Portas neo-colonialista?

É a acusação dos presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia e Venezuela.

Isto porque Portas, como ministro dos Negócios Estrangeiros, não permitiu que o avião que transportava o presidente da Bolívia, Evo Morales, fizesse uma escala técnica em Lisboa.

Os cinco presidentes latino-americanos assinaram um comunicado conjunto em que classificam essa decisão de Portas como um “acto insólito e hostil” e “neocolonial”.

As vendas de Magalhães na Venezuela vão por água abaixo!

Dizia-se que, no avião de Evo Morales, poderia viajar, também, Edward Snowden, o super-espião que está a lixar a vida í  administração Obama.

Não acredito que Portas tenha feito de propósito.

Distraído com a sua preparação para ser vice-primeiro-ministro, Portas deve ter pensado que Morales era mais um dos novos reforços do FC Porto.

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Escavacado Silva

Cavaco, Passos e Portas foram vistos juntos, em público, pela primeira vez desde o estalar da actual crise, na primeira missa do novo Patriarca de Lisboa, Mnauel Clemente.

E foram aplaudidos.

Parece-me correcto.

Um primeiro-ministro que perde os seus dois ministros de Estado em dois dias, um Presidente que parece não ter nada a ver com nada e um ministro dos Negócios Estrangeiros que deu novo significado í  palavra “irrevogável”, só merecem aplausos.

Muitos.

E é sintomático que sejam aplaudidos numa igreja, í  entrada para a missa.

Porque estes três cromos vão mesmo precisar de muita ajuda dos santinhos para conseguir resolver este imbróglio, sobretudo depois da decisão de Cavaco, anunciada esta noite, em mais uma comunicação ao país.

Se Portas deu um novo significado í  palavra “irrevogável”, Cavaco deu um novo significado í  palavra “decisão”.

Se, segundo Portas, “irrevogável” passou a querer dizer “o que pode ser anulado”, segundo Cavaco, “decisão” quer dizer “não sei como resolver esta merda”!

Não querendo convocar eleições, nem querendo apoiar este governo bacoco, Cavaco decidiu não decidir, inventando uma coligação de salvação nacional, talvez com a ajuda de uma personalidade independente, que talvez deva ser… Deus…

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O golpe de Portas

portas_mandaQue o Paulinho das Feiras era tudo menos ingénuo, já todos sabíamos.

Que ele já tinha pregado rasteiras ao Rebelo de Sousa e ao Santana Lopes, também era do nosso conhecimento.

Por isso, não nos devíamos surpreender como mais esta manobra de Paulo Portas.

Depois de escrever que a sua decisão de abandonar o Governo era irrevogável, depois de dizer que continuar no Governo seria um acto de dissimulação, ei-lo a aceitar o cargo de vice-primeiro-ministro!

Irrevogável? Dissimulação?

Que se lixe a coerência, não é Paulito?

Os fins justificam os meios.

E eis como o CDS, que ficou em 3º lugar nas eleições, com uns míseros 11,7% (o PS obteve 28%, o PC e o Bloco tiveram, juntos, cerca de 13%), acaba por tomar o Poder.

Sem exageros.

Portas, além de vice-rei, coloca o Pires das Cervejas na Economia, mantêm o Soares da lambreta na Segurança Social e a parturiente Cristas na Agricultura, e fica com a coordenação das Finanças (vai mandar na Albuquerque Swap), com a reforma do Estado e vai controlar a negociação com a troika!

Um verdadeiro golpe de Estado!

E o Passos Coelho, mais uma vez, mostra que não passa de um totó.

Continuamos tramados…

 

Ode ao Gaspar

Gaspar malvado, quanto do teu mal
São lágrimas de Portugal!
Por te aturarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão emigraram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses ministro, Gaspar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a troika não é pequena.
Quem quer passar além do FMI
Tem que passar além de ti
Deus a Gaspar o perigo e o abismo deu,
Mas ele ficou com o que é meu e teu.

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Pobrezinhos…

Esta malfadada crise está a dar cabo da vida de muita gente!

Américo Amorim, o famoso Rei da Rolha, perdeu, só neste primeiro semestre, 67 milhões de euros, ficando apenas com 1 989 078 921 euros, coitado!…

Mas não foi só ele o prejudicado.

O grande especialista em arte e os dois super-merceeiros  foram dos mais afectados.

soares dos santos (2)O pobre do Berardo só conseguiu sacar 27 milhões nos primeiros 6 meses deste ano, o Belmiro não foi além dos 62 milhões e mais uns trocos e até o Alexandre Soares dos Santos – aquele benemérito que faz descontos de 100% no Pingo Doce – só arrecadou 561 684 694 euros no primeiro semestre deste ano.

Este fraco resultado, fez com que o desgraçado só ficasse com 5 719 292 579 euros – tudo isto segundo o Diário de Notícias (se calhar é tudo mentira e isto não passa de inveja dos jornalistas!…)

Mas, enfim!… estamos todos í  brocha!

A mim, cortaram-me 10% do ordenado e já me vejo obrigado a assoar-me ao papel higiénico porque não tenho dinheiro para lenços de papel – agora, o Soares dos Santos, coitado, deve estar a assoar-se aos folhetos promocionais do Pingo Doce…

Porra de crise, esta!

“Os Alferes”, de Mário de Carvalho

Mário de Carvalho (Maternidade Alfredo da Costa, 1944) fez parte da equipa  do programa da Rádio Comercial, Uma Vez por Semana, uma ideia do José Duarte, para a qual também contribuí.

Porto Editora reedita um dos mais importantes romances de Luis SDas reuniões que tivemos em conjunto, lembro-me de um homem calmo, com um humor fino e escorreito, traduzido numa linguagem rica e imaginativa.

Assim são as três histórias que fazem parte deste livrinho, cuja primeira edição data de 1989.

Era Uma Vez um Alferes, A íšltima Cavalgada e Há bens que Vêm por Mal são os títulos das três histórias que têm alferes como protagonistas, alferes apanhados na guerra colonial e que pouco têm a ver com aquilo.

Na primeira, um alferes pisa inadvertidamente uma mina e ali fica, imóvel, í  espera que venham os das minas e armadilhas. Na segunda história, um alferes engenheiro é encarregado de levar os projectos para uma cavalariça a construir numa Unidade de Cavalaria e aí conhece um médico, um padre, um coronel e a mulher deste. Na terceira, um alferes ferido por uma granada, é transferido de Timor para Portugal e, na viagem, conhece um major reformado que lhe conta uma história tenebrosa.

As histórias são curiosas e divertidas e Mário de Carvalho conta-as de um modo simples e acessível e, no entanto, com uma riqueza de vocabulário que não é habitual encontrar-se.

De facto, a nossa língua é muito mais rica do que, por vezes, parece e Mário de Carvalho prova isso mesmo.

Acrescente-se que as histórias são, de certeza, verdadeiras, porque muito credíveis e as personagens que as habitam devem mesmo corresponder a pessoas reais – ou Mário de Carvalho torna-as reais.

Por exemplo, o coronel da segunda história diz:

«Eu já adverti o nosso major: se acontece alguma coisa aos meus cavalos por causa do vosso desleixo, armo para aí um sarrabulho que até manda ventarolas.»

E pouca gente sabe o que quer dizer “mandar ventarolas”!

Eu sei e Mário de Carvalho também, de certeza!