Por favor, não copiem o meu Coiso…

O nosso adorado governo inventou uma taxa sobre os suportes digitais, cujos proventos irão para os bolsos dos autores.

Se comprares um cartão de memória, uma fotocopiadora, impressora, computador, pen, tablete ou telefone esperto, tens que pagar uma taxa porque se parte do princípio que vais copiar uma música, um vídeo, um texto, qualquer coisa da autoria de um artista qualquer que, assim, está a ser roubado!

Portanto, qualquer um de nós se transforma num pirata digital ao comprar uma daquelas coisas.

Desde a dona de casa entesoada que, assim que compra o seu primeiro telefone esperto, vai logo a correr copiar um vídeo do Tony Carreira, que é aquele tipo que canta nas feiras do Continente, até ao velhote que compra um telemóvel, daqueles que tem uns números enormes, só para ligar para o 112 quando tiver o AVC – todos, mas todos, têm que pagar a taxazinha, em prol dos artistas.

O nosso quase-ministro da Cultura, aquele que mais se parece com um membro da Brigada dos Mártires do Crescente Digital, quer assim proteger os nossos artistas e juro que já vi um sorriso de satisfação na cara de alguns deles.

Mas agora falta taxar as Bimby’s – não se esqueçam que também há cozinha de autor!

“Canadá”, de Richard Ford (2012)

canadaDell Parsons é um jovem de 15 anos que tem uma irmã gémea, Berner. Vivem com os pais numa terreola de Montana. O pai pertencia í  Força Aérea, mas está na reserva; é um tipo estranho, distante e que se dedica a alguns negócios menos limpos, como traficar carne de vaca. A mãe, é uma pequena judia que, aparentemente, tem pouco em comum com o pai.

A história é-nos contada por Dell, 50 anos depois dos acontecimentos narrados.

Os negócios estranhos do pai de Dell correm mal e ele fica a dever dinheiro a um grupo de índios violentos. Para resolver o problema, o pai decide assaltar um Banco, com a ajuda da mãe, mas a coisa corre mal.

Depois da prisão dos pais, Berner foge porque não quer ir parar a alguma família de acolhimento, enquanto Dell é levado para o Canadá, por uma amiga da mãe. E é numa pequena cidade do Canadá que Dell vai conhecer e involuntariamente colaborar com um assassino.

richard-fordRichard Ford (Jackson, Mississipi, 1944) é um romancista norte-americano que já ganhou um Pulitzer, mas do qual nunca tinha lido nada.

Canadá é uma daquelas histórias que nos agarram desde o princípio.

Será que todos somos vítimas das circunstâncias?

Gostei.

A maravilhosa biodiversidade de Portugal

O semanário Sol, na sua edição de hoje, publica um artigo em que é sublinhada a biodiversidade do nosso país.

Diz o texto que, “de Norte a Sul foram descobertas, só nos últimos dez anos, 118 espécies, entre moscas, aranhas, escaravelhos, peixes, aves e fungos”.

E acrescenta que “Portugal faz parte daquilo a que os cientistas internacionais chamam de hotspot de biodiversidade mediterrânico, uma das 34 áreas com maior riqueza biológica do mundo”.

Este ano, por exemplo, “foi descoberta, na Serra de Monchique, no Algarve, uma nova espécie de mosca – a colaspidea algarvensis, com reflexos dourados.

É, de facto, um fenómeno assinalável, sobretudo sabendo-se que a maioria destas espécies só existe no nosso país.

Mas a jornalista esqueceu-se de outra espécie, tipicamente portuguesa, descoberta há poucos anos: a dos banqueirus corruptus.

Tudo começou com a descoberta de um exemplar de Jardinis Gonçalvus, continuou com o excelente Joanus Rendeirus e o mirabolante Oliveirae Costarum e culminou no exemplar-mor da espécie: Ricardus Salgadus.

É de facto maravilhosa, a nossa biodiversidade!…

 

Ébola ataca jornalistas

Título e chamada de primeira página do Diário de Notícias de hoje:

“Planta de tabaco usada para fazer soro contra ébola – Médico aceitou submeter-se a tratamento experimental e passou a andar pelo próprio pé. Já morreram 887 pessoas”

Mas afinal, em que ficamos?

O tal soro, feito a partir da planta do tabaco, é bom ou mau (como o Banco)?

É bom porque salvou a vida ao médico ou é mau porque já morreram 887 pessoas?

Quem matou tanta gente: o soro ou o ébola?

E o médico, depois de ter tomado o soro milagroso passou a andar pelo próprio pé porque, antes, andava pelo pé de outra pessoa?

Afinal, o soro da planta do tabaco cura a paralisia?

E ainda falam dos professores que deram erros de sintaxe!…

O nosso homem em Bruxelas

Chama-se Moedas, Carlos Moedas.

É o nosso novo comissário na União Europeia. Ainda não se sabe o que vai comissariar, mas parece não ser grande coisa.

Trocos, portanto.

O Diário de Notícias, ontem, prestou um serviço público, divulgando um currículo resumido de Moedas.

Logo no início diz-se que foi “um dos melhores alunos do 9º ano do Liceu de Beja”. Quantos seriam?

Resta saber que tipo de aluno foi Moedas no 10º, 11º, 12º ano…

Acrescenta-se que é “filho do Zé Moedas, um histórico comunista de Beja, cofundador do Diário do Alentejo”.

Se Moedas filho tivesse seguido as pisadas do Moedas pai, talvez fosse agora chefe de redacção do Avante!

O currículo continua com a carreira universitária: Carlos Moedas fez o curso de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico, terminando em 1993 e “fez o último ano do curso na École National des Ponts e Chaussées de Paris e trabalhou até 1998 na área de engenharia para o grupo Suez Lyonnaise des Eaux, em França”.

Quem diria que um tipo que estuda numa escola de pontes e passeios e trabalha, depois, em água, vem a ser um dos principais negociadores do governo com a troika?

Mais tarde, Moedas integrou a equipa do banco de investimento Goldman Sachs (O Saque do Homem de Ouro, em tradução livre), na área de aquisições e fusões – o que explica como ficámos fundidos…

Aderiu ao PSD em 2009, foi eleito por Beja e nomeado secretário de Estado adjunto de Passos Coelho – uma ascensão meteórica, apenas explicável pelo facto de ser um engenheiro civil e, como Passos é advogado, precisava de alguém que percebesse de contas.

E com um apelido como este, quem melhor que Moedas?

Como diria Eça: uma choldra, menino!

Jesus já tem uma criança pequena

Em equipa que ganha não se mexe?

Mentira! Se a equipa ganha, sobretudo se a equipa ganha tudo, muda-se de equipa, que é para não começar a ter a mania das grandezas!

Foi o que aconteceu ao Benfica.

Como ganhou o Campeonato, a Taça da Liga e a Taça de Portugal, toca a vender os jogadores todos e a comprar 252 novos jogadores e, assim, formar uma nova equipa (ou duas…)

Chama-se a isto ter vistas largas ou ser completamente idiota… o tempo o dirá…

Mas há uma coisa que caracteriza todos os jogadores portugueses que o Benfica contrata de novo: é que todos são do Benfica desde pequeninos!

Esta semana, dois novos reforços portugueses: Eliseu e Criança Pequena (também conhecido por Bebé).

Eliseu, que jogava no Málaga, claro que é do Benfica desde pequenino, assim como toda a família.

Disse ele: “Felizmente que chegou este momento e estou muito contente por chegar a um clube tão grande como o Benfica. Era um sonho de criança, lembro-me de ser pequeno e ter uma paixão enorme pelo Benfica. Era um sonho que tinha e que consegui concretizar. Estou muito orgulhoso, assim como toda a minha família, que é toda benfiquista”.

Também Criança Pequena (também conhecido por Bebé) é do Benfica desde pequenino, o que quer dizer que já era benfiquista quando ainda não passava de um minúsculo feto.

Disse ele: “Não podia estar mais feliz. Desde pequeno que sou do Benfica e isso também importante”.

Então não é, Bebé!

E assim, Jesus tem, finalmente, um Bebé!

O problema vai ser a linguagem que os jogadores praticam no terreno de jogo.

Imaginem os jogadores a gritarem para o Bebé: “passa a bola caralho!” ou “chuta essa merda, meu filho da puta!”

Não é linguagem que se use em frente a um bebé, francamente!

“Palavras que Falam por Nós”, de Pedro Braga Falcão (2014)

Para quem gosta de palavras, este livro do Professor de Latim e Grego, Pedro Braga Falcão é algo a não perder.

palavras que falamAo longo de cerca de 250 páginas, e numa linguagem acessível, o autor disseca algumas palavras, explicando a sua origem.

Ficamos assim a saber, por exemplo, que “badameco deriva do latim vade mecum, uma expressão que literalmente se traduz por «vem comigo» e se aplicava a um livro ou manual apropriado para ser levado em qualquer circunstância, uma espécie de «livro de bolso»; a expressão ainda hoje se usa, em particular em relação aos roteiros turísticos. Como ganhou o sentido pejorativo que tem hoje? Suspeitamos que vem de um dos sentidos metafóricos da expressão, que também se aplicava, não a um livro, mas a uma pessoa que acompanhava sempre outra, de um lado para outro, uma espécie de «pau para toda a obra».”

Ficamos também a saber que há palavras com animais escondidos, como capricho, que tem na sua origem ouriço e cabra.

E ficamos ainda a saber que candidato era aquele que se vestia de branco, portanto, era cândido, que quer dizer branco, puro. Pois…

No final do livro, um índice permite-nos procurar o vocábulo cuja origem queremos conhecer.

Gostei.

Deixem o Riky em paz!

Mas o que é que o Riky fez de mal?

Subiu ao Monte Branco sem pagar bilhete do teleférico?

Esqueceu-se de declarar uns míseros milhões de euros?

Será que tem culpa que um pato bravo lhe tenha querido oferecer prendas?

Branqueou capitais? E depois? Quem gosta de capitais sujas, carago?

E obrigam o pobre Riky a pagar 3 milhões de fiança!… o homem, agora, está desempregado, como podem exigir-lhe tanto dinheiro? Os desempregados não têm certos e determinados direitos?

Além disso, o Riky já tem uma certa idade: há que respeitar a terceira idade!

Juntemo-nos, todos, em defesa do Ricardo Salgado!

Ricardo Salgado jamais será lixado!