Há feriados e feriados…

O Estado português e a Santa Sé chegaram finalmente a acordo: dois feriados religiosos ficarão suspensos até 2018.

Quer dizer que, durante 5 anos, ficaremos sem todos os Santos e Deus ficará sem Corpo.

Em 2018, os Santos regressarão.

Todos.

E Deus recuperará o seu corpo.

Quanto í  República e í  Restauração da Independência, perdem definitivamente o direito aos respectivos feriados.

Os feriados civis perdem em relação aos religiosos.

Não admira – os Santos e Deus tiveram a ajuda do Papa…

Os gregos são como a pescada

Numa altura em que era preciso uma atitude firme e decidida, os gregos pulverizaram as suas opções eleitorais: 110 deputados da Nova Democracia, 50 do Syriza (extrema-esquerda), 42 do Pasok (socialistas), 32 dos Gregos Independentes (seja lá o que isso for), 26 do KKE (juro que não sei o que é) , 21 da Aurora Dourada (nome lindo para um partido nazi) e 19 da Esquerda Democrática.

Há que assinalar o bom gosto de alguns partidos gregos: é mais elegante dizer Syriza do que Bloco de Esquerda; é mais bonito (e mais enganador), dizer Aurora Dourada do que Partido Nacional-Socialista.

A pescada, antes de o ser, já o era.

Pescada.

Os gregos antes de se verem, já se viram.

Gregos.

O povo, o povo e o povo

O povo andou í  porrada nas lojas do Pingo Doce.

Diz Pacheco Pereira, no seu texto “Humilhação”, publicado hoje no Público:

«Procedeu-se como se no meio de um ajuntamento qualquer, de “manifestação”, seja ela pelo que for, atirasse um molho de moedas para mostrar que era fácil levar as pessoas a andar pelo chão a apanhá-las, quebrando o ajuntamento. As pessoas ficam melhor com o dinheiro que apanharam, mas sabem muito bem que isso significou andar de gatas pelo chão e isto humilha-as. O modo como se escolheu o 1º de maio, o mais politizado dos feriados portugueses, também o mais “social” dos feriados portugueses, o único que está associado a uma simbologia de luta e de reivindicação dos trabalhadores, para fazer isto, tem um significado que não pode ser ignorado. O modo como as coisas correram não foi muito diferente de abrir promoções de 50% na carne na sexta-feira santa, o que naturalmente seria visto como uma provocação desnecessária aos crentes que aceitam as obrigações dietéticas da sua religião.»

E diz Miguel Sousa Tavares, na sua crónica de hoje, no Expresso:

«A direita acredita na caridade, a esquerda acredita na justiça social. (…) Terça-feira passada, o que a Jerónimo Martins fez foi um gesto de pura arrogância empresarial, uma operação reveladora de profundo desprezo e desrespeito pelos seus clientes, disfarçada de caridadezinha social. E não apenas por o fazer sem aviso num primeiro de maio – o que, já de si e para mais na situação actual, revela uma profunda ignorância histórica e uma atitude de ‘vale tudo’. Mas atirar descontos de 50% aos pobres, como outrora os senhores ricos atiravam moedas aos pedintes í  porta das igrejas e ficar a gozar o espectáculo da multidão a disputar a esmola, é a direita novecentista no seu pior, é juntar o insulto í  pobreza.»

Pacheco e Sousa Tavares estão enganados.

Aquela maltósia que andou í  chapada para comprar 250 rolos de papel higiénico a metade do preço, não era o povo.

O povo estava a descer a Avenida da Liberdade, com o Proença da UGT í  frente, dando vivas ao 1º de Maio.

Ou talvez eu esteja enganado e o povo estivesse, isso sim, em frente í  Fonte Luminosa, de punho erguido, gritando palavras de ordem ensinadas pelo Arménio da CGTP.

E daí, se formos a ver bem, o povo, aquilo a que se chama povo, estava em casa, calmamente a ver um daqueles programas televisivos idiotas.

Porque essa do “povo unido”, aconteceu uma vez, ali para o Largo do Carmo – e correu bem porque o Jerónimo Martins, o verdadeiro, não se lembrou de, nesse dia, vender tudo com 50% de desconto.

Os sapatos mais castanhos do Sr. Lopes

Lembram-se de Santana Lopes?

Foi primeiro-ministro durante alguns meses – quem diria?

Agora, está na Santa Casa da Misericórdia, o que está mais de acordo com a sua religiosidade.

E escreve uma crónica semanal no Sol.

Nunca leio.

Mas hoje, o título da crónica chamou-me a atenção.

O título é: “No Porto, as pessoas vestem-se melhor”.

Fui ler.

E li, entre outras coisas, esta pérola: «E qual será a razão de ser desta diferença? A maior proximidade do Norte da Europa? A influência inglesa? Não creio. Mas nota-se até na maneira de vestir de alguns com mais recursos e mais preocupados com as respectivas imagens. Quem não reparou já nos sapatos mais castanhos, nas camisas mais í s riscas largas azuis e brancas, de boas marcas? Entra-se em casas particulares, em escritórios, e sente-se que estão mais í  frente.»

Um tipo lê e não acredita!

As pessoas do Porto (as que têm mais recursos…) estão mais í  frente porque usam sapatos mais castanhos e camisas mais í s riscas largas azuis e brancas, de boas marcas?!

í“ Lopes – e já foste tu primeiro-ministro deste pindérico país!

Emigra, pá!

De vez!

E o que é que eu tenho a ver com isso?

O Diário de Notícias começou hoje a publicar uma série de artigos sobre o grande abcesso nacional que é o BPN.

Na edição de hoje, são 18 páginas onde se concentram muitas coisas que nós já sabíamos mas, assim, colocadas ao pé umas das outras, tornam a coisa ainda mais incompreensível.

Como foi possível isto atingir esta dimensão?

Sob o título “Um banco que dava milhões a quem pedia”, o DN lista uma série de indivíduos e empresas a quem o BPN emprestou dinheiro, sem pedir quase nada em troca.

Por exemplo: Dias Loureiro (10 a 30 milhões), Duarte Lima (6 milhões), Pousa Flores, empresa de Arlindo Carvalho (75 milhões), Arlindo Carvalho (4,8 milhões), José Neto, sócio de Arlindo Carvalho (4,8 milhões), Emídio Catum e Fernando Fantasia, este vendeu o terreno onde Cavaco tem a sua casa de verão (53 milhões).

Mais í  frente, sob o título “Caras do BPN deram 130 mil euros para campanha do Presidente”, o DN faz uma infografia em que relaciona personagens que doaram dinheiro para a campanha de Cavaco, em 2006, com o próprio Cavaco e com o PSD: José Oliveira de Costa, presidente do BPN (15 mil euros), Alberto de Figueiredo, accionista do BPN (20 mil), Joaquim Coimbra, accionista do BPN (22 mil euros), Emídio Catum, sócio da SLN (22 mil), Abdool Vakil, presidente do Banco Efisa, do grupo BPN (5 mil), Fernando Fantasia (6 mil). E ainda: Jorge Neto, secretário de Estado de Santana Lopes, Rui Machete, vice-primeiro ministro de um governo PSD, Amilcar Theias, ministro do Ambiente de Durão Barroso, Daniel Sanches, ministro da Administração Interna de Santa Lopes, Miguel Cadilhe, ministro das Finanças de Cavaco, Arlindo de Carvalho, ministro da Saúde de Cavaco e, claro, Dias Loureiro e Duarte Lima.

O DN recorda, também , o negócio legal, que Cavaco e a filha Patrícia fizeram com o banco que nos está a lixar os subsídios de férias e natal (segundo o jornal, a fraude do BPN daria para pagar três anos de subsídios aos funcionários do Estado!).

Aníbal e Patrícia compraram, em 2001, acções do BPN, ao preço de um euro cada uma. Esse preço era especial. Segundo a Assembleia Geral da SLN, só o presidente, Oliveira e Costa, poderia comprar acções a esse preço.

Aníbal, na altura um simples e proletário professor universitário, cuja reforma, segundo diz o próprio, mal chega para as despesas, comprou 105 378 acções, enquanto a filha, que deve ter uma profissão mais lucrativa, comprou 149 640.

Dois anos depois, quer o Aníbal, quer a filha, decidiram vender essas mesmas acções e Oliveira e Costa, que devia nadar em dinheiro, aceitou comprá-las a 2,40 euros cada uma! Quer dizer que, em dois anitos, sem mexerem uma palha, pai e filha ganharam 147,5 mil e 209,4 mil euros, respectivamente.

O jornal fala com economistas que criticam o facto de Teixeira dos Santos e Sócrates terem decidido nacionalizar o banco. O efeito sistémico que eles temiam, provavelmente, não teria acontecido se, pura e simplesmente, tivessem deixado cair o banco.

É curioso como, a propósito do BPN, ouvimos críticas ferozes a Teixeira dos Santos, Sócrates e Vitor Constância, enquanto que quase se esquecem os nomes dos prevaricadores.

A Senhora Dona Filomena Mónica, que está na moda, diz numa entrevista ao I, que Sócrates é um delinquente político e que está, agora, descansadinho, em Paris, a viver í  grande e í  francesa. Senti alguma inveja nestas declarações da companheira do íntónio Barreto, o qual arranjou um grande tacho, í  conta da Fundação do dono Pingo Doce que, ironicamente, também é um dos donos do BIC, que acabou de comprar o BPN em saldo.

Pronto: o Sócrates foi delinquente porque nacionalizou o BPN. Mas perdeu as eleições e emigrou para França, enquanto Cavaco Silva foi reeleito presidente e continua em Belém.

Mas, como diria o nosso Presidente: ainda há-de nascer alguém mais honesto do que eu!

E, quanto ao BPN, o que é que eu tenho a ver com isso?

O PEC,o DEO e a PORRA

Foi por causa de um PEC, o Quarto, que Sócrates foi í  vida.

Toda a Oposição, da esquerda í  direita, achou que bastava de Peques e que era preferível levar com a troika.

Imagino que alguns já devem estar arrependidos…

Mas, enfim… os mercados é quem mais ordena e os liberais do PSD ganharam as eleições.

Foi o que se tem visto.

E agora, afinal, parece que o governo do Passos vai levar um novo PEC a Bruxelas, já na próxima segunda-feira.

O cinzentão do Seguro indignou-se, embora morigeradamente e, no debate quinzenal do Parlamento, disse «O senhor escolheu o caminho, desejo-lhe boa viagem, mas vai sozinho, porque o PS não assina de cruz nenhum documento para ser entregue em Bruxelas sem ser discutido com o PS».

Seguro até parecia um líder da Oposição a sério!…

Mas Passos trocou as voltas a Seguro e argumentou: «o governo, estando o país sob assistência financeira, está dispensado de apresentar o Programa de Estabilidade e Crescimento».

O que o governo vai apresentar a Bruxelas é o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), com o cenário macroeconómico e o programa plurianual das despesas do Estado até 2016.

Esclarecidos?

Talvez.

Mas então, por que raio o Vitor Gaspar disse, na véspera, que o PEC e o DEO iriam ser enviados ao Parlamento, para actualização, acrescentando que «os documentos serão submetidos í  Assembleia da República na próxima segunda-feira, e esses documentos serão enviados imediatamente a seguir, como documentos de trabalho, para a Comissão Europeia e restantes instituições integrantes da troika”.

Afinal, em que ficamos?

Há ou não há PEC – ou estaremos perante mais um lapso do Gaspar, como aquele em que disse que não haveria subsídios de natal e de férias durante dois anos quando, afinal, é para sempre?

Perante isto, o que apetece?

O barrigudo do Proença da UGT diz hoje, no Expresso, que, afinal, nós, portugueses, não somos assim tão mansos – até já matámos um rei!

Não sei do que estamos í  espera, porra!

25 de Abril sempre!

* 25/111973 – «Poderá ser recusada a matrícula ou inscrição aos alunos dos estabelecimentos de ensino dependentes do Ministério da Educação Nacional que, pelo procedimento anterior, sejam justificadamente considerados como prejudiciais í  disciplina dos estabelecimentos – estabelece um decreto-lei publicado hoje do Diário do Governo»

* 4/12/1973 – «Como havíamos noticiado, o Instituto Superior Técnico reabriu ontem as suas portas após ter sido encerrado pelo seu director, prof. Sales Luís, por um período de duas semanas. (…) Ainda, e na prossecução do processo em causa, cerca de mais de cem alunos receberão “um primeiro aviso” a fim de “reconsiderarem e passarem a participar na vida do Instituto como reais alunos, num clima de confiança e de respeito mútuo”, como consta ainda da mesma circular».

* 5/12/1973 – «Cerca de trinta alunos do sexto ano da Faculdade de Medicina de Lisboa, aos quais falta apenas uma cadeira para terminarem o curso, foram impossibilitados de frequentar o estágio, por decisão do Conselho Escolar da referida Faculdade».

* 12/12/1973 – «A direcção da Faculdade de Letras de Lisboa suspendeu dez alunos das secções de Filologia Germânica, Filosofia e História. (…) Foram presos dois estudantes do Instituto Superior Técnico que participavam numa reunião geral de alunos a decorrer nas instalações daquele estabelecimento de ensino superior.»

* 8/2/1974 – «Na sequência dos acontecimentos que ali (no ISPA) se têm verificado ultimamente, a direcção daquele estabelecimento de ensino fez sair um comunicado (…). Ontem, os estudantes que ali compareceram (no ISPA) encontraram as portas encerradas e um comunicado no qual se anunciava o encerramento temporário daquele estabelecimento de ensino.

– Recortes do jornal República

O que mudou com o 25 de Abril?

Tudo!

Ataques de Asma

A mulher do líder sírio chama-se Asma. Como a doença.

É jovem e bonita e muito ocidentalizada.

Sarkozy, cuja mulher, Carla Bruni, tem a mesma idade que Asma, dizia que, se Assad tinha uma mulher assim, não podia ser completamente mau.

E afinal, Assad bombardeia os seus próprios concidadãos, mata indiscriminadamente, tortura, está-se borrifando para os direitos humanos e não olha a meios para manter a sua ditadura.

E Asma, o que faz?

Nada.

E era suposto fazer alguma coisa, só porque é gira e usa maquilhagem e veste bem?

E acredito que se Asma tivesse, digamos, um ataque e se indignasse publicamente, o marido tratar-lhe-ia da saúde…

Otelo e as suas duas mulheres

No próximo dia 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho vai lançar uma biografia.

De acordo com a Visão, nessa biografia, Otelo confessa viver com duas mulheres. E elas sabem.

De sexta-feira a domingo, o estratega do 25 de Abril vive com Dina, com quem se casou em 1960.

De segunda a quinta-feira, Otelo vive com Filomena, que conheceu em 1984.

Só assim se percebe por que razão Otelo não tem tempo para fazer outro 25 de Abril.

Vontade não lhe falta…