“O Mundo Ardente”, de Siri Hustved (2014)

1150733bSiri Hustved (Minnesota, 2014) é autora, até agora, de cinco romances, um livro de poesia, dois livros de ensaios e mais umas quantas obras de não-ficção, mas acaba muitas vezes por ser conhecida pelo facto de estar casada com Paul Auster…

Talvez por isso, tenha escolhido este tema para o seu último romance.

mundo ardenteThe Blazing World é sobre Harriet Burden, uma artista-performer nova-iorquina, mais conhecida por ser a mulher de um marchant famoso.

Para que as suas obras fossem reconhecidas, Harriet pediu sucessivamente a três homens para assinarem por ela, como se fossem eles os autores – e as três exposições que daí nasceram foram sempre um sucesso. E Harriet sempre acreditou que tal só era possível porque os autores eram homens; se os críticos soubessem que a autoria das obras pertencia a uma mulher, tudo passaria despercebido.

E, de facto, é difícil recordarmo-nos de pintoras, escultoras, artistas plásticas em geral, do sexo feminino.

O Mundo Ardente, formalmente, é diferente do habitual: cada capítulo é um testemunho escrito, ou uma entrevista de alguém que conheceu e conviveu com Harriet ou, então, pedaços dos muitos cadernos que Harriet escreveu. E a pouco e pouco vamos construindo o puzzle da vida de Harriet.

Uma obra interessante, embora o mundo das artes plásticas, as suas guerras e tricas, que me parecem muito nova-iorquinas, esteja um pouco longe dos meus interesses.

“A Morte do Pai”, de Karl Ove Knausgard (2009)

Knausgard nasceu em 1968 em Oslo, capital da Noruega, e vive actualmente em Malmo (Suécia).

knausgardEstes dois factos simples talvez ajudem a perceber uma obra como esta. Talvez o facto de ser originário do norte da Europa, possa ajudar a explicar a frieza com que este escritor se expõe neste projecto, que envolve seis livros autobiográficos, sob o título genérico e provocatório de “A Minha Luta”.

O primeiro livro, “A Morte do Pai”, é sobre isso mesmo, a morte do pai de Knausgard; a relação entre ambos não terá sido a melhor e isso nota-se na amargura com que o autor descreve o seu pai, um professor de província, que se tornou alcoólico no fim da vida.

morte do paiNestas primeiras 377 páginas (parece que os seis livros somam 3500 páginas…), Knausgard conta-nos diversos episódios da sua infância e juventude, a sua relação com uma mãe, que me pareceu ausente, e com o irmão mais velho, que lhe serviu de modelo durante algum tempo. A certa altura, o livro centra-se na morte do pai e Knausgard descreve minuciosamente, os dias que passou com o irmão a limpar a casa onde o pai vivia e que se tinha transformado num armazém de lixo e garrafas vazias – e, nesses dias, reencontra a avó paterna, já um pouco demente e, também ela, dependente do álcool.

Minucioso é o termo.

Knausgard preenche páginas e páginas com a descrição minuciosa de coisas banais.

Um exemplo, na página 275:

«Tirei um saco plástico da gaveta, esvaziei os dois cinzeiros que estavam na mesa, fechei-o e deitei-o no saco de lixo preto meio cheio que estava no canto, arranjei um pano, limpei o tabaco e as migalhas da mesa, pus o pacote de tabaco e a máquina de enrolar a um canto, sob o parapeito da janela, abri a janela e prendia-a com o ferrolho.»

Ou este outro, na página 320:

«Na cozinha, despejei a água, torci o pano e pousei-o na borda do balde, e a minha avó sentou-se no seu lugar de sempre. Quando tirei o cinzeiro da mesa, ela levantou a cortina e olhou para fora. Esvaziei o cinzeiro, voltei, peguei nas chávenas, pu-las no lava-louça, humedeci o pano da cozinha, espalhei detergente na mesa e estava a limpá-la quando Yngve entrou com um saco em cada mão. Pousou os sacos e começou a tirar coisas. Primeiro aquilo que iríamos comer e que ele pousou na bancada, quatro filetes de salmão embalados a vácuo, um saco de batatas com vestígios de terra, uma couve-flor e um pacote de ervilhas congeladas, e depois todas as outras coisas, algumas que enfiou no frigorífico e outras no armário ao lado».

De salientar o pormenor dos filetes de salmão embalados no vácuo e das batatas com vestígios de terra…

E descrições destas abundam no livro.

Mas é assim a vida, não é?… feita de rotinas, de gestos mecânicos de coisas comezinhas.

Um dos livros mais marcantes dos últimos tempos.

“O Museu da Inocência”, de Orhan Pamuk (2008)

pamukArranjei finalmente vontade para ler este romance de Orham Pamuk (Istambul, 1952). Como já disse, desconfio sempre dos best sellers e receava que este fosse mais um desses livros que vendem milhares e que pouco interesse têm.

O Museu da Inocência foi o primeiro romance que Pamuk escreveu depois de ter ganho o Nobel, em 2006.

E esmerou-se.

Tenho alguma dificuldade em qualificar o livro mas apetece-me dizer que parece um romance “í  moda antiga”, uma história escrita por alguém muito antigo, uma história “que já não se usa” …

museu da inocenciaO livro conta a história de Kemal, um jovem novo-rico de 30 anos que, apesar de estar noivo de outra abastada jovem, se apaixona por uma prima afastada, Fusun, de 18 anos, empregada numa loja de roupa. Amor impossível.

A história, que parece saída da Mil e Uma Noites, começa nos anos 70 e prolonga-se por cerca de 30 anos e, í  medida que se desenrola, vamos tomando contacto com a evolução de Istambul, pelo menos ao nível das classes mais endinheiradas que queriam, a toda a força, ser e, sobretudo, parecer, ocidentalizadas.

Como se diz na página 275: «Na Europa, os ricos são suficientemente refinados para agir como se não fossem ricos. É assim que as pessoas civilizadas se comportam. Se queres saber a minha opinião, ser culto e civilizado não tem nada a ver com sermos todos livres e iguais; tem a ver com sermos todos suficientemente refinados para agir como se assim fosse.»

Kemal vai para a cama com Fusun, o que é muito “ocidental”, mas nunca chegam a casar.

Nos anos seguintes, a obsessão de Kemal por Fusun vai crescendo e começa a coleccionar objectos relacionados com ela: brincos, postais ilustrados das ruas que percorreram juntos, bilhetes e cartazes de cinema, beatas que ela fumou, etc, até nascer a ideia de fazer um Museu todo dedicado a ela.

E Pamuk foi mais longe, criando mesmo um Museu da Inocência, num dos bairros de Istambul (http://en.wikipedia.org/wiki/The_Museum_of_Innocence_%28museum%29).

Passei apenas dois dias em Istambul, mas a leitura deste livro fez-me lembrar constantemente aquela cidade, não sei explicar porquê.

Talvez porque Pamuk conseguiu impregnar a sua história com a essência da cidade onde nasceu.

Vale a pena ler.

“O Sentido do Fim”, de Julian Barnes (2011)

barnesVencedor do Man Booker de 2011, Julian Barnes tem uma escrita sóbria e perfeita.

The Sense of an Ending, escrito na ressaca da morte da sua companheira, a agente literária Pat Kavanagh, conta-nos a história de Tony Webster que, já reformado, tem conhecimento do suicídio de um amigo da juventude e que este lhe teria deixado, em testamento, um diário.

Para o obter, Webster tem que entrar em contacto com uma antiga namorada e todo esse processo o faz recordar momentos do passado.

Nascido em 1946, Barnes, falando pela voz do personagem, diz coisas que me são muito familiares, nomeadamente no que diz respeito aos grupinhos de rapazes do Liceu e í s suas conquistas amorosas mais ou menos frustradas.

A propósito do ultrapassado conceito de “andar” com uma rapariga:

“…erasentido do fim isto que costumava acontecer: conhecíamos uma rapariga, sentíamo-nos atraídos por ela, tentávamos cativá-la, convidávamo-la para um ou dois eventos sociais – o pub, por exemplo – depois convidávamo-la para sair a sós, convidávamo-la de novo e, após um beijo de boas noites de intensidade variável passávamos, por assim dizer, “a andar” com ela. Só quando estávamos pratica e publicamente comprometidos, é que descobríamos a política sexual dela. E por vezes isso significava que o corpo dela era tão estrito e reservado como uma zona de pesca exclusiva.”

E isto era mesmo assim porque, como também diz o protagonista do livro, estávamos nos anos 60, sim senhor, mas esses anos não foram iguais em toda a parte, nem para toda a gente.

Sentindo-se já um pouco decadente, Tony Webster também projecta o seu futuro, desta maneira:

“Ser velho, estar no hospital e ter enfermeiras que nunca vi a chamarem-me Anthony, ou pior, Tony. Deixa-me espetar-te isto no braço, Tony. Toma mais papa, Tony. Evacuaste, Tony? Claro que, quando isso acontecer, a excessiva familiaridade do pessoal de enfermagem deverá estar no fim da minha lista de preocupações; mas ainda assim.”

O tempo, a passagem do tempo, é um dos cernes deste livro, e Barnes resume isso muito bem neste período:

“Mas o tempo… o tempo primeiro fixa-nos e depois confunde-nos. Pensávamos que estávamos a ser adultos quando estávamos só a ser prudentes. Imaginávamos que estávamos a ser responsáveis, mas estávamos só a ser cobardes. Aquilo a que chamávamos realismo acabava por ser uma maneira de evitar as coisas e não de as enfrentar. Tempo… deem-nos tempo suficiente e as nossas decisões mais fundamentadas parecerão instáveis e as nossas certezas, bizarras.”

Com tradução de Helena Cardoso e edição Quetzal, eis um livro que recomendo vivamente.

Outras obras de Julian Barnes Arthur & George (2005) e Amor & Etc (2000)

“O Pintassilgo”, de Donna Tartt (2013)

Donna Tartt by Beowulf SheehanDona Tartt (Greenwood, Mississipi, 1963), é uma escritora norte-americana, autora de três calhamaços com muitos anos de intervalo e sempre com muito bom acolhimemento por parte da crítica.

Publicou The Secret History em 1992, The Little Friend em 2002 e este The Goldfinch em 2013.

O Pintassilgo são 893 páginas densas que percorrem vários anos na vida de Theo Decker.

pintassilgoTheo, então com 13 anos, está com a mãe a visitar o Metropolitan Museum de Nova Iorque, quando acontece uma atentado terrorista. A explosão de uma bomba mata a mãe, destroi uma parte do Museu e Theo, no meio dos destroços, conhece um velho que, moribundo, o incita a levar o quadro de Carel Fabritius, que mostra um pequeno pintassilgo, preso por uma corrente a uma espécie de poleiro.

Theo leva o quadro para casa, embrulha-o numa fronha de almofada e por ali fica alguns dias, até que a Segurança Social lhe arranja uma família de acolhimento. Nas suas deambulações por Manhattan, Theo trava conhecimento com um restaurador de móveis, de quem fica amigo e que, vem a descobrir mais tarde, estava relacionado com o velho que Theo viu morrer no Metropolitan.

Entretanto, o pai de Theo, separado há muito da mãe, decide vir buscá-lo e levá-lo para a sua casa, em Las Vegas. É lá que Theo conhece Boris, um adolescente de ascendência russa, que o inicia no álcool e nas drogas.

O pai de Theo, alcoólico e jogador compulsivo, acaba por morrer alguns anos depois, vítima de acidente e o rapaz regressa a Nova Iorque e procura o restaurador de móveis, ficando a viver na sua casa e ajudando-o no negócio do mobiliário.

E o quadro de Fabritius nunca é devolvido ao Museu, viajando com Theo de Nova Iorque até Las Vegas, e de volta a Nova Iorque – ou assim ele pensa.

E é aí que entram em jogo os traficantes de arte, cenas de acção em Amesterdão e um final inesperado.

Confesso que o livro me parece extenso de mais; algumas partes eram dispensáveis ou poderiam ser encurtadas, como a descrição dos dias que Theo passa no quarto do hotel em Amesterdão, depois de ter morto um bandido, mas parece-me que Donna Tartt deve ser daquelas escritoras que não consegue parar. Aliás, o livro poderia continuar porque, quando termina, Theo deve ter pouco mais de 30 anos…

Recomendo, mas é preciso algum estofo e um bom par de bícepetes, já que o calhamaço pesa quase meio quilo.

“Quando a Tua Ira Passar”, de Asa Larsson (2009)

De vez em quando, apetece-me ler um policial, para matar saudades dos livrinhos da colecção Vampiro, de Dashiel Hammet, Rex Stout, Mickey Spillane, Raymond Chandler e quejandos.

E, hoje em dia, diz-se que os melhores escritores policiais estão nos países do norte da Europa, nomeadamente na Suécia.

Já tinha lido um livrinho de Henning Mankel e do seu inspector Wallander (Um Homem Inquieto) e decidi experimentar agora Asa Larsson.

asa_larssonNascida em Upsala, em 1966, Larsson já publicou 5 romances policiais, tendo começado em 2003, com apenas 37 anos.

Este Quando a Tua Ira Passar é considerado o seu melhor livro, mas não me deslumbrou.

Trata-se da história de dois jovens que são assassinados para que um antigo segredo, relacionado com colaboracionistas pró-nazis, não seja desvendado.

iraTudo se passa no norte da Suécia, com muita neve, muito frio e muito gelo, mas há alguns pormenores que me desagradaram.

Por um lado, um dos jovens assassinados surge, de vez em quando, mesmo depois de morto, como se fosse um segundo narrador da história e, por outro, os nomes dos personagens e dos locais são tão arrevesados que só, mais ou menos, a meio do livro consegui começar a identificar cada um deles, sem confundir o Sven-Erik Stalnacke com o Airi Bylund, ou o Tore com o Hjalmar…

A cena final, no entanto, está bem esgalhada e é capaz de dar um bom filme.

“A Rainha da Neve”, de Michael Cunningham (2014)

Parece-me que Michael Cunninham perdeu o “magic touch” que o fez ganhar o Pulitzer com o romance As Horas (1998), e que o fez escrever outros dois grandes romances: Sangue do meu Sangue (1995) e Uma Casa no Fim do Mundo (2001).

Já o anterior Ao Cair da Noite  (2010) me pareceu maçador, bem como Dias Exemplares (2005).

rainha da neveEste novo romance de Cunningham tem o cenário habitual: uptown Manhattan, personagens ligeiramente marginais, artistas, famílias diferentes.

A história desenrola-se em volta de um compositor (pop? rock? folk? não se percebe…), Tyler, da sua companheira Beth, que sofre de cancro terminal, do seu irmão homossexual Barrett e de alguns amigos. Todos têm muitas dúvidas quanto ao sentido da vida, todos snifam coca, Barrett viu uma luz no céu do Central Park e acha que aquilo é um presságio, Tyler casa-se com Beth um pouco antes dela morrer, mas também se sente atraído por Liza, uma cinquentenária que só namora com rapazes muito mais novos e tudo isto é muito pouco consistente.

Pelos vistos, o êxito dos três primeiros romances não foram um bom augúrio.

“Canadá”, de Richard Ford (2012)

canadaDell Parsons é um jovem de 15 anos que tem uma irmã gémea, Berner. Vivem com os pais numa terreola de Montana. O pai pertencia í  Força Aérea, mas está na reserva; é um tipo estranho, distante e que se dedica a alguns negócios menos limpos, como traficar carne de vaca. A mãe, é uma pequena judia que, aparentemente, tem pouco em comum com o pai.

A história é-nos contada por Dell, 50 anos depois dos acontecimentos narrados.

Os negócios estranhos do pai de Dell correm mal e ele fica a dever dinheiro a um grupo de índios violentos. Para resolver o problema, o pai decide assaltar um Banco, com a ajuda da mãe, mas a coisa corre mal.

Depois da prisão dos pais, Berner foge porque não quer ir parar a alguma família de acolhimento, enquanto Dell é levado para o Canadá, por uma amiga da mãe. E é numa pequena cidade do Canadá que Dell vai conhecer e involuntariamente colaborar com um assassino.

richard-fordRichard Ford (Jackson, Mississipi, 1944) é um romancista norte-americano que já ganhou um Pulitzer, mas do qual nunca tinha lido nada.

Canadá é uma daquelas histórias que nos agarram desde o princípio.

Será que todos somos vítimas das circunstâncias?

Gostei.

“Verão” (2009), de J. M. Coetzee

veraoJ. M. Coetzee (Cidade do Cabo, 1940) é um dos meus escritores preferidos e este Summertime é mais um bom texto com uma ideia notável.

Um biógrafo inglês está a escrever um livro sobre o falecido escritor John Coetzee, centrando-se nos anos 1972-77, altura em que o escritor tinha í  volta de 30 anos e ainda não tinha publicado nada de importante.

Nesse sentido, entrevista uma mulher casada com quem Coetzee teve um caso amoroso, a sua prima Margot, uma bailarina brasileira, cuja filha foi aluna de inglês do escritor e alguns ex-colegas professores.

Graças a essas entrevistas, conhecemos o jovem Coetzee, um homem solitário, desajustado, que vivia com o seu velho pai viúvo e que ganhava a vida com trabalhos temporários de professor.

Recomendo.

Outras obras de Coetzee: No Coração desta Terra (1976), O Homem Lento (2005), A Vida e o Tempo de Michael K. (1983), Diário de um Ano Mau (2007), A Infância de Jesus (2013), Desgraça (1999).

“O Assédio”, de Arturo Pérez-Reverte (2010)

assedioFoi com alguma dificuldade que li este romance histórico de Pérez-Reverte. São mais de 650 páginas de escrita densa e, por vezes, difícil de desbravar, sobretudo quando o autor decide inundar-nos de termos náuticos.

Exemplo (pág. 204):

“A enorme vela carangueja embate contra o mastro, dando balanços na marejada, com fortes puxões que fazem estremecer o pau e o casco preto da balandra. í€ popa, junto dos dois timoneiros que dirigem a cana de ferro forrado de couro, Pepe Lobo mantém a embarcação de capa, com o vento de proa a fazer ondular a bujarrona solta e com a longa retranca a oscilar sobre a sua cabeça. Até ele chega o cheiro dos bota-fogos que fumegam no costado de estibordo, junto dos quatro canhões de 6 libras que, por essa banda e sob supervisão do contramestre Brasero, apontam para a tartana imobilizada muito perto, a tiro de pistola, com as duas velas triangulares a ondular e com as escotas soltas.”

E trechos como este não faltam, ao longo do livro.

O Assédio passa-se em 1811, na cidade espanhola de Cádis, cercada pelas tropas de Napoleão. Cercada não será o termo certo, porque a cidade mantém a saída para o mar, o que lhe permite resistir por mais de três meses.

Nessa cidade sitiada, um assassino está a matar jovens mulheres, chicoteando-as até í  morte e os corpos vão aparecendo onde, momentos depois, há-de cair uma bomba francesa.

Um comissário de polícia muito pouco escrupuloso, persegue o assassino, acabando por conseguir apanhá-lo com a ajuda de um oficial inimigo.

Paralelamente, vamos conhecendo a história de Lolita Palma, dona de um empresa de exportação e do corsário Pepe Lobo, que quase vai para a cama com ela – e outras pequenas histórias laterais.

Pérez-Reverte documentou-se a valer e descreve, ao pormenor, hábitos, costumes, indumentária, móveis, publicações, e muito mais da Cádis do século 19 e, por vezes, a narrativa tem o tom de uma grande reportagem (o autor foi jornalista, nomeadamente repórter de guerra).

O Assédio é um bom romance histórico, embora pudesse ganhar mais ritmo se não fosse tão longo.

Outras obras do mesmo autor: O Pintor de Batalhas, O Hussardo, O Cemitério dos Barcos Sem Nome e A Rainha do Sul.