Votem Marcelo e ide para o Purgatório!
Marcelo Rebello de Sousa é o novo presidente da República.
As eleições são desnecessárias.
A edição de hoje do DN, publica uma entrevista com o candidato-praticamente-eleito.
E o homem diz coisas lindas.
Primeira coisa linda:
«Um sítio onde é sensacional rezar o terço é a nadar no mar»
Que ternura católica!
Nunca me passaria pela cabeça rezar a nadar o terço.
Sobretudo porque não sei fazer uma coisa nem outra!
Será que o futuro presidente Marcelo, quando nada, reza o terço para que não se afogue?
Seria mais avisado não ir sequer nadar!
Pode acontecer deus estar distraído e, apesar do nadador rezar com muito fervor, ir ao fundo na mesma!
Segunda coisa linda:
«Acredito no Purgatório, há uma punição por aquilo que é o saldo negativo do haver-dever»
Um presidente que acredita no Purgatório – e, por extensão, no Céu e no Inferno!
Pensei que já não havia disto!
Acredito que o próprio Papa Francisco já nem acredita nessas tretas!…
Mas Marcelo acredita.
O homem acredita que há uma punição pelo saldo negativo do haver-dever?
Porra: então não é suficiente ter tido o Cavaco dez anos como Presidente e depois levar com o Marcelo?
Para que raio precisamos nós do Purgatório?!
Cavaco independente
Título do jornais:
Cavaco Silva diz ter mantido “boa tradição” de Natal “independentemente do Governo em funções”
Eu também continuo a gostar do meu país, independentemente do presidente medíocre que temos há 10 anos!
Bamos Atão Nacionalizar Isto Foda-se (BANIF)!
Estávamos mesmo a viver acima das nossas possibilidades!
O FMI tinha toda a razão!
Uma merda de um país como este, com 10 milhões de tesos, para que raio queria tantos bancos?
O BPN, o BES, o BPP, o BPI, o Montepio, o BCP, o BIG, CGD e mais o BANIF, para além de outros Bancos mais ou menos pequenos, de investimento, de negócios, de crédito agrícola e etc e tal.
Onde é que a malta tinha tanto dinheiro para tantos Bancos?
Não tinha, está visto!
Mas acontece que somos uma espécie de Liga dos Amigos dos Banqueiros, e estamos sempre prontos a dar-lhe uma ajuda.
Pagámos o buraco do BPN e praticamente demos o Banco ao BIC, ajudámos o BPP, o BCP, a CGD – e agora, vamos pagar a falência do BANIF e oferecemo-lo ao Santander.
Não haverá um Nobel para isto?
Para quem não se lembra, deixámos a Guiné Equatorial entrar na CPLP porque o seu presidente, o grande democrata Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ia salvar BANIF, entre outras benfeitorias.
(Pela mesma ordem de ideias, devíamos ter também deixado a Gâmbia entrar na CPLP porque o seu presidente, Yahya Jammeh, garante que tem a cura para a sida…)
E afinal, nem o Teodoro salvou o BANIF!…
Snif…
Onomatopeias
Ultrapassar o Passos
Exportar o Portas
Encavacar o Cavaco
Bloquear o Bloco
Amassar as massas
Martelar o Marcelo
Enevoar o Nóvoa
Marinar a Maria
Martirizar a Marisa
Entaipar a TAP
Encostar o Costa
Banir o Banif
Quem quer um presidente surdo?
Parece que não vai ser preciso realizar eleições presidenciais: Marcelo já ganhou!
O homem nem precisa de fazer cartazes, autocolantes, bonés ou t-shirts.
Basta sentar-se num sofá na Faculdade de Direito de Lisboa e esperar que os jornalistas lhe façam perguntas.
E ele responde, tranquilo, já em pose de presidente: estará atento, fará tudo para, procurará consensos, não hostilizará, representará o sentir dos portugueses, será o presidente de todos nós.
Para quê fazer eleições, gastar todo aquele dinheiro em boletins de voto, urnas e mais não sei o quê?
Durante anos, o professor andou a ganhar fortunas a dar palpites, saltando da TSF para as várias estações de televisão, preparando o terreno para, quando chegasse a altura, dar o passo em frente e ser aclamado.
Mas estamos perante um drama: Marcelo acabou de fazer 67 anos e confessou que ouve melhor do ouvido esquerdo que do direito (confirmar aqui).
Não tarda nada, está tão totó como o Cavaco!…
“História do Novo Nome”, de Elena Ferrante (2012)
Este é o segundo volume da tetralogia L’Amica Geniale, da italiana Elena Ferrante.
Continua a história de Elena e da sua amiga Lila, duas habitantes de um bairro pobre de Nápoles, cujas vidas, embora sempre ligadas, vão ter percursos muitos díspares.
O primeiro volume (A Amiga Genial), terminava com o casamento de Lila, aos 16 anos, com o dono da charcutaria, enquanto Elena não sabia ainda se haveria, ou não, de continuar os estudos.
Neste segundo volume, enquanto Lila vai caindo em diversos abismos, mantendo sempre a sua altivez, Elena, mais mansa, continua a estudar e, brilhante e disciplinada como é, acaba a licenciatura e até publica um livro.
Embora cada vez mais distantes, as duas amigas continuam unidas.
Ao contrário do que é habitual, não destaco nenhuma passagem do livro, porque todo ele é um conjunto perfeito. Para além da história ser boa, a autora, cujo verdadeiro nome continua uma incógnita, tem uma escrita envolvente.
Na estante, já tenho o terceiro volume, mas vou resistir-lhe e pegar no terceiro calhamaço do Knausgard.