O Soldado Desconhecido

Só sabemos que se chama Luís e que, na lapela, exibe o seu tipo de sangue: AB +.

Entrega-se a quem provar que lhe pertence.

Foi com esta foto que o Governo, na pessoa do primeiro-ministro, decidiu anunciar que “Portugal antecipa compromisso com a Nato”.

Este pantomineiro que, muito provavelmente, nunca vestiu uma farda, arma-se em militar e afivela aquele ar sério, escondendo o seu habitual sorriso cínico.

E depois, exibe o seu grupo sanguíneo, como esperasse ser ferido em combate – quem sabe por algum estilhaço de um míssil balístico enviado por Putin e apontado a Espinho, mais precisamente, ao seu bunker isento de IMI.

É assim que estamos…

“Levarei o Fogo Comigo”, de Leila Slimani (2025)

Gostei muito do primeiro livro desta trilogia, O País dos Outros. Tinha um ritmo que nos fazia ler capítulo após capítulo e ficarmos aborrecidos por termos de parar de ler.

O segundo volume, Vejam Como Dançamos, não me entusiasmou tanto, não sou capaz de dizer porquê. Penso que, por vezes, somos nós que não estamos receptivos para determinados livros. De qualquer modo, achei o segundo volume da trilogia um pouco maçudo.

Este terceiro volume, no entanto, tem novamente o mesmo ritmo do primeiro e li as suas 400 páginas em poucas horas. Embora continuemos a acompanhar Mathilde e Amine, o livro debruça-se sobretudo nas duas gerações seguintes, Aicha e Medhi, e as suas filhas, Mia e Inès.

As três gerações da família de Leila Slimani estão aqui representadas, com as devidas alterações próprias de um romance, mas, neste terceiro volume, as peripécias da família são acompanhadas pelos acontecimentos mundiais, como a destruição das Torres Gémeas, a morte de Hassan II, o crescimento dos islamitas, etc. Li que Slimani escreveu este terceiro volume em Cascais. Estava inspirada.

Recomendo.

“A Primeira Mão que Segurou a Minha”, de Maggie O’Farrell (2010)

Maggie O’Farrell (Irlanda do Norte, 1972) escreveu um belo romance, um dos melhores que li ultimamente.

Em capítulos alternados, vai-nos contando duas histórias, aparentemente distintas, mas que, quase no final do livro, se juntam de um modo surpreendente.

Na primeira história, acompanhamos o percurso da jovem Lexie, que abandona a sua terreola e migra para Londres, onde acaba por se tornar jornalista e crítica de arte, com a ajuda de Ines Kent, um editor com larga experiência no ramo. Toda esta história decorre pouco depois do final da segunda guerra mundial.

Na segunda história, passada na actualidade, seguimos a vida de um casal jovem, Ted e Elina. Ela é pintora e acabou de ter um bebé, depois de um parto muito complicado.

Os capítulos são curtos e eficazes, e ambas as histórias vão avançando paulatinamente e, a pouco e pouco, percebemos se elas se vão encontrar.

Muito bom!

“Isto Não É Miami”, de Fernanda Melchor (2013)

Este foi o primeiro livro publicado por esta jovem escritora mexicana (Veracruz, 1982).

Durante alguns anos, a autora recolheu histórias, sobretudo relacionadas com tráfico de droga e violência, passadas em Veracruz, sua terra natal. Parece que este pequeno livro serviu de ensaio para o excelente Tempo de Furacões e também para o romance que se seguiu, Paradaise, que foi mais do mesmo.

Dos vários relatos, destaque para o penúltimo, A Vida Não Vale Nada, que já parece indiciar o estilo da narradora: um texto longo, em discurso directo, sem parágrafos.

Apenas curioso.

“O Bom Mal”, de Samanta Schweblin (2024)

Samantha Schweblin nasceu em Buenos Aires em 1978 e é considerada uma das melhores escritoras das últimas datas da América Latina.

Este pequeno livro de seis contos é perturbador. São histórias estranhas que a pequena explicação que a autora nos dá, no final do livro, não ajuda muito.

A última história, por exemplo, intitulada “O Superior faz uma visita”, fala-nos numa mulher que visita a sua mãe num Lar e que, por um acaso, acaba por ajudar uma outra residente do Lar a abandoná-lo. Leva-a para casa e, pouco depois, surge o filho dessa mulher, que, armado, lhe rouba dinheiro e joias, depois de uma tarde inteira de terror.

Sobre mais esta história perturbadora, a autora diz o seguinte: “conheci o homem (deste conto) numa longa estada em Barcelona. Apesar de nunca nos entendermos, com ele aprendi por fim a levantar pesos sem que me doa a lombar. Parece uma coisa de somenos, mas ficar-lhe-ei sempre grata”.

Está bem…

Chega – que nome pindérico!

Até nisto somos periféricos!

Falo da designação dos partidos de extrema-direita.

Na Alemanha, existe a Alternativa pela Alemanha, em Itália, o partido da Meloni chama-se Irmãos de Itália, em França, há a Reunião Nacional, aqui ao lado, em Espanha, o Vox.

E em Portugal?

Chega…

Que pindérico!

“O Herói Discreto”, de Mário Vargas Llosa (2013)

Se tivesse começado a ler este livro sem saber quem era o autor, teria muito provavelmente, desistido.

Em 2010, Vargas Llosa (1936-2025) ganhou o Prémio Nobel e três anos depois publicou este livro desinspirado e até um pouco descuidado, na minha modesta opinião.

O autor conta-nos duas histórias, em capítulos alternados, histórias essas que, a certa altura, se cruzam de um modo um pouco artificialmente.

O herói discreto que fala o título, é o mestiço Felícito Yanaqué, dono de uma empresa de transportes da cidade de Piura que começa a receber cartas anónimas que o ameaçam se não pagar uma espécie de avença. Este Felícito tem um casamento infeliz com um mulher que dele engravidou por acidente e tem, também, uma amante jovem, a quem montou casa e a quem paga uma mensalidade. Tudo isto é contado menorizando sempre o papel das mulheres: a esposa de Felícito é gorda, feia, beata e há muito tempo que não vai para a cama com ele e Mabel, a amante, é jovem, bonita e, no fundo, uma espécie de prostituta sindicalizada.

A outra história baseia-se no casal Rigoberto e Lucrécia. Ele é um tipo culto, que gosta de boa literatura, música erudita e grandes pintoras, e ela é apenas uma mulher. Têm um filho de 15 anos que, de repente, começa a ter visões, na pessoa de um homem que lhe fala de religião. Há ainda um octogenário Ismael, viúvo e muito rico, que se casa com a criada, só para chatear os dois filhos que lhe querem rapinar a herança.

Em resumo, uma história mal enjorcada, muito machista e que poderia ter sido escrita há muitas décadas – isto, para além de alguns erros de narrativa que não vêm para o caso.

O André Ventura sofre de azia do miocárdio

Ontem à noite, num comício em Faro, André Ventura, o 4º pastorinho de Fátima teve um ataque de azia do miocárdio.

De súbito, sentiu uma dor no esófago provocada certamente por água envenenada por um grupo de ciganos de Faro.

Lançando a mão ao peito, caiu no palco, sendo amparado por alguns dos seus alcoólicos.

Levado para as urgências do Hospital de Faro, esperou horas na urgência até ser atendido.

Finalmente, lá apareceu um médico estrangeiro que lhe deu um Kompensan e um enfermeiro que fez o favor de lhe espetar uma agulha no braço.

Esta manhã, visivelmente alquebrado, Ventura surgiu com o braço quase ao peito e foi logo deitar-se numa cama de um hotel para descansar.

A Senhora de Fátima foi com ele…

A secretária

O chefe da secção estava furioso. Aqueles relatórios eram uma miséria, tudo engatado! Chamou o funcionário mais competente e deixou-se enervar um pouco mais enquanto esperava. Finalmente, o empregado chegou, trémulo, prevendo a tempestade.

– Mas o que é isto, Sousa?! – perguntou o chefe de secção, dando um valente murro na secretária – Estes relatórios estão todos enganados! Nada bate certo!

– Não me diga, sr. Gonçalves… – ripostou, hesitante, o empregado Sousa, aproximando-se do relatório.

– Olha para isto! – berrou o sr. Gonçalves, dando novo murro na secretária. E apontou para os gráficos, para as contas, para tudo o resto que, pelos vistos, não batia certo. – Isto assim não pode continuar tenho de tomar medidas e das duras! – continuou o chefe de secção. E deu mais dois murros na secretária.

De súbito, indignada e cheia de nódoas negras, a secretária levantou-se e encaminhou-se para a porta, dizendo: “É um bom emprego, o ordenado é óptimo, mas estou farta de levar porrada! Boa tarde!”

E saiu.

-in Pão com Manteiga, Rácio Comercial, 4.10.1981

O farol fundido

Luís Montenegro – esse grande político e empresário espinhense – declarou-se farol deste país.

E depois, foi a banhos.

Resultado: molhou o farol e o farol fundiu-se!

Toda a gente sabe que não se deve molhar o farol. já George Constanza chamava-se a atenção para a chamada “shrinkage” do farol, sempre que é mergulhado em água.

E é assim, com um candidato a primeiro-ministro com o farol encolhido que temos que aguentar mais uma semana de campanha eleitoral!…