Passos trespassado

Ao dizer “que se lixem as eleições”, Passos colocou-se í  margem dos eventuais maus resultados. Parecia estar a tomar uma atitude inteligente.

A malta iria votar nos candidatos autárquicos, tendo em conta as pessoas em questão e não o governo da nação.

Mas Passos decidiu envolver-se na campanha. Foi mais forte que ele.

E ei-lo a discursar todos os dias, metendo os pés pelas mãos, falando em segundo resgate, depois dizendo que a economia está a melhorar.

Aí, as pessoas lembraram-se: espera aí, este gajo é primeiro-ministro e presidente do PSD, logo, estas eleições são uma boa oportunidade para a gente votar contra ele.

E o resultado está í  vista.

Sintra, Gaia, Coimbra, Funchal, Porto, voaram das mãos do PSD.

Mas fiquei com pena do Menezes e do Seara.

O trabalho que eles deram ao Tribunal Constitucional! Obrigaram os juízes a fazer horas extras para chegar í  conclusão que um tipo que é presidente da Câmara durante 12 anos seguidos, pode candidatar-se novamente, desde que vá chatear munícipes de outro concelho.

Foi assim que Menezes atravessou o Douro e queria ser presidente do Porto e Seara percorreu o IC19 para se candidatar a Lisboa.

E agora, que perderam?

Será que Menezes voltará í  sua antiga profissão, embora eu duvide que o tipo ainda saiba manejar um estetoscópio?…

E Seara, tentará a reconciliação com Judite, ou vai alugar a careca como aeródromo?

Em resumo: podia ter sido pior?

Podia… imaginem que o Passos ganhava…

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Há vidas muito difíceis!

Não conheço a Maria João Bastos, não me lembro de a ter visto alguma vez, quer ao vivo, quer no écran e se passasse por ela na rua, não a reconheceria – e tenho a certeza que ela também não me conhece…

No entanto, no passado sábado, ao folhear a revista Tabu, que sai com o semanário Sol, reparei em algumas páginas dedicadas a uma entrevista a essa tal Maria João Bastos.

Não tive pachorra para ler a entrevista, mas as pequenas caixas que acompanhavam as fotografias da actriz chamaram-me a atenção.

Um tipo lê uma dessas caixas, fica tão surpreendido com o que está a ler que decide ler as restantes.

E só pela leitura das caixas ficamos a saber quão dura e difícil tem sido a vida de Maria João Bastos.

Comecemos pela primeira caixa, que diz: «Em Equador, foi uma mulher de alta sociedade com um amor proibido. Teve aulas de inglês, equitação e valsa».

Parabéns para ti, Maria João! Passaste a saber falar inglês, dançar o Danúbio Azul e, o que é mais importante, aprendeste a montar, que é uma coisa que dá sempre jeito…

Passemos a outra caixa, mais surpreendente: «A menina selvagem de A Flor do Mar levou-a a passar um dia a observar macacos e uma semana no mato».

Há quem vá pentear macacos, a Maria João foi observá-los. Um dia inteiro, coitada da rapariga! E uma semana inteira no mato também deve ter sido uma grande espiga. Em que mato terá sido? Ou terá sido mata?…

Adiante. Terceira caixa: «Em Mistérios de Lisboa, enquanto interpretou esta mulher sofrida, só usou perfume de alfazema».

Muito deve ter sofrido a Maria João, pobrezinha! Ela que está habituada ao Jimmy Choo, ao J’Adore, ao Channel nº5, só cheirava a alfazema!

Quarta caixa: «A estrela de Destinos Cruzados, intérprete de Pancadinhas de Amor, obrigou-a a ter aulas de canto e dança».

Nesta altura, a moça já sabe montar, valsar, falar inglês, imitar macacos, cantar e dançar. Ufa!

Mas há mais: «Para dar vida í  criminosa da série Bairro, fez treinos bi-diários de ginásio, teve aulas de tiro e frequentou o Bairro Padre Cruz».

Vejam lá se a vida da Maria João não é uma estafa: treinos bi-diários! E teve aulas de tiro o que, pelos vistos, a preparou para frequentar o Bairro Padre Cruz porque, como se sabe, para frequentar aquele bairro é preciso saber usar uma arma!

Interrogo-me: como terá a Maria João frequentado o Bairro Padre Cruz? Subiu e desceu a rua principal algumas vezes, roçou o cu pelas esquinas, deu umas voltas de carro?… Mistério…

íšltima caixa e a mais dolorosa: «No filme Giacomo Variations, protagoniza uma cena ao lado de John Malkovich que a obrigou a estar 24 horas sem atender o telefone, apenas a ver filmes do actor».

Caramba! Um dia inteiro sem atender o telefone! Uma verdadeira tortura! Não sei o que será mais difícil: usar só alfazema, estar um dia inteiro a observar macacos ou passar 24 horas sem atender o telefone!

Mas uma coisa é certa: há vidas muito difíceis, porra!

“Tales of Us”, dos Goldfrapp

goldfrappA menina Allison Goldfrapp e o Sr. Will Gregory regressaram í s origens.

Depois de alguns disco mais virados para as discotecas, voltaram í  sonoridade do primeiro álbum, Felt Moutain. No álbum de 2008, Seventh Tree, já tinham tentado esse regresso, mas este Tales of Us é mais maduro.

Tales of Us é aquilo a que se chamava, nos anos 60 e 70, um álbum conceptual; são dez canções homogéneas, com a mesma sonoridade, todas elas com tranquilas. Cada uma delas tem o nome de uma pessoa e destaco Jo, Annabel e Clay, mas todas elas são muito audíveis.

Aconselho vivamente.

“Blue Jasmine”, de Woody Allen

A tradição ainda é o que era: nas minhas férias há sempre um novo filme de Woody Allen para ver.

blue jasmineDepois de um período menos bom (não gostei muito da “fase Barcelona” de Allen), o realizador parece que reencontrou a sua verve e os últimos filmes têm estado í  altura do seu status (Midnight in Paris, 2011 e To Rome With Love, 2012).

Este Blue Jasmine também é um bom filme.

Woody Allen mantém-se atrás das câmaras (disse que, se fosse o protagonista, o filme passaria a ser uma comédia) e Cate Blanchett domina todo o filme, fazendo o papel de uma mulher da alta sociedade de Nova Iorque, cujo marido (Alec Baldwin) dirige negócios especulativos, que permitem, ao casal, levar uma vida de fausto.

Entretanto, as fraudes são expostas, o marido é preso e, na prisão, suicida-se e Jasmine vai viver para San Francisco, para casa da sua irmã (Sally Hawkins), uma simples empregada de supermercado.

Jasmine não está habituada a viver numa casa tão modesta, tem que aturar o  bronco do namorado da irmã (Bobby Cannavale), vai ter de arranjar um emprego e tirar um curso de computadores.

Sempre í  beira de um ataque de pânico, recorrendo constantemente ao Xanax, Jasmine não consegue deixar de ser quem era.

Hora e meia bem passada.

Nada de extrapolações!

Um simpático adepto do Benfica entrou em campo, em Guimarães, para recepcionar uma camisola que um jogador lhe queria fazer o obséquio.

Um intrépido agente da autoridade achou que aquele gesto era um acto criminoso, uma vez que não é legal enveredar pelo terreno do jogo, ultrapassando as quatro linhas, a menos que se seja intérprete do jogo.

Vai daí, o intrépido agente atirou-se ao adepto, interceptando-o, no que foi auxiliado por outros agentes, igualmente intrépidos.

Jorge Jesus não gostou dessa atitude e tentou interditar a acção dos agentes de autoridade, interpusendo-se entre eles e o adepto, colocando até a sua integridade corporal em jogo – diz-se que até perdeu o relógio na refrega.

Ora, toda a gente sabe que as autoridades não gostam de ser postas em contrariedade e ficaram um pouco aturdidas com a atitude do treinador do Benfica, pelo que o acusaram de agressão e resistência.

Felizmente, Jorge Jesus tem um excelso advogado, de seu nome, Miguel Henrique, que já veio amansar os adeptos, dizendo que os incidentes “estão a ser extrapolados” – do verbo “extrapolar” («tirar uma conclusão com base em dados reduzidos ou limitados», segundo os dicionários).

E para quem acha que o advogado não foi suficientemente explicitado, ele acrescentou: que os incidentes tiveram origem “num conjunto de situações de algo que se queria como uma coisa boa – uma festa no final do jogo – e que se transformou noutra coisa menos positiva”.

É assim como quando a gente vai para uma grande jantarada e acaba a vomitar o resto da noite!

Cada treinador tem o advogado que merece…

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Quem quer festinhas deste careca?

searaEsse grande sintrense que, agora, afinal, diz que é um alfacinha de gema, explicou qual é a grande diferença entre a sua candidatura e a de António Costa: a ternura!

Com efeito, Fernando Seara afirmou que é a «dedicação í s pequenas coisas» que o distingue de Costa e prometeu que, caso seja eleito, vai «dar afecto í s pessoas».

Portanto, já sabe: se vive em Lisboa e se tiver o azar de passar a ter Seara como presidente da Câmara, prepare-se para ser lambuzado de beijinhos, afogado em festinhas e asfixiado com abracinhos deste simpático careca.

Recém-separado da sua esposa Judite, Seara deve estar carente e vai vingar-se nos munícipes da capital.

Coitados! Não queria estar na vossa pele!…

Nota: A toponímia é uma das características autárquicas. Portanto, Costa como candidato a Lisboa, está correcto – agora, o Seara, devia ser candidato em Beja, por exemplo…

As meninas do Colégio Militar

Declaração de princípios: quero lá saber do Colégio Militar e das Meninas de Odivelas!

Quando era aluno do liceu, na longínqua década de 60 do século em que o homem foi í  Lua (e voltou), as meninas de Odivelas eram umas pu… tiro-liro-liro,  eram umas pu… tiro-liro-liro… umas puras donzelas.

Nunca vi nenhuma dessas meninas.

Pertenciam a outra casta.

Agora, vejo, na TV, o Adriano Moreira e o José Fanha, lado a lado, lutando pela sobrevivência do Colégio Militar, como escola só de rapazes.

No início, não liguei pevide. Não era a minha guerra.

Achei graça ao ver, no mesmo anúncio, um ex-ministro de Salazar com tremores parkinsónicos e um ex-militante da UDP com obesidade mórbida, mas encolhi os ombros.

Mas hoje, li um texto no pasquim Sol e fiquei ligeiramente incomodado.

Só ligeiramente…

Por que razão um grupo de antigos alunos do Colégio Militar decidiu gastar alguns milhares de euros numa campanha publicitária dramática, em que dizem, com ar solene «Por que querem matar um símbolo da identidade nacional»?

Que símbolo? A bandeira nacional? O hino? o Palácio de Belém? O Castelo de Guimarães?

Não – o Colégio Militar.

E querem matá-lo como?

Admitindo alunas do sexo feminino!

Os ex-alunos do garboso Colégio não querem aquilo manchado com a entrada de miúdas!

Hoje miúdas, amanhã, quem sabe, gays!…

No próximo ano, vão até construir um pavilhão para que as gajas possam lá dormir!

O que se seguirá? Uma maternidade?!

O Fanha afirma: «este colégio forma líderes fortes e isso incomoda líderes fracos».

í“ Fanha: essa é uma afirmação perigosa, pá!

Dos fracos não reza a História?

E dos fortes?

Quem foram esses líderes fortes, formados no Colégio Militar?

O ex-salazarista-agora-muito-respeitado-democrata Adriano Moreira, o último governador de Macau, Rocha Vieira, por quem os macaenses ainda hoje choram diariamente, o general Garcia Leandro (quem?) – todos eles participantes no tenebroso anúncio televisivo, que termina com o original grito tradicional do Colégio Militar: “Zapatrás!”

Zapatrás?!

Por que não Bazinga?

Mas o anúncio diz algo de muito mais grave: diz que os antigos alunos do Colégio Militar não aparecem nas capas de revista «mas nos livros de História», que é o mesmo que dizer que as mulheres só servem para as revistas cor de rosa, são frívolas e decorativas, enquanto os homens, esses sim, marcam a História de um país.

Machistas?

Não, onanistas…

“Um Traidor dos Nossos”, de John Le Carré (2010)

Depois da bodega que li (A Verdade sobre o Caso Harry Quebert), este romance de John Le Carré limpou-me a cabeça!

Ainda há muita gente a escrever bem histórias policiais e/ou de espionagem.

John Le Carré é um especialista, claro.

um_traidor_dos_nossosNascido em 1931, Le Carré – aliás, David John Moore Cornwell – é autor de dezenas de romances, muitos deles adaptados ao cinema e este Our Kind of Traitor não destoa.

Um casal britânico, ela advogada, ele professor universitário, vagamente esquerdistas, tipo esquerda-caviar, passam férias nas Caraíbas, antes de um eventual casamento. É aí que conhecem um russo e a sua estranha família e acabam por embarcar numa aventura que envolve lavagem de dinheiro, serviços secretos ingleses e muito mais (confesso que não percebi tudo… o que, aliás, é habitual nas histórias de Le Carré…)

A história é bem actual, pelos vistos. No final da história, o autor publica uma notícia do The Observer, de dezembro de 2009, que divulga a eventual colaboração entre os barões da droga, os seus biliões de euros/dólares e os bancos ingleses. De algum modo a Grã-Bretanha escapou í  crise…

Uma citação, quando o russo se dispõe a por a boca no trombone, em troca de asilo político:

«- Terá simplesmente de  acreditar na nossa palavra.
– Na palavra do seu Serviço?

– Por agora, sim.

– A que propósito? Não são vocês tidos como os cavalheiros que mentem para bem do seu país?

– Isso são os diplomatas. Nós não somos cavalheiros.

– Então mentem para salvar a pele.

– Isso são os políticos. Não tem nada que ver uma coisa com a outra».

Dennis Jong-un Rodman

Título do DN:

«Rodman vai treinar a Coreia do Norte»

Nem queria acreditar!

Iria a antiga estrela do basquetebol definir as estratégias militares norte coreanas?

Não. Segundo o DN: «a pedido do líder norte-coreano e com os olhos postos nos Jogos Olímpicos, o extravagante Dennis Rodman treinará a selecção (de basquetebol) daquele país».

Mais: «o ex-atleta assegurou ainda a disputa de um jogo amigável, onde algumas antigas estrelas da NBA defrontarão os melhores jogadores da Coreia do Norte, marcado para 8 de Janeiro, dia do aniversário de Kim Jong-un, que lhe prometeu que “95 mil pessoas irão assistir ao jogo”.»

E quem não quiser assistir, será fuzilado, digo eu…