Qual será o rating do Papa?

De pé, no corredor do avião que o transportou para Madrid, Bento 16 falou sobre a crise económica internacional.

Com um grosso cordão de ouro ao pescoço, do qual pendia um crucifixo também de ouro, e com um anel de ouro do tamanho de uma moeda de dois euros mas muito mais espesso, disse coisas tão definitivas como «a dimensão ética não é uma coisa alheia aos problemas económicos, mas uma dimensão interior e fundamental. A economia não funciona só com regras mercantis, mas necessita de uma razão ética para estar ao serviço do homem.»

Que me interessa a mim a opinião de um tipo que nunca produziu nada na vida, que nunca contribuiu para nada, que nunca fez nada?

Que autoridade tem Bento 16 para falar na crise internacional quando, numa curta visita a Espanha, país a braços com a mais alta taxa de desemprego da Europa, faz gastar 50 milhões de euros?

Como é possível que milhares de jovens, incluindo freiras que suspenderam votos de clausura, se manifestem histericamente, agitando bandeirinhas, perante um velho efeminado, vestido com uma saia branca e calçando uns ridículos sapatos vermelhos?

Claro que Deus não existe. Mas, se existisse, estaria agora corado de vergonha!…

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O Papa e o papel higiénico

A Renova teve uma ideia, digamos, de merda!

Literalmente!

Aproveitando a visita do Papa Bento XVI a Espanha, a Renova lançou um novo modelo de rolos de papel higiénico com as cores da bandeira do Vaticano.

A ideia é que os fiéis atirem os rolos í  passagem do Papa, como se fossem serpentinas.

Claro que pedras com as cores do Vaticano tinha sido uma ideia muito melhor, mas enfim…

O objectivo é fazer propaganda í  Renova e, mesmo depois do Papa se ir embora, os espanhóis podem continuar a pensar em Bento XVI, sempre que limpem o cu…

De Balocas até Valpaços

O telejornal da Sic está a transformar-se, a pouco e pouco, num excelente programa humorístico.

Depois da história do roubo do Pilinhas, hoje tivemos direito a uma excelente reportagem sobre dois padres.

O primeiro padre é de Balocas, uma localidade do concelho de Seia.

Pois o senhor prior recusou-se a dizer missa durante as festas da aldeia, porque as mesmas eram abrilhantadas por um artista pimba, chamado Gabriel (?), acompanhado por duas bailarinas, “duas putas”, na opinião do pároco.

O segundo padre é o de Valpaços, que se recusou a dar a hóstia a uma menina, porque ela usava um decote que ele considerou indecoroso.

A repórter entrevista a menina í  porta da igreja. A moça, com ar cândido, responde com os olhos postos no chão e exibe o tal decote, que deixa entrever dois milímetros dos seus seios púberes.

E, com os ésses sibilantes da beira, explica:

“O xenhor prior levantou a hóstia ainda maij alta e eu, como não chegava lá, voltei para o banco!”.

Coitadinha!…

Com a hóstia tão alta, como podia ela abocanhá-la?!

Xenhor! Por que obrigaich ach mí´chas a tão durach provachões?…

E a moça acrescentou que, depois, ao ver que ela olhava para ele, o eclesiástico exclamou, alto e bom som:

“Não me olhech com eches olhoch!”

Impagável!

Estas reportagens da Sic fazem mais mal í  nossa dívida soberana do que o governo de Passos Coelho!

Papa excomunga Passos Coelho

O Papa foi aos arames quando soube, através do Facebook, que o Passos Coelho nos vai cortar metade do subsídio de Natal!

Quando estava a brincar com o seu iPad, Ratzinger foi alertado por uma mensagem que o alertava por este verdadeiro ataque í  religião católica.

Bento 16 nem queria acreditar que um governo de coligação, do qual fazem parte democratas-cristãos, com destaque para o fervoroso católico Paulo Portas, pudesse cometer semelhante sacrilégio.

É certo que o Papa já tinha desconfiado do ateísmo de Passos Coelho, uma vez que é um homem divorciado, para além de ter sido casado com uma  mulher que pertenceu a uma girls band. Ele sabia que um homem destes não deveria ser grande seguidor dos Evangelhos…

Mas cortar metade do subsídio de Natal é uma heresia.

Como é que os bons cristãos podem, em Dezembro, fazer as suas doações í  Santa Madre Igreja?

Então, o chefe da Igreja reuniu-se com aqueles senhores com aquelas coisas ridículas e cor-de-rosa na cabeça e decidiu excomungar o primeiro-ministro português.

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“Excomungue-se!” – exclamou Bento 16.

“O Céu É Dos Violentos”, de Flannery O’Connor (1960)

Flannery O’Connor morreu em 1964, aos 39 anos, vítima de lupus. Tinha apenas publicado dois romances e uma série de contos e ganho diversos prémios. O National Book Award foi-lhe concedido a título póstumo, em 1972, pela colectânea dos seus contos.

“The Violent Bear It Away” é o seu segundo romance e é uma história estranha, negra, fechada sobre si própria.

Ao ler o romance, não pude deixar de pensar na luta entre os criacionistas e os evolucionistas, que tantos ódios desencadeia nos EUA.

—O romance narra a história de Tarwater, um jovem de 14 anos. O seu tio-aví´, um lunático que se julga um profeta enviado por Deus, raptou-o, ainda bebé, e cuidou dele, ensinado-o a tornar-se, também, um profeta.

Vivem os dois isolados numa casa, no campo. Certo dia, o velho morre subitamente e o rapaz, incapaz de abrir uma cova suficientemente funda para enterrar o aví´, deita fogo í  casa com o aví´ lá dentro. Depois, foge para a cidade, em busca do seu tio, irmão da sua mãe. Este é um professor que renegou a religião, só aceitando a ciência. Vive só, depois de a mulher o ter deixado, a ele e a um filho, que é atrasado mental.

O professor recebe Tarwater de braços abertos. Quer tirar-lhe da cabeça todas as ideias místicas que o velho lá implantou e mostrar-lhe que a ciência tudo explica. No entanto, o rapaz é intratável, não aceitando sequer vestir roupas novas.

A linguagem da escritora é, ao mesmo tempo, lírica e rebuscada: “o rastilho podia ser um pau ou uma pedra, o desenho de uma sombra, o andar absurdo e geriátrico de um estorninho a atravessar o passeio”.

O retrato destas personagens obcecadas pela religião e pela culpa, dá uma ideia de uma certa América que, de certo modo, ainda se mantém nos dias de hoje.

O livro foi publicado em 1960 e está datado. Hoje em dia, um miúdo de 14 anos não passa de um fedelho. Tarwater, pelo contrário, é já um homem, fuma os seus cigarros e bebe o seu whisky.

O modo como a escritora falar dos personagens de raça negra, perdão, dos afro-americanos, também não seria bem aceite, hoje em dia: “Estava prestes a sentar-se quando, mais adiante, num espaço varrido pelo vento í  beira da estrada, viu uma cabana de pretos. (…) Os pretinhos ficaram a observá-lo até ter saído daquele lugar e ter desaparecido pela estrada abaixo”.

No final do livro, Tarwater afoga o primo imbecil, depois de o baptizar e, mais tarde, parece que é violado por um homem que lhe dá boleia, mas a escritora apenas o sugere.

A culpa, sempre a culpa. E a respectiva expiação…

O mundo não acabou? Que porra!

Harold Camping, um pastor evangélico norte-americano, estudou a Bíblia e chegou í  conclusão que o mundo acabaria, com um monumental terramoto, no passado dia 21 de Maio.

Houve gente que se preparou a sério para esse fim do mundo, como Jeff Hopkins, um produtor de televisão reformado, que gastou todas as suas economias em propaganda para alertar os seus concidadãos sobre o fim do mundo. Afinal, o mundo não acabou e Hopkins ficou teso!…

O pastor Camping (o nome faz-me lembrar Inatel…), confessou que ficou em choque quando a meia-noite do dia 21 de Maio chegou  e nada de terramoto. Tudo na mesma…

Voltou í  Bíblia e percebeu que se tinha enganado.

Deitou mãos í  obra, refez as contas e chegou í  conclusão que, afinal, o fim do mundo será no dia 21 de Outubro.

Ora, nessa altura, já o FMI nos terá entregue a 2ª tranche do empréstimo.

Podemos, portanto, fazer-lhe um grande manguito e não lhe pagar um cêntimo do empréstimo.

Afinal, o mundo vai acabar, não vai?

Como a morte de Bin Laden pode contribuir para a santificação de João Paulo 2

Li hoje, no jornal, que só falta um milagre para João Paulo 2 passar de beato a santo.

Confesso que percebo pouco desta mecânica católica, mas o massacre das reportagens televisivas e das páginas dos jornais permitiram-me adquirir uma série de conhecimento inúteis sobre o modo como um beato se pode tornar santo.

E é assim: João Paulo curou a enfermeira francesa Marie Simon-Pierre, que sofria de doença de Parker. (passou a sofrer de doença de Scheaffer, mas isso agora não vem para o caso…)

Por esse motivo, foi-lhe concedida a condição de beato.

Agora, para que o Papa polaco possa tornar-se santo, é preciso que lhe seja atribuído outro milagre.

Está-se mesmo a ver que a morte de Bin Laden vem a calhar.

Há dez anos que os States andavam a trás do barbudo e nada. Acabaram por descobri-lo a uma hora de carro de Islamabad.

É ou não é um milagre?

Basta que Ratzinger faça um telefonema a Barak Obama e lhe proponha um negócio irrecusável: Bento 16, que tem uma relação especial com God, garante que Obama é reeleito presidente se os States declararem que a morte de Bin Laden foi o segundo milagre de João Paulo 2.

Ficam todos contentes: Obama volta a ser presidente, João Paulo torna-se santo e Bin Laden, mártir, vai juntar-se í s cinquenta virgens, mesmo junto ao Grande Profeta.

PS – Os americanos dizem que o corpo de Bin Laden foi atirado ao mar, seguindo as regras muçulmanas, isto é, os tubarões que estraçalharem o corpo do homem, estavam com a cabeça virada para Meca.

Considerem-me apóstata

No Facebook existe um grupo “apostasia: como abandonar formalmente a Igreja Católica”.

O semanário Expresso dá disso notícia, na sua edição de hoje.

Se quiseres deixar de ser católico, formalmente, deves preencher o tal formulário, que inclui o dia e o local do baptismo; deves anexar uma cópia da certidão de baptismo, enviar uma cópia do BI ou do cartão de cidadão; tudo deve seguir em carta registada, com aviso de recepção; deves juntar ainda um envelope selado e endereçado ao remetente, para que a paróquia te remeta a certidão de baptismo com o acto de apostasia averbado.

No caso de o processo não ser aceite, deves contactar o bispo da diocese.

Em último caso, falas directamente com Deus.

Resumindo: desbaptizar é mais complicado que baptizar.

Ora, se é certo que Deus está em toda a parte, é óbvio que está na internet.

Sendo assim, Deus, considera-me apóstata.

 

Ai a caridadezinha!…

Os pobrezinhos voltaram a estar na moda.

Na verdade, junto de uma certa classe alta, muito ligada í  igreja católica, os pobrezinhos sempre estiveram na moda, sobretudo na quadra natalícia.

Mas agora, com a malfadada crise, toda a gente quer mostrar que ajuda os pobrezinhos.

Desde as várias instituições, há muito presentes na sociedade, como o Banco Alimentar, a Cáritas, a AMI, as Misericórdias, muitas outras se juntaram a esta onda de solidariedade. É o caso da Ajuda de Berço, presente nos átrios dos grandes centros comerciais, da EDP, que anda a recolher roupa, livros e brinquedos, e dos restaurantes, que agora guardam as sobras para os pobrezinhos, com o alto patrocínio do Aníbal de Boliqueime e Senhora.

E as escolas, preocupadas com as crianças pobrezinhas, cheias de fome, decidiram manter os refeitórios das escolas abertos, durante as férias de natal, para lhes poderem dar uma refeição quente.

Numa escola de Setúbal, segundo conta o DN, o refeitório esteve ontem aberto, esperando por 50 crianças esgalgadas de fome. Havia lasanha para todos.

Não apareceu ninguém.

Nem um puto pobrezinho e esganado de fome apareceu!

Agora, as sobras destes carenciados deverão ser distribuídas pelos pobres envergonhados da classe média, os quais, por sua vez, hão-de guardar as sobras para os da classe média-alta, e as sobras destes serão distribuídas pelos ricalhaços, sendo que as sobras destes serão dadas, finalmente, aos pobrezinhos, assim fechando o círculo da caridadezinha que se instalou neste país com cheiro a sacristia.

Mas havemos de acabar com os pobres, porra!