Jardim seco

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O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, suspendeu a transferência de 50 milhões de euros para a Madeira, como retaliação por aquela região autónoma já ter ultrapassado o limite de endividamento para este ano, em 140 milhões de euros!

No mesmo dia, o inefável Jardim pediu a demissão do Sr. Sócrates e do Sr. Santos.

Cá para mim, esta discussão não faz muito sentido. Assim como assim, já perdemos a Guiné, Angola, Moçambique, Goa, Damão e Diu, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Olivença e Timor.

Queremos a Madeira para quê?

Morrer no caminho

Um grupo de trabalho, contratado pelo Ministério da Saúde, propõe o fecho de diversas urgências e a abertura de outras.

Reportagens da RTP, de norte a sul do país, mostraram testemunhos de velhotes, dizendo, a propósito do fecho do SAP lá da terra: “vamos morrer no caminho”.

Os portugueses são mestres na criação de frases deste tipo.

Em http://bompovo.spreadshirt.net, encontramos t-shirts com algumas dessas frases. Mas faltam lá muitas.

São frases que mostram a pequenez do povinho.

Trabalhando na Saúde há 30 anos, já ouvi muitas frases destas.

Uma das que mais me irrita é “bem se pode morrer”, proferida por uma utente do SNS, com dores nas costas, que está í  espera da sua consulta há quase uma hora. Ainda na semana passada, no serviço de Atendimento Complementar, passavam uns minutos das 21 horas, a TV transmitia o jogo do Sporting e, como é habitual quando há jogos na televisão, não havia doentes. Uma utente inscreveu-se e, logo a seguir, interpelou a administrativa: “então, não há médicos?”

Foi atendida quatro minutos depois de se ter inscrito!

Quatro minutos – e mesmo assim protestou!

Só lhe faltou dizer “bem se pode morrer”.

Algo de parecido se passa com esta história das urgências.

Claro que não confio muito nos tecnocratas da saúde.

É evidente que o que o ministro quer é poupar dinheiro, fechando serviços.

Mas também é verdade que os SAP que foram abrindo por esse país fora, dão, í s pessoas, uma falsa sensação de segurança, já que não estão equipados para salvar a vida de ninguém.

Se um velhote tiver um AVC a meio da noite, o melhor é ir directamente para o Hospital mais próximo, mesmo que fique a uma hora de caminho. Se, antes disso, passar pelo SAP lá da terra, só vai atrasar o início da terapêutica porque, o máximo que o médico de serviço lhe vai fazer, é escrever uma carta e enviá-lo para o hospital. Entretanto, já passou mais meia hora. E talvez, desse modo, acabe por morrer no caminho.

Também já trabalhei num SAP que estava aberto 24 horas.

Durante a noite, os únicos doentes que me apareciam eram, quase sempre, os doentes com dores de dentes ou com dores de ouvidos. São dores tramadas. Um tipo toma uma aspirina ou um dois ben-u-rons, a dor não passa, mas vai-se aguardando… pode ser que passe com uma noite bem dormida. Só que ninguém consegue dormir com uma dor de dentes e, aí por volta das 5 da manhã, um tipo já não aguenta mais e vai ao SAP, na esperança de que o médico lhe tire a dor.

Convenhamos que ter SAPs abertos toda a noite, para resolver odontalgias e otalgias, é capaz de ser desperdício.

O problema é que, no meio desta polémica, ninguém fala claro.

O ministro devia dizer, claramente: tenho que cortar nas despesas; os SAP que estão abertos durante a noite são falsos serviços de urgência; não estão equipados para resolver problemas verdadeiramente urgentes; sucessivos governos andaram a enganar a malta; ir a um SAP com uma dor no peito, podendo ser um enfarto, é puro desperdício; o médico que lá está de serviço não vai fazer nada; mais vale ir directamente para o hospital de referência; portanto, vamos fechar alguns SAP – poupamos dinheiro e, assim como assim, os casos verdadeiramente urgentes serão tratados onde devem ser: nos hospitais.

A oposição devia dizer: o que o ministro quer é poupar dinheiro; ao fechar os SAP, está a tirar aos cidadãos os serviços de proximidade que foram sendo criados ao longo dos últimos anos; nós, se estivéssemos no governo e tivéssemos coragem, faríamos o mesmo.

De qualquer modo, o povinho continuará a dizer: bem se pode morrer!…

“Syriana”, de Stephen Gaghan

syriana.jpgFilmado ao estilo de “Traffic”, de Soderbergh, que é um dos produtores executivos (Clooney é outro), Syriana conta-nos quatro histórias em paralelo: a de um jovem paquistanês, despedido de uma companhia petrolífera, que se radicaliza e se transforma num mártir; a de um consultor financeiro (Matt Damon), que se deixa iludir pelo fausto e pela fama e se torna consultor pessoal de um príncipe árabe; a de um investigador económico (Jeffrey Wright), encarregado de descobrir os meandros da fusão de duas companhias petrolíferas; e a de um agente da CIA (George Clooney), com muita experiência no Médio Oriente, e que cai em desgraça.

Syriana é o nome dado pelos “especialistas” da Casa Branca í  região do Médio Oriente, depois de estarem redefinidas as fronteiras dos vários países que o compõem.

Por vezes, o filme é difícil de seguir, de tal modo as diferentes histórias se cruzam. Mas, aos poucos, o plano geral vai-se compondo e, no final, fica um certo amargo de boca: afinal, o que se passa nos bastidores dos múltiplos conflitos do Médio Oriente, não passa de um poderoso jogo de interesses das companhias petrolíferas. Nada que nós já não suspeitássemos.

No entanto, ao ver o filme, ocorre-nos o seguinte: as notícias que vemos na televisão sobre a crise do Médio Oriente, não têm nada a ver com a realidade. O filme leva-nos a concluir que, dadas as circunstâncias, o jovem paquistanês não tinha alternativa, se não transformar-se num bombista suicida, embora pudesse ter seguido o exemplo do pai, também despedido, e que se limita a jogar críquete, no deserto, com um grupo de companheiros esfarrapados, que vivem em contentores.

“Transamerica”, de Duncan Tucker

transamerica.jpgParece um filme de Almodí´var, mas passado nos States.

Stanley, aliás Sabrina, é um transexual de Los Angeles que, depois de muito esforço económico, muitas hormonas e muita psicoterapia, está a uma semana de, finalmente, mudar de sexo. É nessa altura que recebe um telefonema de um estabelecimento prisional nova-iorquino: o seu filho, de 17 anos, está preso, depois de ter sido apanhado a prostituir-se.

A terapeuta convence Sabrina a enfrentar a situação e a lidar com ela, antes de fazer a operação. O filme mostra-nos, então, as aventuras e desventuras deste estranho par, na longa viagem entre Nova Iorque e Los Angeles, passando por Phoenix, onde se dá um encontro, ainda mais estranho, com os pais de Stanley/Sabrina.

A interpretação de Felicity Huffman valeu-lhe um Globo de Ouro e é suficiente para que o filme mereça ser visto.

“The Pink Panther”, de Shawn Levy

pinkpanther.jpgDepois de ver o filme sobre Peter Sellers, pareceu-nos adequado espreitar este remake da Pantera Cor-de-rosa, em que Steve Martin interpreta o papel do desastrado inspector Clouseau.

Na verdade, não se trata de um remake, mas sim de um filme inspirado na série de filmes realizados por Blake Edwards, nos quais Peter Sellers era Clouseau e levava ao desespero o chefe Dreyfus (agora interpretado por Kevin Kline).

Martin não é Sellers, mas safa-se mais ou menos bem, embora não resista a algumas palhaçadas, coisa que o verdadeiro Clouseau nunca faria: por mais idiota que fosse a situação, por mais desastrados que fossem os seus gestos, tudo era feito com uma dignidade e uma seriedade que, por isso mesmo, se tornava hilariante.

Mas enfim, como entretenimento, não aleija a inteligência.

Por que não posso levar pistolas de abate de gado no avião?

Aproxima-se o meu segundo período de férias. Planeei um fim-de-semana em Praga, com a malta toda. Quero rever essa cidade por onde passei, í  pressa, há cerca de 6 anos.

Com toda esta história dos possíveis atentados, estava na dúvida do que poderia levar comigo, a bordo do avião, na cabina. Confesso que estava preocupado, sobretudo, com a possibilidade de não me deixarem levar, por exemplo, um livrinho, para ler na viagem. Imaginem que ando a ler um livro chamado “Como fazer uma bomba a bordo de um avião e como fazê-la explodir, nas barbas do piloto”. Será que poderia levar um item como este?

E o maço de cigarros, para matar o vício, mal aterrasse em Praga – será que me seria permitido levar o maço de cigarros comigo? É que o tabaco mata, como todos os maços anunciam! E o isqueiro? E o telemóvel? E um pacote de excelentes bolachas torradas Triunfo?

Decidi ir verificar. Fui ao site da TAP e, no endereço http://www.inac.pt/hthttm/art_proib_transp.asp

descobri que não posso levar comigo, por exemplo, pistolas de abate de gado! Francamente! Quem é que pode viajar para Praga sem uma simples pistola de abate de gado?

Para quem não sabe o não pode levar consigo, na cabina do avião, aqui fica a lista:

a) Armas de fogo e outras

Qualquer objecto que possa, ou aparente poder, disparar um projéctil ou causar ferimentos, nomeadamente: armas de fogo de qualquer tipo (pistolas, revólveres, espingardas, caçadeiras, etc.); réplicas ou imitações de armas de fogo; componentes de armas de fogo (excluindo miras telescópicas e óculos); pistolas e espingardas de ar comprimido; pistolas de sinais; pistolas de alarme; armas de brinquedo, de qualquer tipo; armas de zagalotes; pistolas de pregos e pistolas de cavilhas, industriais; bestas; fisgas e fundas; armas de caça submarina; pistolas de abate de gado; dispositivos de atordoamento ou electrochoque, e.g. pistoletes para gado, armas de dardos eléctricos (tasers); isqueiros com forma de arma de fogo.

b) Armas pontiagudas e objectos cortantes

Artigos com pontas aguçadas ou lâminas susceptíveis de causar ferimentos, nomeadamente: machados; flechas e dardos; crampons; arpões e setas; piolets e picadores de gelo; patins de gelo; navalhas de tranca e navalhas de ponta e mola, com lâminas de qualquer comprimento; facas, incluindo facas cerimoniais, com lâminas de comprimento superior a 6 cm, de metal ou outro material suficientemente forte para ser usado como arma; cutelos; machetes; navalhas e lâminas de barbear (excluindo as giletes de recarregar e as giletes descartáveis, com lâminas encapsuladas); sabres, espadas e bengalas de estoque; escalpelos; tesouras com lâminas de comprimento superior a 6 cm; bastões de esqui e de marcha; rosetas de arremesso (shurikens); ferramentas com potencial para serem usadas como arma, e.g. berbequins e pontas de broca, facas tipo x-acto, facas multiusos, serras de todos os tipos, chaves de parafusos, pés de cabra, martelos, alicates, chaves de porcas/fendas, maçaricos.

c) Objectos contundentes

Qualquer objecto contundente susceptível de causar ferimentos, nomeadamente: tacos de baseball e softball; tacos ou bastões, rígidos ou flexíveis, e.g. matracas, mocas, cassetetes; tacos de críquete; tacos de golfe; sticks de hóquei; sticks de lacrosse; pagaias de caiaque e canoa; skates; tacos de bilhar; canas de pesca; equipamento de artes marciais, e.g. soqueiras, bastões, mocas, nunchakus, kubatons, kubasaunts

d) Explosivos e substâncias inflamáveis

Qualquer substância explosiva ou altamente combustível que ponha em risco a saúde dos passageiros e tripulantes ou a segurança da aeronave ou bens, nomeadamente: munições; cartuchos explosivos; detonadores e espoletas; explosivos e engenhos explosivos; réplicas ou imitações de material ou engenhos ; explosivos; minas e outros explosivos militares; granadas de todos os tipos; gases e contentores de gás, e.g. butano, propano, acetileno, oxigénio, em grande volume; fogo de artifício, archotes de qualquer tipo e outros artigos pirotécnicos, incluindo poppers e fulminantes de diversão; fósforos não amorfos; geradores de fumo; combustíveis líquidos inflamáveis, e.g. gasolina, gasóleo, fluido de isqueiro, álcool, etanol; tintas pulverizáveis; terebentina e diluentes; bebidas alcoólicas de teor alcoólico superior a 70% em volume (140% proof);

e) Substâncias químicas e tóxicas

Qualquer substância química ou tóxica que ponha em risco a saúde dos passageiros e tripulantes ou a segurança da aeronave ou bens, nomeadamente: ácidos e bases, e.g. pilhas e baterias com risco de derrame; substâncias corrosivas ou descolorantes, e.g. mercúrio, cloro; aerossóis neutralizantes ou incapacitantes, e.g. mace, gás lacrimogéneo; matérias radioactivas, e.g. isótopos medicinais ou comerciais; venenos; matérias infecciosas e agentes biológicos perigosos, e.g. sangue contaminado, bactérias e vírus; matérias susceptíveis de ignição ou combustão espontâneas; extintores de incêndio.

A lista é longa e fastidiosa e existem alguns itens que são incompreensíveis. Pergunto-me: quem iria viajar, seja para onde for, levando consigo “minas e armadilhas militares”?

Por outro lado, por que carga de água, não poderei viajar, transportando, comigo “bactérias e vírus”? O que vou eu fazer í  minha querida sinusite?

Será que tenho que a deixar em casa?

“The Life and Death of Peter Sellers”, de Stephen Hopkins

petersellers.jpgA minha vida dava um filme – era uma rubrica, se não me engano, da revista Crónica Feminina, dos anos 60 do século passado.

A vida de qualquer pessoa dava um filme, por mais monótona ou “normal” que a vida seja. Tudo depende de quem realiza o filme. Mesma a vida sempre igual, a “vidinha”, como dizia O’Neill, pode transformar-se num grande filme – ou numa grande chatice.

Ora, pelos vistos, a curta vida de Peter Sellers (54 anos), parece ter sido tudo menos monótona. Este filme de Hopkins mostra-nos um Sellers dominado por uma mãe possessiva, muito dado a caprichos e crises de fúria, dominado pelas personagens que ele próprio foi criando, ao longo da sua carreira, desde o tempo em que ganhava a vida como cómico de rádio, até ao momento em que atingiu a celebridade, com os filmes da série Pantera Cor-de-rosa e, sobretudo, com Dr. Strangelove, de Kubrick.

Geoffrey Rush faz um excelente Peter Sellers, assumindo todos os seus tiques conhecidos: a maneira de andar, os truques vocais, os “accent”. O filme mostra-nos que Sellers não existia por si (há uma cena em que o actor se olha ao espelho e não vê nenhum reflexo). Sellers era as personagens que encarnava.

Egocêntrico, caprichoso, muito provavelmente sociopata, Peter Sellers destruiu-se a si próprio, terminando a sua carreira com “Being There” (“Benvindo Mr. Chance”), um filme sobre alguém que praticamente não existia e que, por isso mesmo, quase chegou a Presidente dos EUA.

Portugueses na linha da frente

Já tínhamos portugueses donos de grandes clubes de futebol: o Chelsea de Mourinho, o Inter de Luís Figo, o Manchester de Cristiano Ronaldo.

Mas esta semana tudo mudou.

As duas primeiras figuras da hierarquia institucional do nosso querido Portugal, tiveram o seu nome ligado a grandes acontecimentos internacionais.

Rebento de orgulho!

O nosso Presidente Cavaco foi o primeiro a saber que a princesa Letícia está grávida!

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Não me parece haver dúvidas que foi graças í  força que Cavaco emana, que o espermatozóide real fertilizou o óvulo antes plebeu.

Afinal, não é verdade que Cavaco, como dizia Miguel Cadilhe, seja como o eucalipto, secando tudo í  sua volta.

Todos sabemos como a taxa de natalidade é baixa na maior parte dos países europeus. Parece-me, portanto, lógico, que Cavaco se apresse a visitar a Bélgica, a Holanda, a Suécia, a Noruega, para ver se as realezas desatam a reproduzir-se.

O que a gente precisa é de príncipes e princesas!

Perante isto, Sócrates não quis ficar atrás.

E toca a surgir num cartaz eleitoral, sentado ao lado de Hugo Chavez, “rompiendo el bloqueio”!

O segredo do sucesso de Sócrates ficou assim explicado.

Como é possível que um político odiado por 700 mil funcionários públicos, por juízes, professores, sindicalistas, reformados e pensionistas, beneficiários da ADSE, da ADMA, da ADME, da ADMGF, autarcas em geral e autarcas madeirenses em particular, continue a ter uma tão alta taxa de popularidade, que mantém o PS í  beira da maioria absoluta?

Pois a resposta é só esta: Sócrates tem aliados fortes. São eles: o venezuelano Hugo Chavez, o iraniano Aminejad e o cubano Fidel de Castro.

Petróleo e charutos – é esta a resposta!

No entanto, algo me perturba: lá ao fundo, não sei porquê, mas aquele casario faz-me lembrar o Casal Ventoso.

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