Engenheiros portugueses no Líbano

Portugal vai enviar uma companhia de Engenharia para o Líbano, para integrar a força da ONU.

Acho bem.

Pena é que os restantes países não sigam o nosso exemplo.

A França devia enviar uma companhia de Direito, a Itália enviava uma companhia de Letras, a Bélgica enviava uma companhia de Medicina e Farmácia e a Alemanha enviava uma companhia de Ciências.

Assim teríamos toda a Universidade Clássica no Líbano.

Talvez desse modo o Hezbollah e os israelitas se deixassem de bombardeamentos e aderissem ao espírito académico.

O futebol é assim mesmo – 2

Começou o novo campeonato de futebol e ninguém sabe quem é que fica na 1ª Liga: o Gil Vicente, o Belenenses ou mesmo o Leixões?

Contando com os resultados, os golos marcados e os golos sofridos, devia ser o Gil Vicente. Mas o Belenenses descobriu que o jogador Mateus, do Gil, não estava bem inscrito, ou coisa que o valha. As instâncias competentes decidiram: o Belenenses sobe í  1ª Liga, o Gil, desce.

O clube de Barcelos recorre para os tribunais e os tribunais decidem: desce o Belenenses, sobe o Gil.

Isto é uma afronta: não é suposto os clubes recorrerem aos tribunais. A Federação tem os seus órgãos próprios. A FIFA quer castigar o Gil por ter infringido as normas.

É como se eu, como médico, só pudesse ser julgado pela Ordem dos Médicos, no caso de ter cometido alguma negligência que pusesse em perigo a vida de um doente.

É então que o Leixões entra em cena: se o Belenenses e o Gil estão a fazer maldades, deve ser o Leixões a subir í  1ª Liga e os outros dois que se danem.

A Federação decide, não decidindo: para já, nenhum destes três clubes joga esta semana.

E para a próxima? Logo se vê.

Se fosse o PCP a gerir a Federação, a coisa seria facilmente resolvida. Aposto que o PCP faria como fez com o presidente da Câmara de Setúbal: é preciso renovar e rejuvenescer – o Belenenses, o Gil Vicente e até o Leixões já jogaram muitas vezes na 1ª Liga; sobe o Louletano í  1ª Divisão!

O futebol é assim mesmo – 1

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O Presidente da República, perdão, o presidente do Benfica, abriu os telejornais com longas entrevistas em que tentou explicar que não ganhou um tostão com a transferência do Mantorras.

Fez mal. Se o Benfica não ganhou nada com a transferência do Mantorras, que só joga os últimos sete minutos de cada jogo e se o próprio jogador angolano, pouco ganhou, já que tem passado estes anos todos na sala de operações, ao menos que alguém ganhasse alguma coisinha.

A Luís Filipe Vieira só lhe faltou chorar. Vejam lá que até teve que se mudar da moradia onde vivia, para um andar!

E tudo isto porque não se cala com o Apito Dourado.

A estratégia de LFV é típica: para se defender das acusações que o pasquim 24 Horas lhe fez, usa a velha máxima, segundo a qual, “a melhor defesa é o ataque”.

Assim, não achando suficiente esclarecer que a transferência do jogador foi o mais transparente possível e de que existem documentos contabilísticos que o provam, resolve atacar, dizendo que esta calúnia só é possível porque ele é o único dirigente que continua a falar no caso Apito Dourado.

Eu, se fosse a ele, demitia-me já hoje, em vez de fazer este papel de vítima e ir-me deixando ficar como presidente do maior clube de futebol de Portugal.

E amanhã já podia voltar para a sua moradia…

Plutão passa a anão

Portanto, Plutão deixou de ser planeta e passou í  condição de “planeta anão”.

Para os habitantes de Plutão, foi o fim do mundo.

Foi uma decisão politicamente incorrecta. Não se diz planeta anão – é discriminação. Deve dizer-se: planeta com problemas de tamanho. Assim é que está correcto.

As tabelas da ADSE

Os sindicatos estão muito zangados com as novas tabelas da ADSE de comparticipação dos exames.

Eu sou beneficiário da ADSE, como funcionário do Estado.

Agora, se tiver dores na coluna e precisar de fazer fisioterapia, em vez de pagar 10 cêntimos (!) por cada tratamento de ultra-sons ou de aplicação de parafina, terei que pagar a exorbitância de 31 cêntimos, o que equivale a um aumento de 210%!

Bom, se quiser fazer umas análises de rotina, que incluam, por exemplo, creatinina, ureia e glicemia, em vez de pagar 37 cêntimos por cada análise, só terei que pagar 28 cêntimos.

Mas, para os sindicatos, isso não tem importância nenhuma porque, por exemplo, se eu quiser saber se alguma vez estive em contacto com o vírus da gripe e o meu médico me pedir a improvável análise de pesquisa de anticorpos antivírus da influenza, em vez de pagar os 37 cêntimos que esse exame custava, terei que pagar 4 euros e 97 cêntimos, o que equivale a um aumento de 1243%!

Claro que a opinião pública e os órgãos de comunicação social pouco percebem destas coisas e, o que fica, é que os exames complementares, para os beneficiários da ADSE, subiram não sei quantos por cento. E o Bloco de Esquerda, numa jogada de oportunismo, vem logo declarar que o governo tem que acabar com esta ignomínia e repor a anterior tabela.

Quem é que precisa de saber se tem ou não anticorpos contra o vírus da gripe?

E se eu quiser saber, por exemplo, o meu grupo de sangue, será que é muito pagar 50 cêntimos (custava 37)? E um diagnóstico de gravidez por 57 cêntimos (custava 37) é assim tão caro?

Deixem-se de tretas!

Respeitem os chinesinhos

Segundo a agência noticiosa chinesa, Xinhua, os professores chineses vão deixar de poder insultar ou bater nos alunos. Parece que, numa sondagem realizada no ano passado, 80% dos alunos das escolas primárias chinesas, afirmavam que os insultos dos seus professores eram o seu maior problema.

Acabou-se. As autoridades chinesas decidiram que os professores têm que respeitar os menores.

Nas salas de aula chinesas, nunca mais se vai ouvir frases como: “Ouve lá, ó chinoca, por que raio não fizeste os trabalhos de casa? Vê lá se queres que te ponha os olhos em bico!”

Boa forma por decreto

Tony Blair nomeou Caroline Flint como secretária de Estado para a boa forma física. Parece que o governo inglês está muito preocupado com a obesidade, que terá aumentado 38%, desde 2003.

A Caroline terá agora, a seu cargo, a responsabilidade de pí´r os ingleses aos pulos e aos saltos, a ver se perdem as banhas extras. Espera-se que, como compete ao bom Estado Providência, o governo inglês ofereça aulas gratuitas de cardiofitness a todos os gordos indigentes.

ER – 6ª série (1999/2000)

er6.jpgDepois de ter sido esfaqueado por um doente psicótico, Carter fica dependente de analgésicos e, quando é descoberto, os colegas fazem-lhe um ultimato: ou vai para uma clínica de desintoxicação ou é despedido; o mesmo doente psicótico, mata Lucy Knight; o pai do Dr. Greene, depois de ir para a cama com a mãe da Dra. Corday com o entusiasmo de um adolescente, morre de cancro do pulmão em dois episódios; a enfermeira Hathaway começa a ceder aos avanços do Dr. Kovac mas, de repente, decide partir para Seattle, a fim de reencontrar-se com o Dr. Ross e deixa o médico croata a falar sozinho.

Tudo isto quer dizer que os argumentos do ER, nesta 6ª série, parecem dar muito mais importância aos imbróglios particulares das personagens do que aos casos médicos das urgências. E é pena, porque foi o realismo desses casos que nos têm prendido í  série. Num dos episódios, por exemplo, Benton prescreve Bisacodil a um doente e, devido aos gatafunhos da receita, a farmácia dá ao doente Bisoprolol; o homem toma um comprimido e faz um enfarte. É forçado. E isto não era costume nos argumentos do ER, habitualmente muito rigorosos e realistas.

Três terços não é uma unidade?

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Notícia de hoje, do Público: “Confirmada ligação entre líquido para lentes de contacto e infecções oculares – três terços dos doentes confirmados nos EUA tiveram de fazer um transplante de córnea”.

Leio o título e exclamo: “Xiça! Ainda bem que não uso lentes de contacto!”

É que, quando andava na escola, ensinaram-me que três terços equivale a uma unidade, o que quer dizer que TODOS os doentes que usavam o tal líquido (ReNu – faz lembrar o “rei vai nu”) tiveram que fazer transplante de córnea.

Leio depois a notícia e fico baralhado. Afinal, os cientistas, diz a notícia “não sabem ao certo a sua (da infecção) origem”. Mau… então a culpa da infecção não era o tal líquido?…

Mais í  frente, a notícia acrescenta: “pesquisas adicionais do centro americano para o controlo e prevenção de doenças junto de 164 casos de queratite microbiana (infecção da córnea provocada por um fungo) confirmados nos EUA permitiram constatar que as pessoas que usam a solução para lentes de contacto ReNu MoistureLoc têm 20 vezes mais probabilidades de contrair a doença.”

Falta de vírgulas í  parte, percebemos que, afinal, a malta que usa o líquido só tem mais 20% de probabilidades de apanhar a infecção. Quer dizer: nem todos a apanham.

E continua a notícia: “este novo estudo, publicado esta terça-feira no Journal of the American Medical Association, revela que um terço dos americanos que contraíram queratite tiveram de fazer um transplante de córnea.”

Mau Maria!… Então, agora, já não são três terços? É só um terço dos americanos? Ou será, apenas, um terço dos 164 doentes estudados?

Que grande confusão!

O que vale é que o tal ReNu foi tirado do mercado.

O mesmo devia acontecer a quem escreveu esta notícia…

Jornalistas que refazem a História

João Pereira Bastos, director da Antena 2, de 1996 a 2005, escreve uma divertida carta ao director do Público sobre um programa que a RTP transmitiu, a propósito do centenário do nascimento de Marcelo Caetano, no passado dia 17.

Pelos vistos, segundo os jornalistas responsáveis pelo programa, a Acção Nacional, de Caetano (que substituiu a União Nacional), chamava-se Assembleia Nacional Popular, a ala liberal não incluía Pinto Balsemão, Maria Callas veio ao S. Carlos cantar a “Aida”, de Verdi, e não La Traviata, e o seu acompanhante mudou de nome: em vez de Alfredo Kraus, passou a chamar-se Alfredo Strauss.

J.P. Bastos termina a sua carta com muito humor, dizendo: “é como se eu fosse obrigado a escrever sobre futebol, matéria que não me é familiar, e não me certificasse que o ex-treinador do FCP, Co Adriannse, não é uma variante dos meus comprimidos para a pressão arterial, o Co Aprovel”.

Não querendo comparar Marcelo Caetano aos Rolling Stones, até porque estes, ao contrário do cinzento professor, ficarão na História e são muito mais divertidos, a Visão de 10 de Agosto, tem um artigo, assinado por Miguel Judas, que começa com um chorrilho de imprecisões.

Começa o artigo por dizer: “Na pequena sala de concertos The Scene, como já era habitual í s quartas-feiras, uma pequena multidão apinhava-se para ver os «miúdos» Brian, Keith e Mike…”

Para além de a estreia dos Stones ter sido no Marquee Club, em Londres, em 1962, acrescente-se que a composição da banda era: Brian Jones, Keith Richards, Mick Jagger, Charlie Watts e Bill Wyman. Quem seria o Mike?…

Logo a seguir, o artigo continua: “Mais de 40 anos depois, as mesmas palavras continuam a ser utilizadas quando se fala dos Rolling Stones, a banda composta pelos «graúdos» Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood (que entrou após a morte de Brian Jones, em 1969)”

Mais uma série de imprecisões: Ron Wood não substituiu Brian Jones coisa nenhuma. Jones morreu em 1969 e foi substituído por Mick Taylor. Os Stones continuaram como quinteto e gravaram “Trough the Past Darkly” e “Let it Bleed”, em 1969, “Get Yer Ya-Ya’s Out”, em 1970, “Sticky Fingers”, em 1971, “Exile on Main Street”, em 1972, “Goats Head Soup”, em 1973, “It’s Only Rock’n’Roll”, em 1974, “Metamorphosis”, em 1975, e só então, seis anos depois do que diz Miguel Judas, é que Ron Wood se juntou aos Stones, tendo saído Mick Taylor. Mais tarde, em 1992, Bill Wyman saiu e só então, há apenas 14 anos, é que os Rolling Stones ficaram com a sua actual formação.

Judas decidiu-se pela simplificação, ignorando os factos, ou não sabia nada disto? É que é fácil: a informação sobre os Rolling Stones é vasta e está acessível em muitas fontes. Basta clicar, por exemplo, www.allmusic.com.

O problema é que, como diz João Pereira Bastos: “o erro grosseiro de hoje arrisca-se a ser a verdade histórica de amanhã”.