Adeus Zuckerberg!

Estou farto do Facebook!

Duas pessoas conseguiram convencer-me que o Facebook é o inimigo infiltrado: o meu filho Pedro e o historiado Harari.

Sacar os nossos dados para melhor nos dominar, para influenciar atitudes, opiniões e votações. A vitória do “achismo” – toda a gente “acha” qualquer coisa em relação a tudo!

O Facebook é a nova cabeleireira da esquina, o lugar da fruta, o barbeiro, o taxista, o lugar onde se discute tudo, desde armas nucleares ao pé de atleta, desde a cura do cancro às virtude do aloé vera.

A Dona Celeste e o Sr. Jerónimo têm sempre algo a dizer sobre os incêndios, as greves dos motoristas, a falta de obstetras, o degelo e a proibição dos sacos de plástico. E, lá em cima, Zuckerberg e seus compinchas, recolhem os dados, submetem-nos aos devidos algoritmos e põem a Dona Celeste e o Sr. Jerónimo a votarem no Bolsonaro, ou no Trump, ou no Salvini, ou noutro qualquer aspirante a ditador que saiba manipular bem esta traquitana.

Volto às origens, onde comecei.

Foi em novembro de 1999 que O Coiso nasceu na net, com a ajuda de familiares; alguns anos depois, criei um blog de viagens no Sapo, com a ajuda de amigos.

O Facebook veio roubar esse espaço. Era mais fácil, comunicava com mais gente, era mais popular.

Mas não quero ser popular e não quero mais ajudar o Zuckerberg.

Portanto, a partir do dia 1 de Setembro, deixo o Facebook, acabando com a minha página pessoal e com as páginas Pessoas, O Tejo visto da minha janela, Abandonados e Como o Mundo é pequeno – todas estas páginas passam a ter um espaço no Sapo (as moradas estão aqui ao lado).

Bye bye Zuckerberg!

O touro Marreta, o seu dono Farinhoto e os amigos do Facebook

As redes sociais são tão boazinhas!

E cómodas.

A gente senta-se no sofá, com o portátil no colo ou o smartphone na mão, e ajudamos crianças desaparecidas, pessoas com cancro, cães abandonados e até touros fugitivos!

Sem termos que pegar nas crianças ao colo, ou mexer no cancro ou fazer festas aos cães.

No princípio de maio, o Sr. Manuel Farinhoto ia levar os seus dois touros para o matadouro, lá para os lados de Viana do Castelo, quando os bichos conseguiram fugir para parte incerta.

Farinhoto começou a ver a vida a andar para trás, ao ver os futuros bifes do lombo a desaparecerem no horizonte.

Além disso, os bichos estavam zangados, e não era para menos, e podiam começar a dar cornadas a quem aparecesse pela frente.

Chamou-se a GNR que começou a palmilhar o terreno, em vão.

Chamaram-se vacas que, apesar de charmosas e boazonas, não conseguiram atrair os touros.

Talvez não se interessassem por vacas…

Entretanto, no omnipresente Facebook, foi criada uma página, intitulada Touro em Fuga, destinada a conseguir demover o Sr. Farinhoto da sua estranha vontade de mandar ou touros para o matadouro.

Cerca de 2800 pessoas contribuíram com 1300 euros e Farinhoto aceitou ceder os direito do Marreta, que assim vai para uma herdade em Aveiro, onde poderá correr em liberdade até ao fim dos seus dias.

Gesto bonito, o destes cidadãos anónimos.

Que tal criarmos uma página semelhante, intitulada Governo em Fuga, e colaborarmos, todos, com um donativo, até conseguirmos uma verba aliciante que levasse estes gajos da manada do Passos Coelho para bem longe, para uma herdade qualquer, onde pudessem marrar à vontade, em tudo que quisessem, menos em nós, carago!

Parabéns, Pedro!

Desta vez conseguiste a unanimidade dos comentadores.

Definitivamente, escreves como falas e falas como governas: mal!

* «O contacto directo com os cidadãos não se confunde com exercícios patéticos, nos quais o primeiro-ministro se deixa substituir pelo Pedro através de uma redacção medíocre, com laivos de um sentimentalismo bacoco que ainda por cima revelam as insuficiências notórias do primeiro-ministro que temos»

– Constança Cunha e Sá, no i

* «O primeiro-ministro (…) serviu aos portugueses, que se deram ao trabalho de o ler, 14 linhas de uma prosa lamecha e repugante, que trivializa e degrada os problemas do país. (…) entrar pela casa de uma pessoa, já preocupada com as desgraças que dia a dia se acumulam, para lhes falar do “orgulho dos sacrifícios” e das “decisões difíceis” que ele, coitadinho, está a tomar, excede o tolerável»

– Vasco Pulido Valente, no Público

* «Pedro e Laura escreveram no Facebook uma redacção infantil e politicamente desastrada»

– Fernando Madrinha, no Expresso

* «Não, “Pedro e Laura”, na mesa de Natal de muitos portugueses o que preocupa não é a falta de rabanadas, nem brinquedos, nem pessoas, mas sim o facto de lá estar sentado o medo, a indignidade, a vergonha e o desespero, coisas que não vêm em estatística nenhuma. E isso não garante futuro nenhum que valha a pena viver, nem aos pais, nem aos filhos, nem aos netos».

– Pacheco Pereira, no Público

* «O Pedro e a Laura decidiram brindar os que os seguem na página do Facebook na internet com um texto sobre as dificuldades que os portugueses estão a sentir. O tom é piegas. O texto está mal escrito»

– Martim Silva, no Expresso

Pedro, o medíocre triste

A mensagem de Natal que Pedro Passos Coelho colocou no Facebook, não é um simples fait diver.

Aqueles três parágrafos revelam muita coisa – revelam que Passos Coelho, além de medíocre, é triste.

Começa ele por nos dizer que «este não foi o Natal que merecíamos». E porquê?

Porque «muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram». Por outras palavras: habituados a morfarem perus obesos, cabritos informes e manadas de bacalhaus, as famílias tiveram que se contentar com uma sardinha e pão com azeitonas.

Comíamos acima das nossas possibilidades!

Mas Pedro diz mais: «Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa». E porquê?

Aqui, as dúvidas são muitas: a família aumentou e a mesa é mais pequena e não cabem todos à mesa e alguns tiveram que comer em pé? A família não aumentou mas a mesa encolheu? A mesa é a mesma, mas alguns elementos da família seguiram o conselho do Pedro e emigraram? As famílias decidiram fazer cisões e os avós sentaram-se uma mesa, enquanto os filhos e os netos se sentaram a outra mesa?

Pedro não esclarece, mas acrescenta: «E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.»

Quer dizer: armaram-se ao pingarelho e, em vez de darem um simples presente, deram um presente complicado!

A seguir, Pedro diz algo de muito estranho: «Já aqui estivemos antes».

Aqui, onde, pá?

E acrescenta: «Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros»

Ah! estás a fazer poesia, Pedro!…

Falas em sentido figurado… «já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos»… e estamos a voltar a esses tempos em que éramos pobres mas honrados, em que estávamos orgulhosamente sós, em que, em qualquer casa portuguesa, bastava pão e vinho sobre a mesa. E, no fundo, tu achas que isso foi bom, formou o nosso carácter, ensinou-nos a não sermos exigentes, a contentarmo-nos com pouco.

No terceiro parágrafo, Pedro diz: «peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor»

Por outras palavras: Pedro pede-me para, quando eu olhar para os meus filhos e netos, não olhe com pesar, mas com orgulho.

E não poderei olhar com pesar e orgulho?

Porquê a conjunção adversativa “mas”, entre “pesar” e “orgulho”?

O resto da frase não faz qualquer sentido: «o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje… fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor»?

Os sacrifícios fazemo-lo?!

Depois da patética mensagem de Natal transmitida pela televisão, Pedro quis emendar a mão e fazer de conta que é muito bonzinho e está muito preocupado com as famílias.

Fez mal.

O texto que publicou no Facebook é uma redacção medíocre e até tem erros gramaticais.

O meu professor da Escola Primária ter-lhe-ia dado 4 valores, numa escala de 20.

Netanyahu telefona a Passos?

Notícia do Expresso on line:

“Netanyahu telefona a Passos para justificar ofensiva de Israel”.
Fiquei preocupado.
Será que o primeiro-ministro israelita estava com medo que Passos Coelho apoiasse o Hamas?
Será que nós ainda vamos ter que pagar mais algum imposto pelo apoio de Passos a Israel?
Fui ler a notícia, que dizia:

«O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, recebeu hoje um telefonema do seu homólogo israelita, Benjamin Netanyahu, sobre a ofensiva que Israel está a levar a cabo, desde quarta-feira, contra a Faixa de Gaza.

Na sua página oficial do Facebook, Netanyahu revela o telefonema adiantando que comunicou a Passos Coelho que “nenhum país do mundo pode tolerar que a sua população viva sob a ameaça constante de mísseis”.»

Fiquei surpreendido.

Então Netanyahu precisa assim tanto do acordo de Passos para mandar palestinianos pelos ares?

Fui à página de Benjamin Netanyahu, no Facebook e li o seguinte, postado ontem:

«I talked today with German Chancellor Angela Merkel, Italian Prime Minister Mario Monti, the Greek Prime Minister Antonis Samaras and the Prime Minister of the Czech Republic Petr Nečas,. In the course of conversation with Chancellor Merkel I said that no country in the world would have agreed to a situation where its population lives under the perpetual threat of missiles

Last night I talked with the President of the United States Barack Obama for the second time since operation Pillar of Defense began.»

Pareceu-me adequado.

O primeiro-ministro israelita falou com Barak Obama, Angela Merkel, Mario Monti, Antoni Samaras e Petr Necas, por esta ordem e disse-lhes que “nenhum país no mundo pode concordar com uma situação em que a sua população viva sob a perpétua ameaça de mísseis”.

Mas espera lá… isto é o que o Expresso disse que Netanyhu disse a Passos…

Procurei melhor na página do primeiro-ministro israelita e lá está mais um post, de hoje mesmo:

«Today as well,I will continue to speak with world leaders. I appreciate the understanding that they are showing for Israel’s right to defend itself. In my talks with the leaders, I emphasize the effort Israel is making to avoid hitting civilians, and this at a time when Hamas and the [other] terrorist organizations are making every effort to hit civilian targets in Israel. »

Nem uma referência ao Passos Coelho, caramba!

Estes israelitas são uns ingratos!

O que o nosso governo os tem apoiado, toda a política externa desenvolvida pelo nosso querido ministro dos Estrangeiros, o chorudo apoio financeiro ao esforço de guerra e, depois, nem uma palavrinha!

O gajo fala no presidente americano, na chanceler alemãs, nos primeiro-ministros da Itália, da Grécia e da República Checa – até um checo chamado Necas! – e nada sobre o nosso Pedro Passos Coelho!

Não percebo é como é que o Expresso diz que o Netanyahu se refere ao Passos no Facebook e, afinal, não está lá nada!

Das duas uma: ou o jornalista do Expresso não foi ao Facebook confirmar, ou acreditou naquilo que o gabinete do Passos lhe transmitiu.

De qualquer forma, de certeza que o Passos apoiou a ofensiva das tropas israelitas, caso contrário elas nunca teriam avançado, não acham?…

As ciber-quadrilheiras

Cameron Reilly, um guarda do Palácio de Buckingham, foi riscado da lista de convidados do príncipe William depois de alguém ter descoberto, no Facebook, comentários que ele escreveu sobre Kate.

Escreveu ele que Kate era uma “vaca estúpida e convencida”.

Um pouco mais a sul, o deputado português José Lello, escreveu no seu Facebook, sobre Cavaco Silva: “este Presidente é mesmo foleiro. Nem sequer convidou os deputados para a cerimónia do 25 de Abril”.

Não me espanta que Cameron pense que Kate é uma vaca estúpida e que Lello diga que Cavaco é foleiro.

O que me espanta é que alguém tenha descoberto estas afirmações nos milhões de mensagens que, todos os dias, a todas as horas, caem no Facebook.

Isto quer dizer que existem, nas redacções dos órgãos de comunicação social, funcionários que passam horas a espiolhar as páginas de várias pessoas, em busca de afirmações bombásticas.

São as novas calhandreiras, as que levam e trazem, as amigas da onça, as ciber-quadrilheiras das chamadas redes sociais.