A gente acredita, que remédio!

O desempenho da selecção nacional de futebol no Europeu fez disparar o uso do verbo “acreditar”.

Se googlarem a palavra “acreditar”, encontram mais de 750 mil entradas!

Exemplos:

  • “Marcelo diz à selecção que hoje há mais razões para acreditar” (TSF, 11/7)
  • “Orgulhoso da minha equipa. Orgulhoso do meu país. Fazê-los acreditar” (Ronaldo, 10/7)
  • “Portugueses têm mérito de acreditar até ao fim” (Matuidi, citado pelo Record, 10/7)
  • “Vamos acreditar. Vamos ganhar” (Fernando Santos, 6/7)
  • “Portugueses têm que acreditar connosco” (Nani, 6/7)
  • “A base do nosso sucesso é acreditar que tudo é possível” (Nani, 30/6)
  • “Continuo a acreditar que só vou no dia 11 para Portugal” (Fernando Santos, 30/6)

E por aí fora…

Chegamos, portanto, à conclusão que, afinal, nada disto é fruto do esforço, da dedicação, do trabalho, do suor ou da sorte – afinal, é tudo uma questão de crença.

É como na religião: ou acreditas ou és descrente.

Um verdadeiro católico não precisa de provas da existência de Deus, porque acredita.

Assim foi com a nossa selecção – nem precisou de fazer grandes jogos (aliás, não ganhou nenhum jogo nos 90 minutos, embora também não tenha perdido nenhum). Bastou-lhe acreditar.

O Passos e o Portas também nos quiseram fazer acreditar que a saída tinha sido limpa.

E, no entanto, os buracos vão aparecendo: o Banif, a Caixa, o buraco de 50 milhões na electricidade… e começamos a acreditar que a saída limpa, afinal, foi uma saída badalhoca…

Mas o acreditar também se está a meter entre o António Costa e as sanções da União Europeia.

A União Europeia não acredita nos números do nosso governo e o senhor da cadeira de rodas, no fundo, acredita que vamos precisar de um novo resgate.

Por seu lado, o primeiro ministro fartou-se de dizer que não acreditava que as sanções fossem para a frente e, agora que elas vão mesmo avançar, acredita que a multa será zero.

Em suma, a malta não tem mesmo outro remédio senão acreditar!

Para inglês ver…

A União Europeia sempre foi para inglês ver.

Puritanos, os ingleses da Old England sempre desprezaram os que viviam à grande e à francesa.

Aderiram à CEE por puro spleen, porque não tinham mais nada para fazer.

Sempre desdenharam.

Diz-se que quem desdenha, quer comprar, mas os ingleses queriam, sobretudo, vender.

Agora, querem regressar ao velho British Empire, como se ainda mandassem na Índia e na África do Sul e continuasse a ser rule Britannia, Britannia rules the waves.

Faz lembrar o Angola é nossa

Claro que Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente de todos os Presidentes, já emitiu a sua opinião.

No final do jogo contra a Hungria, Marcelo estabeleceu novas regras: no final dos jogos da selecção, os jornalistas têm que ouvir o seleccionador, um jogador de campo e o Presidente da República.

Marcelo tem sempre um opinião a emitir.

O que é que isto tem a ver com o Brexit?

Tudo!

Com a saída do Reino Unido, as quatro equipas nacionais britânicas vão passar a participar nos campeonatos da Commonwealth e deixamos de nos preocupar com a Inglaterra, o País de Gales e a Irlanda do Norte.

Resta a Escócia, que votou a favor do Remain e que merece todo o nosso amor.

I love scotch, if you know what I mean...

marcelo brexit

Ora vamos lá a explicar o que é uma selecção nacional de futebol

Vou explicar muito devagarinho porque há muita gente que não compreende bem, mesmo gente implicada na coisa.

ronaldoA Federação Portuguesa de Futebol contrata um treinador de futebol e atribui-lhe o cargo de seleccionador, a que corresponde um ordenado, um eventual horário de trabalho e objectivos a cumprir.

Durante algum tempo, esse senhor e alguns ajudantes, assistem a jogos de futebol em Portugal e não só, supostamente atentos aos jogadores com nacionalidade portuguesa.

Vão tomando notas e, ao fim de algum tempo, escolhem 23 jogadores de futebol que, na sua opinião, são os melhores nas respectivas posições em campo.

Esses 23 jogadores constituem a selecção nacional de futebol.

Nada mais.

Com Portugal, têm apenas em comum o facto de terem a nacionalidade portuguesa.

Portugal é um país soberano desde 1139, tendo sido fundado por um tal Afonso Henriques, que foi rei; em 191o, a monarquia deu lugar à República e, desde 1974, Portugal é uma República democrática, com um Presidente eleito por sufrágio directo e um Governo, que emana da Assembleia da República, cujos deputados também são eleitos por voto directo.

Portanto, nada de confundir a selecção nacional de futebol com Portugal.

São coisas diferentes.

A selecção nacional é uma equipa de futebol, enquanto Portugal é um país.

Quando se diz que Portugal falhou, que Portugal não conseguiu ultrapassar a Islândia e a Áustria, que Portugal, mais uma vez, esteve à beira do sucesso mas voltou a fracassar, está-se a confundir uma simples e prosaica equipa de futebol com uma nação.

Uma nação de deprimidos, tristes e desgraçadinhos mas, ainda assim, uma nação!

A culpa de tudo isto é dos responsáveis pelo marketing.

Quem decidiu começar a dizer que a selecção era candidata ao título de campeã da Europa?

Terá sido no fim de uma daquelas reuniões em que se bebe mais do que se discutem ideias?

A nossa selecção de futebol é mediana, portanto, empatar com a Islândia e com a Áustria, foram bons resultados.

Fernando Santos é um treinador triste.

Aliás, o que faz um engenheiro no futebol?

Ponham o homem a fazer pontes e chamem o Mourinho, se têm aspirações.

Quanto a Portugal, a discussão é outra: não vai ser o Ronaldo que nos resolve o défice, a dívida, as sanções.

O cabrão até um penalti falhou!

Aleijadinhos

A má prestação da selecção nacional no Mundial do Brasil pode ser explicada, em grande parte, pelas lesões de 12 dos 22 jogadores.

Mas não serve de desculpa.

Se 12 estavam lesionados, jogávamos com os outros 10 – o Benfica jogou várias vezes só com 10 jogadores e deu-se bem.

Mas qual a explicação para tantas lesões?

O DN de hoje foi ouvir vários especialistas e parece que a explicação, afinal, é simples.

Vejamos…

José Soares, fisiologista, diz: «é importante fazer-se um trabalho de diagnóstico com cada atleta, identificar os factores de risco e depois fazer um trabalho específico».

Afinal, era fácil: com 22 diagnósticos e 22 trabalhos específicos, tínhamos evitado tantas lesões.

Já o médico João Pedro Oliveira diz: «a minha experiência diz-me que terá de existir um período mínimo de 15 dias para adaptação a condições climatéricas adversas».

Portanto, no próximo Mundial, a selecção deverá emigrar para a Rússia, pelo menos, 15 dias antes de começar o torneio e, em 2022, o melhor é os jogadores irem todos viver para o Qatar.

Também o preparador físico José Augusto acha que «a chegada ao Brasil foi muito em cima do primeiro jogo» e o treinador Neca, também conhecido como Professor Neca, afirma que «deveríamos ter ido logo para o Brasil, pois teria de existir uma adaptação com mais tempo ao clima, alimentação e fuso horário».

Ora, sabendo que a selecção portuguesa chegou ao Brasil no dia 11 de Junho, 5 dias antes de levar 4 da Alemanha, enquanto a selecção holandesa chegou no dia 6 de Junho, 7 dias antes de aviar a Espanha por 5-1, chegamos à conclusão que mais dois diasitos e talvez tivéssemos só perdido por 2 a zero…

Obrigado, Alemanha!

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou, esta terça-feira, depois de uma reunião com a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, em Albufeira, que Portugal tomou a “decisão certa” ao abdicar da última ‘tranche’ do empréstimo da “troika”.

O que ele não disse foi que tudo isto foi combinado com Paulo Bento e Passos Coelho.

Portugal dispensava o último cheque e, em troca, deixava que a Alemanha nos humilhasse no Mundial.

Além disso, Merkell garantiu asilo político a Pepe e vai assegurar os tratamentos e recuperação de Coentrão e Almeida.

Danke schon, Alemanha!

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Goleadas anti-crise

Nada como uma boa goleada para levantar a moral e ajudar a enfrentar a crise.

E esta semana já tivemos duas goleadas.

Primeiro, foi o Benfica, que deu 4-0 à Naval, com aquele golo apoteótico do Nuno Gomes, três minutos depois de ter entrado em campo.

Ontem, foi a vez da selecção dar 4 secos à Espanha (na verdade, 5 secos, mas um golo foi mal anulado).

Que raio de injecção de letargia estaria Queiroz a administrar aos jogadores da selecção, nomeadamente a Ronaldo?

E quem diria que o Postiga sabia mesmo marcar golos, até de calcanhar!

E o João Moutinho e o Carlos Martins, por que razão não foram ao Mundial?

Ver a selecção esmagar a Espanha, campeã da Europa e do Mundo, dá-nos um orgulho aljubarrótico!

A Cimeira da Nato até vai correr melhor e o FMI não se vai atrever a meter cá o bedelho!

Génova não dorme!

Quatro milhões por aquela abécula?!

Nós pagámos quatro milhões ao Braga por aquele guarda-frangos que leva quatro do Chipre?!

Um milhão por cada frango?!

E mais um frango inacreditável frente à Noruega!

Bastou aquele norueguês típico, morenaço e tudo, chamado Carew, dois metros de escandinávia em cima do saloio do Minho e o gajo atrapalha-se, chuta a bola contra o calmeirão, deixa que ele lhe caia em cima e lhe esborrache os tintins e pronto: golo da Noruega.

Depois, foi cerca de uma hora de incompetência dos jogadores e do treinador, aquele tipo com um capachinho na cabeça e com um bigode que já não se usa.

Mas isso, é problema dos portugueses.

Agora nós, cá em Génova, não estamos a dormir e a margem de erro desse frangueiro do Eduardo é de 5 minutos – que é o tempo que a gente leva a colocar-lhe uma bomba no carro…

O polvo e a nuvem

A entrevista de Carlos Queiroz à SIC, ontem, teve momentos de fino recorte literário.

Queiroz disse que está a ser atacado por um polvo ou uma nuvem, o que constitui uma imagem literária digna de outro Queiroz.

Aliás, a nossa selecção, no que respeita a treinadores, passou de um com nome de mestre escola (Scolari), para este, com nome de escritor (Queiroz) e, agora, provisoriamente, para um que tem nome de agência funerária (Funerária Agostinho Oliveira, enterra a selecção inteira).

Voltando à entrevista: o polvo de que Queiroz fala, afinal, não tem nada a ver com a Mafia. Todos nós, quando usamos o termo “polvo”, em sentido figurado, usamo-lo, sempre, relacionado com essa organização italiana com fins lucrativos.

Queiroz, não. Para Queiroz, polvo é sinónimo de nuvem e, no sentido figurado dele, é qualquer coisa que caiu em cima dele, assim que ele chegou de férias.

Ele até disse, especificamente: “quando cheguei de férias, o mundo caiu em cima de mim!”

Exagero, claro.

Queiroz não é assim tão importante, para que o mundo se dê ao trabalho de cair em cima dele.

E se, de facto, o mundo caísse mesmo em cima de Queiroz, ficávamos com o problema resolvido.

Até porque Queiroz disse ao Expresso que da selecção só sairia morto.