Volta, Gabriel Alves, estás perdoado!

Gabriel Alves é um nome consensual, no que respeita aos comentadores desportivos. Linguagem própria, neologismos, todo um edifício filosófico construído ao longo de muitas transmissões televisivas.

Mas Gabriel Alves limitou-se a ser um seguidor do Enorme Comentador Futebolístico (tudo com letra grande), que foi Alves dos Santos.

Um Alves seguiu-se a outro Alves…

Nos anos 60 do século passado, quando o Benfica começou a despontar na Europa e a Eurovisão começou a transmitir os jogos da Taça dos Campeões Europeus, era Alves dos Santos que inventava expressões como “corre como se fosse um extremo” ou “recebe no peito e cola na relva”.

Bons velhos tempos… em que o Alves dos Santos, com a sua voz cavernosa, comentava, o Eusébio marcava e eu era um puto!…

Sobre as expressões idiomáticas inventadas por Gabriel Alves já existem enciclopédias (podem ser consultadas, por exemplo, em http://galves.no.sapo.pt/frases.htm).

Mas também esse Alves está ultrapassado.

Hoje em dia, quem pontifica é um senhor chamado Luis Freitas Lobo.

Confesso que raramente consigo ler um texto de LFL até ao fim. O homem consegue encher uma página inteira do Expresso! Todas as semanas! E suspeito que escreva em mais sítios. Produz prosa a uma velocidade estonteante! Mas escreve coisas algo místicas.

Por exemplo, sobre o Benfica de Quique Flores: “nesta construção complexa de um jogar, manda o futebol como natureza inquebrantável”.

LFL explica por que razão o novo Benfica se foi abaixo, frente ao Porto, e se superiorizou, frente ao Nápoles.

E a explicação é simples: “Equilibrar (Katsouranis) e, depois, desequilibrar (Reyes). Com protecção física e inteligência táctica. Para explorar os pontos fortes, na velocidade e imaginação ofensiva. Para proteger os seus alçapões sem bola, fechando melhor as faixas (Ruben Amorim) e dando mais peso para ganhar a zona de pressão e combate no centro (Yebda).”

Sinceramente, não percebo patavina!

Preferia a ousadia poética e gramatical de Gabriel Alves.

E que saudades da simplicidade de Alves dos Santos (e do Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto, Torres, Germano, Costa Pereira, í‚ngelo, Cávem…)!…

Benfica derrota Camorra

Foi limpinho, apesar da sujidade das ruas de Nápoles.

A Camorra não se entende com as autoridades e não limpa as ruas napolitanas, mas o Benfica limpou-lhes o sarampo, com dois belos golos í  moda antiga.

E í  moda antiga é com a bola a mexer – nada dessas mariquices de golos de bola parada, que é algo que nunca hei-de entender: como é que a bola entra na baliza, se está parada?!

O Reyes e o Nuno Gomes mostraram que, cada vez mais, este Benfica se está a aproximar do “meu” Benfica.

Pena a guerra entre operadores ou lá como se chamam os gajos que nos prestam o serviço televisivo. Os ladrões da Sport TV versus os ladrões do Meo.

Resultado: ouvi o relato na TSF e fiz de conta que vi o jogo, aos soluços, em http//:estadiovirtual.sapo.pt.

A maior parte do jogo, os jogadores pareciam acometidos de espasmos epileptiformes e a bola ficava congelada a meio campo durante mais de dez minutos, enquanto o tipo da TSF gritava “Goooooolo”!…

Não vi nenhum dos golos em directo. Mesmo as repetições pareciam retiradas de um mau jogo do Spectrum.

Mau serviço do Sapo.

Não admira. O Sapo é verde… não se pode dar bem com o Benfica…

Marxismo, tendência Bush

Admiro o homem!

Enganou-me bem enganado!

Quem diria que um republicano que acredita no Criacionismo é, afinal, um marxista convicto?!

Bom, claro que George Bush não é um marxista ortodoxo. Não acredito que tenha sequer lido um resumo de “O Capital”. Mas alguém lhe deve ter dado umas luzes sobre a teoria marxista e Bush ficou fã.

Depois, é claro, teve que pensar sobre o assunto – e todos sabemos como é difícil um Bush pensar, e este George ainda é pior que o pai.

Bush ruminou sobre as ideias de Karl Marx durante anos mas, na primeira oportunidade – pimba! – atacou os capitalistas!

E aí está ele a propor que o povo norte-americano tome de assalto os Bancos e as Seguradoras. Os capitalistas não souberam gerir os grupos financeiros, foram gananciosos e garganeiros? O povo, liderado por George Bush, toma conta dos meios de produção de notas e moedas.

Capitalista, escuta – George Bush está em luta!

E por essa Europa fora, outros marxistas perdem a vergonha e saem do armário. Os governos inglês e belga até já nacionalizam bancos!

Pobre Vasco Gonçalves, pobre companheiro Vasco, que já não está entre nós para assistir a esta verdadeira revolução!

Espero que George Bush não fique por aqui. Depois de retirar os bancos e as Seguradoras das garras dos capitalistas e de as devolver ao povo, é imperioso que avance logo para a Reforma Agrária e comece a distribuir as grandes herdades pelos camponeses, seguindo-se a urgente nacionalização da McDonald’s, da Coca-Cola e da Starbucks.

LONGA VIDA AO CAMARADA GEORGE BUSH!

OS ESTADOS UNIDOS JAMAIS SERíƒO VENCIDOS!

“The Shield” – 2ª série

—Mackey e Aceveda firmam um pacto de não agressão: o comandante daquela esquadra muito especial não chateia muito o detective corrupto e, em troca, este arranja-lhe umas detenções baris, que poderão ajudar o latino a ganhar as eleições.

Este arranjinho fica comprometido com uma auditora civil, que mete o nariz em tudo e que começa a desconfiar dos métodos do Strike Team. Além disso, também a detective Claudette começa a não achar muita graça aos métodos de Mackey e decide roer-lhe os calcanhares. Paralelamente, a mulher de Mackey quer mesmo o divórcio, um dos seus principais chibos é queimado vivo e uma prostituta junkie, que também lhe dava umas tips, leva um balázio na barriga e vai desta para melhor.

Vic Mackey só tem coisas que o ralem!…

A série é filmada com muito nervosismo. Uma simples conversa de três minutos, é filmada de três ângulos, com uma câmara hesitante, fazendo lembrar o método usado por Soderbergh, em “Traffic”, por exemplo. Os episódios são todos filmados a correr, tudo acontece muito depressa e é raro haver um diálogo que dure mais de três minutos. Mackey, por exemplo, está sempre a entrar e a sair de salas, a aproximar-se e a afastar-se da câmara, sempre nervoso, nunca nos olhando de frente.

Não é uma grande série, mas é bem esgalhada e tem a diferença de os heróis serem polícias assumidamente corruptos e nós nem nos importarmos muito com isso. Até porque “ladrão que rouba a ladrão…”

Um Benfica í  Benfica

Confesso: o Flores ainda não me convenceu.

Confesso: olho para este Benfica e custa-me a integrar os novos jogadores no meu conceito de Benfica. O Carlos Martins é do meu Benfica? E o Yebda? E o Reyes? E o Aimar?

O Quim e o Nuno Gomes, são; o Cardozo e o Máxi Pereira, começam a ser – mas, o Jorge Ribeiro, o Balboa, o Sidnei, o Urreta, o Ruben Amorim?

São muitos jogadores novos. Tenho que rever a minha noção de Benfica.

De qualquer modo, qualquer equipa do Benfica que dê dois secos aos lagartos, é o meu Benfica!

Por que é que não tenho uma casa da Câmara?

—Antes de continuarem a ler este texto, agradeço que leiam esta pequena local, que saiu hoje no Expresso, a propósito do “Lisboagate” – distribuição de casas da Câmara a amigos e camaradas, por cunhas, pagamento de favores e outras trafulhices.

Já leram?

Então, agora, falo eu: em Junho de 1974, estudava no 2º ano de Medicina, tinha um filho, o Pedro, com um ano de idade e vivia num quarto, em casa dos meus sogros. Há mais de uma ano que colaborava, com estorinhas, poemas e outras brincadeiras, com o jornal República. Gratuitamente. “Just for fun”.

O ílvaro Guerra, que já não está por cá, achou que eu era bem capaz de ser jornalista e como, entretanto, depois do 25 de Abril, passara do República para a RTP, convidou-me para experimentar o jornalismo televisivo.

Não hesitei, claro.

Comecei por ganhar um salário de 7.500 escudos, que era excelente, naquela altura. Continuei a estudar, durante o dia, e a trabalhar no Telejornal da noite que, naqueles tempos, ia para o ar quando calhava, por vezes, depois da uma da manhã.

Graças ao ílvaro Guerra e ao meu emprego como jornalista estagiário, conseguimos sair da casa dos meus sogros e alugar um T1, em Benfica, por 3.500 escudos. Sobravam 4 mil escudos, do meu ordenado. Até dava para beber um gin tónico todos os dias!

Algum tempo depois, juntámo-nos ao nosso amigo José António, também jornalista, na altura, além de estudante de Matemática, e alugámos uma casa em Algueirão. Tinha dois andares: o rés-do-chão para nós, o primeiro andar para os amigos. Renda: 6 mil escudos mensais.

Nessa casa, nasceu a nossa Marta e a Joana deles.

“Obla-di Obla-da, life goes on…”

Em Setembro de 1987, 14 anos depois do 25 de Abril, já longe do jornalismo e trabalhando como Médico de Família há dois anos, conseguimos comprar a nossa primeira e única casa, em Almada.

Ainda a estamos a pagar.

Por isso, peço desculpa pela minha linguagem, mas quero que todos estes gajos façam o favor de ir í  merda!

Magalhães e os Velhos do Restelo

No Macacos sem galho decorre uma acesa discussão a propósito do computador Magalhães e da e-escolinha (http://www.macacos.com/2008/09/23/viva-o-magalhaes/).

Parece que, afinal, a tecnologia de ponta que o Sócrates diz que o Magalhães tem, já não é tão de ponta assim – dizem os críticos. Um dos fulanos que participa na discussão diz esta coisa enigmática:

“O portatil que eu dava aos alunos seria um com 32 megas de ram, disco de 512 megas, grafica de 2 megas, o s.o. seria linux ou bsd. Não precisavam mais do que isto. Queriam fazer processamento de texto, usavam latex, queriam fazer graficos usavam o gnuplot, queriam usar a calculadora ou abriam a shell de alguma liguagem interpretada ou então xcalc. Navegar na net era o lynx (caso precisasem de algo grafico que usem o “…links -g””). Querem fazer desenhos? usem papel e lapis (ou então o xfig que é poderosissimo)! Assim tornavam-se homemzinhos!”

Eu e 98% dos miúdos do ensino básico ficamos de boca aberta! Então, os putos podiam ter um sistema operativo linux, ou mesmo bsd, e não têm?! Que é lá isso, ó Sócrates? Está a roubar aos nossos infantes a possibilidade de usarem o “gnuplot”, seja lá isso o que for?! (a propósito: “bsd” quererá dizer “bondage-sado-masok”?)

Primeiro-ministro da treta, é o que tu és!

Sinceramente, a mim, parece-me uma ideia estrangeira, esta, a de fornecer portáteis aos putos do ensino básico e secundário. Quando percebi que isso se estava a passar em Portugal, pensei, por momentos, que tinha mudado de país.

Claro que o Sócrates e todo o Governo se aproveita do Magalhães para fazer auto-propaganda. Eu faria o mesmo. Os gajos do PSD fariam o mesmo (os gajos do PC, BE e CDS não fariam o mesmo porque nunca terão hipótese de chegar ao Poder, caso contrário… fariam o mesmo…).

A ideia é óptima e merece aplausos, o nome do computador é bem esgalhado (Magalhães ou Magajanes é conhecido em todo o mundo) e só gajos com o espírito do Velho do Restelo é que podem estar contra uma coisa destas.

Por que nunca serei cliente do Millenium

Depois de terem posto o Abrunhosa, no cimo de um prédio, a “cantar” que estava ali, sem que ninguém o empurrasse;

Depois de terem pago a um miúdo para cantar que ia “virar a vida de pernas para o ar”, como se eu me ralasse com a vida dele;

Os tipos lembraram-se, agora, de oferecer um CD do Jorge Palma a quem domiciliar o ordenado no Millenium-BCP.

Um CD do Jorge Palma?!

Sádicos!

Com ofertas destas, como poderei eu ser, algum dia, cliente deste Banco?!

O PSD não tem emenda

—Segundo o Expresso, Manuela Ferreira Leite estará inclinada a deixar que Santana Lopes possa ser o candidato do PSD í  Câmara de Lisboa.

Este seria o presente envenenado de Manuela ao Sr. Lopes: ao dar-lhe uma nova oportunidade, calaria a oposição dentro do partido. Se Santana ganhasse (ah! ah!), Manuela também ganharia; se Santana perdesse, Manuela não poderia ser acusada de não ter tentado.

Esta baixa política só mostra como se mexem os partidos, o PSD, em particular. No artigo do Expresso, assinado por í‚ngela Silva, não se fala, em lado nenhum, do que poderia ganhar a cidade se Santana Lopes voltasse a ser presidente da Câmara. Não se conhece, da parte de Santana, nenhuma ideia nova sobre Lisboa (ele tinha 3 e já as esgotou: o túnel do Marquês, o Casino de Lisboa e o Parque Mayer). Nada disto interessa. O que interessa são os jogos dentro do partido.

Aliás, no PS, a treta é a mesma. Agora, por exemplo, António Costa e Helena Roseta chegaram a um entendimento, que foi muito saudado pelos comentadores. Então, mas afinal eles não pertencem ao mesmo partido? Não podiam ter chegado a esse acordo antes de concorrerem separadamente í  Câmara, evitando meses e meses de decisões adiadas porque não havia maioria nas votações?

Voltando ao Sr. Lopes: será que ele quer a candidatura í  Câmara de Lisboa?

Não acredito.

O Sr. Lopes quer a Presidência da República, quando o ciclo de Cavaco acabar.

Lá terei que votar no Mário Soares, outra vez, daqui a 10 anos…