Há feriados e feriados…

O Estado português e a Santa Sé chegaram finalmente a acordo: dois feriados religiosos ficarão suspensos até 2018.

Quer dizer que, durante 5 anos, ficaremos sem todos os Santos e Deus ficará sem Corpo.

Em 2018, os Santos regressarão.

Todos.

E Deus recuperará o seu corpo.

Quanto í  República e í  Restauração da Independência, perdem definitivamente o direito aos respectivos feriados.

Os feriados civis perdem em relação aos religiosos.

Não admira – os Santos e Deus tiveram a ajuda do Papa…

O ílvaro e os feriados

O ílvaro vivia no Canadá, que é um daqueles países que não existe.

Por isso, para ele, coisas como a restauração da independência ou a implantação da República, não devem ter qualquer tipo de significado.

Aliás: devem ter o mesmo significado que a Ascenção da Nossa Senhora e o Corpo de Deus, que são os dois feriados de que a Igreja católica abdica.

Portanto, um Estado laico aceita negociar com uma determinada religião esta história dos feriados e essa facção religiosa tem o desplante de impor condições: só aceitamos que nos retirem dois feriados se vocês também tirarem dois feriados dos vossos.

Patético!

Vai daí, o ílvaro pensa: não podemos acabar com o 25 de Abril porque o Otelo era mesmo capaz de fazer outro, não podemos acabar com o 1 de Maio porque o Carvalho da Silva voltava a liderar a CGTP e nunca mais largava o osso, o 10 de Junho tem que ficar porque já foi da Raça, é do Camões, de Portugal e das Comunidades, e chateava muita gente se acabasse.

Logo, restavam esses dois feriados menores, em que se celebra, só, o facto de Portugal ser independente e o facto de vivermos numa República.

E, deixem-se de mariquices – estes dois pontos são os mais importantes da nossa identidade: sermos independentes e sermos republicanos.

Sendo assim, o ílvaro é um palerma!

A quem é que ele quer enganar?

Será que ele acredita que é com mais quatro dias de trabalho que a economia de Portugal vai disparar?

Ingénuo?

Não – populista.

Desprezível…

 

O feriado da Conceição

Hoje, feriado, é dia de Nossa Senhora da Conceição.

Foi nas Cortes de 1646 que D. João IV decretou que a Virgem Nossa Senhora da Conceição se tornasse a padroeira do reino. Agradecendo-lhe o facto de Porttugal ter reconquistado a sua independência, deixou de usar a coroa de rei e, desde então, mais nenhum rei português usou tal coisa. A coroa passou a pertencer í  Nossa Senhora da Conceição, que costuma ser representada com aquilo na cabeça.

Vem isto a propósito de me sentir um pouco culpabilizado por usufruir de um feriado católico.

De facto, é completamente idiota ser feriado nacional o dia em que se celebra sei-lá-o-quê relacionado com uma das representações da mãe de Jesus Cristo, neste caso, com a designação de Conceição e que, em tempos, foi padroeira de uma Coroa que já não existe desde 1910.

É tão idiota como se fosse feriado nacional o dia do nascimento de Maomé, ou o dia em que Buda subiu aos céus.

Aposto que, se fizerem um inquérito por aí, uma boa percentagem das pessoas não faz ideia por que raio é que hoje é feriado.

Mas, olhem, fiz 15 km de bicicleta, comi um grande cozido í  portuguesa e não fiz nada de útil, o que é bom.

Obrigado, Conceição!