“O Fantasma Sai de Cena”, de Philip Roth

fantasmasaidecenaPublicado em 2007, “Exit Ghost” é mais um livro em que Roth usa o seu alter ego, Nathan Zuckerman como personagem central.

Zuckerman está velho e doente. Tem 71 anos, foi prostatectomizado por cancro há 11 anos e ficou impotente e incontinente.

Deixou Nova Iorque e o convívio com as pessoas e refugiou-se num local ermo da Nova Inglaterra, sem televisão, sem jornais, sem computador, sem telemóvel, dedicando-se, apenas à escrita.

Agora, no entanto, Zuckerman volta a Nova Iorque para experimentar um novo tratamento que talvez lhe melhore a incontinência e essa perspectiva dá-lhe novo alento.

Num jornal, encontra um anúncio que parece publicado para ele: um casal de jovens escritores pretendem trocar o seu apartamento na cidade por uma casa no campo, por um período de um ano.

Zuckerman decide responder ao anúncio e apaixona-se platonicamente pela jovem escritora, começando a elaborar fantasias sexuais com ela.

Esta é a história básica do livro, embora existam outras sub-histórias. Com a mestria habitual, Roth põe a nu a tragédia da velhice, da doença, da perda da virilidade, da perda do controlo dos esfíncteres.

Uma citação curiosa. Zuckerman regressa a Nova Iorque 11 aos depois e o que o surpreende mais?

“Que me surpreendeu mais nos primeiros dias de deambulação pela cidade? A coisa mais óbvia – os telemóveis. (…) Que tinha acontecido nestes dez anos para que de repente houvesse tanto para dizer – tanto e tão urgente que não pudesse esperar para ser dito?”

“O Animal Moribundo”, de Philip Roth

animalmoribundoPhilip Roth é, neste momento, um dos meus escritores favoritos.

Entrei em contacto com ele no ano 2000, com “Teatro de Sabbath”, de 1995. Fiquei fascinado pelo vigor e crueza da escrita torrencial.

Depois desse, já li muitos dos seus livros: “A Mancha Humana” (2000), “Todo-o-Mundo” (2006), “A Conspiração Contra a América” (2004), “Pastoral Americana” (1997), “Casei Com Um Comunista” (1998) e “Património” (1991) .

“O Animal Moribundo” é um pequeno livro, com pouco mais de 100 páginas, em que um professor e crítico de arte de quase 70 anos, narra as suas aventuras sexuais com algumas das  suas alunas, que se sentem atraídas pela maturidade e pela cultura do professor.

David Kepesh, assim se chama o narrador, conta, sobretudo a sua relação com Consuella Castillo, uma jovem cubana, com quem manteve maratonas sexuais quando ela tinha pouco mais de 20 anos e ele já tinha ultrapassado os 60.

Agora, que ela tem 32 anos e ele já está nos 70, e depois de já não se verem há vários anos, Consuella vem ter com o antigo amante. Tem um cancro da mama, está a fazer quimioterapia, perdeu o cabelo, quer ajuda para enfrentar o fim e vai procurá-la junto de quem, naturalmente, está mais perto da morte.

O erotismo, a passagem do tempo, a idade, a morte – tudo isto não é exclusivo de determinados grupos etários.

Nesta história, temos um homem de 70 anos, cheio de vigor e de desejo e uma mulher de 32 anos, enfrentando a morte.

Por coincidência, a capa do livro, da responsabilidade do atelier de Henrique Cayate, poderia muito bem levar à apreensão do livro pela PSP de Braga, como aconteceu recentemente