Cristas, gatos, Félix e Chega!

O importante são os pormenores.

As grandes parangonas já não espantam ninguém: agora, à falta de incêndios, temos o inquérito parlamentar da Caixa, mas ~e a mesma coisa que nada, uma vez que ninguém se lembra de coisa nenhuma.

Os empréstimos que se fizeram, as reuniões a que se assistiram, tudo isso está turvo, nas brumas da memória, ó pátria, mal se ouve a voz, dos teus igrejos avós…

Por isso, temos que nos contentar com pequenas notícias.

Primeira: a Sãozinha Cristas, líder do CDS e futura primeira-ministra (isso queria ela, tadinha!), vai lançar um livro no próximo dia 24. Chama-se “Confiança” e vai ser apresentado pelo Pedro Mexia, aquele senhor de barbicha, assesaor do Marcelo, membro do governo sombra, e que é intelectual e tudo!

Mexia (se eu deixasse…) também escreve críticas literárias mas, depois de saber que vai apresentar o livro da Cristas, acho que nunca mais vou ler uma crítica dele…

Diz a notícia que o livro é sobre “economia, pobreza, demografia, justiça, mar, cultura, alterações climáticas e liderança no futuro”.

Nem uma palavra sobre o arroz de atum que a Sãozinha cozinha, dizem que muito bem…

Ai Mexia… e a tua poesia?…

Mexia tem pinta de gostar de gatos, e deve ter sido ele a aconselhar o Presidente a promulgar a lei que aprova o Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC).

O SIAC estabelece que todos os gatos passem a usar microchips. Deste modo, evitamos que haja gatos espiões, que passem informações para o inimigo.

Estás a miar? Olha que nós estamos a escutar!…

Esta do gatos microchipados passou despercebida porque toda a gente estava entretida a contar os milhões que o João Félix vai ganhar no Atlético de Madrid.

O puto, com apenas 19 anos, salta do Benfica para os madrilenos, e vai ganhar cerca de 800 euros por hora.

Sabendo que, segundo a Ordem dos Médicos Dentistas, há recém-licenciados a trabalhar por 4 euros à hora, está na cara que mais vale dar chutos na bola que tratar cáries dentárias…

Mas o mais escandaloso é que, para além dos juízes, também o João Félix irá ganhar mais que o primeiro-ministro…

Convenhamos que o Costa, com aquela barriga, também não deve ser capaz de marcar golos…

Mas o que mais me preocupou foi o adiamento da Convenção do Chega, aquele Partido novo que concorreu às europeias sob o nome de Basta.

O seu líder, André Ventura, anunciou que a primeira Convenção do Chega vai ser adiada de 22 para 29 de Junho.

A notícia não explica a razão deste adiamento, mas deve ser devido à complexidade da ideologia do novo Partido.

Imagino a dificuldade em elaborar Teses, Documentos doutrinários e outros textos de fundo sobre um Partido chamado Chega…

Se ainda fosse Livra, ou Safa… ou mesmo, Fosga-se!…

Assunção Cristas acusa o Governo de ignorar o interior

É este o título de uma notícia da RTP.

Eu sei bem o que isso é!

Durante quase 40 anos, ignorei o meu interior, fumando quase um maço por dia e deixando as minhas coronárias ao deus-dará.

Claro que, agora, tarde piaste e nada mais posso fazer senão esperar que a sorte me proteja!…

Cristas, coitada, quer o melhor para o interior.

Por isso, só usa cuecas de algodão, brancas (cuecas pretas é para as doidas, que só pensam em sexo!…)

De facto, como é que um governo chefiado por um Costa pode ligar ao interior? O próprio apelido explica tudo: Costa da Caparica, Costa de Prata, Costa Vicentina – o interior que se lixe!

Deve ser por isso que a Cristas quer o nosso apoio.

No outro dia, vi-a a apanhar couves com o jeitoso do Nuno Melo. Que bem que eles defendem o interior das couves! Que engraçado ver aquele senhor de 50 anos, mas que continua com cabelo à Beatle, a apanhar couves. Quase que me apetecia fazer um cozido à portuguesa com ele. Lá dentro, claro!

Depois, vi a Sãozinha em Pedrógão Grande e Castanheira de Pera.

Não, não foi ajudar a construir as casas destruídas – foi criticar o facto de ainda haver algumas casas que não foram reconstruídas. Mais uma vez, o Governo a ignorar o interior.

Juro que fiquei a pensar: se a Cristas, por absurdo, ganhasse as eleições, a capital de Portugal seria em Canas de Senhorim!

E então, poderíamos dizer que os de Canas são sacanas e os de Nelas são panelas!

Cozinho para as eleições

Este título do Público fez-me espécie:

“Cataplana de Costa foi mais vista do que arroz de Cristas”

Conheço cataplanas de tamboril e de marisco e arroz de ervilhas ou de cenoura, mas nunca tinha ouvido falar de cataplana de Costa, muito menos de arroz de Cristas.

Fui investigar.

Parece que existe um programa de televisão, chamado Programa da Cristina, que tem muito sucesso. Descobri que essa tal Cristina, de apelido Ferreira, é uma mulher que subiu as pulso, tendo passado de feirante a apresentadora de televisão em poucos anos, auferindo agora um ordenado de jogador de futebol (gosto muito do verbo auferir…).

Descobri até que o próprio Presidente Marcelo telefonou à tal Cristina, a dar-lhe os parabéns pelo programa – coisa que nunca fez comigo, ao longo de todos estes anos de dedicação à escrita. Mas enfim, continua a haver filhos e enteados…

Esse tal Programa da Cristina é diário e há umas semanas foi lá a líder do CDS, Assunção Cristas, e cozinhou, em directo, um arroz de atum.

Fiquei mais descansado.

Afinal o arroz não era de Cristas, era de atum.

Dias depois, o primeiro-ministro, António Costa, também foi ao programa e cozinhou uma cataplana de peixe.

Tudo explicado!

Ora, o Público relatava na notícia com aquele título que, enquanto o arroz de Cristas foi visto por 493 mil pessoas, a cataplana do Costa foi vista por 745 mil pessoas.

Não chega à maioria absoluta, mas anda lá perto…

Se a Cristina for esperta, leva ao seu programa o Rui Rio, para cozinhar uma francesinha, o Jerónimo de Sousa, para fazer umas pataniscas e a Catarina Martins, para preparar um prato vegan, à escolha.

Quanto ao Santana Lopes, se fosse ao tal programa, teria que se contentar com restos…

Daqui a 10 anos…

Quando eu ler isto daqui a 10 anos…

Os britânicos, em referendo, decidiram sair da União Europeia mas, na prática, não o estão a conseguir. Se calhar, queriam sair assim, sem mais nem menos, mas a UE não foi na conversa e foi aprovado um acordo, que teve a assinatura da primeira-ministra Theresa May, mas não teve a aprovação do Parlamento britânico. Conservadores e Trabalhistas dizem querer sair da UE, mas não assim – então como?

Ninguém sabe e, a 29 deste mês, acaba o prazo estabelecido e, ou o Reino Unido adia a saída ou sai sem acordo, o que parece ser catastrófico.

À beira da catástrofe está a Venezuela, dominada por um Presidente que veste fatos de treino coloridos e que se diz herdeiro de Símon Bolívar. Este é o Presidente que dizem ser usurpador, Nicolas Maduro, seguidor de Hugo Chávez, e que surge na TV rodeado de milhares de apoiantes, todos vestidos com cores garridas, as da bandeira da Venezuela. Mas há outro presidente, Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional e que se auto-proclamou presidente interino, e que se passeia pelo Brasil, Colômbia, Argentina e Equador, colhendo apoios. Num arremedo de Guerra Fria, em tempos de aquecimento global, os Estados Unidos apoiam Guaidó e a Rússia apoia Maduro. No meio, fica o povo, pelos vistos, cheio de fome.

Na Rússia manda o Putin, nos Estados Unidos, Donald Trump. Putin foi agente do KGB, deixa-se fotografar em tronco nu, a pescar ou a andar a cavalo, caminha com as pernas arqueadas, gingando o tronco, parece um vilão saído dos filmes do 007. Trump é um calmeirão bronco, com gravatas até à braguilha, cabelo oxigenado e preso com laca e pele bronzeada por solário. Nunca trabalhou na vida – especulou, sempre, e não acredita no aquecimento global, nem na evolução das espécies, julgo eu. Aliás, ele próprio é a prova de que Darwin, se calhar, estava errado – a espécie não está a evoluir, continuam a surgir gerações espontâneas de idiotas.

Não só na América. Por cá, também.

Agora surgiu um juiz, chamado Neto Moura, que acha que o facto de um homem rebentar o tímpano da sua companheira com um soco, não é violência extrema, porque não foi usada nenhuma arma. O mesmo juiz também escreveu que, segundo a Bíblia, uma das piores ofensas que podem ser feitas a um homem, será o adultério – e por isso mesmo, foi benevolente na condenação do ex-companheiro e do amante que sovaram uma mulher, usando uma moca de pregos.

Muitos comentadores ficaram indignados com estas decisões do juiz e chamaram-lhe nomes; em resposta, ele avisou que os vai processar por injúria. Espero bem que o juiz não lhes rebente os tímpanos, nem os sove com a moca de pregos porque, entre os que vai processar estão duas moças, duas Joanas, a Amaral Dias e a Mortágua que, coitadas, não merecem tal sorte.

Quem também não merece tal sorte são os clientes do Novo Banco, ex-Banco Espírito Santo.

Quando foi anunciado que o BES estava na fossa, tanto o Governo do Passos Coelho, como o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, apresentaram uma solução que – garantiram eles – ia salvar o Banco. Criaram um Banco bom e um Banco mau e, para o Banco bom, supostamente, só passaram as coisas boas.

O pequenino Marques Mendes, em 2014, dizia que o Banco bom nunca precisaria do dinheiro do Estado (ver aqui), mas agora vem dizer que Mário Centeno enganou a malta porque, afinal, vai ser preciso meter lá mais mil e tal milhões de euros. Mas, espera lá, quem era ministro das Finanças em 2014?… Então não era a pê-ésse-dê Maria Luís Albuquerque?…

Mas já estamos habituados a estas mudanças de opinião: quando se está no Governo, diz-se preto, quando se está na oposição, diz-se branco, ou vice-versa.

Um bom exemplo é a Dona Assunção Cristas. Quem a oiça hoje falar – o que acontece todos os dias, em todos os telejornais – pensará que ela nasceu este ano para a política, que nunca esteve no Governo, que nunca tomou nenhuma decisão em Conselho de Ministros, sobre as rendas de casa, sobre o SNS, sobre o Novo Banco, sobre tudo e mais alguma coisa. Cristas é pura, inocente e virgem – salvo seja!…

Enquanto isto, o Costa, com aquele seu ar de Buda satisfeito, tenta passar entre os pingos da chuva – que, aliás, está escassa – mas vai ter vários fogos para apagar até às eleições, em outubro.

A começar pelos professores, que querem que lhes seja contado o tempo de progressão na carreira, que foi congelado, os tais 9 anos e alguns meses. O problema é que, ao descongelar esse tempo para os professores, o Governo tem que fazer o mesmo para todas as restantes carreiras da Função Pública.

Depois, há os enfermeiros, que querem começar a carreira a ganhar 1600 euros e, aos 57 anos, reformarem-se sem penalizações. Para isso, seria preciso aumentar todas as carreiras que exigem licenciatura (técnicos superiores, psicólogos, fisioterapeutas, etc) e considerar muitas outras carreiras como sendo de risco. Em breve estaríamos como na Grécia, em que a única carreira que não era de risco era a de guarda-livros (seria?…)

E há ainda os magistrados, os guardas-prisionais, os auxiliares de toda a espécie, os bombeiros, os sapadores, os das fronteiras, os estivadores, camionistas, guardas-florestais, funileiros, pintores e ofícios correlativos.

Se fosse ao Costa, dava tudo a todos e entregava o Governo ao Rui Rio, ao Santana Lopes ou até ao Conan Osíris que, pelos vistos, tem, agora, a aprovação de todos porque é moderno e bué da giro.

Vão mas é dar banho ao cão!…

Assunção Cristas é contra a igualdade entre sexos

No seio do CDS, existe uma tendência chamada TEM, que significa Tendência Esperança em Movimento (TEM).

O nome, só por si, faz-nos sentir ligeiramente indispostos. Por que raio é que a Esperança tem que estar em Movimento e por que razão isso é uma Tendência? Será que a Esperança tem Tendência a estar Imobilizada?

A Dra. Joana Bento Rodrigues é médica desde 2007, ortopedista desde 2016 (certificar aqui) e está especialmente interessada em ombro e cotovelo.

Talvez o Freud explique por que razão uma especialista em cotovelo ingressa num movimento como o TEM. Será dor de cotovelo?…

A Dra. Joana assina um artigo publicado no Observador que é digno de um daqueles textos publicados no jornal Época, no tempo do Dr. Salazar.

Não vou incluir aqui um link para esse artigo, porque isso seria dar publicidade a uma coisa que dá náuseas. Quem quiser, que procure no Google. Vai encontrar, certamente.

Limito-me a transcrever uma parte do texto incrível que a ortopedista escreveu. Ela critica as feministas e acha que a igualdade entre sexos é uma treta, porque a mulher deve sentir-se orgulhosa pelo facto do seu marido ganhar mais do que ela!

Ora leiam…

“O potencial matrimonial reside, precisamente, no amparo e na necessidade de segurança. A mulher gosta de se sentir útil, de ser a retaguarda e de criar a estabilidade familiar, para que o marido possa ser profissionalmente bem sucedido. Esse sucesso é também o seu sucesso! Por norma, não se incomoda em ter menos rendimentos que o marido, até pelo contrário. Gosta, sim, que seja este a obtê-los, sendo para si um motivo de orgulho. Porquê? Porque lhe confere a sensação de protecção e de segurança. Demonstra-lhe que, apesar poder ter uma carreira mais condicionada, pelo facto de assumir o papel de esposa e mãe, a mulher conta com esse suporte e apoio do marido, para que nada falte. Por outro lado, aprecia a ideia de “ter casado bem”, como se fosse este também um ponto de honra. Naturalmente que o contrário não pode ser visto como menos meritório, em particular quando as oportunidades não são equivalentes. Assim, o casal, enquanto um só e actuando em uníssono, pode optar pela inversão destes papéis, que em nada diminuiu qualquer dos elementos, desde que movidos por objectivos comuns e focados no Amor.”

Ora, como esta Tendência faz parte do CDS, chegamos à conclusão que a líder do Partido, a Dra. Cristas, está de acordo com esta filosofia que não está muito longe da burka: a mulher, submissa, em casa, escondendo o seu rosto, enquanto o marido, lá fora, ganha o sustento da família.

A Dra. Cristas, no entanto, anda por aí, à solta, sempre rodeada de homens, falando às televisões todos os dias. Onde estão os seus quatro filhos? Onde está o seu pobre marido? Em casa, a lavar a loiça, de avental e chinelos?…

Muita coisa vai mal na Direita portuguesa!…

Sãozinha, estuda os dossiers!

Os factos são estes:

A ADSE contratualizou com os privados uma determinada maneira de pagar os cuidados de saúde.

Exemplo: uma prótese da anca custa, no Hospital da Luz, 100, na Cruz Vermelha, 150 e, nos Lusíadas, 250. A ADSE só paga uma média destes preços.

Acontece que os prestadores privados, com contrato com a ADSE, estavam habituados a sobrefacturar determinados cuidados de saúde, para compensar outros cuidados que eles achavam estar muito baratos, nomeadamente, as consultas, que não chegam aos 5 euros cada.

Só que os contratos dizem, explicitamente, que a ADSE só paga uma média do cobrado pelos vários prestadores e que, ao fim do ano, os privados terão que devolver dinheiro, se tiverem sobrefacturado.

É o que está a acontecer agora: a ADSE exige a devolução de 38 milhões de euros que terão sido cobrados a mais pelos diversos hospitais privados.

Claro que os privados, em resposta, ameaçam denunciar o contrato com a ADSE.

Perante isto, a candidata a primeira-ministra, Assunção Cristas, veio logo dizer que a culpa era do Governo, porque não paga atempadamente aos privados.

Disse a Sãozinha:

“Neste momento o que nós sabemos é que há um conjunto de situações graves que se vêm arrastando, de o Estado não pagar aos prestadores de serviços que têm acordo com a própria ADSE, e portanto, lamentamos mas entendemos que o Governo também nesta área tem estado particularmente mal e está a destruir a saúde dos portugueses”, referiu.

Ora, não é nada disto que está em causa e a Cristas, se quer vir a ser primeira-ministra, nem que seja daqui a 30 anos, tem que estudar os dossiers – não pode limitar-se a dizer, como aquele mexicano anarquista – “se hay gobierno, soy contra!”

No entanto – e apesar de só continuar a representar menos de 7% do eleitorado – a Sãozinha continua a ter lugar em todos os telejornais, dando opiniões sobre tudo e mais alguma coisa, sem que ninguém a questione.

Neste caso particular da ADSE, é óbvio que os jornalistas também não estavam informado sobre o verdadeiro cerne do conflito e, por conseguinte, ninguém disse à líder do CDS-PP que, no que respeita à ADSE, não se trata do não pagamento por parte da entidade estatal, mas sim, pelo contrário, pelo não cumprimento do contrato por parte dos privados.

Acresce que, desde há alguns anos, a ADSE é autónoma financeiramente, sendo paga pelos funcionários do Estado e que, portanto, o Governo tem pouco a ver com isso.

Mas, enfim, a Cristas só quer vir a ser primeira-ministra – o resto é música.

Sacra…

 

Memória curta

Li hoje no Público.

“No dia 20 deste mês, Passos Coelho, citado pela Lusa, defendia «uma unidade militar de resposta a emergências e, nomeadamente, a este tipo de emergências» (os incêndios), a exemplo da força espanhola enviada durante o verão para ajudar no combate aos fogos em Portugal.”

E, mais à frente:

“A 26 de Outubro, Assunção Cristas, nas 43 medidas apresentadas pelo CDS para lutar contra a tragédia dos incêndios, pediu que fosse redefenida «a forma de participação das Forças Armadas nas missões de protecção civil, com a criação de uma unidade especial formada e equipada para o efeito».

Acontece que já existe uma unidade das Forças Armadas direccionada para a protecção civil.

Chama-se Regimento de Apoio Militar de Emergência…e foi criado pelo governo Passos-Cristas…

Se a Dona Assunção e o Sr. Coelho já nem se lembram das decisões que tomaram enquanto foram governo, que podemos nós esperar mais destas aventesmas?…

Da importância das vacas na política nacional

As vacas sempre ocuparam um lugar central na política nacional.

No tempo das vacas gordas, ninguém se lembra delas; vamos comendo e bebendo à fartazana, até que se esgota a mama e as vacas emagrecem.

Depois, no tempo das vacas magras, temos saudades dos bifes e mantemo-nos a ervas.

Não somos indianos, mas a vaca, para nós, é sagrada.

No futebol, quando a bola não entra, é vaca.

A nossa colega, que se deixou engordar, passa a vaca.

Quando viajamos a meias, fazemos uma vaquinha.

A vaca está em todo o lado.

Até o nosso político mais duradouro, tem uma grande admiração pela vaca.

A começar pelo apelido, já que Cavaco tem uma sonoridade semelhante à vaca.

E foi ele que disse, nos Açores, que tinha admirado o sorriso das vacas.

Se calhar, o homem tinha comido queijo “a vaca que ri” ao pequeno almoço e deixou-se influenciar.

Ora, se as vacas sorriem, por que não podem voar?

António Costa acredita que as vacas podem voar.

A oposição faz o trocadilho e diz que, se o António Gosta tanto vacas, passa a António Bosta.

Assunção Cristas diz que foi ministra da Agricultura e que viu muitas vacas e atesta que as vacas não voam.

Se calhar, Sãozinha, elas só voam quando estás de Costas…

Não querendo avacalhar mais o discurso, direi que uma vaca pode voar se lhe der na gana – basta querer.

E contra o querer, nada há a fazer!

Nem que a vaca tussa!

vacas

A direita com dor de corno

A direita está à brocha…

Pela primeira vez, na história da jovem democracia portuguesa (é mais nova que eu!), os partidos à esquerda do PS votaram a favor do Orçamento Geral do Estado.

Que confusão isto deve fazer a algumas cabeças…

Passos Coelho até já adoptou como slogan “social-democracia sempre!”.

Liberal de merda!…

Quanta à sucessora de Portas, a azougada Assunção Cristas, disse hoje que o CDS admite governo com PSD e PS, mas sem António Costa.

Infantil.

É o mesmo que dizer que António Costa admite governo de PS, PSD e CDS, mas sem Passos Coelho ou Assunção Cristas.

Ou que a Catarina Martins aceita governo BE, PS e PCP, mas sem o Jerónimo de Sousa.

Ou que o Jerónimo admite governo do PCP, PS e BE, mas sem o António Costa e a Catarina.

A Assunção é uma querida mas tem pouco jeito para isto.

Quanto ao ex-primeiro-ministro, continua a inaugurar e a visitar lares de terceira idade, como se continuasse no poder.

Todos os dias surge nos telejornais, a fazer declarações, com aquele ar solene de quem continua à frente dos destinos da Nação.

Ainda ontem, no jornal da RTP, aparecia num lar qualquer, a falar sobre a função social do Estado, ele, que tudo fez para eliminar essa parte das obrigações do poder central, entregando-a à caridadezinha. E a criatura disse coisas, atacando o governo actual.

Um pouco aflitos, os jornalistas da RTP, como contraditório, repetiram afirmações do ministro Vieira da Silva, que foi inaugurar três lares ou algo semelhante, mas que não teve direito a reportagem.

Passos Coelho parece que continua a ser primeiro-ministro.

Hoje mesmo, o DN publica uma longa reportagem sobre o novo dia-a-dia do Passos Coelho, titulando na primeira página: “A nova vida de Passos: não tem segurança, ganha menos e almoça no gabinete”.

Tenho uma novidade para vocês: quero que o Passos se foda!