O Brasil militariza-se

Em breve, todos os brasileiros usarão uniforme.

Bolsonaro está a militarizar o Brasil.

Em algumas escolas, os miúdos são obrigados a fazerem formatura logo pela manhã, sob o comando de um militar. Depois, cantam o hino nacional.

Antes, í  entrada da escola, rapazes e raparigas (perdão, meninas – raparigas, no Brasil, é outra categoria…), são inspeccionados por militares: eles não podem trazer brincos ou outros adornos considerados femininos e elas terão que usar saias decentes e nada de maquilhagem.

Durante os intervalos, militares armados patrulham os recreios

E o mais engraçado, é que alguns pais acham a ideia muito boa. Vamos a ver se continuam a achar graça quando um dos seus filhos aparecer em casa, de kalachnikov em punho…

Para além desta militarização das escolas, Bolsonaro também liberalizou o uso de armas.

Segundo o Público, o presidente do Brasil vai “alargar o número de pessoas com direito a ter armas de fogo. í€ luz da lei, políticos, advogados, jornalistas, proprietários rurais, motoristas de pesados, entre outros”, passam a poder possuir uma arma de fogo.

Podemos imaginar, daqui a uns tempos, advogados, em pleno tribunal, fazendo as alegações finais, de coldre e revólver í  cintura; ou jornalistas a entrevistarem políticos, de pistola apontada, ao que os oponentes poderão responder, empunhando caçadeiras de canos serrados. E os motoristas de pesados escusam de fazer greve – basta apontarem armas ao patronato, exigindo aumento de salário.

Bolsonaro devia ter alargado ainda mais o decreto, permitindo a ex-presidentes do Brasil o uso e porte de arma.

A esta hora, Lula e Temer já não estariam presos.

Já não se fazem comunistas como antigamente

Mário Nogueira, líder da Fenprof, sindicato-mor dos professores, afirmou que considera a hipótese de se afastar do seu Partido de sempre, o Partido Comunista.

Esta decisão de ruptura surge depois de Jerónimo de Sousa, líder do PCP, ter ignorado os apelos de Nogueira, ao afirmar que o Partido iria votar contra as propostas da Direita.

Confusos?

Eu explico.

Há anos (daqui a pouco, há 9 anos, 4 meses de 2 dias), que andamos a discutir a possibilidade de os professores reaverem os anos em que as suas carreiras estiveram congeladas (que, como todos sabem, é desde o Cretácio Superior…).

Ora, acontece que, caso o Governo decidisse conceder aos professores todos os anos que eles estiveram congelados, logo os polícias, magistrados, auxiliares de acção educativa, jardineiros e afins, exigiriam o mesmo.

Eu próprio, que não passo de um reformado e pensionista (nunca percebi a diferença entre uma coisa e outra…), exigiria, também, que me descongelassem o último escalão da minha carreira. É que, quando me reformei (ou aposentei – qual será a diferença?…), estava colocado no penúltimo escalão da minha carreira há anos. Claro que, para subir para o último escalão, teria que apresentar um trabalho e ser avaliado por uma comissão; não seria uma subida automática, mas, mesmo assim, estou convencido de que conseguiria esse desiderato e, portanto, poderia ter-me aposentado (ou reformado…), com o escalão máximo da minha carreira.

Mas, enfim, o tempo não volta para trás, o que já foi não volta a ser e o passado fica lá atrás.

Não para o Mário Nogueira, que insiste, há anos, na recuperação dos tais nove anos e etc e tal.

Pois na quinta-feira, passou-se aquela cena curiosa, que consistiu numa coligação negativa, formada pelo PCP, Bloco, Verdes, PSD e CDS: todos votando a favor do descongelamento dos tais nove anos e tal, sem contrapartidas.

Mário Nogueira exultou, os líderes de todos os Partidos, menos o do Governo, também, e António Costa resolveu esticar a corda, ameaçando demitir-se.

O PCP e o Bloco mantiveram-se na deles, já que sempre defenderam o descongelamento dos nove anos e tal. Os deputados do CDS e do PSD, presentes na Comissão de Educação, aplaudiram; estavam a lixar o Costa, e isso era uma vitória.

Assunção Cristas estava contentíssima e Rui Rio desapareceu.

Claro que, a pouco e pouco, tanto o CDS como o PSD deram o dito por não dito, embora dizendo que nunca tinham dito o que tinham, de facto, dito.

Afinal, só aprovariam o descongelamento dos nove anos e tal se houvesse dinheiro, e se não houvesse dívida e se não chovesse…

O PCP e o Bloco, apressaram-se a dizer que, no fundo, até votariam a favor, mas como o CDS e o PSD punham como condição que não chovesse, não podiam ficar reféns da Direita e da Meteorologia…

Foi quando Nogueira vacilou e disse que teria que repensar o seu lugar no Partido Comunista.

Claro que os cerca de 100 mil professores ficaram aterrorizados. Então o seu líder comunista estava a hesitar?

A fé de um verdadeiro comunista é inabalável!

Eu sou do tempo em que os comunistas morriam pela sua causa.

Afinal, Nogueira é um fraquinho…

Crise Governamental

A Dona Maria Celeste Lacerda caiu naquela Comissão de para-quedas; uma colega que fazia parte da Comissão há quase quatro anos estava grávida em fim de tempo e pediu-lhe para que ela a substituísse.

Um pouco atarantada, assistiu í s discussões entre os deputados dos vários partidos e, entusiasmada, começou a dar as suas opiniões: era para encostar o Partido do Governo í  parede? Nesse caso, valia a pena aquela aliança estranha entre os da Direita e os da Esquerda.

A Dona Maria Celeste Lacerda e as suas colegas do Partido da Direita, bem como os elementos do Partido de Direita-Mas-Menos estavam esfusiantes ““ não era habitual estarem de acordo com os deputados do Partido da Esquerda, muito menos com os do Partido Ainda-Mais-de-Esquerda ““ e esse facto deixava-os excitados, como, quando adolescentes, experimentavam algo de proibido.

Depois de algumas horas de discussão, todos chegaram a acordo e aprovaram um decreto-lei. Só o Partido do Governo votou contra.

No final da reunião, os deputados dos partidos da Direita e da Esquerda estavam tão contentes que, por pouco, não foram festejar para o mesmo restaurante.

A Dona Maria Celeste Lacerda regressou a casa, onde a criada já tinha o jantar na mesa e telefonou í  sua líder, que lhe deu os parabéns ““ tinham conseguido encostar o primeiro-ministro í  parede.

O mesmo se passou com Germano Gonçalves, líder do Partido de Direita-Mas-Menos. Também ele estava contente e também ele telefonou para o seu líder, dando-lhe conta dos resultados da reunião da Comissão. Escutou elogios, agradeceu e retribuiu ““ a estratégia do Partido estava a resultar! O facto de se terem unido aos Partidos de Esquerda não era novo ““ já o tinham feito no passado e, como toda a gente sabe, em política, vale tudo.

Nessa mesma noite, no entanto, o primeiro-ministro apareceu nas televisões ameaçando demitir-se se o decreto-lei cozinhado pelos Partidos de Direita e Esquerda, fosse mesmo aprovado.

A Dona Maria Celeste Lacerda, estava a comer o pudim flan quando viu, na televisão, o primeiro ministro a ameaçar.

Germano Gonçalves estava a fazer Sudokus, sentado na sanita, quando ouviu, no rádio da casa de banho, a declaração do primeiro-ministro. Gonçalves detestava as casas de banho do Parlamento e só em casa conseguia aliviar-se.

Lacerda e Gonçalves tentaram contactar com os respectivos líderes, mas as chamadas foram para o voice-mail.

Conceição Crostas estava em Paris, com o telemóvel desligado, porque decidira jantar num Hipopotamus, perto da í“pera e não queria ser incomodada. Quanto a Rui Frio, o líder do Partido de Direita-Mas-Menos, estava a chatear-se em casa, sozinho, treinando “…ares de estadista”.

No dia seguinte, quando percebeu que a coisa era grave, Conceição Crostas invectivou o primeiro-ministro, atacou o Partido do Governo e corou, enquanto Rui Frio continuava a treinar poses de Estado, só reagindo dois dias depois, numa conferência de imprensa em que surgiu com ar grave, apesar de continuar com o cabelo a cobrir o colarinho. Esquecera-se de ir ao barbeiro…

No final, tanto o Partido de Direita como o Partido de Direita-Mas-Menos acabaram por votar contra o decreto-lei que tinham redigido juntamente com os Partidos de Esquerda e o primeiro-ministro não se demitiu.

No dia seguinte, Rebelo Primeiro, o Comentador, recomeçou a falar, para descanso do povo…

World Press Photo – 2019

É sempre um prazer visitar esta exposição de fotos de todo o mundo, desta vez, patente no Museu de História Natural, na antiga Faculdade de Ciências, onde frequentei as cadeiras de Biologia e Física Médica, no longínquo ano de 1973.

Surpreendentes as fotos dos gémeos de um tribo da Nigéria, do combate de boxe feminino, das ex-guerrilheiras das FARC que, só agora, decidiram ser mães, dos pescadores do Lago Chade, que dificilmente encontram o que pescar, e muitas outras.

Também o português Mário Cruz conseguiu um prémio, graças í  sua reportagem sobre o Rio Pasig e o seu lixo sobrenadante (exposição patente no Palácio Anjos).

A foto vencedora mostra uma criança das Honduras, chorando convulsivamente, enquanto a sua mãe é detida na fronteira entre o México e os EUA.

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A foto é impressionante, mas ficámos muito mais impressionados com as fotos da guerra do Iémen (que nem sequer é falada na nossa comunicação social) e, sobretudo, da guerra da Síria (há uma foto de dois miúdos que nos deixa sem palavras: ambos aparentam 10-12 anos, um deles tem o rosto coberto de sangue e o outro, que o tenta ajudar, olha desesperadamente para a objectiva… difícil de suportar…)

Os bons e os maus, segundo os media

A comunicação social deixou de ser imparcial há muito tempo. Sobretudo nas televisões.

Hoje em dia, raramente podemos assistir í  transmissão de uma notícia.

Segundo o Grande Dicionário de Língua Portuguesa (obra em doze volumes, da responsabilidade da Sociedade de Língua Portuguesa, editada em 1981, quando óptimo ainda levava o pê…), notícia significa “conhecimento, informação; nota, observação, apontamento; resumo, exposição sucinta de um acontecimento”, etc.

Gosto desta última definição: exposição sucinta de um acontecimento.

Exactamente o contrário do que se passa, hoje, em dia, na comunicação social televisiva.

O massacre informativo banaliza a verdadeira importância dos acontecimentos.

E a tomada de posição dos jornalistas, que deviam ser isentos e imparciais, desvirtua a realidade.

Os acontecimentos na Venezuela são um bom exemplo. A comunicação social decidiu que Juan Gaidó é bom e Nicolás Maduro é mau.

A partir deste pressuposto, todas as notícias sobre a Venezuela pecam por parcialidade. Então, se o povo da Venezuela está í  míngua, cheio de fome, com uma inflação galopante, sem medicamentos, morrendo nos hospitais por falta de assistência, vegetando í  fome por falta de alimentos, como se explicam as manifestações a favor de Maduro, onde milhares de venezuelanos dançam, cantam e clamam pelo chefe supremo?

Mas Guaidó é apoiado pelos Estados Unidos e Maduro, pela Rússia – portanto, mais uma razão para os media considerarem Guaidó bonzinho e Maduro, um perigoso ditador.

Sendo apoiado pelos EUA, Guaidó tem o apoio de Trump. Ora, Trump é mau, segundo os media. É um bronco, mente constantemente, é obsceno, mal-educado e inculto – o contrário de Obama, que era bonzinho, muito delicado, tinha uma mulher inteligente, ambos pretinhos e tudo!

Trump é quase tão mau como Bolsonaro, que é nazi, retrógrado, reaccionário.

Quem já foi muito má e agora é excelente, foi Angela Merkel. No tempo da troika, a senhora era péssima; depois, quando decidiu acolher refugiados, passou a ser muito boazinha, sobretudo em compensação com aquele tipo da Hungria, que é mesmo muito mau.

No que diz respeito a França é que a coisa está mais complicada. Os coletes amarelos são maus porque partem montras, mas são heróis porque têm um luso-descendente entre os chefes, que até perdeu um olho numa manif. Claro que o Macron é mau, porque apoia os ricos e não quer saber dos coletes amarelos, mas se calhar é bonzinho porque vai reconstruir a Notre Dame em cinco anos…

E acho que chega para mostrar o meu ponto de vista.

Um acontecimento deve ser noticiado como aconteceu, sem mais devaneios ou pinceladas da autoria do jornalista que, assim, se quer tornar o centro da notícia.

É frequente ouvirmos os jornalistas queixarem-se das condições de trabalho, que a polícia não os deixou entrar, que o político não respondeu í s perguntas, que a sala tinha má acústica. E este é o principal problema de algumas profissões.

O principal objecto da medicina são os doentes, da educação, são os alunos e do jornalismo, é a notícia.

O resto é encher chouriços.

PS – Como é possível que um jornal televisivo demore hora e meia e apenas se detenha sobre três ou quatro notícias?…

Fotos de Mário Cruz no Palácio Anjos

Mário Cruz é um fotojornalista português, de 32 anos, que ficou conhecido pela foto que ganhou o prémio de temas contemporâneos da World Press Photo de 2017.

Em 2018, conseguiu também o prémio da WPP, nos temas ambientais, com uma foto tirada no Rio Pasig, nos arrabaldes de Manila, capital das Filipinas.

Essa foto faz parte de uma fotoreportagem sobre esse incrível rio cheio de lixo, e nas margens do qual vive uma população, em barracas decrépitas, que se sustenta a partir do lixo que jaz nesse mesmo rio.

No Palácio Anjos, em Algés, podemos ver 40 fotos de Mário Cruz e todas são tremendas (adjectivo muito em voga…). Estes filipinos migraram do interior do país para a capital, em busca de uma vida melhor, e acabaram nesta espécie de bairro post-apocalipse, onde resgatam lixo, que depois vendem, para sobreviver.

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Necrologia partidária

O PS não se safa dos jobs for the boys, ou do mais recente familygate – tudo nomes anglo-saxões para os velhos jeitinhos.

Conheces alguém lá no Banco, ou na seguradora, ou no hospital, ou na repartição? Todo o português que se preze gosta de usar os conhecimentos, os favorzinhos, as atenções, as cunhas, para obter benefícios.

O PS, como partido dos portugueses genuínos, faz isso mesmo (aliás, como o PSD – e o PCP, o Bloco e o CDS só não o fazem porque não podem, isto é, porque não estão no Poder).

Ora, eu estou num lugar cimeiro, digamos, num Ministério, e preciso de colaboradores nas secretarias de Estado e nas Direcções-Gerais – quem vou convidar se não o meu filho, a namorada de um primo, o amigo de um cunhado, ou mesmo a minha esposa – conheço-os bem, sei que não me vão apunhalar pelas costas e, ainda por cima, até têm formação nessa área… portanto, concurso público?… para quê?!… para demorar meses a escolher um colaborador?…

Foi assim que, nesta campanha eleitoral, todos se lembraram que o Governo tinha, no seu seio, marido e mulher, pai e filha, e mais…

A partir daí, foi só começar a escavar e descobriram-se muitas outras ligações perigosas.

Tão perigosas que chegaram aos cemitérios!

Vocês lembram-se das esquisitas Associações de Amizade Portugal-Albânia, ou Portugal-Coreia do Norte?

Pois existe uma Associação dos Amigos dos Cemitérios de Lisboa (AACL)!

Isso mesmo: um grupo de pessoas que se juntam porque gostam de cemitérios – e gostam tanto que se auto-intitulam amigos dos cemitérios.

É que uma pessoa pode trabalhar com cadáveres, como fazem os especialistas em Medicina Legal, mas daí a gostar de cadáveres ao ponto de se dizer amiga deles, vai uma diferença muito grande.

Mas pronto – cada maluco com a sua mania – e esta associação reúne pessoas que são amigas dos cemitérios de Lisboa.

Pois o PSD descobriu que a maior parte dos membros da Associação são do PS: o presidente é Jorge Ferreira, fotógrafo do PS; o vice-presidente é Pedro Almeida, funcionário do PS no Parlamento; e entre os membros estão Inês César (sobrinha do líder parlamentar do PS, Carlos César) e a sua mãe, Patronícia (deputada municipal do PS), e o seu pai, Horácio (irmão de Carlos César), João Soares (filho de Mário Soares), e Diogo Leão (deputado do PS).

Na minha opinião, é assustador que tantos membros do PS sejam amigos dos cemitérios. No mínimo, cheira a almas do outro mundo…

Mas, afinal, o que é que esta Associação quer fazer com os cemitérios?

Pelos vistos, quer transformar o cemitério dos Prazeres, numa espécie de Parque Temático dos Mortos Ilustres, juntando, um mesmo local, os restos mortais de Agostinho da Silva, Lourdes Pintassilgo, João César Monteiro, Raul Solnado, Carlos Paredes, Al Berto, Laura Alves, Alfredo Marceneiro e outros…

Assim, os turistas poderiam visitar o cemitério e, passando perto dos jazigos respectivos, ouviriam a guitarra de Paredes, um poema de Al Berto, um fadinho do Marceneiro, etc.

Cobravam-se uns bilhetes e a autarquia teria mais uma fonte de riqueza…

O PSD denunciou esta tramóia, não porque esteja contra a ideia mórbida, mas apenas porque a Associação dos Amigos dos Cemitérios não inclui familiares do PSD…

Mas esta amizade pelos mortos não é apanágio dos partidos do centrão.

Também a extrema-direita, consubstanciada no inacreditável Partido Chega, liderado pelo não mesmo inacreditável André Ventura, exibe uma atracção pelos mortos. Atracção fatal, claro…

Pois o Chega entregou, no Tribunal Constitucional, cerca de dez mil assinaturas para obter a legalização.

Dessas dez mil, cerca de 2600 assinaturas foram consideradas inválidas porque alguns desses subscritores já tinham morrido.

O Tribunal dá, como exemplo, o Sr. Adelino Lopes, que facilitou a sua assinatura para a legalização do Chega e que, caso ainda fosse vivo, já teria 114 anos!

Por maioria de razão, o Partido Chega devia também fazer parte da Associação dos Amigos dos Cemitérios!

E o PSD, por se ter lembrado de levantar esta questão em pelo período eleitoral, merecia, também, um lugarzinho na Associação.

Aliás, todos deveriam ir parar ao cemitério dos Prazeres, onde estar morto deve ser um gozo…


Procol Harum no Coliseu

Um Coliseu praticamente cheio de cabelos brancos e muitas carecas assistiu ontem a um concerto memorável da banda britânica denominada Procol Harum (descobri ontem que era o nome de um gato de um amigo dos fundadores da banda, Gary Brooker e Keith Reed).

Hoje, 52 anos depois da estreia da banda com o inesquecível A Wither Shade of Pale, só Brooker (73 anos) se mantém.

A acompanhá-lo: Geoff Witehorn (68 anos), na guitarra solo, Matt Pegg (47 anos), no baixo, Josh hillips (59 anos), nas teclas e Geoff Dunn (58 anos), na bateria.

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Gary Brooker mantém a voz ligeiramente rouca e bem colocada e a banda conseguiu recriar os grandes clássicos dos Procol Harum: Conquistador, Homburg, Shine on Brightly, Fires (wich burns brightly), Grand Hotel, Salty Dog e, claro, A Wither Shade of Pale, que vendeu mais de 10 milhões de discos.

Para além dos clássicos, a banda tocou também vários temas do novo disco, Novum, saído no ano passado. Uma dessas músicas dá o nome í  digressão: Still There’ll be More – e, de facto, embora Brooker pareça mesmo um ancião (cabelos brancos e, pareceu-me, alguma hesitação na marcha), a banda ainda está ali para as curvas!

No final, uma sala cheia de saudosistas pelos gloriosos anos 60 e 70 do século passado estava rendida e regressou a casa com lágrimas nos olhos.

Nõs também regressámos de papo cheio!

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25 de Abril Sempre!

Em novembro/dezembro de 1973 estávamos em plena crise petrolífera, por causa da guerra israelo-árabe.

As filas para as bombas de gasolina eram a regra e só podíamos pí´r 20 litros por bomba. A 21 de novembro, os jornais noticiavam que a velocidade máxima tinha sido estabelecida nos 100 km/hora na autoestrada (ah! ah! ah!), que terminava ali para os lados de Aveiras de Cima, e 80 km/hora fora das localidades.

No entanto, a principal notícia ficava escondida e tinha a ver com os estudantes universitários.

Um decreto-lei determinava que as Universidades podiam recusar a matrícula a estudantes.

E porquê?

Porque tinham tido más notas? Porque não tinham conseguido a média necessária para entrar na Universidade?

Parece que não.

As Universidades podiam recusar a inscrição de estudantes que “justificadamente fossem considerados como prejudiciais í  disciplina dos estabelecimentos”. (notícia de 25/11/1973)

Cerca de um mês depois, a 12.12.1973, o jornal República noticiava que a Faculdade de Letras tinha suspenso dez alunos e que no Instituto Superior Técnico, dois estudantes tinham sido presos depois da polícia ter invadido a sala de alunos.

E ainda há quem queira 300 salazares!…

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Assunção Cristas acusa o Governo de ignorar o interior

É este o título de uma notícia da RTP.

Eu sei bem o que isso é!

Durante quase 40 anos, ignorei o meu interior, fumando quase um maço por dia e deixando as minhas coronárias ao deus-dará.

Claro que, agora, tarde piaste e nada mais posso fazer senão esperar que a sorte me proteja!…

Cristas, coitada, quer o melhor para o interior.

Por isso, só usa cuecas de algodão, brancas (cuecas pretas é para as doidas, que só pensam em sexo!…)

De facto, como é que um governo chefiado por um Costa pode ligar ao interior? O próprio apelido explica tudo: Costa da Caparica, Costa de Prata, Costa Vicentina – o interior que se lixe!

Deve ser por isso que a Cristas quer o nosso apoio.

No outro dia, vi-a a apanhar couves com o jeitoso do Nuno Melo. Que bem que eles defendem o interior das couves! Que engraçado ver aquele senhor de 50 anos, mas que continua com cabelo í  Beatle, a apanhar couves. Quase que me apetecia fazer um cozido í  portuguesa com ele. Lá dentro, claro!

Depois, vi a Sãozinha em Pedrógão Grande e Castanheira de Pera.

Não, não foi ajudar a construir as casas destruídas – foi criticar o facto de ainda haver algumas casas que não foram reconstruídas. Mais uma vez, o Governo a ignorar o interior.

Juro que fiquei a pensar: se a Cristas, por absurdo, ganhasse as eleições, a capital de Portugal seria em Canas de Senhorim!

E então, poderíamos dizer que os de Canas são sacanas e os de Nelas são panelas!