Sobe, Taepodong, sobe!

Eu sou do tempo em que a Albânia, liderada pelo grande Enver Hodja, era o farol do socialismo na Europa e em que a Coreia do Norte, governada pelo Grande Líder, Kim Il-sung era o paradigma da democracia popular.

Sou do tempo em que pessoas hoje respeitáveis, como Durão Barroso, Ana Gomes, Pacheco Pereira ou Maria José Morgado, militavam no Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) e acreditavam na vitória do maoismo.

Entretanto, muita coisa mudou: o farol da Albânia fundiu-se, Durão Barroso é o chefe da União Europeia, eu sou médico de família, mas a Coreia do Norte continua lá, firme, no seu delírio de grandeza.

O Grande Líder, Kim Il-sung morreu e deu lugar ao seu filho, o Querido Líder, Kim Jong-il. As paradas militares continuam a ter a mesma grandiosidade e ar ameaçador, como se ainda estivéssemos no tempo da Guerra Fria. Dizem que se continua a morrer de fome.

Mas os norte-coreanos devem estar orgulhosos: o seu governo diz que, no passado domingo, lançou para o espaço o seu primeiro satélite de comunicações, o Taepodong-2.

E o que é que o Taepodong vai comunicar?

Segundo os responsáveis norte-coreanos, o satélite está a emitir canções revolucionárias de louvor ao Grande Líder e ao Querido Líder.

Por favor: uma chuva de anti-psicóticos sobre Pyongyang. Já!

Não quero ser uma Carla Rocha

carlarochaAlguém sabe quem é a Carla Rocha?

Foi hoje que vi, pela primeira vez, o seu nome, num anúncio de página inteira, no DN.

O anúncio convida: “Venha ser uma Carla Rocha”.

E por que não uma Sónia Penedo ou uma Tatiana Pedregulho?

Como se consegue ser uma Carla Rocha, afinal?

Pois frequentando um curso, justamente chamado “Curso de Carla Rocha”.

Confesso que gosto razoavelmente de ser quem sou mas se, por acaso, quisesse ser outra pessoa, duvido que escolhesse ser uma Carla Rocha.

Não haverá, por exemplo, cursos de Barack Obama. Agora, o homem está tão na moda, que talvez não me importasse e ser um Barack Obama – uma Carla Rocha é que não. Definitivamente.

Só mais uma coisa: para aqueles – e serão muitos – que não sabem quem é a Carla Rocha, uma última revelação – eu também não sei quem é…

“The Hoax”, de Lasse Hallstrom

hoaxO Diário de Notícias e o Público ofereceram uma série de dvd nas últimas semanas.

Cada vez mais, os jornais e revistas tentam captar mais compradores, não através das notícias e reportagens que publicam, mas graças aos brindes.

O DN, por exemplo, oferece, agora, aos domingos, utensílios de cozinha!

Adiante.

O que fazer com estes dvd oferecidos? Guardá-los para uma noite de chuva ou vê-los.

Este “The Hoax”, é uma seca.

Richard Gere interpreta o papel de Clifford Irving que, em 1971, tentou ludibriar a McGraw-Hill e a Life, garantindo que tinha em seu poder a autobiografia de Howard Hughes, o famoso milionário obsessivo-compulsivo que, nos últimos anos da sua vida se fechou em casa, nunca mais aparecendo em público.

Claro que era tudo mentira.

O filme até podia ser interessante mas as personagens de Irving e do seu amigo e co-autor da burla (Alfredo Molina) não têm substância e a história é contada aos repelões, nunca conseguindo agarrar o espectador.

O ponto G 20

obama_berlusconi1Os países mais ricos do mundo e arredores, reuniram-se no chamado G 20 e chegaram todos a um acordo.

Acho mal.

Chineses a apertar a mão a árabes?

Berlusconi, Sarkozy, Obama e Medvedv, todos de acordo?

Biliões de dólares para ajudar a economia a sair da crise?

Apoios nunca antes vistos aos países pobres?

Muitos sorrisos e apertos de mão?

Quando a esmola é muita, o pobre desconfia.

Vamos a ver se este acordo do G 20 não é como o ponto G: todos dizem que ele existe, mas poucos sabem o que fazer com ele…

“Monster’s Ball” de Marc Forster

monstersballGosto destes filmes americanos, com o ritmo lento das grandes planícies e as histórias aparentemente simples de pessoas muito perturbadas.

Billy Bob Thornton faz o papel de Hank, um guarda prisional que trabalha no corredor da morte.

O filho de Hank (Heath Ledger) também lá trabalha, mas não tem estí´mago para aquilo. Um dia vomita, ao transportar um condenado para a cadeira eléctrica e o pai humilha-o, em frente aos outros guardas.

O rapaz suicida-se, com um tiro no peito, sentado no sofá da sala, entre o pai e o aví´ (Peter Boyle), também ele guarda prisional, já reformado, com uma bronquite crónica dependente de oxigénio, racista até í  quinta casa.

Halle Berry é Letícia, a mulher do condenado que é frito na cadeira eléctrica. Tem um filho com cerca de 8 anos, mas que pesa mais de 80 quilos e está sempre a comer chocolates. Morre atropelado e, depois disso, Letícia e Hank conhecem-se e acabam por viver juntos.

Ela ganhou um óscar, talvez pelo modo muito competente como o seu corpo serpenteia em cima do de Billy Bob, ou pela expressão de felicidade/sofrimento que ostenta, quando ele lhe faz um minete demorado e, pelos vistos, muito gratificante.

Depois disso, ele vai comprar gelado de chocolate.

Parece-me apropriado…

“A Solidão dos Números Primos”, de Paolo Giordano

solidaoUm “pequeno” grande livro, este livro de estreia de Paolo Giordano, escritor italiano de apenas 26 anos.

De uma forma simples e depurada, conta-nos a história de Mattia e de Alice, dois jovens com muito pouco jeito para relações afectivas, que talvez se amem, talvez se desejem, mas que têm dificuldade em percebê-lo.

Ele é uma espécie de sobredotado que, na infância, abandonou a irmã gémea, autista.

Ela é bulímica e, na infância, o pai quis fazer dela uma super-esquiadora, até í  queda que a deixou aleijada.

A história vai avançando com pequenos capítulos, desde 1983 a 2007, contando-nos apenas o essencial e deixando-nos imaginar o resto.

Vale a pena ler e ficamos í  espera do próximo livro.

10 anos de Macacos

Macacos sem galho faz hoje 10 anos!

Não sei se sabem, mas o Macaco-Mor do Macacos é o meu filho Pedro!

Claro que foi ele que me empurrou para o Coiso na net.

E em novembro de 1999, quando comecei a meter o Coiso na net, foi a minha nora, Dalila, que desenhou o site.

Há uns anos que deixei de publicar textos de carácter pessoal, porque sim.

Mas não posso deixar de vos convidar a ler a entrevista que o Pedro deu, a propósito dos 10 anos do Macacos.

E, enfim, não quero deixar de vos recordar, mais uma vez, que o Pedro é meu filho: qualquer reclamação, é comigo que falam – qualquer elogio, é com ele que devem falar…

O decepado e o atleta

pedrosoPaulo Pedroso vai ser o candidato do PS í  Câmara de Almada.

Por enquanto, esse facto não me merece nenhum comentário, a não ser o facto de achar o primeiro cartaz de campanha algo de inexplicável.

Sobre um fundo azul, um punho fechado, no qual está hasteada uma bandeira vermelha com o nome do candidato. Por baixo, o slogan inacreditável: “terminar a obra que ninguém começou”.

Já estou a ver o Paulo Pedroso a bater-me í  porta, í  frente de um grupo de operários e eu a perguntar:

– Faça favor de dizer…

E ele:

– Vim remodelar-lhe o apartamento.

E eu:

– Mas eu não quero! Acho que o meu apartamento está bem assim…

E ele:

– Desculpe, mas tem que ser! Eu tenho que terminar a obra que ninguém começou!

E depois, se súbito, eu olho para o seu braço direito e vejo que o Paulo Pedroso não tem a mão direita e que, na esquerda, empunha a direita, com o punho fechado.

Paulo Pedroso é o decepado!

E vai perder as eleições em Almada.

lopesMelhor está o Santana Lopes que vai ser candidato í  Câmara de Lisboa.

Só por si, esta simples frase já podia ser considerada a piada da década, mas é verdade: o PSD acha que o Sr. Lopes é a melhor escolha para candidato í  Câmara de Lisboa.

Para terminar a obra que ele próprio começou!

Os jornalistas perguntaram-lhe o que tem ele andado a fazer.

E ele respondeu:

“O que tenho andado a fazer? A almoçar e a jantar com gente de esquerda”.

Deve estar enjoado de pataniscas com arroz de feijão que, como se sabe, é a comida preferida da “gente de esquerda”.

O que é que o Sr. Lopes entenderá por “gente de esquerda”?

Os gajos que, nos almoços e jantares, se sentam í  sua esquerda?

E reparem o que o Sr. Lopes tem, pendurado ao pescoço.

Um atleta de ouro!

E vai perder as eleições em Lisboa.

Mas que choldra, menino, como dizia o Eça…

Playboy portuguesa desilude

Apesar da crise, sai amanhã o primeiro número da edição portuguesa da revista Playboy, com uma tiragem de 100 mil exemplares.

Penso que vai ser um fracasso.

Os responsáveis escolheram, para capa do primeiro número, uma tal Mónica Sofia (quem?!).

Eu estaria í  espera de uma Manuela Ferreira Leite, uma Maria de Belém, uma Helena Roseta, ou até um Paulo Portas.

Nus, claro.

Agora, uma desconhecida, que fez parte de uma banda chamada Delírium, é uma desilusão.

Não vou comprar.

Soares Franco, francamente…

O chefe do Sporting, Soares Franco, disse ontem, na televisão, que o árbitro Lucílio Batista terminou a sua carreira, ao assinalar aquele penalti na final da Taça da Liga.

Francamente, Soares Franco!… Não estarás a exagerar?

O homem não amputou a perna errada, não se esqueceu de descer o trem de aterragem, não atropelou ninguém na passadeira, não disparou acidentalmente uma caçadeira de canos serrados sobre a multidão, não fez uma queimada no Parque Nacional do Gerês, não despejou merda de uma suinicultura no rio Liz, não desviou 40 milhões de euros para uma off-shore, não inventou a bomba atómica, não deitou estricnina no aqueduto das águas livres.

O homem nem sequer contratou jogadores inaptos, nem é ele que lhes paga ordenados principescos, e lhes desculpa birras infantis, e lhes perdoa ordinarices incríveis.

O homem apenas pensou que o teu inteligente e bem-educado defesa Pedro Silva tinha desviado a bola com o braço e, consequentemente, marcou penalti.

Depois disso, ainda houve mais 20 minutos de jogo e 5 penaltis para cada lado.

Não ganhaste a Taça porque não marcaste um segundo golo nesses 20 minutos e porque falhaste três penaltis, pá!

Não queiras ferir a nossa inteligência!

E vamos mas é falar de coisas importantes!…