“O Homem do Castelo Alto”, de Philip K. Dick (1962)

Arranjei finalmente tempo para ler este livro de Philip K. Dick, do qual já tinha ouvido falar muitas vezes.

O Homem do Castelo AltoA acção do livro decorre nos anos 60 do século 20, e parte do princípio de que a Alemanha nazi, o Japão e a Itália ganharam a segunda guerra mundial. Boa ideia que, no entanto, não terá sido bem aproveitada, na minha opinião.

Como livro de um autor de ficção científica, há uma mistura tecnológica: existem os chamados peditáxis, que são veículos movidos a pedais e guiados por “chinas”, mas também já há foguetões que fazem a ligação entre a Europa e a América; os alemães já estão a colonizar a Lua, Marte e Vénus mas, ao mesmo tempo, a televisão ainda está em fase muito experimental; e, estranhamente, apesar de todas essas viagens pelo espaço já parecerem coisas do quotidiano, as pessoas continuam a comunicar por telefone fixo e não há computadores, nem nada que se pareça.

Hitler está demente e internado num lar, mas Goebbels e outros nazis de renome, continuam a mandar, todos a cair da tripeça, porque serã já octogenários. Percebe-se que há uma nova orientação das nações, que os EUA desapareceram como tal, mas a coisa nunca é muito bem explicada.

Numa palavra: ao contrário de muitos outros livros de Philip K. Dick, este desiludiu-me um pouco, ou então, sou eu que já não tenho muita pachorra para FC.

Esta edição, da responsabilidade do jornal Público, integrada na colecção “Autores não Nobel, premiados pelo tempo” (tradução de António Porto), também não ajuda, devido í  quantidade alarmante de erros tipográficos que tem, para além de parecer uma adaptação de uma tradução brasileira ou espanhola (?).

“Um Homem Inquieto”, de Henning Mankell (2009)

Cheguei a este autor sueco através da séria Wallander, da BBC, protagonizada por Kenneth Branagh.

Gostei da atmosfera da série e fiquei curioso, para saber se os livros de Henning Mankell eram tão bons como a série.

homem inquietoEste “Um Homem Inquieto” (Editorial Presença, 2012, tradução de Ulla Baginha) é o último dos dez livros que Mankell escreveu tendo o detective sueco Kurt Wallander como principal personagem.

O ambiente do livro é tipicamente sueco ou, pelo menos, a ideia que fazemos da Suécia, vagamente depressivo, com pouco sol, quotidianos sombrios, rotineiros.

Wallander é um tipo um pouco perturbado com a sua história pessoal e, neste último livro, com a sua saúde: sofre de diabetes, faz insulina, tem hipertensão e, de vez em quando, lapsos de memória que, no final do livro, se aproximam cada vez mais do Alzheimer.

Por um lado, isto faz de Wallander uma personagem mais “humana”, por outro lado, conferem í  narrativa mais traços depressivos, que se juntam í s paisagens tristes, í s manhãs frias, í s noites escuras – e tudo isto é muito bem retratado na séria da BBC, que tem a virtude de resolver tudo em hora e meia de telefilme, enquanto aqui, no livro, as coisas, por vezes, demoram tempo demais.

O estilo da narrativa e a composição da personagem de Wallander fazem-me lembrar, por vezes, o comissário Maigret, criado pelo grande George Simenon; no entanto, enquanto Maigret apreciava um bom copo de vinho e, por vezes exagerava, ficando ligeiramente ébrio, mas divertido, Wallander afoga-se em vodca e, depois, fica com peso na consciência. A diferença entre os povos do norte e os do sul da Europa…

Este “Um Homem Inquieto” conta-nos a história de um oficial da marinha sueca que, subitamente, desaparece, seguido da sua mulher, a qual surge, mais tarde, assassinada. Por trás desta trama, há uma história inesperada de espionagem.

O livro lê-se bem, mas é um pouco longo demais e a história nuclear pareceu-me demasiado “sueca”.

“Contos Completos”, de Lydia Davis

Lydia Davis nasceu em 1947 e é uma das mais originais escritoras norte-americanas.

contos completos de lydia davisEstes “Contos Completos” (2009, Edição Relógio de ígua, 2012, tradução de Miguel Serras Pereira e Manuel Resende) reúnem quatro livros de contos: “Acerto de Contas” (1986), “Quase Sem Memória” (1997), “Samuel Johnson Está Indignado” (2001) e “Variedades de Perturbação” (2007).

O título original do livro é “The Collected Stories”. No entanto, não sei se estes textos são contos, se são histórias; por vezes, parecem poemas; por vezes, são simples frases; outras vezes, são relatórios.

Uma coisa é certa: este é o livro mais original que li nos últimos anos. Lydia Davis encontra maneiras novas para escrever textos.

Alguns desses textos ocupam várias páginas, mas a maior parte deles são textos de uma única página, quando não de uma única linha.

Alguns exemplos:

“Certos Conhecimentos de Heródoto (este é o título da “história”)

São estes os factos sobre os peixes do Nilo:” (e esta é a “história”…)

Esta outra história, fez-me lembrar o Mário-Henrique Leiria:

“Assassínio na Boémia

Na cidade de Frydland, na Boémia, cujos habitantes são sempre pálidos como fantasmas e se vestem de negro no Inverno, uma velha não foi capaz de suportar por mais tempo o inevitável soçobrar da sua vida na degradação e na desgraça, e enlouqueceu, e assassinou, movida pela piedade, o marido, os dois filhos e a filha; movida pela ira, os vizinhos de lado e os da casa fronteira, que tinham desprezado a sua família; movida pela vingança, o dono da loja, a quem pedira fiado, o prestamista, dois usurários e um condutor de eléctrico, que não conhecia; e, por fim, entrando com a faca na mão na sede de município, o jovem presidente da autarquia e dois dos seus vereadores, que ponderavam, perplexos, uma nova disposição.”

A “História Oral (com Soluços)”, é um texto com espaços em branco, que correspondem a soluços (“A minha irmã morreu o ano passado, deixado duas fi lhas”).

A “Entrada de Índice Remissivo”, diz, apenas: “Cristã, não sou”.

Alguns textos têm um humor muito particular, como este “Mildred e o Oboé”, que reza assim:

“A noite passada, Mildred, a minha vizinha do andar de baixo, masturbou-se com um oboé. O oboé ofegou e uivou dentro da vagina dela. Mildred gemeu. Mais tarde, quando eu pensava que ela acabara, começou a gritar. Eu estava deitada na cama com um livro sobre a Índia. Podia sentir o seu prazer invadir o meu quarto através das tábuas do soalho. É claro que talvez haja outra explicação para o que ouvi. Talvez não fosse o oboé mas o tocador de oboé que penetrava Mildred. Ou talvez a Mildred estivesse a bater no seu cão pequeno e nervoso com qualquer coisa de esguio e musical, como um oboé.

Mildred, a que grita, mora por baixo de mim. Por cima de  mim moram três raparigas de Connecticut. Há ainda uma senhora que é pianista, com as suas duas filhas, no piso nobre, e umas quantas lésbicas na cave. Sou uma pessoa comedida, uma mãe, e gosto de me deitar cedo – mas como poderei levar uma vida regular neste prédio? É uma roda-viva de vaginas que se encabritam e saltam: treze vaginas e um único pénis, o do meu filho pequeno.”

Uma coisa posso garantir: nenhum destas histórias terminam do modo que se poderia esperar.

Aconselho vivamente.

It’s good to be the king!

Andrew Morton que, segundo DN, é “especialista em monarquia” publicou um livro, chamado “Ladies of Spain”, em que diz que o rei Juan Carlos terá tido “casos” com 1500 mulheres!

Mesmo que tenha sido só “roça pintelho”, 1500 é um número de respeito!

Não admira que Juan Carlos tenha precisado de uma prótese da anca.

A menos que a prótese não tenha sido na anca…

“The Next Day”, de David Bowie

nextdayQuem sabe, nunca esquece.

É uma grande verdade que Bowie confirma com este surpreendente disco aos 66 anos.

Surpreendente porque surge depois de longos anos de silêncio, porque surge depois de ter sofrido um enfarto do miocárdio (já lá vão 8 ou 9 anos) e porque não é mais do mesmo, como tem acontecido com outros músicos dos anos 60-70, como McCartney (cansativo) ou Paul Simon (apenas com alguns lampejos).

Este novo disco de Bowie é bom do princípio ao fim e, apesar de ter todos os ingredientes próprios de Bowie, soa a novo.

As guitarras soam angustiadas, a voz dele mantém-se tensa, as melodias são depressivas – não há dúvida que o disco é actual e resulta dos tempos que vivemos.

Aguentem lá este sexagenário e aprendam com ele!

É um pássaro? É um avião? Não – é o bispo de Bragança!

Se fosse um anjo, poderia voar.

bispo_carroMas D. José Cordeiro, bispo de Bragança,  não é um anjo – é um anjinho.

Depois de engatar a marcha atrás, para tirar o carro da garagem do episcopado, não mais parou: galgou o gradeamento e estatelou-se em cima do Renault Clio do pobre do empregado da gasolineira em frente!

Não deixa de ser uma parábola: o Volkswagen Passat de 30 mil euros do bispo, esmaga o Renault Clio de 900 euros do paroquiano…

D. José Cordeiro é o mais jovem bispo português, com 45 anos e o Passat também deve ser o carro mais novo da Igreja portuguesa, pois foi comprado na passada 6ª feira.

Foi uma estreia de arromba!

O padre Fernando Calado, do Gabinete da Diocese de Bragança, confirmou que o bispo tem carta de condução e que o acidente deve ter sido provocado por algum problema mecânico, pois «falharam os travões e o senhor bispo não conseguiu parar o automóvel».

Mas o Diário de Notícias, sempre em cima do acontecimento, «contactou um mecânico conceituado na cidade de Bragança», que disse: «o acidente dificilmente se ficará a dever a falha mecânico (…). Inclino-me mais para azelhice.»

bispoOra aí está: o bispo de Bragança é um azelha!

A menos que…

Recordo que este foi o bispo que denunciou o roubo de hóstias consagradas, que, segundo ele, seriam depois usadas em bruxarias (vide “Eles andem aí!…” – http://www.coiso.net/?p=5270).

E não será isto obra de alguma bruxaria, feita com uma hóstia roubada?

Resta dizer que o sr. bispo não sofreu sofrimentos de maior – só na alma.

Quem estava inconsolável era o gasolineiro, que disse: «quando ouvi o estrondo do carro do senhor bispo, nem queria acreditar».

Mas tens que acreditar, meu filho!

É nisso que se baseia qualquer religião…

Stupid shops

As lojas que vendem fertilizantes e adubos que, afinal, são drogas estimulantes e alucinogéneas, são chamadas de smart shops.

Na mesma ordem de ideias, as lojas que vendem almí´ndegas de vaca e porco que, afinal, contém carne de cavalo com fenilbutazona, serão as stupid shops.

O órgão de Lima

Notícia do Sol de hoje:

«Alguns bens de Domingos Duarte Lima, entre os quais o seu órgão, foram arrestados ontem, na casa que habita em Lisboa, em consequência de dívidas de uma empresa de é sócio.»

Arrestaram o órgão de Duarte Lima?

Terá sido o pâncreas, coitado?!…