“Dreamgirls”, de Bill Condon

dreamgirls.jpgEstive na dúvida: alugo ou não alugo este dvd? Por um lado, não me apetecia muito ver um filme “musical”, por outro, tinha alguma curiosidade, até porque acho piada aos “hits” das Supremes.

Acabei por trazer o filme. É uma seca. í€s tantas, parece uma ópera rock de segunda categoria (haverá outras). Das Supremes, nada, a não ser o facto de a história ser mais ou menos parecida com a de Diana Ross (“que nunca Diana Ross por onde Jean-Jacques Rousseau…”, como se dizia no Pão Comanteiga).

A partir do meio do filme, o botão do fast-forward funcionava sempre que a dreamgirl mais gordinha começava a cantar, tipo Aretha Franklin, em dia de menstruação. Está bem, o Eddie Murphy faz um excelente soul singer, tipo Wilson Picket e admito que a Beyoncé Knowles é jeitosa todos os dias, mas é pouco.

No fim, um tipo fica aliviado por o filme acabar e com uma cãibra no indicador por ter passado muito tempo a carregar no fast-forward (é que são 125 minutos, caramba!).

“Letters from Iwo Jima”, de Clint Eastwood

cartasiwojima.jpgQuem diria que o piroso cowboy dos western-spaghetti se iria transformar numa realizador de culto, cada vez mais do agrado dos críticos europeus…

Juro que sempre gostei do velho Clint, mesmo quando o gajo provocava os “bad guys”, dizendo «make my day» e, depois, os matava sem dó nem piedade. Continuei a gostar dele, como cowboy, como sargento de ferro e até como artista de circo falhado (nos filmes da série Bronco Billy). Mas agora, o homem é um mestre.

Este filme, para além de um ritmo narrativo muito diferente do que é habitual nos filmes de guerra realizados por norte-americanos, tem também a particularidade de nos mostrar a guerra do lado dos japoneses. Em “Letters from Iwo Jima”, os heróis são os japoneses, o que não é nada habitual para um filme “made in Hollywood”.  

O filme narra a defesa daquela pequena ilha vulcânica que, supostamente, seria arrasada pela aviação e pela marinha americanas em três tempos, mas que, graças ao heroísmo dos soldados chefiados pelo general Kuribayashi, resistiu 40 dias.

Formalmente (ritmo, fotografia, montagem), pareceu-me exemplar.

Incompatibilidades

Tinha um hordéolo, vulgo, treçolho.

Mediquei-o com as gotas e a pomada habituais.

Sorriu e exibiu um teclado frontal só com teclas pretas e quase todas partidas. Perguntou:

– Posso beber vinho com estes medicamentos?

– Desde que não exagere… – respondi.

Viu-se que ficou contente. Levantou-se para se ir embora mas, antes, não quis deixar de fazer mais uma pergunta:

– E posso fumar cigarros para rir?

Fiz de conta que meditava um pouco e respondi:

– Isso, eu não aconselho… com esses dentes, o melhor é você manter-se sério…

30 dias sem fumar

Já passaram 30 dias!

A coisa vai, já só com meio comprimido de Champix ao pequeno-almoço.

Claro que não há dia nenhum que não me apeteça fumar um cigarrinho. E, ao longo de cada dia, há várias ocasiões em que um cigarro vinha mesmo a calhar. Mas bebe-se um golo de água, masca-se uma pastilha elástica, chupa-se um palito, e a crise passa.

Dois apontamentos: não é tão difícil como eu imaginava, mas só agora percebo que estava mesmo dependente da nicotina (dou por mim a pensar «tenho-me portado tão bem, que mereço um cigarro!»).

Pensamento racional: acabaram-se os cigarros porque fazem mesmo mal í  saúde e está-me a apetecer viver mais uns anos.

Emocionalmente: que se lixe a saúde! Dêem-me o meu cigarrinho de volta!

Vasco Pulido Valente escrevia, há uns tempos, que «viver sem cigarros era como escrever sem pontuação».

É uma boa imagem mas o que é verdade é que se pode escrever sem pontuação o texto talvez fique um pouco mais confuso mas não é por isso que não se consegue comunicar

Por outro lado, se o uso de vírgulas e de pontos finais (cigarros) implicar um cancro no pulmão ou na bexiga, então prefiro escrever como o Saramago.

Mais vantagens: ao fim de 30 dias está melhor o fí´lego, está melhor o hálito, está melhor o cheiro e está melhor a performance em geral (e também essa, em particular…)

Outra grande vantagem: já posso dar grandes beijos no meu neto sem estar com receio que ele se enjoe com o cheiro a Marlboro.

E o meu neto até já tem um dente!

Só uma nota final: continuo com saudades e cheira-me que vou continuar com saudades. Tenho que fazer de conta que o tempo em que fumei é como um país longínquo que visitei uma vez, de que gostei muito, mas ao qual não posso voltar nunca mais, porque desapareceu, qual Atlântida.

E quem poderá, alguma vez, esquecer a Atlântida?…

PS (escrito em 6 de Janeiro de 2008) – 4 meses e meio sem fumar! Avancem para o post “2008 – um ano sem fumo“.

“Até Onde se Pode Ir?”, de David Lodge

ateondesepodeir.jpgLodge é católico e não o esconde. Muitos dos seus livros têm, como pano de fundo, a religião católica, como travão í  liberdade, sobretudo, sexual, dos seus personagens. Num desses livros, um personagem chega a dizer que a vida sexual começa depois da menopausa, porque deixa de haver o medo de engravidar.

Neste “How Far Can You Go?”, de 1980, Lodge conta-nos a história de um grupo de estudantes universitários católicos, nascidos no post-guerra e para os quais “a revolução sexual chegou tarde de mais”.

Vamos acompanhando o crescimento destes jovens, os seus casamentos, as suas dúvidas sexuais, os seus receios, os malabarismos que fazem para se manterem dentro dos limites impostos pela religião católica, numa Inglaterra em constante mudança, com o aparecimento dos Beatles, do “free love”, da míni-saia.

Sempre com os olhos postos no Vaticano, í  espera de uma mudança, estes jovens começam a envelhecer, sem que nada de especial aconteça na ortodoxia do catolicismo. E bem podem esperar sentados porque, mesmo depois do aparecimento da Sida, o Vaticano continua a condenar o uso de preservativo!

Com alguns bons momentos de humor, o livro acaba por ser um pouco moralista. Lodge não deixa de ser católico e, apesar dos vários pecados cometidos, os personagens do livro mantêm-se fiéis í  Igreja e parece que, na opinião do autor, assim é que deve ser…

Scolari acaricia um sérvio

scolari_soco.jpg

Não se fala de outra coisa. Numa verdadeira demonstração de afecto pelos Balcãs, o seleccionador nacional de futebol, Filipe Scolari, resolveu fazer uma festinha na face de Dragutinovic. Tudo aconteceu no final do jogo Portugal-Sérvia, que terminou empatado a um golo. Drag preparava-se para dar um beijinho no Quaresma quando Scolari, um pouco invejoso, se intrometeu e fez uma festinha no rosto do sérvio, perante a indignação de um tipo que eu agora não me lembro o nome e que foi guarda-redes, e que também queria oscular Quaresma.

Isto é o que se supõe. Ao certo, ninguém sabe o que se passou.

Há jornais que dizem que foi um soco e que a atitude de Scolari manchou a imagem da selecção nacional de futebol – o que não se percebe. Então a malta não acabou o Euro 2000 í  porrada, depois do cabrão do árbitro ter inventado aquele penálti a favor da França? Então não é verdade que o João Pinto foi obrigado a dar um soco no árbitro, para o gajo ver se passava a apitar como deve ser, no Mundial de 2004? Então aquele puto dos sub-19 não sacou o cartão vermelho da mão do árbitro, demonstrando-lhe, assim, como estava errado na sua decisão de expulsar um português?

As selecções nacionais têm já um longo historial de mau comportamento, falta de fair-play e incivilidade, portanto, é natural que o gesto de Scolari tenha sido mesmo um soco.

Mas, cá para mim, aquilo foi uma carícia, o que acaba por ser muito mais grave.

O futebol é um desporto para homens, caramba!

Deixem-se de mariquices!