Declaração de princípios: quero lá saber do Colégio Militar e das Meninas de Odivelas!
Quando era aluno do liceu, na longínqua década de 60 do século em que o homem foi í Lua (e voltou), as meninas de Odivelas eram umas pu… tiro-liro-liro, eram umas pu… tiro-liro-liro… umas puras donzelas.
Nunca vi nenhuma dessas meninas.
Pertenciam a outra casta.
Agora, vejo, na TV, o Adriano Moreira e o José Fanha, lado a lado, lutando pela sobrevivência do Colégio Militar, como escola só de rapazes.
No início, não liguei pevide. Não era a minha guerra.
Achei graça ao ver, no mesmo anúncio, um ex-ministro de Salazar com tremores parkinsónicos e um ex-militante da UDP com obesidade mórbida, mas encolhi os ombros.
Mas hoje, li um texto no pasquim Sol e fiquei ligeiramente incomodado.
Só ligeiramente…
Por que razão um grupo de antigos alunos do Colégio Militar decidiu gastar alguns milhares de euros numa campanha publicitária dramática, em que dizem, com ar solene «Por que querem matar um símbolo da identidade nacional»?
Que símbolo? A bandeira nacional? O hino? o Palácio de Belém? O Castelo de Guimarães?
Não – o Colégio Militar.
E querem matá-lo como?
Admitindo alunas do sexo feminino!
Os ex-alunos do garboso Colégio não querem aquilo manchado com a entrada de miúdas!
Hoje miúdas, amanhã, quem sabe, gays!…
No próximo ano, vão até construir um pavilhão para que as gajas possam lá dormir!
O que se seguirá? Uma maternidade?!
O Fanha afirma: «este colégio forma líderes fortes e isso incomoda líderes fracos».
í“ Fanha: essa é uma afirmação perigosa, pá!
Dos fracos não reza a História?
E dos fortes?
Quem foram esses líderes fortes, formados no Colégio Militar?
O ex-salazarista-agora-muito-respeitado-democrata Adriano Moreira, o último governador de Macau, Rocha Vieira, por quem os macaenses ainda hoje choram diariamente, o general Garcia Leandro (quem?) – todos eles participantes no tenebroso anúncio televisivo, que termina com o original grito tradicional do Colégio Militar: “Zapatrás!”
Zapatrás?!
Por que não Bazinga?
Mas o anúncio diz algo de muito mais grave: diz que os antigos alunos do Colégio Militar não aparecem nas capas de revista «mas nos livros de História», que é o mesmo que dizer que as mulheres só servem para as revistas cor de rosa, são frívolas e decorativas, enquanto os homens, esses sim, marcam a História de um país.
Machistas?
Não, onanistas…