De Monteverde a Manuel António

O Interbus faz a ligação entre os vários hotéis dos vários lugares turísticos da Costa Rica. São carrinhas com 9-11 lugares, o que torna as ligações mais rápidas e baratas.

O interbus que nos foi buscar de Monteverde até ao Hotel El Parador, em Manuel António, demorou 4 horas, a primeira hora das quais numa estrada incrível, de terra batida, cheia de buracos e pedras rolantes, montanha acima, montanha abaixo.

Pelo caminho, vimos um tucano de bico arco-íris, araras lindíssimas, uma iguna no meio da estrada, indiferente ao trânsito, e, finalmente, o Pacífico, com praias a perder de vista.

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Manuel António fica 6 km depois de Quepos, no cimo de uma colina que domina o oceano.

Ao longo da íngreme colina, outra vez com estrada de terra batida, hotéis, lodges, pensões, cabinas, apartamentos, um frenesim de construção que acaba por transformar este local paradisíaco num frenesim turístico.

O hotel El Parador é espectacular e é só é pena que tudo isto seja construido í  custa da destruição da floresta.

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Reserva Biológica de Monteverde

Chega-se í  Reserva Biológica de Monteverde por uma sinuosa estrada de terra batida. São 105 km2 de floresta, a 1500 metros de altitude, temperados por neblinas quase constantes, alimentados pelos ventos húmidos do oceano.

Dizem que existem, aqui, cerca de 150 espécies de répteis e anfíbios, 500 espécies de borboletas, 100 espécies de mamíferos, 400 espécies de pássaros, incluindo 30 de colibris – mas a vida animal é difícil de detectar, devido í  densidade da folhagem e ao porte esmagador das árvores.

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Um dos pássaros que aqui vive está em vias de extinção. É o famoso quetzal, que os índios pensavam ser descendente do deus Quetzalcoatl.

O quetzal é, de facto, um pássaro espectacular, com penas de cores iridiscentes, cuja tonalidade varia consoante a incidência da luz solar.

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Os colibris vêem-se melhor, graças a um truque. Colocam-se diversos bebedouros cheios de água com açúcar e é vê-los virem, em hordas, batendo as asas, para chuparem a gulodice.

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A Selvatura, a cerca de 6 km da Reserva, é uma espécie de parque temático sobre a floresta. Ocupando uma extensa área da floresta nebulosa, tem, como atracções, um borboletário, um reptilário, uma exposição de insectos, tirolinas e pontes suspensas.

As oito pontes suspensas, fornecem um passeio de cerca de 2 horas.

As pontes suspensas são uma maneira óptima de ver a floresta porque ficamos ao nível das copas de muitas árvores, embora ainda bem longe de muitas outras.

Algumas das pontes estão a cerca de 60 metros de altura e têm í  volta de cem metros de comprimento.

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Do Arenal a Monteverde

Pode ir-se do Arenal até Montever, começando por atravessar o lago Arenal, de bote, o que demora cerca de uma hora.

Com o vulcão pelas costas e Monteverde em frente, a transição de uma paisagem para outra é evidente.

As encostas de Monteverde parecem de veludo verde.

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Depois da travessia do lago, segue-se um percurso de hora e meia por estrada de terra batida, com muitas pedras soltas, subindo e descendo, com um manto verde de cada lado da estrada.

O almoço, no Fonda Vella Hotel, foi casado.

Casado é o prato típico da Costa Rica e é composto por frango, ou vaca ou peixe e, a acompanhar, tudo: arroz, feijão, plátano, ovo, tomate, cebola, palmito, tortilla, queijo, etc.

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Em Monteverde também se cultiva bom café.

Na quinta Don Juan, podemos ver, novamente, todas as fases do processo e ver, por exemplo, como se extraía, antigamente, o açúcar da cana, espremendo-a num torno, movido por uma parelha de bois.

A planta do café é, sem dúvida, a estrela da Costa Rica.

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Parque Nacional do Vulcão Arenal

O Parque Nacional do Vulcão Arenal cobre mais de 120 km2 e rodeia o vulcão.

O vulcão deixou de estar activo por volta do século 16 e só voltou a entrar em actividade em 1968; desde então, não mais parou.

Uma caminhada de cerca de 3 km leva-nos até í  corrente de lava, hoje solidificada e transformada em rochas magmáticas e cinzas.

Com a ajuda de binóculos, vemos as rochas caindo pela encosta do vulcão e ouvimos o som assustador, semelhante a trovões. De vez em quando, um pequeno abalo de terra.

Também no Parque Nacional, pode-se passear sobre as copas das árvores, em funicular.

Lá de cima, vê-se o lago Arenal, um lago artificial criado em 1973, numa depressão tectónica entre Tilarán e a cordilheira de Guanacaste.

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Vulcão Arenal

Do Parque Nacional Tortuguero ao Parque Nacional do Vulcão Arenal, passa-se quase um dia inteiro: primeiro, hora e meia de lancha, até Caí±o Blanco, depois, autocarro por uma estrada muito estragada, até Guapiles e, finalmente, 2h 30 de estrada em bom estado, mas com muito trânsito de camiões, bicicletas e peões, caminhando nas bermas.

O vulcão Arenal é um cone perfeito, com 1650 metros de altura e o topo quase sempre escondido por nuvens e pelo fumo que sai do próprio vulcão.

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A última grande erupção foi em 1968 e a lava e as rochas incandescentes destruiram uma povoação inteira. Desse lado, a encosta do vulcão é árida. Do outro lado, toda a encosta é verdejante e a povoação que existe no sopé, adoptou o nome de La Fortuna, por razões óbvias.

O Hotel Kioro fica mesmo em frente ao vulcão e tem diversas piscinas com águas termais, que vão arrefecendo, í  medida que passam de uma para outra.

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A fauna e a flora de Tortuguero

A diversidade da fauna e flora do Parque nacional de Tortuguero é enorme e a melhor maneira de a explorar é de barco, passeando lentamente pelos rios e canais, logo pelas 6 da manhã e, depois, ao fim da tarde.

Para além de uma infinidade de pássaros, podemos ver macacos-aranha e macacos-uivadores, saltando de árvore em árvore,  iguanas, insectos estranhíssimos, borboletas, caimões e muitas variedade de lagartos.

No que respeita í  flora, surpreende sempre a complexidade das flores.

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Parque Nacional Tortuguero

O Parque Nacional  Tortuguero foi criado exactamente para proteger as praias onde as tartarugas vão desovar, entre Junho e Novembro.

De 1966 a 1974,  foi construído um sistema de canais que ligam, entre si, os rios Colorado, Parismina, Pacuaré, Rebentazon e Tortuguero. Forma-se, assim, uma estrada aquática com cerca de 100 km.

O Parque Tortuguero estende-se, ao longo da costa do Caribe, por 22 km.

Viaja-se de San José até Caí±o Blanco, já na costa do Mar das Caraíbas, ao longo de 150 km de estrada asfaltada, com muitas curvas e contra-curvas, atravessando o Parque Nacional Bráulio Carrillo, com vegetação luxuriante.

í€ beira da estrada, uma planta com folhas enormes, é conhecida como “chapéu de chuva dos pobres”, já que cada uma das folhas pode abrigar duas ou três pessoas.

Já perto da costa atlântica, começam as plantações de bananeiras, a perder de vista. Muita floresta tropical tem sido sacrificada para se plantarem bananais. A Costa Rica é o segundo maior exportador mundial de banana e todos nós já vimos o famoso sêlo da Chiquita banana.

Curiosa,  a forma como os trabalhadores transportam os cachos de bananas, desde a plantação até ao local onde são escolhidas e embaladas. Cada homem puxa uma série de cachos, que se deslocam ao longo de um cabo de aço.

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Em Caí±o Blanco, apanha-se uma lancha que, nos leva até ao Pachira Lodge, através do rio Parismina e dos canais. São 50 km e hora e meia de caminho, seguindo paralelamento ao Caribe, com crocodilos ao fundo.

Tortuguero é uma pequena vila, com cerca de mil habitantes, situada na estreita faixa de terra que fica entre o canal e o Caribe. Claro que não tem estradas, nem carros. Só lá se chega de barco.

Quando se chega a Tortuguero, vindos do canal, o embarcadouro é dominado por uma praça que exibe duas grandes estátuas de um pelicano e de um papagaio; em redor, estátuas mais pequenas de sapos e tartarugas. Mas não são estátuas realistas – são antes representações infantis daqueles animais, pintados com cores berrantes, assim como os bancos e as mesas, também existentes na praça.

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A aldeia de Tortuguero estende-se ao longo de uma única rua, ladeada de casas térreas, de madeira. No ar, um cheiro adocicado (das flores? de alguma erva que faz rir?). Ali í  frente, um negro, com a barba bem desenhada (todos usam barbas bem desenhadas, muito cool), deitado numa rede, ouve rap, com o volume sonoro no máximo, acenando para os turistas. Tá-se bem no Caribe!

Muitas lojas de souvenirs, com os mesmos produtos desinteressantes. Dezenas de pássaros cruzam os ares, de árvore em árvore.

Os habitantes de Tortugero, ao fim da tarde, já não têm nada para fazer. Já pescaram, já passearem os turistas, por isso, agora, passeiam eles, ociosos, alguns de bicileta sem travões. Travar para quê? Tudo aqui anda devagar, menos os pássaros, que voam, velozes, por todo o lado.

Alia ao lado, a praia de areia cinzena, vulcânica, é onde as tartarugas desovam.

Agora, não há tartarugas í  vista. Apenas o oceano, incessante.

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O café Doka, Grécia e Sarchi

Na Costa Rica só se cultiva o café de melhor qualidade. A planta, chamada coffea arabica, originária da Etiópia, foi introduzida no país em 1779.

A partir de 1830 e durante cerca de um século, o café foi a principal exportação da Costa Rica e proporcionou o desenvolvimento do país, a construção de muitos edifícios e do caminho de ferro.

As terras montanhosas, quentes e húmidas, da Costa Rica são excelentes para o cultivo do café arábico.

Nas terras altas centrais do país, mais de mil km2 são dedicados ao café.

A Doka é uma quinta onde se cultiva café há mais de 70 anos. Situada em Alajuela, perto de S. José, oferece a possibilidade de conhecermos todos os passos da produção do café, desde a planta até í  chávena, passando pela secagem dos grãos, ao sol.

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Depois de se visitar a quinta, ainda há tempo para ver o borboletário e espantamro-nos com dezenas de borboletas. A Costa Rica tem mais de 1250 espécies de borboletas.

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Grécia é uma pequena cidade fundada em 1864, nos arredores de San José e que se destaca por possuir uma igreja toda feita em chapas prefabricadas de aço, cor de ferrugem. A sua construção foi inspirada pela torre Eiffel.

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Sarchi é famosa pelo seu mobiliário de madeira e, sobretudo, pelas carroças profusamente decoradas. Hoje em dia, estas carroças já não são utilizadas no dia-a-dia, mas mantém-se a tradição e há desfiles todos os anos, com eleição da carroça mais bonita.

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Vale a pena visitar o Taller Eloy Alfaro, uma oficina muito antiga, onde estas carroças continuam a ser feitas como antigamente. Todas as máquinas da oficina (berbequins, serras, etc) são movidas pela força motriz da água, através de uma nora.

Costa Rica, pura vida

Entalada entre a Nicarágua e o Panamá, a Costa Rica é um pequeno país com 480 km, de norte a sul e apenas 280, de leste a oeste.

Apesar da sua pequenez, a Costa Rica é um mosaico de 12 zonas diferentes, com uma diversidade impressionante de plantas e animais, protegidos em mais de 190 parques nacionais, reservas biológicas e refúgios de vida selvagem.

De um lado, o mar das Caraíbas e, do outro, o Pacífico; Tortuguero, com os rios e os canais e as praias, onde desovam as tartarugas; o vulcão e o lago Arenal, as montanhas e a instabilidade do solo, com tremores de terra frequentes, mas com uma fertilidade que permite o cultivo de um dos melhores cafés do mundo; Monteverde e os bosques nebulosos, com a humidade vinda do Pacífico e o famoso quetzal; o Parque Nacional Manuel António, dos poucos sítios do mundo onde ainda há preguiças í  solta.

Independente desde 1821, a Costa Rica não tem exército desde 1948, após uma breve guerra civil.

O slogan turístico é “pura vida”. No entanto, se continuarem a arrasar a floresta tropical, para plantar bananeiras e a destruir árvores nas colinas de Manuel António, para construir hotéis de luxo, a pureza da Costa Rica não durará muito mais.

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Mais patetices jornalísticas

Os jornalistas não deixam de nos surpreender.

A leitura dos jornais de fim-de-semana permite ficar com uma ideia do grau de hipocrisia, idiotice e ignorância dos órgãos de comunicação social em geral.

Primeiro exemplo:

Ouvi ontem, no jornal da Sic e li, hoje, no Sol: os portugueses “estão a comer pior, por causa da crise”, optando por comprar “massas, arroz e atum”.

Ora, acontece que o atum é um óptimo peixe, no que respeita ao colesterol e as massas e o arroz são hidratos de carbono de absorção lenta, portanto, mais saudáveis. Por outras palavras, se os portugueses estão a comprar mais estes produtos, por causa da crise, há males que vêm por bem – aplausos para a crise!

Segundo exemplo:

O Correio da Manhã e os telejornais de hoje fazem eco de um conjunto de regras que terão sido impostas í s funcionárias da Loja do Cidadão de Faro, nomeadamente, não usarem mini-saias ou decotes acentuados, camisas transparentes com roupa interior provocante, chinelas de praia e coisas deste género.

O Correio da Manhã diz que “Estado proíbe mini-saias e decotes”, tentando confundir o leitor. Quem é o Estado? Não é verdade que o Estado, no fundo, somos todos nós?

A Loja do Cidadão de Faro confunde-se com o Estado?

Vai passar a ser proibido andar de mini-saia, em Portugal?

Nunca mais será possível ver o sulco inter-mamário de uma portuguesa, a não ser na intimidade do lar?

Os telejornais, quer da RTP quer da Sic, ilustram a notícia com imagens de Sócrates a inaugurar a Loja do Cidadão de Faro, o que leva o espectador a relacionar a decisão daquelas proibições com o primeiro-ministro.

Vejam lá bem esta aventesma: não satisfeito com o facto de estar a governar ditatorialmente o nosso país, de ser um falso engenheiro, um falso homossexual, um falso amigo do ambiente, que recebe 4 milhões de euros para licenciar um empreendimento que matou milhares de flamingos no estuário do Tejo, não satisfeito com isso, o ditador ainda proíbe, agora, as pobres funcionárias algarvias de andarem a mostrar o pernão e as mamocas!

Suprema hipocrisia!

Será que alguma vez vi a jeitosa Judite de Sousa a apresentar o Telejornal com as mamas í  mostra? Ou o apessoado Rodrigues Guedes de Carvalho, com uma t-shirt que lhe definisse os bícipetes e os peitorais e deixasse entrever os pêlos do peito?

Cada país tem os jornalistas que merece e Portugal merece cada vez menos, pelos vistos…