme passa-se na Londres de 1961 e conta-nos a história de uma miúda de 16 anos (Carey Mulligan), filha de um casal da pequena burguesia, de onde se destaca o pai (Alfred Molina), boa aluna e muito prendada, que conhece um homem mais velho (Peter Sarsgaard), que lhe vai mostrar as coisas boas da vida, acabando por pedi-la em casamento, afastando-a dos estudos e da eventual entrada em Oxford, sonho da família.

Só que esse homem tem vários segredos e a rapariga vai passar um mau bocado.

Parece uma história já conhecida e acaba por ser, mas está bem contada e não incomoda a inteligência.

“Burn After Reading”, de Ethan e Joel Coen

—“Destruir Depois de Ler” é mais uma daquelas comédias mais ou menos malucas que os irmãos Coen gostam de fazer, de quando em vez. Começaram com “Arizona Junior” e, sazonalmente, chateiam-se do “cinema sério” (“True Blood”, “The ManWho Wasn’t There” e etc) e fazem uma coisa destas (um “objecto cinematográfico com discurso de comédia”, como escreveria um crítico profissional). Nem sempre se saem bem. Se “The Big Lebowski” acabou por se tornar um clássico da comédia, e “O Brother, Where Art Thou?”, embora um pouco pateta, ainda se aguenta, “Intolerable Cruelty”, também com Clooney, é uma seca.

Mas este filme, de 2008, é muito recomendável. O resumo do argumento diz tudo: «a disk containing the memoirs of a CIA agent ends up in the hands of two unscrupulous gym employees who attempt to sell it.»

George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich e um surpreendentemente pateta Brad Pitt, são os principais intérpretes e cumprem, com nota alta.

Foi o primeiro filme que vi, através do videoclube do Meo.

Zon down!

Meo rules!

“Whatever Works”, de Woody Allen

—Woody Allen voltou í s boas comédias com este “Whatever Works”, traduzido para “Tudo Pode Dar Certo”, que é exactamente o contrário do título original e da filosofia do filme.

“Whatever Works” quer dizer qualquer coisa como “o que for, soará”, ou “seja o que for”, ou “desde que resulte” – nunca “tudo pode dar certo”. Pode e não pode…

O personagem principal é Boris Yelnikoff, um físico reformado que quase ganhou o Nobel e interpretado por Larry David (outro trunfo do filme – já que todos estamos um pouco farto destes personagens interpretados por Allen). Boris está sempre zangado, não suporta os outros seres humanos porque, como tem um QI de 200, todos são imbecis, a seus olhos. Vive sozinho e detesta tudo e todos até que, certo dia, acolhe em sua casa uma jovem sulista (Evan Rachel Wood), ignorante, pouco mais que analfabeta e que, acabada de chegar a Nova Iorque, não tem onde dormir.

A partir daí, a história do Pigmalião, de Bernard Shaw, repete-se, mas com os tiques de Woody Allen. Claro que Boris é um hipocondríaco, tem crises de pânico e, temendo a gripe A, canta o “Happy Birthday” duas vezes, enquanto lava as mãos, tal como a OMS aconselhava.

O filme está cheio de boas piadas e embora seja um déjí  vu das comédias de Allen, vale a pena o tempo e Larry David merece 20 valores.

Aconselho.

“Cheri”, de Stephen Frears

—Chéri é a alcunha do filho de uma prostituta reformada (Kathy Bates) que, aos 19 anos, não faz nada senão perder-se em noitadas de sexo e drogas (ainda não havia rock’n’roll, uma vez que o filme decorre na chamada Belle Époque, em Paris).

A mamã, preocupada, pede í  sua amiga Lea, também prostituta a entrar na casa dos 50, mas ainda com muita meia sola para gastar, que desvie o seu filho daqueles maus caminhos e o seduza. Ela assim o faz acaba por se apaixonar pelo puto.

A tal prostituta cinquentona é interpretada por Michelle Pfeiffer, ainda em muito boa forma física e, pelos vistos, com a sabedoria suficiente para prender e manter um rapazola de 19 anos.

E depois?

Depois, nada.

O que se esperava de um filme baseado num romance de Colette?

Cenários excelentes. í€s tantas, parece que estamos num filme sobre decoração de interiores, mas pouco mais. Se Stephen Frears tentou repetir o êxito de “Strange Liaisons”, falhou.

Um pouco bocejante.

Dança em Almada

A Companhia de Dança de Almada existe há 18 anos e, antes disso, a professora Maria Franco ensinou bailado a milhares de jovens almadenses na Academia Almadense, entre elas, a minha filha Marta que, entre os 6 e os 18 anos, por lá andou, com entusiasmo e dedicação.

Durante esses anos fui um espectador mais ou menos assíduo de dança, mais como pai orgulhoso do que como espectador interessado – embora algumas produções da Gulbenkian me tenham transformado num quase-fã de dança moderna (naquela altura, dançar canções de Tom Waits era o suficiente para me conquistar…)

Há alguns anos que não assistia a um espectáculo de dança mas hoje a Marta convenceu-nos e fomos ao Auditório Lopes Graça e, a troco de míseros 6 euros cada um , assistimos ao 4º Programa de Dança, integrado na 18ª Quinzena de Dança de Almada, organizada pela Companhia.

Assistimos a 5 obras, das quais tenho que destacar a primeira, “Inside Out”, com coreografia e interpretação da bailarina húngara Anna Réti, e a segunda, “Absence”, com coreografia do francês Éric Oberdroff e interpretação de Audrey Vallarino e Gildas Diquero.

De vez em quando, sabe bem…

“Up In The Air”, de Jason Reitman

—George Clooney faz de George Clooney, neste filme muito aclamado porque tenta mostrar que, afinal, a teoria da mochila não funciona para sempre.

Clooney é Ryan Bingham, um tipo cuja função é despedir pessoas. Uma vez que muito patrões não têm tomates para tomar essa decisão, acabam por contratar uma empresa que tem especialistas nessa área. Bingham é um desses especialistas e vive em viagem, entre um e outro aeroporto norte-americano, de hotel para hotel. Dá formações onde mostra que é difícil ser-se livre se, na nossa mochila, temos que introduzir a casa, os móveis, os electrodomésticos, o carro, a mulher e os filhos. A nossa mochila deve estar sempre pronta para zarpar e, com todo esse peso, é impossível partir de um momento para o outro.

Só que Bingham acaba por conhecer uma mulher (Vera Farmiga), que fica muito bem, de costas, toda nua, apenas com uma gravata í  cintura. Também ela anda de aeroporto para aeroporto. Os dois acabam na cama mas o desenvolvimento da relação trás uma surpresa desagradável para o teórico da solidão.

Como dizia o meu tio Zé, é bonito e faz chorar, é próprio para mulheres grávidas e pupilos do exército.

No final, Clooney fica a beber o Nespresso sozinho.

“New York, I Love You”

—E no dia em que se assinalam 9 anos sobre a destruição das Twin Towers, nada melhor que este pequeno filme para homenagear essa cidade fantástica.

New York, I Love You” é um conjunto de pequenas histórias, umas melhores que outras, passadas em Nova Iorque, com gente de Nova Iorque. Os realizadores são 11, todos desconhecidos para mim e a lista de actores é interminável, incluindo Julie Christie, que protagoniza a história mais “europeia”, John Hurt, James Caan, Andy Garcia, Eli Wallach, Natalie Portman, e muitos outros.

Apesar da tagline dizer “a cada momento começa uma nova história de amor”, e apesar das histórias serem todas histórias de amor, nenhuma é piegas.

Duas histórias sobressaem: a da jovem de cadeira de rodas, a quem o pai (James Caan) arranja um par para o baile de finalistas e a do engatatão de esquina e a sua tentativa de conquistar mais uma mulher. Ambas as histórias têm um final surpreendente.

Vale a pena ver.