O Papa já twitta!

O Papa enviou a sua primeira mensagem no Twitter.

Rezava assim (verbo bem utilizado):

papa-estreia-se-no-twitter-1d0f«Queridos amigos é com alegria que entro em contacto convosco via Twitter. Obrigado pela resposta generosa. De coração vos abençoo a todos».Original, não?

A página do Papa no Twitter é Pontifex.Pontifex é de morrer a rir!

Há fotos do velhote, sentado em frente a um iPad, com o dedinho espetado e uma série de papalvos a olhar para aquilo como se fosse o milagre da multiplicação dos pães.

O Papa a twittar – olha que coisa extraordinária!

Ainda se fosse Deus!…

“Némesis”, de Philip Roth (2010)

Roth anda obcecado com o acaso, com as circunstâncias da vida que podem mudar todo um plano laboriosamente construído, com a impotência dos seres perante a força dos acontecimentos inesperados e imprevisíveis.

Acaba por ser esse o tema dos seus últimos livros, Todo-o-mundo (2006), Indignação (2008) e A Humilhação (2009).

Em Némesis, a força das circunstâncias é representada pela poliomielite. A acção decorre em Newark, nos anos 40. Um jovem judeu, Bucky Cantor, fica livre da tropa e, portanto de participar na 2ª Grande Guerra, devido a sofrer de alta miopia. Frustrado por não poder combater ao lado dos seus amigos, dedica-se ao desporto e dá aulas a miúdos do bairro judeu. Cantor é um modelo de jovem, amado por novos e velhos. Tem uma jovem namorada e pensa em casar e constituir uma família. Mas, com o Verão, vem uma nova epidemia de poliomielite que, naqueles tempos pré-vacina, é devastadora.

E contra essa força do acaso, não é possível lutar. Podes ser muito bem comportado, educado, grande atleta, cuidadoso – podes ser tudo o que há de bom, que nada disso te vai salvar da morte ou de uma paralisia deformante e incapacitante.

Tal como nos outro livros, Deus está ausente, ou melhor, está presente mas nada faz. A propósito do velório de um jovem de 12 anos, morto pela polio, Roth escreve:

«O Sr. Cantor teria achado uma afronta muito menor se as pessoas ali reunidas pelo luto se declarassem oficiantes da majestade solar, filhas de uma divindade solar justa, e, à maneira fervorosa das antigas civilizações pagãs do nosso hemisfério, se entregassem a uma dança ritual do sol à volta da campa do rapaz morto (…) – muito melhor honrar com as nossas orações o encontro diário e tangível com esse ubíquo olho de ouro isolado no corpo azul do céu e o seu poder imanente de incinerar a terra – do que engolir a mentira oficial segundo a qual Deus é bom e dobrar a cerviz perante um assassino de crianças a sangue frio.»

Afinal, aquilo a que chamamos Deus talvez não passe do Acaso, e pode, ou não, ser bom. Como refere Roth: «Umas vezes temos sorte, outras não. Toda a biografia é acaso e, a começar pela concepção, o acaso – a tirania da contingência – é tudo.»

Apenas uma curiosidade: no fim do livro, um dos jovens reinado por Bucky Cantor, reencontra o seu antigo treinado, muitos anos depois e pergunta-lhe como é a sua vida agora. Cantor responde: «Eu não sou pessoa de grandes convivências, Arnie. Vou ao cinema. Aos domingos desço até ao Ironbound e como um bom jantar português. Gosto de me sentar no parque quando o tempo está bom. Vejo TV. Vejo os noticiários.» (sublinhado meu)

Bucky Cantor, judeu de Newark, gosta de comer um bom jantar português.

Tem bom gosto.

Roth também.

 

 

Qual será o rating do Papa?

De pé, no corredor do avião que o transportou para Madrid, Bento 16 falou sobre a crise económica internacional.

Com um grosso cordão de ouro ao pescoço, do qual pendia um crucifixo também de ouro, e com um anel de ouro do tamanho de uma moeda de dois euros mas muito mais espesso, disse coisas tão definitivas como «a dimensão ética não é uma coisa alheia aos problemas económicos, mas uma dimensão interior e fundamental. A economia não funciona só com regras mercantis, mas necessita de uma razão ética para estar ao serviço do homem.»

Que me interessa a mim a opinião de um tipo que nunca produziu nada na vida, que nunca contribuiu para nada, que nunca fez nada?

Que autoridade tem Bento 16 para falar na crise internacional quando, numa curta visita a Espanha, país a braços com a mais alta taxa de desemprego da Europa, faz gastar 50 milhões de euros?

Como é possível que milhares de jovens, incluindo freiras que suspenderam votos de clausura, se manifestem histericamente, agitando bandeirinhas, perante um velho efeminado, vestido com uma saia branca e calçando uns ridículos sapatos vermelhos?

Claro que Deus não existe. Mas, se existisse, estaria agora corado de vergonha!…

Deus regressa a O Coiso

Deus esteve sempre disponível para os visitantes do Coiso, só que andava escondido, nos meandros do Velho Coiso.

Mas Deus merece melhor.

Portanto, aí está, de novo, o link que vos envia directamente para Ele.

Está aqui, em www.deus.com e logo aí ao lado, na coluna dos Coisos da Família – até porque Deus é cá dos nossos…

O patrocínio de Deus

Cristo vendeu-se à Samsung.

Não foram revelados os montantes, mas é de crer que, em troca da publicidade, a Samsung tenha oferecido ao filho do carpinteiro, no mínimo, um plasma HD, um sistema surround e um blue-ray.

A Samsung entregou, no Céu, estas e outras vitualhas, porque Cristo não iria descer à Terra para as buscar.

Se descesse, lá teríamos que aturar o Marcelo Rebelo de Sousa como candidato a líder do PSD.

Vantagem: ao chefiar o PSD, Marcelo deixaria de fazer as suas homilias, ao domingo à noite, na RTP.

Questão pertinente: se a Samsung patrocina Cristo, quem patrocinará Deus?

A Philips? A Pioneer? A Sony?

Como ateu, tenho dificuldade em perceber estas coisas teológicas…