Mais Apelidos

Ora aqui vão mais seis apelidos inolvidáveis:

– Primavera Travessa – que malandra que deve ser esta Primavera…

– Grilo Pinto – um animal com problemas de identidade, que não sabe se há-de ser insecto, se há-de aderirÂ í  família dos galináceos

– Pica Milho Paz – quase que parece uma lenga-lenga

– Alfinete Antunes – a dignidade que um apelido vulgar, como Antunes, confere a um simples Alfinete…

– Pilonas Mouco Marinho – ser Pilonas já deve ser mau; mas ser Pilonas Mouco, deve ser terrível…

– Galhofa Zabumba – este, coitado, não tem safa possível…

Acordo Ortográfico – um objeto abjeto

Estávamos todos ocupados a ver os professores a desfilar pela avenida abaixo, quais marchas populares (eu até ouvi aquela do José Mário Branco e do GAC – “í“ ministra, vai-te embora/ que nós não te queremos cá/ os professores estão em luta/ o fascismo não passará”)…

Perdão… deixem-me respirar um pouco que já me dói a barriga de tanto rir…

Bom… então, estávamos nós tão ocupados com a manif dos prof que nem demos pela aprovação do Acordo Ortográfico. Aproveitando o fato de Cavaco Silva ir de visita ao Brasil, o Governo aprovou o Acordo. Temos, agora, 6 anos para nos habituarmos a escrever como os brasileiros – alguém tem alguma objeção?

Claro que o meu processador de texto ainda não se habituou ao fato, mas este texto está cheio de sublinhados a vermelho – tudo palavras que ele não conhece, o que dá mau aspeto í  coisa. Vai ser difícil adotar estas palavras como sendo portuguesas. Um tipo olha para ótimo, batizar, coleção, cetro, afetivo, diretor, exato, Egito, e não consegue deixar de pensar que fizemos um mau negócio com este acordo.

E a desculpa de que não pronunciávamos as letras que agora deixam de existir, não é uma desculpa. Na palavra “ceptro”, por exemplo, o pê é pronunciado; por outro lado, na palavra horta, por exemplo, o agá não se pronuncia e não é por isso que deixa de existir.

O que eu penso é que este Acordo é uma grande merrda – com dois erres, que é como os brasileiros pronunciam!

Mudar de operador telefónico é árduo

No que respeita a novas tecnologias, sou muito conservador.

Quando o vídeo começou, comprei um leitor Sony Betamax, um monstro que pesava 30 quilos e que foi tão caro que tive que o comprar a prestações, na Bepaliz. Não resultou. O sistema beta foi para o maneta e a Bepaliz foi í  falência – não por minha causa, que paguei toas as prestações, num total de 150 contos! 150 contos por um gravador de vídeo Betamax que, poucos anos depois, valia nada! Népia! Nicles! Mas eu fui resistindo e só comprei um leitor VHS quando, praticamente, me encostaram uma pistola í  cabeça e me disseram: ou mudas para VHS ou nunca mais vais conseguir gravar porra nenhuma!

Com os cd, não fui tão conservador. Estava farto dos discos de vinil, todos cheios de riscos, humidade, fungos e lixo, que punham os Beatles a gritar “She Loves You”, com um ruído de batatas a fritar que se ouvia no vizinho do lado – de tal modo que ele chegava a vir bater-me í  porta, incomodado com o cheiro.

Comprei, portanto, um leitor de cd Pioneer, ainda só havia três cd em Portugal: “Lover Over Gold”, dos Dire Straits, “Carmina Burana”, do Carl Orff e “Revolver”, dos Beatles. As caixas dos cd eram tão grossas que, se eu atirasse uma delas í  cabeça do meu filho Pedro, na altura com 14 anos, lhe provocaria uma concussão cerebral, no mínimo.

Não funcionava. O leitor de cd estava estragado.

Mas arranjou-se…

No que diz respeito ao dvd, também só a eles aderi quando a procissão já tinha abandonado o adro há muito tempo. Não me estava a apetecer entrar numa guerra semelhante í  do betamax-VHS. Assim como, agora, não sei se vou aderir ao blue-ray, enquanto os senhores não concordarem com um único sistema de alta definição.

O Ipod também entrou na minha vida já com algum atraso – embora, agora, não queira outra coisa. Os 80 gigas do meu pequeno aparelho permite-me ter tudo o que já tinha e muitos arredores.

Tudo isto para explicar que, no que toca a novas tecnologias, sempre preferi o tipo “wait and see”.

Assim foi, quanto aos operadores telefónicos. Este mês ainda vou pagar aluguer de telefone í  PT, vejam bem!

Mas será a última vez!

Agora, sou cliente do cabo, também no telefone.

Liguei para o número que vem na publicidade e atendeu-me uma menina muito simpática. Respondi-lhe í s perguntas que ela me fez e, no dia seguinte, por volta das 9 da noite, um tipo com ar de foragido político, oriundo da Roménia, tocou í  minha campainha. Abri a porta e o tipo, depois de olhar sobre o ombro, como se estivesse a ser perseguido, entregou-me uma caixa e fugiu, escadas abaixo.

Abri a caixa e, lá dentro, estava um kit para a instalação do telefone por cabo – melhor dizendo, para a instalação da ligação telefónica, porque o telefone, propriamente dito, já eu tinha. Além de várias peças e fios, a caixa trazia, também, um manual de instruções e um envelope que, por fora, dizia esta coisa curiosa: «nem todas as peças deste kit podem ser necessárias para a instalação». Quer dizer: a própria empresa leva a sério o dito popular, segundo qual, quando a malta instala qualquer coisa, sobram sempre peças!

A instalação do kit é muito fácil e fiz aquilo tudo em cerca de 15 minutos. No final, o telefone não funcionava. Evidentemente.

Liguei para a linha de apoio ao cliente, pelo telemóvel, claro está, e um rapazinho muito simpático tentou ajudar-me. Como é habitual nestas coisas do cabo, pediu para eu me pí´r de pé, apoiado só num pé, com o braço direito esticado e o indicador a tocar no nariz da minha mulher, ao mesmo tempo que carregava em todos os botões do telefone.

Não resultou.

Pediu, depois, que eu esticasse o fio até í  varanda e cantasse o “I Am the Walrus”, em falsete.

Mesmo assim, o telefone não funcionou.

Combinámos que, no dia seguinte, um técnico credenciado haveria de visitar-me.

Assim foi.

No dia seguinte, um tipo com idade para ser meu neto e com cara de quem está a precisar de um par de estalos, veio cá a casa e viu logo o problema: sentou-se na minha cadeira, ligou-se í  internet, digitou umas coisas, aproveitou para ver algumas fotos que estavam a passar no screen saver (numa delas, eu estava nu, na casa de banho, a fazer peitorais para o espelho… e o técnico olhou-me com ar condescendente e disse «não devia ter usado o flash»; pois não, a luz reflectiu-se no espelho e não se via a minha pila…), depois telefonou para alguém, a quem ditou o código do meu modem e com quem comentou o facto de Valentim Loureiro ir ser julgado, que era a notícia que estava a passar na minha televisão.

Depois, fez mais qualquer coisa no computador e anunciou: pronto, agora é só cortar o fio da PT, ali, naquela caixinha e está tudo í  maneira.

Cortar o fio da PT?

Então não era suposto ser a empresa a informar a PT que eu deixava de querer ser seu assinante?

Quer que eu corte o fio agora? perguntou o técnico.

Deixe estar… eu depois faço isso – respondi, desejoso de o ver pelas costas.

O tipo foi-se e o telefone, de facto, ficou a funcionar.

O mesmo não se pode dizer do mail, que me começou a pedir a password e me recusava a que eu escrevia.

Telefonei, desta vez, para a linha de apoio aos clientes da netcabo.

Atendeu-me outro rapazito, também simpático, que me agradeceu por eu ter estado í  espera e me tentou ajudar de todas as maneiras e feitios, mas o mail não quis funcionar, por mais versões da passaword que nós tentássemos.

Mais uma vez ficou agendada a visita de um novo técnico.

No dia seguinte, experimentei novamente a primeira password de todas e o mail funcionou.

Não precisei sequer de me pí´r de cócoras e cacarejar, enquanto escrevia a password.

E não precisei de nova visita do técnico.

Zon é o novo nome da TV Cabo.

Zon é um bom nome.

Faz lembrar algo do outro mundo, não é?…

Farto de professores

A primeira meia hora de todos os telejornais da hora do almoço, foi dedicada í  chamada Marcha da Indignação. Dizem que 70 mil professores vão desfilar, em Lisboa, contra a política da ministra da Educação, nomeadamente, a avaliação.

Esta simples frase faz com que me apeteça fazer as seguintes perguntas:

1ª. Há 70 mil professores em Portugal?

2ª. Todos os professores estão contra a política do ministério?

3ª. Mesmo que estejam contra a política do ministério, os professores não se sentem incomodados pelo facto de estarem a ser manipulados pelo partido do Jerónimo de Sousa?

4ª. Os professores não têm vergonha quando são filmados pelas televisões, dentro dos autocarros, a cantarem quadras populares contra a ministra, como se fossem grupos excursionistas, a caminho de Fátima?

5ª. Os professores – que são os responsáveis pela educação dos futuros dirigentes de Portugal – não têm vergonha de, em vez de apresentarem alternativas í  política do Governo, optarem por protestar, nas ruas?

6ª. Os professores não percebem que estão a colaborar no show mediático? Não percebem que esta Marcha da Indignação está a ser coberta, pela comunicação social, como se de um Benfica-Sporting se tratasse?

7ª. Sejamos claros: os professores têm medo de ser avaliados?

8ª. Não vos parece um bocado ridículo ver professoras cinquentonas, gordas, de cabelo oxigenado, a cantar palermices dentro de autocarros e a deixarem-se filmar por repórteres de televisão?

9ª. Repito: há 70 mil professores em Portugal?

Sobre esta questão, várias abordagens são possíveis.

Posso fazer uma abordagem político-partidária e rir-me com o facto de ver os sindicatos dos professores do PSD, a reboque dos professores do PCP.

Mas posso – e devo – fazer uma abordagem de cidadão comum e dizer que, quando fui aluno (durante 19 anos), tive professores bons, muito bons, medíocres e abaixo de cão, tive professores, como o de matemática, do 6º ano, tão confuso e baralhado, que me deu, por engano, um teste já corrigido e eu tive que “errar” duas perguntas para não ter 20 valores! Professores tão loucos, como um de Geografia, que adormecia, í  secretária, a contar histórias que ia inventando, í  medida que as contava.

Será que todos os professores merecem subir de escalão e de categoria – quer faltem, quer sejam assíduos, quer cumpram, quer não cumpram?

Não vos parece lógico que a inexistência de uma avaliação (pode não ser esta) favorece os medíocres?

Não vos parece razoável que os professores sejam adeptos de uma avaliação rigorosa e proponham alternativas ao sistema da ministra que, pelos vistos, é muito mau?

Como cidadão comum, também posso falar como encarregado de educação. Tive dois filhos no sistema de ensino. Ambos fizeram um curso superior. De um e de outro dos meus filhos, me recordo de dois ou três professores. Professores que influenciaram, pela positiva, o desenvolvimento dos meus filhos.

Ainda hoje, tantos anos depois, me lembro dos meus professores bons e dos professores bons dos meus filhos – mas tenho a certeza que todos eles, os bons, os maus e os vilões, estão, agora, reformados por igual.

Discutam o método – mas não discutam o princípio.

Por muito que vos custe, não somos todos iguais…

“24” – 6ª série

24_6.jpgJack Bauer anda-me a descair. A 6ª série até começa bem: num dos primeiros episódios, Bauer, amarrado a uma cadeira, consegue pí´r um bandido fora de combate, mordendo-lhe uma carótida, até í  morte. Mas depois, a coisa arrasta-se. Outra vez os muçulmanos maus, outra vez os americanos a lixaram o seu próprio país, outra vez os chineses, outra vez os russos, outra vez o presidente Palmer II (o irmão do primeiro), outra vez a CTU í  brocha… enfim, já cansa.

Parece que os produtores da série reconheceram a fragilidade do argumento desta 6ª série e já prometeram melhorar as coisas na 7ª série, mas com a greve dos argumentistas, duvido.

A prova de que esta 6ª série é muito fraca: demorámos quase 24 dias a ver toda a série, í  razão de um único episódio por noite, ao passo que as anteriores séries foram praticamente devoradas.


“Seventh Tree”, dos Goldfrapp

goldfrapp_seventh.jpgEstes são os Goldfrapp de “Felt Moutain” e gosto mais deles assim.

Este 4º disco da dupla não é tão inspirado como o disco de estreia, mas também é agradável de ouvir: melodias tranquilas, bem servidas pela voz da menina e com arranjos competentes do homem dos sete instrumentos que a acompanha.

Nos dois discos anteriores, “Black Cherry” e “Supernature”, Alison Goldfrapp armou-se em estrela sexy da pop electrónica.

Agora, com este “Seventh Tree”, voltou í s origens. Por seu lado, Will Gregory, desdobra-se nos multi-instrumentos do costume, dando, ao disco, o tom bucólico do primeiro.

Nada de extraordinário, mas agradável.

País estranho, este…

Acabou-se!

Nunca mais acredito em porra nenhuma!

menezes_primeiroministro.jpgDeus não existe, a Esquerda é uma aldrabice, o Estado Social é uma ficção, nem mesmo John Lennon tinha razão – e era ele que dizia «I don’t believe in magic… in I Ching… in Bible… in tarot … in Hitler… in Jesus… in Kennedys… in Budha… in mantra… in gita… in yoga… in kings… in Elvis… in Zimmerman… in Beatles… »

Então, agora o Paulo Portas está indignado com o ministro da Agricultura e vai pí´-lo em tribunal e escolheu, para seu advogado, o Garcia Pereira?

Por outras palavras: o Garcia Pereira aceitou ser advogado do Portas!

O Garcia Pereira do MRPP?!

Sim – esse mesmo! O gajo que continua a acreditar na ditadura do proletariado – aliás, o gajo que diz que continua a acreditar na ditadura do proletariado! O fulano que personifica o MRPP… a propósito: alguém se lembra o que quer dizer MRPP? Quer dizer Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado. Há 30 anos que o Garcia anda a reorganizar o Partido do Proletariado e ainda não conseguiu. Como será que ele vai conseguir defender o Portas?

Ora, se Garcia Pereira não se importa de defender o Portas, tudo pode, de facto, acontecer, nesta choldra.

Por que não, então, o Luís Filipe Menezes ser o próximo Primeiro-Ministro de Portugal?

Ele até tem umas ideias giras sobre o nosso país, como acabar com a publicidade na RTP, e… e… e assim, de repente, não me lembro de mais nada…

Tanta mediocridade, confunde-me!

A maldição dos Luises Filipes

santana_luisfilipe1.jpgHá nomes que matam, nomes que salvam, nomes que se agarram aos seus portadores e que os levam a destinos pré-definidos.

Gina é nome de rapariga fácil. Constança é nome de tia. Afonso é nome de tio. Augusto é nome de vendedor da banha da cobra.

E Luís Filipe?

Luís Filipe é o nome daquele defesa do Benfica que entregou a bola ao adversário e, assim, ofereceu o segundo golo ao Nuremberga.

Luís Filipe é, também o nome do chefe do PSD – o grande responsável pela reeleição de Sócrates, com maioria absoluta, em 2009.

As urgências, afinal, funcionam!

Notícia do Diário de Notícias do passado dia 15, página 27: 

“Homem corta pénis com uma navalha – Condeixa. Idoso desferiu vários golpes por não conseguir urinar há alguns dias, mas não amputou o órgão sexual”. 

É preciso ter falta de pontaria, caramba! Dar vários golpes na pila e, mesmo assim, continuar com ela ao pendurão, é mesmo falta de jeito!

A notícia explica que o homem, de 82 anos, arreliado com o facto de não conseguir urinar há vários dias, decidiu amputar o pirilau. Não lhe ocorreu que pudesse ser algaliado e, pelos vistos, também ninguém o informou desse extraordinário avanço da Medicina.

Com a exuberância de detalhes própria deste tipo de notícias, o texto continua assim: 

“Eram 13.55 quando foi accionado o pedido de socorro e, de imediato, acorreram os Bombeiros Voluntários de Condeixa com uma ambulância, tendo ainda sido accionada a Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Centro Hospitalar de Coimbra”. 

E ainda dizem que as urgências, em Portugal, não funcionam! Uma ambulância e uma VMER só por causa de uma pila parcialmente cortada!

Volta, Correia de Campos!

Estás perdoado!