O estranho caso do chifre de Singeverga

Confesso que nunca tinha ouvido falar do mosteiro beneditino de Singeverga, em Santo Tirso.

Mas foi lá, segundo o Diário de Notícias, que ocorreu este “invulgar roubo”.

Diz a notícia, publicada hoje:

«Dois homens, que fingiram querer fazer uma visita ao convento, manietaram o padre Adriano, de 82 anos, e levaram um chifre (avaliado em cerca de vinte mil euros) e um banco de madeira africano, que pertenciam í  colecção do Museu de Etnografia e Zoologia de Angola».

Ao que um homem chega – roubar chifres!

É a crise…

A notícia é chocante, assim mesmo. Mas há mais pormenores:

«”Telefonaram a dizer que eram um grupo de universitários de Lisboa. A ideia era verem a igreja, o pequeno museu e a sala do capítulo”, contou ao DN o subprior Lino Moreira. Quando chegaram, eram apenas dois. Acabaram por dominar o padre que tencionava guiá-los e levaram o saque, fugindo a correr.»

Malandros!

Fizeram-se passar por universitários de Lisboa, que é uma categoria muito importante, e fanaram o banco e o chifre!

E depois, nem se meteram num BMW roubado, nem saltaram para cima de uma mota de alta cilindrada, nem montaram um cavalo, nem sequer uma reles bicicleta – fugiram a correr!

Portanto, malta, se virem dois gajos a correr, um com um banco, outro com um chifre na mão, chamem a GNR! Ajudem os monges de Singeverga!

O povo, o povo e o povo

O povo andou í  porrada nas lojas do Pingo Doce.

Diz Pacheco Pereira, no seu texto “Humilhação”, publicado hoje no Público:

«Procedeu-se como se no meio de um ajuntamento qualquer, de “manifestação”, seja ela pelo que for, atirasse um molho de moedas para mostrar que era fácil levar as pessoas a andar pelo chão a apanhá-las, quebrando o ajuntamento. As pessoas ficam melhor com o dinheiro que apanharam, mas sabem muito bem que isso significou andar de gatas pelo chão e isto humilha-as. O modo como se escolheu o 1º de maio, o mais politizado dos feriados portugueses, também o mais “social” dos feriados portugueses, o único que está associado a uma simbologia de luta e de reivindicação dos trabalhadores, para fazer isto, tem um significado que não pode ser ignorado. O modo como as coisas correram não foi muito diferente de abrir promoções de 50% na carne na sexta-feira santa, o que naturalmente seria visto como uma provocação desnecessária aos crentes que aceitam as obrigações dietéticas da sua religião.»

E diz Miguel Sousa Tavares, na sua crónica de hoje, no Expresso:

«A direita acredita na caridade, a esquerda acredita na justiça social. (…) Terça-feira passada, o que a Jerónimo Martins fez foi um gesto de pura arrogância empresarial, uma operação reveladora de profundo desprezo e desrespeito pelos seus clientes, disfarçada de caridadezinha social. E não apenas por o fazer sem aviso num primeiro de maio – o que, já de si e para mais na situação actual, revela uma profunda ignorância histórica e uma atitude de ‘vale tudo’. Mas atirar descontos de 50% aos pobres, como outrora os senhores ricos atiravam moedas aos pedintes í  porta das igrejas e ficar a gozar o espectáculo da multidão a disputar a esmola, é a direita novecentista no seu pior, é juntar o insulto í  pobreza.»

Pacheco e Sousa Tavares estão enganados.

Aquela maltósia que andou í  chapada para comprar 250 rolos de papel higiénico a metade do preço, não era o povo.

O povo estava a descer a Avenida da Liberdade, com o Proença da UGT í  frente, dando vivas ao 1º de Maio.

Ou talvez eu esteja enganado e o povo estivesse, isso sim, em frente í  Fonte Luminosa, de punho erguido, gritando palavras de ordem ensinadas pelo Arménio da CGTP.

E daí, se formos a ver bem, o povo, aquilo a que se chama povo, estava em casa, calmamente a ver um daqueles programas televisivos idiotas.

Porque essa do “povo unido”, aconteceu uma vez, ali para o Largo do Carmo – e correu bem porque o Jerónimo Martins, o verdadeiro, não se lembrou de, nesse dia, vender tudo com 50% de desconto.

Os sapatos mais castanhos do Sr. Lopes

Lembram-se de Santana Lopes?

Foi primeiro-ministro durante alguns meses – quem diria?

Agora, está na Santa Casa da Misericórdia, o que está mais de acordo com a sua religiosidade.

E escreve uma crónica semanal no Sol.

Nunca leio.

Mas hoje, o título da crónica chamou-me a atenção.

O título é: “No Porto, as pessoas vestem-se melhor”.

Fui ler.

E li, entre outras coisas, esta pérola: «E qual será a razão de ser desta diferença? A maior proximidade do Norte da Europa? A influência inglesa? Não creio. Mas nota-se até na maneira de vestir de alguns com mais recursos e mais preocupados com as respectivas imagens. Quem não reparou já nos sapatos mais castanhos, nas camisas mais í s riscas largas azuis e brancas, de boas marcas? Entra-se em casas particulares, em escritórios, e sente-se que estão mais í  frente.»

Um tipo lê e não acredita!

As pessoas do Porto (as que têm mais recursos…) estão mais í  frente porque usam sapatos mais castanhos e camisas mais í s riscas largas azuis e brancas, de boas marcas?!

í“ Lopes – e já foste tu primeiro-ministro deste pindérico país!

Emigra, pá!

De vez!

O PEC,o DEO e a PORRA

Foi por causa de um PEC, o Quarto, que Sócrates foi í  vida.

Toda a Oposição, da esquerda í  direita, achou que bastava de Peques e que era preferível levar com a troika.

Imagino que alguns já devem estar arrependidos…

Mas, enfim… os mercados é quem mais ordena e os liberais do PSD ganharam as eleições.

Foi o que se tem visto.

E agora, afinal, parece que o governo do Passos vai levar um novo PEC a Bruxelas, já na próxima segunda-feira.

O cinzentão do Seguro indignou-se, embora morigeradamente e, no debate quinzenal do Parlamento, disse «O senhor escolheu o caminho, desejo-lhe boa viagem, mas vai sozinho, porque o PS não assina de cruz nenhum documento para ser entregue em Bruxelas sem ser discutido com o PS».

Seguro até parecia um líder da Oposição a sério!…

Mas Passos trocou as voltas a Seguro e argumentou: «o governo, estando o país sob assistência financeira, está dispensado de apresentar o Programa de Estabilidade e Crescimento».

O que o governo vai apresentar a Bruxelas é o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), com o cenário macroeconómico e o programa plurianual das despesas do Estado até 2016.

Esclarecidos?

Talvez.

Mas então, por que raio o Vitor Gaspar disse, na véspera, que o PEC e o DEO iriam ser enviados ao Parlamento, para actualização, acrescentando que «os documentos serão submetidos í  Assembleia da República na próxima segunda-feira, e esses documentos serão enviados imediatamente a seguir, como documentos de trabalho, para a Comissão Europeia e restantes instituições integrantes da troika”.

Afinal, em que ficamos?

Há ou não há PEC – ou estaremos perante mais um lapso do Gaspar, como aquele em que disse que não haveria subsídios de natal e de férias durante dois anos quando, afinal, é para sempre?

Perante isto, o que apetece?

O barrigudo do Proença da UGT diz hoje, no Expresso, que, afinal, nós, portugueses, não somos assim tão mansos – até já matámos um rei!

Não sei do que estamos í  espera, porra!

Champanhe para os sem-abrigo

Primeiro, vamos situar a coisa:

O Gil Vicente é um clube de futebol da cidade de Barcelos.

O seu presidente chama-se António Fiúsa.

O Gil Vicente vai hoje jogar a sua primeira final de uma grande competição – a Taça da Liga.

O jogo é contra o Benfica.

Situada a coisa, vamos agora ouvir as palavras sábias de Fiúsa:

«Pertenço a um associação e se trouxermos a taça para Barcelos, prometo, durante oito dias, oferecer champanhe aos sem-abrigo que vão almoçar a essa associação, í  volta de 40 pessoas carenciadas».

Fiúsa é sempre a abrir!

Quais dar um par de sapatos novos, um cobertor ou uma samarra a cada sem-abrigo!

É champanhe e do melhor, que Fiúsa logo acrescentou que tinha que ser do melhor, um “moet chandonzinho”, como ele sublinhou!

E acrescentou:

«Se ganharmos vamos almoçar um leitão e beber um Moet & Chandon, dos melhores champanhes que há!»

É este o conceito de felicidade do presidente do Gil Vicente: leitão e champanhe!

Mas estas afirmações do Fiúsa colocam muita pressão sobre o Benfica.

É que se o Benfica, desgraçadamente, ganha a taça, os sem-abrigo não terão o privilégio de saborear o Moet & Chandon e vão continuar a ter que emborcar a zurrapa de um espumante qualquer!

 

Grandes verdades das reportagens de rua

Após visionar centenas de reportagens de rua, transmitidas pelos jornais televisivos, cheguei í s seguintes conclusões:

– Os entrevistados apresentados como testemunhas, regra geral, não testemunharam nada. Geralmente, ouviram o estrondo e, quando chegaram í  janela, já não viram nada

– Três em cada quatro entrevistados usam polares da Quechua.

– Geralmente, o terceiro entrevistado de uma reportagem, é brasileiro

– Cerca de 95% dos entrevistados tem dentes podres e não se importa de os mostrar

– Em caso de incêndios, cheias, acidentes de automóvel, derrocadas e tragédias em geral, todos os entrevistados afirmam nunca terem visto nada assim, mesmo que seja algo que aconteça todos os anos

– Todos os entrevistados apanhados em bombas de gasolina não sabem onde isto vai parar e conhecem pessoas que fazem cem quilómetros até Espanha para encher o depósito

– Os populares entrevistados junto aos Tribunais gostavam de apanhar o réu cá fora e espancá-lo até í  morte, excepto se forem familiares do dito; nesse caso, acham que só há justiça para os ricos

Continuarei vigilante

“Atirei o pau ao Pinto da Costa”…

O trabalho dos jornalistas tem que ser devidamente enaltecido.

Que dizer dos jornalistas que foram desencantar esta história?

A educadora de uma creche de Ericeira, decidiu fazer uma ligeira adaptação de uma canção popular “Atirei um pau ao gato”. Na segunda estrofe, cantou, juntamente com os meninos a seu cargo: “vai-te embora pulga maldita/ batata frita/viva o Benfica”.

Quando soube da nova versão deste verdadeiro hino do Cancioneiro Popular português, o pai da Vera ficou chocado.

Ele, que é adepto do Futebol Clube do Porto, foi tirar satisfações com a educadora – mas o que é isto, viva o Benfica? E o Porto?

Numa interessante reportagem transmitida pela TVI ontem, vemos o pai da Vera, incomodado, dizendo que a educadora ignorou a sua indignação, respondendo-lhe que a maioria das crianças era do Benfica e que, portanto, não iria mudar a nova letra da cantiga.

O pai da Vera estava visivelmente preocupado, assim como a mãe da Vera, mostrada em segundo plano, sentada no sofá da sala, a fumar, enquanto a criancinha, lá ao fundo, andava num baloiço suspenso das escadas da habitação.

Dizia o pai da Vera: isto pode não ter importância nenhuma mas, hoje é isto e amanhã, o que poderá ser?

Tens razão, pai da Vera: a ditadura da maioria é o que dá – hoje és obrigado a dar vivas ao Benfica e amanhã, quem sabe, serás obrigado a fazeres-te explodir í  porta da Assembleia da República!

Estas educadoras adeptas do Benfica, no fundo, são o verdadeiro Perigo Vermelho!

Comunistas do caraças!

A reportagem mostra, depois, a fachada da creche onde tudo se passa. A mãe de uma outra criança diz que aquela educadora só tem 13 crianças a seu cargo e que os pais das outras 12 já assinaram um documento de apoio í  educadora.

Mas o pai da Vera não desiste e já fez queixa da educadora no ministério da Educação (verídico!).

Boa, pai da Vera! Mostra-lhes como é!

Na minha opinião, o senhor enganou-se no motivo da queixa: a educadora devia ser admoestada por ensinar í s crianças uma cantiga que instiga í  violência contra os animais, isso sim!

Atirei um pau ao gato?!

Porquê?! Que mal é que o gato fez?!

Ainda se fosse atirei um pau ao pinto-da-costa…

Salazar era uma gaja!

Na quarta-feira í  noite, na TVI 24, no programa Prova dos 9, foi revelado este grande segredo: Salazar, afinal, era uma mulher!

No dito programa, Santana Lopes exaltava as «virtudes da resistência, paciência e abnegação do povo português».

Perante esta exaltação nacionalista, o bloquista Fernando Rosas comentou: «parece o Salazar a falar…»

E o Sr. Lopes contra-atacou, exclamando: «Salazar é a tua tia!»

Ora, com esta afirmação, o Sr. Lopes revela quatro coisas: a primeira é que Salazar é tia de Fernando Rosas, a segunda, é que Salazar ainda está vivo, a terceira, não interessa, e a quarta, é que Salazar, esse grande ditador, afinal, era uma gaja!

Esta revelação muda a História da Europa Ocidental.

Se Salazar, afinal, era um gaja, quem nos garante que Hitler não terá sido transexual?

O espião obeso

Enquanto a Mata Hari se despia para obter informações, o espião português veste-se, de fato e gravata e armazena números de telemóvel.

Enquanto o James Bond se esfalfa, salta, rola no chão, trepa, corre e sua as estopinhas, o espião português senta-se í  mesa com os seus contactos e enfarda.

Por isso, o espião português é gordo.

Além disso, o espião português é conhecido de todos e até tem página no Facebook.

No fundo, ele não espia porra nenhuma – limita-se a ter uma lista de nomes de pessoas e a dar a entender que sabe umas coisas sobre elas.

Todos nós sabemos coisas sobre algumas pessoas.

Todos nós, no fundo, somos um pouco espiões.

No entanto, o espião português ganha um ordenado por fazer o que todos nós fazemos.

E é gordo.

Quase de certeza, é hipertenso e tem o colesterol alto.

Se ainda não é, vai ser diabético.

Morrerá precocemente.

É dura, a vida de um espião…

Mesmo sendo português…

O ílvaro e os feriados

O ílvaro vivia no Canadá, que é um daqueles países que não existe.

Por isso, para ele, coisas como a restauração da independência ou a implantação da República, não devem ter qualquer tipo de significado.

Aliás: devem ter o mesmo significado que a Ascenção da Nossa Senhora e o Corpo de Deus, que são os dois feriados de que a Igreja católica abdica.

Portanto, um Estado laico aceita negociar com uma determinada religião esta história dos feriados e essa facção religiosa tem o desplante de impor condições: só aceitamos que nos retirem dois feriados se vocês também tirarem dois feriados dos vossos.

Patético!

Vai daí, o ílvaro pensa: não podemos acabar com o 25 de Abril porque o Otelo era mesmo capaz de fazer outro, não podemos acabar com o 1 de Maio porque o Carvalho da Silva voltava a liderar a CGTP e nunca mais largava o osso, o 10 de Junho tem que ficar porque já foi da Raça, é do Camões, de Portugal e das Comunidades, e chateava muita gente se acabasse.

Logo, restavam esses dois feriados menores, em que se celebra, só, o facto de Portugal ser independente e o facto de vivermos numa República.

E, deixem-se de mariquices – estes dois pontos são os mais importantes da nossa identidade: sermos independentes e sermos republicanos.

Sendo assim, o ílvaro é um palerma!

A quem é que ele quer enganar?

Será que ele acredita que é com mais quatro dias de trabalho que a economia de Portugal vai disparar?

Ingénuo?

Não – populista.

Desprezível…