Para chocar o burguês, deixá-lo confuso, baralhado.
É isto que a selecção nacional de futebol está a fazer no Europeu deste ano.
Não ganha um único jogo, mas também não os perde.
Ou, como diria uma conciérge portuguése: vamos lá então empater…
aqui desde 1999
Para chocar o burguês, deixá-lo confuso, baralhado.
É isto que a selecção nacional de futebol está a fazer no Europeu deste ano.
Não ganha um único jogo, mas também não os perde.
Ou, como diria uma conciérge portuguése: vamos lá então empater…
A União Europeia sempre foi para inglês ver.
Puritanos, os ingleses da Old England sempre desprezaram os que viviam í grande e í francesa.
Aderiram í CEE por puro spleen, porque não tinham mais nada para fazer.
Sempre desdenharam.
Diz-se que quem desdenha, quer comprar, mas os ingleses queriam, sobretudo, vender.
Agora, querem regressar ao velho British Empire, como se ainda mandassem na Índia e na ífrica do Sul e continuasse a ser rule Britannia, Britannia rules the waves.
Faz lembrar o Angola é nossa…
Claro que Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente de todos os Presidentes, já emitiu a sua opinião.
No final do jogo contra a Hungria, Marcelo estabeleceu novas regras: no final dos jogos da selecção, os jornalistas têm que ouvir o seleccionador, um jogador de campo e o Presidente da República.
Marcelo tem sempre um opinião a emitir.
O que é que isto tem a ver com o Brexit?
Tudo!
Com a saída do Reino Unido, as quatro equipas nacionais britânicas vão passar a participar nos campeonatos da Commonwealth e deixamos de nos preocupar com a Inglaterra, o País de Gales e a Irlanda do Norte.
Resta a Escócia, que votou a favor do Remain e que merece todo o nosso amor.
I love scotch, if you know what I mean...
Vou explicar muito devagarinho porque há muita gente que não compreende bem, mesmo gente implicada na coisa.
A Federação Portuguesa de Futebol contrata um treinador de futebol e atribui-lhe o cargo de seleccionador, a que corresponde um ordenado, um eventual horário de trabalho e objectivos a cumprir.
Durante algum tempo, esse senhor e alguns ajudantes, assistem a jogos de futebol em Portugal e não só, supostamente atentos aos jogadores com nacionalidade portuguesa.
Vão tomando notas e, ao fim de algum tempo, escolhem 23 jogadores de futebol que, na sua opinião, são os melhores nas respectivas posições em campo.
Esses 23 jogadores constituem a selecção nacional de futebol.
Nada mais.
Com Portugal, têm apenas em comum o facto de terem a nacionalidade portuguesa.
Portugal é um país soberano desde 1139, tendo sido fundado por um tal Afonso Henriques, que foi rei; em 191o, a monarquia deu lugar í República e, desde 1974, Portugal é uma República democrática, com um Presidente eleito por sufrágio directo e um Governo, que emana da Assembleia da República, cujos deputados também são eleitos por voto directo.
Portanto, nada de confundir a selecção nacional de futebol com Portugal.
São coisas diferentes.
A selecção nacional é uma equipa de futebol, enquanto Portugal é um país.
Quando se diz que Portugal falhou, que Portugal não conseguiu ultrapassar a Islândia e a íustria, que Portugal, mais uma vez, esteve í beira do sucesso mas voltou a fracassar, está-se a confundir uma simples e prosaica equipa de futebol com uma nação.
Uma nação de deprimidos, tristes e desgraçadinhos mas, ainda assim, uma nação!
A culpa de tudo isto é dos responsáveis pelo marketing.
Quem decidiu começar a dizer que a selecção era candidata ao título de campeã da Europa?
Terá sido no fim de uma daquelas reuniões em que se bebe mais do que se discutem ideias?
A nossa selecção de futebol é mediana, portanto, empatar com a Islândia e com a íustria, foram bons resultados.
Fernando Santos é um treinador triste.
Aliás, o que faz um engenheiro no futebol?
Ponham o homem a fazer pontes e chamem o Mourinho, se têm aspirações.
Quanto a Portugal, a discussão é outra: não vai ser o Ronaldo que nos resolve o défice, a dívida, as sanções.
O cabrão até um penalti falhou!
É muito raro deixar um  livro a meio, mas aconteceu com este.
Não foi devido í qualidade da história que, até onde aguentei (página 93), não era grande coisa, mas podia ainda estar a aquecer.
O problema foi a tradução, atribuída a Nuno Castro, mas que mais parece uma daqueles traduções automáticas do Google.
Quando, na página 41, encontrei isto:
“- Muito me temo que desta vez sim”
E, mais abaixo:
“- Muito me temo que não”
…pensei que podia ser uma brincadeira. “I’m affraid not” traduzido por “muito me temo que não”?
Mas fui percebendo que era mesmo assim, porque o erro se repete várias vezes!
Fui ignorando outros erros crassos porque, como já disse, não gosto de deixar um livro a meio, mas a coisa foi-se avolumando.
Na página 58, uma das personagens pergunta ao protagonista se tinha bebido muitas cervejas na noite anterior; ele responde que terá bebido sete ou oito, e ela pergunta:
“- Pintas de cerveja?”
Pintas de cerveja?! Mas que raio é isso? Será “pints”?… muito me temo que sim...
Na página 85, deparo-me com isto:
“A sua gravata de seda com nó de Windsor condizia imerolhavelmente com a camisa de cor creme”.
Este neologismo, “imerolhavelmente”, não faço ideia do que seja!
Cada vez com mais dificuldade, fui avançando no livro mas, ao chegar í página 93 fartei-me.
Foi nessa página que encontrei isto:
“Que te parece, querida? Acho que só há cerveja e sidra, a menos que queiras prosseguir e procurar um estabelecimento adjacenta”.
Desisti.
Esta trampa pertence í chamada Biblioteca Sábado, uma colecção de meia dúzia de livros que acompanhavam a revista Sábado, há meia dúzia de anos.
Uma vergonha!
Continuamos sem saber quem é Elena Ferrante: será uma mulher ou um homem, jovem ou madura?
O segredo continua a ser a alma do negócio e, em boa parte, o êxito dos livros de Ferrante também têm a ver com isso. De tal modo assim é que, este ano, Elena Ferrante até já foi finalista do Booker Prize.
E justifica-se tanto alarido em volta desta escritora (vamos partir do princípio que é uma mulher).
Em parte, sim.
Crónicas do Mal de Amor, de 2012, que reunia três novelas, já revelavam uma autora inovadora, diferente. Classificaram-na de feminista, mas penso que apenas pelo facto de as protagonistas das suas histórias serem mulheres. A principal “inovação” das suas histórias era serem “reais”, credíveis, contemporâneas.
Mas a piéce de resistance é esta tetralogia, A Amiga Genial, cujos dois primeiros volumes me entusiasmaram muito mais que os dois seguintes (ver A Amiga Genial e História do Novo Nome).
Ao longo destes quatro volumes, Ferrante conta-nos a história de Elena Greco (ela própria?) que, nascida num bairro social de Nápoles, consegue subir na escala social e transformar-se numa escritora de sucesso e de Lila, a sua amiga de infância, que se manteve toda a vida no bairro mas que Elena sempre julgou ser a mais inteligente, a mais dotada, a amiga genial, que poderia ter sido tudo na vida, mas que acabou por não ser nada, sobretudo depois de lhe ter desaparecido a filha (núcleo da história do 3ºvolume).
O que mais surpreende nestes quatro calhamaços é a descrição do dia a dia, do vulgar quotidiano da vida das pessoas, destas pessoas e as grandes questões filosóficas são as da vida dessas mesmas pessoas. Por essa razão, há quem compare Elena Ferrante ao escritor norueguês Knausgard, embora eu ache que este é muito mais obsessivo com os pormenores do quotidiano que Ferrante.
Em resumo: deu-me muito prazer ler esta tetralogia de Elena Ferrante, seja lá quem ela for, mas penso que a coisa podia ter sido resumida, que há muitas páginas empasteladas e que, por vezes, a narrativa roça um pouco a telenovela, com as devidas e enormes diferenças, sobretudo tudo o que respeita í vida amorosa de Elena.
Recomendo vivamente.
Gil, Carvalhão Gil.
É o nome do nosso espião apanhado em flagrante delito.
Afinal, parece que foi em flagrante delitro – já que o espião afirma que só estava a vender azeite ao russo.
Numa esplanada de Roma, o nosso espião não veio do frio nem tinha licença para matar; pura e simplesmente estava sentado junto ao um colega russo e foram ambos apanhados com a boca na botija.
Dizem os jornais que Gil, Carvalhão Gil, vendia segredos da Nato aos russos por 10 mil euros.
Alega o nosso espião que não – apenas vendia azeite, para ultrapassar o embargo russo aos produtos europeus. E até pedia recibo.
Eis o espião português domesticado, que até pede recibo pelos segredos que vende ao inimigo.
Com espiões destes, os nosso Serviços Secretos não passam de secretos… de porco preto…
The Anatony Lesson é o terceiro dos quatro livros que Roth escreveu tendo Nathan Zuckerman como principal personagem.
Zuckerman é um escritor judeu que alcançou a notoriedade e a fortuna com um livro (Carnovsky), no qual zurze a comunidade judaica, sobretudo pela sua hipocrisia no que respeita ao sexo.
No fundo, Zuckerman é Roth e Carnovsky é O Complexo de Portnoy. Só que Zuckerman é ainda mais excessivo e agresivo que Roth. Está com 40 anos, teve dois casamentos falhados, tem várias namoradas mas uma dor cervical, com irradiação para os ombros, impede-o de escrever.
A dor crónica está a dar cabo da vida de Zuckerman; até para ter relações, o pobre do homem tem que ficar deitado no chão, com a cabeça apoiada num livro, enquanto a namorada faz todo o trabalho.
Cito a página 18: “O coito, o felatio, e o cunilingus eram práticas que Zuckerman aguentava mais ou menos sem dor, desde que estivesse de barriga para cima e com a cabeça apoiada no dicionário de sinónimos.”
A páginas tantas, Zuckerman – que já consultou todos os médicos e similares e que já está dependente de analgésicos opióides, álcool e marijuana – decide que quer tirar o curso de medicina. No fundo, pensa que só assim conseguirá resolver a sua dor, mas também porque chega í conclusão que a profissão médica tem muito mais significado do que a de escritor.
Cito a página 100: “(Os médicos) têm cinquenta conversas sérias por dia com pessoas carentes. De manhã í noite, são bombardeadas por histórias, e nenhuma é inventada por eles. Histórias í espera de uma conclusão fiável, definitiva e útil. Histórias com um propósito claro e prático: cure-me. Ouvem com atenção todos os pormenores e depois entram em acção.”
Iconoclasta como sempre Roth, através de Zuckerman, zurze nas religiões. Zuckerman, depois de ter consultado diversos médicos, sem resultado, estava quase a virar-se para a religião, em busca de um milagre.
Cito a página 130: “a astrologia está mesmo aí ao virar da esquina. Pior ainda, o cristianismo. Rende-te í sede da magia médica e serás levado ao limite extremo da loucura humana, í mais absurda de todas as quimeras concebidas pela humanidade em sofrimento – aos Evangelhos, í almofada do nosso mais destacado dolorologista, o curandeiro vudu, Dr. Jesus Cristo.”
Para terminar, um das muitas citações possíveis, em que Zuckerman começa a falar e nunca mais se cala, num discurso torrencial que me fez lembrar algumas tiradas de Henry Miller que, aliás, é citado no livro.
Cito a página 173: “Se há coisa que não suporto é a hipocrisia. A dissimulação. A negação das nossas piças. A disparidade da vida tal como a vivi na rua, que era cheia de sexo e punhetas e sempre a pensar em cona, e as pessoas que dizem que não deve ser assim. Como conseguir o que queríamos – essa era a questão. Essa era a única questão. Essa era a maior questão que existia. Continua a ser. É assustadora por ser tão grande – e no entanto quem disser isso é um monstro.”
Não é dos melhores livros de Roth, mas vale a pena ler, sobretudo para quem, como eu, gosto muito deste escritor norte-americano, nascido em 1933 em Newark e que, infelizmente, já anunciou publicamente que fechou a loja e não vai publicar mais nada.
Outros livros de Philip Roth: “…Goodbye, Columbus“…, “…Némesis“…, “…A Humilhação“…, “…O Complexo de Portnoy“…, “…Indignação“…, “…O Fantasma Sai de Cena“…, “…O Animal Moribundo“…, “…Património“…, “…Todo-o-Mundo“…, “…Pastoral Americana“…, “…A Conspiração Contra a América“…, “…Casei com um Comunista“….
Em julho de 2013, Paulo Portas apresentou a sua demissão do Governo, em ruptura total com Passos Coelho. Parece que não gostou da nomeação de Maria Luis Albuquerque para o cargo da ministra das Finanças.
E disse que essa decisão era irrevogável.
Não foi, como se sabe.
Portas continuou no Governo e lá continuaria se não tivesse sido apeado por aquilo a que ele apelidou de geringonça.
Agora, com aquele ar digno de quem leva a República muito a sério, despediu-se da Assembleia da República e vai trabalhar para a Mota-Engil.
Vai ser colega do Jorge Coelho que, depois de ter sido ministro do Equipamento, aceitou o cargo de CEO na dita empresa.
Nada de incompatibilidades.
Coincidências.
Portas, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, fez seis viagens í América Latina; chamou-lhes diplomacia económica. A Mota-Engil fez parte de todas as comitivas.
Agora, a Mota-Engil criou o cargo de consultor para a América Latina e convidou Paulo Portas.
Nada de incompatibilidades.
Coincidências.
Simples coincidências…
Afinal, Portas faz o que todos fazemos: trata da vidinha dele.
Pena que faça de conta que é diferente…
A Ordem dos Advogados aponta várias fragilidades aos projectos de decretos-lei destinados a aumentar a protecção dos animais, diz o Público.
O projecto do PS visa mudar o estatuto dos animais de companhia, de modo a que alcancem um estatuto jurídico intermédio, algures entre os objectos e as pessoas. Porque, neste momento, em termos jurídicos, um cão ou um gato não passa de uma coisa.
Ora, as advogadas encarregadas de elaborarem um parecer, Alexandra Reis Moreira e Sónia Cristóvão, dizem que “as evidências científicas apontam que, até em matéria de faculdades cognitivas, as capacidades de um cão ou um gato têm sido suplantadas por porcos”.
Portanto, por que razão a lei só abrange os animais de companhia?
No entanto, as advogadas também criticam o projecto do PAN, por alargar a protecção dos animais até aos invertebrados – e dizem, no seu parecer, “animais como as moscas ou vermes receberiam tutela penal contra maus tratos físicos”.
Por outras palavras: seria o fim da indústria dos mata-moscas e dos desparasitantes!
Da próxima vez que eu apanhasse a minha neta a coçar o rabiosque, teria que a repreender e dizer: querida, deixa lá as lombrigas em paz!