Vamos adoptar um cardeal?

Ora aqui está uma coisa que não lembrava nem ao menino Jesus: adoptar um cardeal!

Está um tipo sentado na sala, morigeradamente enfastiado, sem saber muito bem o que fazer, quando, folheando o prestimoso Diário de Notícias, dá de caras com esta notícia.

Um grupo católico alemão, chamado Jugend 2000, decidiu criar um site onde qualquer um de nós pode adoptar um cardeal.

E para quê?

Sim, para que raio quero eu adoptar um cardeal?

Ainda poderia pensar em adoptar um cão, um gato, ou mesmo um canário… mas, um cardeal?

Pois a ideia, supostamente genial, resume-se a isto: se todos nós adoptarmos um cardeal e nos comprometermos a rezar por ele, talvez o Espírito Santo ilumine o conclave e a escolha do Papa seja acertada.

Talvez…

Para adoptar um cardeal, basta aceder a este site: http://www.adoptacardinal.org/

Depois, colocas lá o teu nome e o teu e-mail e surge-te logo o nome de um cardeal, com dados biográficos e tudo.

Acabaste de o adoptar.

Agora só tens que rezar.

Esclarece a notícia: «não se trata de um jogo, daí não ser permitido escolher o seu cardeal preferido».

cardeaisOra bolas! e eu que ia escolher o mais giro de todos, que é aquele, lá ao fundo, com aquela colcha de renda sobre o vestido cor-de-laranja…

A ideia, portanto, é atribuir-nos, aleatoriamente, um dos 207 cardeais do Colégio Cardinalício, de modo a que todos eles tenham alguém que reze por eles.

Suspeito que seja um fracasso.

Se, em vez de “adopta um cardeal”, fosse “despe um cardeal” ou “dispara sobe um cardeal”…

Até os larápios estão em crise

Uma pequena notícia do DN comprova que a crise atingiu todos os sectores da sociedade, incluindo os larápios.

Na tranquila cidade de Bragança, uma mulher foi detida por ter roubado um polvo congelado, num hipermercado.

A mulher devolveu o polvo mas o juiz não perdoou e, seguindo a máxima, segundo a qual, “o polvo congelado jamais será roubado”, determinou que ela ficasse com termo de identidade e residência, até ser presente a tribunal.

Na mesma cidade, três outros larápios roubaram, de um expositor, sete relógios, no valor total de 240 euros.

Vejam bem: um polvo congelado e sete reles relógios, que nem 35 euros cada um valiam!

A crise toca a todos!

De ou da?

Há por aí uma grande discussão quanto í  diferença entre a proposição “de” e “da”, a contracção entre a mesma proposição e o artigo definido “a”.

Isto porque um decreto-lei sobre a limitação de mandatos dos presidentes das câmara e das juntas, devia dizer “presidente da câmara” e diz “presidente de câmara”.

Os tipos que defendem que os presidentes se possam manter indefinidamente, ganhando teias de aranha nos cargos, dizem que a lei, ao grafar “presidente de câmara” se refere ao presidente de uma determinada câmara e, portanto, um tipo que tenha sido presidente de Sintra ao longo de três mandatos, pode candidatar-se a Lisboa.

Acrescentam que, se a lei tivesse grafado “presidente da câmara”, então sim, o dinossauro já não poderia candidatar-se novamente.

É óbvio que é exactamente ao contrário.

“Presidente de câmara” é um função em absoluto, “presidente da câmara” refere-se a uma câmara específica.

Mas, enfim, qual é a diferença entre um palerma de merda e um palerma da merda?

Onde está o Cavaco?

Wembley Legends Join Where  O desemprego atingiu a maior percentagem de sempre.

A economia recua 2%, o dobro do que o Gaspar disse que previa.

Afinal, vamos ficar  mais um ano agarrados í  troika, depois do Coelho dizer que nunca pediria nem mais tempo nem mais dinheiro.

Os ministros são interrompidos e impedidos de falar, ao som da Grândola Vila Morena.

Há um sentimento de desespero e de pessimismo que passa por toda a sociedade.

A emigração já está ao nível dos anos 60 do século passado.

Perante tudo isto, onde está o homem que praticamente forçou Sócrates a demitir-se?

Onde está o homem que disse várias vezes que os portugueses não aguentavam mais?

Onde está Cavaco?

Caladinho que nem um rato.

Efeitos colaterais de alguma medicação?

Bolas, homem: deixa a medicação por uns dias e diz qualquer coisa, nem que seja um disparate!

De qualquer modo, já estamos habituados a eles!

 

 

Silêncio! Deixem o Relvas cantar o Grândola, porra!

Fiquei chocado com o tratamento que estão a dar ao Relvas!

Hoje, os estudantes do ISCTE, não o deixaram discursar, perseguiram-no ao longo dos corredores, insultaram-no, mandaram-no estudar, chamaram-no fascista, exigiram a sua demissão, humilharam-no!

O Relvas tentou sair pela porta da frente, mas foi obrigado a pirar-se pelas traseiras…

Ontem, em Gaia, no Clube dos Pensadores, um grupo de pessoas interrompeu as palavras do Relvas e desatou a cantar o Grândola Vila Morena.

Enfiado, amarelo, encolhido, Relvas tentou acompanhar os cantantes, mas eles cantavam mais alto e a voz de Relvas ficou abafada.

Mal se ouvia o pobre homem!…

Ora, consta que Relvas tem uma voz maravilhosa, quase tão boa como a de Passos Coelho.

Portanto, da próxima vez que o Relvas apareça em público, proponho que o deixem cantar o Grândola.

A solo.

Depois, atirem-lhe com os tomates maduros.

Todos.

 

Eles andem aí!…

O Diário de Notícias publicou duas locais que me deixaram preocupado.

Muito.

Uma na sexta-feira, intitulada “Bispo denuncia roubo de hóstias para bruxaria”, e outra hoje, sob o título “Matadouro ao abandono é palco de rituais satânicos durante a noite”.

É que agora, que o Papa renunciou, estamos í  mercê do Diabo!

Na primeira notícia é o bispo de Bragança e Miranda, D. José Cordeiro que diz: «estou muito preocupado com a profanação dos sacrários e os roubos das hóstias consagradas que ultimamente se têm verificado na minha diocese. E ao que me dizem, destinam-se a bruxaria».

Também fiquei preocupado, depois de ler estas declarações. É que não é um padreco qualquer que diz isto, mas sim um bispo, que é um daqueles padres mais importantes, que tem direito í queles chapéus grandes, em bico, que dão uma solenidade completamente diferente í  personagem.

Mas o país está assim tão mal que os ladrões já não se contentam em roubar carteiras, fios de ouro ou até arte sacra, e decidem fanar também hóstias?

Bolas – aquilo não passa de pão! Sem fermento, ainda por cima!

Diz a notícia que as hóstias roubadas são, depois, «vendidas a “bruxos” para a realização de missas negras. Aproveitam-se da ignorância das pessoas para prometerem curas milagrosas… (as hóstias) podem valer 250 euros e, caso tenham sido consagradas por um bispo, chegam a atingir 5 mil euros».

Mais preocupado fiquei!

Então, se os “bruxos” se “aproveitam da ignorância das pessoas”, por que raio se dão ao trabalho de roubar as hóstias?

Bastava que fabricassem as hóstias lá em casa e, depois, diziam aos ignorantes que eram hóstias consagradas pelo senhor bispo.

Quem acredita em bruxos papa qualquer hóstia!

E a notícia acrescenta que «A Espanha pode ser o destino de muitas hóstias furtadas».

Ora aí está todo o fulgor das nossas exportações!

No final, a notícia assusta-nos, ao dizer: «na vizinha diocese de Vila Real não se registaram furtos recentes, mas um padre local revela que detectou haver paroquianos que não engolem a hóstia para depois a poder utilizar em rituais».

Grandes sacanas!

Sugiro que os padres coloquem acólitos í  porta da igreja a verificarem se os paroquianos engolem o corpo de Deus como deve ser, porra!

A segunda notícia chega-nos de Viseu e começa assim:

«O antigo matadouro de Viseu estará a ser utilizado para a prática de culto satânico. Na madrugada do passado dia 11, um grupo de pessoas, vestindo capas pretas e capuzes (sic) na cabeça, invadiu o espaço pintando nas paredes e3 no chão vários símbolos como pentagramas, símbolo evocatório do Diabo, e símbolos enoquianos entre outros desenhos.»

Medo!

Ora e quem descobriu esta cena diabólica?

Voltemos í  notícia:

«O alerta é dado por um jovem de 22 anos que, na altura, passou no local e assistiu aos estranhos acontecimentos. “Regressava a casa depois de estar com uns amigos e, pelas três da manhã, ao circular junto ao antigo matadouro, reparei nuns focos de luz em movimento no interior. Abrandei e, mais í  frente, vi um grupo de pessoas de capas pretas a entrar”, conta Artur Costa.

De início ainda pensou que no interior do matadouro estavam toxicodependentes ou marginais, mas quando viu várias figuras negro ficou na dúvida».

Compreende-se… o jovem Artur Costa, ao ver uns tipos vestidos de negro, ficou na dúvida se eram toxicodependentes, marginais ou servos do Diabo. Como se sabe, tanto uns como outros, gostam de se vestir de preto, sobretudo os seguidores de Lúcifer que consomem cocaína, por exemplo…

Ao jovem Artur não lhe ocorreu que poderia ser um grupo de foliões mascarados, já que era segunda-feira de Carnaval…

O mais curioso é que o jornalista (Alfredo Teixeira) não se importa nada em divulgar a fonte da notícia e pespega com o nome do jovem, só faltando dizer onde ele mora e qual é a matrícula do seu carro.

E acrescenta:

«Artur Costa parece ter sido o único a detectar estas práticas no interior do antigo matadouro, uma vez que a população que reside nas proximidades nunca se apercebeu de nada de estranho no edifício.»

Mas o jovem, que deve ser um perito na matéria, está preocupado e relembra que, em 2010, «uma situação foi denunciada na localidade de Ranhados, envolvendo a prática de bruxaria no cemitério local. Foram encontradas várias galinhas pretas mortas, encima (sic) de panos pretos, velas, caixas de fósforos e uma garrafa de whisky».

Aqui, mijei-me a rir!

Com que então, os servos de Satanás gostam da pinga!

E afinal, o que pretende Artur Costa?

«O que eu pretendo é chamar a atenção para este problema, não tanto pelo culto que foi realizado ali, mas para o facto de qualquer pessoa poder entrar ali. Pode acontecer mesmo alguma tragédia caso desperte a atenção de crianças».

Quer-me parecer que estas duas notícias estão relacionadas.

Não que eu pense que as hóstias roubadas em Bragança sejam, depois, usadas em rituais satânicos no matadouro de Viseu.

O que eu acho é que está tudo doido, o jornalista Alfredo Teixeira, o jovem Artur Costa e o até o bispo de Bragança e Miranda!

E quem fiscaliza o fiscal, afinal?

O governo avisa que quem não exigir factura está sujeito a uma multa de 75 a 2 mil euros.

Esta bizarria pressupõe que haja fiscais das finanças í  porta das lojas.

Do lado de fora, claro.

A gente sai lá de dentro, com o saquinho das calças de bombazine acabadinhas de comprar e o gajo ataca:

“Onde está a factura?”

E nós, í  brocha, í  procura da dita, de bolso em bolso.

E toma lá: multa de 75 a 2 mil euros, dependendo, se calhar, dos nomes que chamares ao fiscal.

O ex-secretário de Estado da Cultura, Viegas, ficou famoso (finalmente!) pelo texto que publicou, sobre esta formidável questão.

Escreveu ele, no seu blog A Origem das Espécies:

“Caro Paulo Núncio: queria apenas avisar que, se por acaso, algum senhor da Autoridade Tributária e Aduaneira tentar «fiscalizar-me» í  saída de uma loja, um café, um restaurante ou um bordel (quando forem legalizados) com o simpático objectivo de ver se eu pedi factura das despesas realizadas, lhe responderei que, com pena minha pela evidente má criação, terei de lhe pedir para ir tomar no cu, ou, em alternativa, que peça a minha detenção por desobediência.”

Esta reacção (mandar o fiscal tomar no cu) deve valer 2 mil euros de multa, digo eu…

Mas… e se eu sair da loja sem factura e não aparecer nenhum fiscal para me multar?

Poderei eu multar o Estado?

Esta é que é a grande questão.

O governo tem que arranjar maneira de fiscalizar os fiscais, para ver se eles estão, efectivamente, a fiscalizar os cidadãos.

Em breve viveremos num verdadeiro paraíso fiscal, em que todos seremos fiscais uns dos outros!